23, 24, 25 dezembro 2011


EU ACREDITO EM PAPAI NOEL!!


É a mais pura e cristalina verdade, com a chancela do Prévidi é Prévidi.
Não vá atrás dessa foto aí de cima, porque não retrata o que sou hoje.
Nesta época eu não passava de um bebezão irresponsável, contra tudo e todos, quase um adolescente.
Erraram, não sou o da direita, meu irmão Paulo César. Sou o que está invocado com o Papai Noel - imagina o que não fazia com o Coelhinho da Páscoa, mas jamais me contaram se trucidei algum.
Para saberem que não estou mentindo: a foto foi feita nas Lojas Sears, em Botafogo, no Rio, onde passei  boa parte da minha vida. Tinha 7 meses. Me contaram que logo que me botaram no colo do PN, olhei para ele e me agarrei na barba postiça. Agarrei e puxei de tal jeito que o sujeito não conseguiu abrir a minha mão. Minha mãe teve que interferir e acomodou a minha mão esquerda atrás do pescoço do personagem. E fiquei com essa cara de rebelde, de poucos amigos, olhando pra baixo.
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O tempo foi passando e comecei a fingir que acreditava na história do bom velhinho. Claro, para ganhar presentes. Tão cara-de-pau que chegava ao cúmulo de escrever, todo ano, uma cartinha com a relação de presentes. Sempre deu certo. Apenas em duas ocasiões não levei os meus pedidos.
Já era grandinho, mais ou menos 10 anos. Num ano pedi ao meu pai um Autorama da Estrela. Ele desconversou. No ano seguinte, uma bateria. Aí ele não apenas desconversou como deu uma risada. Muitos anos depois entendi e não pude brincar sobre o assunto com ele, porque o cara já tinha partido. Lembro que em relação a bateria chegou a murmurar: Não quero ter um Ringo em casa.
Já imaginou o infrerno que iria se tornar o nosso apartamento com a garotada lá em casa, todo o dia para brincar no Autorama?
Ou eu tocando bateria?
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Olha essa foto aí.
Claro, sou o da esquerda. O senhor é um queridíssimo tio-avô, Hermes Braz, responsável pelos Correios em Arroio Grande, pertinho de Jaguarão (se não me engano o apresentador João Garcia, da Band, conheceu ele).
Pois bem, notaram como continuava o mesmo? Viram a cara de invocado? Auge da rebeldia. Nem um sorrizinho-azeite para agradar o fotógrafo, provavelmente minha mãe. Pelo menos estava com a mão em seu ombro.
Deveria estar com uns 16, 17 anos.
Antes era mais complicado ainda.
Olha só: minha mãe fazia aniversário dia 23 de dezembro. Morávamos, ela e eu, em São Paulo.Lembro que era um sábado e fomos almoçar na casa do irmão dela, o Tio Juca. Chegamos lá e todos na casa começaram a cantar o "parabéns pra você". Bah, me subiu um calorão pelas bochechas que vou te contar. Tinha me esquecido do aniversário da minha própria mãe e ainda não tinha comprado nada para dar-lhe no Natal.
Não gosto de lembrar desse dia.
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E essa aí, gostaram?
Pois é, antes tenho que contar uma peculiaridade.
Desde que deixei de ser muito rebelde, aquele da primeira foto, lembro que os presentes de Natal ficavam numa imensa bota vermelha, com um laçarote, ao lado da árvore de Natal. Ninguém se aventurava em tocar nela. Quando lotava, os presentes eram colocados ao lado.
O tempo passou, casei e tivemos o primeiro filho, o Guilherme. No Natal, o guri com 6 meses, a minha mãe veio do Rio e trouxe um presente para nós. O que era?
Acreditem, a bota vermelha!
Aí em todos os nossos Natais a bota vermelha esteve presente.
E sempre foi essa festa, como está na foto. Guilherme e Gustavo olhando alguns presentes. Ao fundo, estão parte das pernas da Rute, que experimentava os patins que o Gui tinha ganho.
Era muito legal.
Eu ficava com o Gustavo na sacada, cuidando o PN. E o Gui ao lado. Geralmente não tinha uma viva alma na rua, mas eu ficava ali, fazendo onda com eles. Até que tocavam na campainha e íamos correndo abrir a porta. E lá estava a bota vermelha e mais um monte de sacolas. Imagina a cara deles.
Pura felicidade
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Tudo bem, mas ainda não justifiquei o título.
Expliquei que quando era pequeno não acreditava no PN. Mas é inexplicável a ansiedade que antecede a entrega dos presentes. Eu ficava a ponto de explodir! Acredito que por isso meus pais sempre atenderam meus pedidos de presentes. Tudo.
Quando meus filhos deixaram de ser bebês comecei a imaginar a ansiedade deles, naquele período que antece a entrega dos presentes.A mesma emoção que sentia. Aí me desdobrava para dar todos os presentes que pediam. Sempre dei um jeito de comprar tudo que queriam. E a festa estava feita. Uma beleza!!
Não existe na vida de uma criança, independente da classe social, momento mais emocionante. Duvido. A criança pobre sabe que não vai ganhar o que deseja, mas não deixa de sonhar - vai que o PN existe, mesmo. As crianças classe média sabem que vão ganhar presentes, que os pais, avós e demais parentes vão aparecer com surpresas, mas a ansiedade é grande para saber o que vai ganhar.
Aí, meus amigos, eu me sentia um Papai Noel de verdade no momento em que tirava da bota vermelha os presentes e dizia para quem era.
Um negócio muito legal.
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Até hoje, mesmo que não tenhamos mais a cerimônia formal da entrega dos presentes, com a tal da bota vermelha, me sinto um PN quando dou um singelo presentinho para um dos meus.É uma sensação muito legal. E sei que a pessoa que recebe sempre gosta, mesmo que seja uma bobagem.
Para encerrar conto mais uma história de Natal.
Guilherme já era adolescente e  o Gustavo bem grandinho.
O 25 de dezembro chegando e eu completamente duro. Mas bota duro nisso. Nada, pelado.
Aí dois dias antes fiquei sabendo que iriam me pagar logo depois de passadas as festaa.
Não iria me entregar tão fácil.
Fui para o meu 486, abri o Corel Draw e comecei a imaginar o que faria.
Resultado: fiz um belíssimo vale-presente para os dois, com data de validade.
Pensam que eles ficaram tristes? Que nada, deram muita risada e até hoje me cobram a "validade", não cumprida, do vale-presente.
Hahahaha!!!
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Não tenho certeza, mas a bota vermelha deve estar em algum armário de casa. Pronta para servir às crianças que certamente chegarão. Ué, eu também vou ter netos!!
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Um belíssimo Natal para todos nós!!


6 comentários:

  1. Além dessa cabeça enorme, tu tens um enorme coração, onde, de fato, guardas essas memórias todas. José Luiz, que a tal bota vermelha esteja cheia de saúde, paz e muuuitos momentos memoráveis no ano que vem! (agora, naquela foto dos 16 anos tu estás a cara do Gu, tomara que ele não fique tao feio como tu...hhahahaha)
    JULIO RIBEIRO

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  2. Adorei... todos temos nossas histórias... Acho que tu tava guardando teu bom humor para dividir conosco, agora, por isso tão sério no colo do PN e adolescente típico na outra foto e cabeludo como mandava o figurino, hahaha. Tb já fiz vale-presente mas cumpri o prazo de validade!!! Bj e Feliz Natal prá todos... ho-ho-ho! Eu adoro Natal. Abç Marion Velasquez Barreiros

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  3. Prévidi, agora sei porque teu apelido é Cabeça. Abraço e bom Natal.

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  4. Excelente texto, um ótimo Natal pra ti e pra tua família Prévidi!

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  5. Quero aproveitar a oportunidade da leitura de suas últimas postagens, para desejar a você, cujos textos a gente curte todos os dias, um Feliz Natal, cheio de alegria e boas recordações da infância. Abraços. Derli Baltasar Castagna Paim - São Leopoldo - RS

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  6. Prezado, só li hoje e adorei saber um pouco mais de ti. GRANDE abraço

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