Bom Dia! Sexta, 7 outubro 2011

Parentes de internet

Recebo um texto muito legal do Fernando Martins. Digo mais, genial - pudera, o cara mora na Cidade Baixa porto-alegrense.
Vai!!

Esta viagem da presidentE Dilma a Bulgária me lembrou a história de um amigo, bisneto de austríacos, e sua complicada  família do "Velho Continente". Coisa de 11 ou 12 anos atrás.
Através da internet ele conseguiu rastrear descendentes que moravam numa  cidadezinha austríaca chamada Braunau am Inn, na fronteira com a Alemanha.
A primeira coisa que ele descobriu sobre a cidade fez ele cair da cadeira: Braunau é a cidade natal de Adolf Hitler! Sem dar muita bola para o passado meu amigo inciou uma troca de e-mails com um primo distante, um muito bem sucedido designer de móveis na cidade. Após quase um ano de trocas de e-mails e até algumas ligações, em inglês, meu amigo foi com a namorada fazer uma viagem pela Europa, com direito a conhecer a sua terra ancestral.
De Viena, meu amigo foi de carro alugado até Braunau, onde o "primo" o esperava muito alegre. O primo realmente era muito bem sucedido, morava num bela casa com direito a dois Porsches na garagem, uma jovem esposa alemã muito bonita e uma vida um tanto sofisticada para quem morava no interior da Áustria. Apesar de todo afeto do "primo", que não permitiu que meu amigo se hospedasse num hotel insitindo que ficasse na sua casa, a visita ao resto da família foi uma desgraça.
Meu amigo foi tratado com frieza, estupidez e preocupação, uma vez que o restante da família achava que ele foi a Áustria para sondar as posses e condições financeiras dos parentes para quem sabe se habilitar na herança de alguém.
Quando souberam que tanto ele como a namorada eram jovens advogados então o clima foi quase de pânico entre os parentes. No terceiro dia em Braunau um grupo de familiares, indignados, bateu na porta do "primo" comunicando seu rompimento com ele já que estava dando hospedagem à "esta gente miserável da América Latina". Ao notar o bate-boca, sem saber o que falavam mas notando o dedo apontado em sua direção, na porta da casa, meu amigo já cansado das patadas teve um surto.
Em inglês saiu xingando todo mundo, disse que não queria merda nenhuma deles, que estava muito bem no Brasil e que apenas queria fazer uma cortesia, mas agora queria mais que todos fossem se f.. e botassem o dinheiro no rabo. Arrumou suas malas e subiu no carro alugado e voltou para Viena, furioso.
Continou conversando com o "primo" austríaco mais alguns anos até que soube que ele faleceu num acidente de esqui.
Há poucos meses uma parente sua o procurou através do Facebook, falando que estava conhecendo o sul
do Brasil, Uruguai e Argentina junto com o marido, e que gostaria de procurá-lo em Porto Alegre. A parente era na época uma das mais exaltadas, reclamando que não queria contato com parentes latinos.
Primeiro, meu amigo pensou em nem dar resposta; depois, em soltar os cachorros; finalmente, pensou bem e saiu com esta, que ele me mandou a cópia:
"Caros familiares, estou muito bem sucedido no Brasil como advogado na área de tributos, não sei qual a situação de vocês atualmente, mas sei que a Europa atravessa um crise terrível, com desemprego, insolvências, greves e manifestações. Não gostaria de me envolver nos seus problemas e já aviso que pela legislação brasileira minha esposa é minha herdeira natural. Peço que não me procurem durante sua estada em Porto Alegre. Afetuosamente. O parente latino miserável que vocês trataram feito lixo!"
Achei esta história muito boa, quando ele me mandou. Dei muita risada.
Mostra como nós gostamos as vezes de ser vassalos só para arrumar aquele passaporte vermelho e contar
vantagem sobre os outros. Mesmo que para isso algumas pessoas aceitem fazer papel de trouxas.

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