Segunda, 16 janeiro 2012


DIÁRIO DO PARAÍO - 4

Cada um tem o paraíso que merece e quer
Escreve a Maria Lucia Sampaoio, gaúcha que mora em Florianópolis:

Florianópolis é o Paraíso sim, Senhor!
Todo o verão é a mesma coisa: os conterrâneos vêm pra cá e voltam falando mal. Todo santo verão a mesma coisa!
Pensa que eles sofrem aqui? Que nada, reclamam de fartos.  Acho até que reclamam por que as pessoas gostam de reclamar.
Então, vamos por partes (não, não vou citar aquele inglês doido):
Congestionamento na cidade:
O município de Florianópolis (ilha e continente) tem por volta de 420 mil habitantes. Nesta temporada a expectativa é receber um milhão de turista (entre dezembro de 2011 e abril de 2012). Um milhão de pessoas!
Em março de 2010, Florianópolis tinha 250 mil carros e não encontrei o número de carros que nos visitam, mas dá pra imaginar...
Pra quem não sabe, Florianópolis é uma ilha com muitas Áreas de Proteção Ambiental (protegidas por lei) e, por isto, é muito difícil o alargamento de algumas vias importantes.
Portanto, o que faz a cidade ser linda é também um importante motivo de congestionamentos.
Moro aqui desde outubro de 2010 e vi serem construídos dois viadutos e duas estradas dentro da ilha (SC 401 e SC 405) serem duplicadas. Isto fez o trânsito melhorar.
Congestionamento nas estradas:
Considerando que a maioria do povo que vem pra cá vem de carro, é normal que as estradas não dêem vazão em determinados períodos. Assim é no Brasil inteiro e acho que até no mundo.
Todos querem passar aqui o final do ano e o carnaval e, por isto, lotam as estradas nos dias anteriores a estas datas. Não parece natural que a viagem fique mais demorada?
Resumindo: os turistas reclamam dos congestionamentos, mas quase todos vêm de carro. Dá pra entender?
3. Esgoto
Não sei de onde o Seu Garcia tirou a informação sobre os coliformes. Aqui há controle da balneabilidade e se sabe direitinho onde se pode e onde não se pode tomar banho.
Há placas nas praias e a informação está disponível na internet (http://www.fatma.sc.gov.br/laboratorio/relatorio_balneabilidade2.php?ficha=999&d1=&dataFicha=&simplificado=1&where=where(registros.DATA%3C=) )
No dia 3 de janeiro não estavam próprios dois pontos na Praia dos Ingleses, frente ao Rio Capivari e frente à Rua da Igreja, mas havia três locais próprios.
Exploração na beira da praia
Não sei da existência...
Quanto ao esgoto direto no mar e outros assuntos sugiro uma lida nesta matéria: http://www.ndonline.com.br/florianopolis/noticias/21886-diagnostico-para-o-verao-o-que-florianopolis-pode-esperar-para-essa-temporada.html
Florianópolis é o Paraíso? É, sim senhores.
Tem problemas? Tem, sim senhores. Assim como qualquer cidade.
O importante é que Florianópolis tem praias e paisagens maravilhosas e habitantes gentis e educados.
Mas, sempre há a possibilidade dos conterrâneos veranearem no litoral do Rio Grande. Lá as praias são lindas, tudo é barato, têm rede de esgoto, lindas paisagens, não têm congestionamentos nas estradas de acesso e tem até uma delas que se chama Paraíso!
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Não acho que haja exploração.
O restaurante mais legal do norte da ilha, tipo o Mario aí em POA, cobra R$135,00 por uma moqueca MARAVILHOSA que três pessoas comem bem.
Mas, há também restaurantes a quilo muito bons.
Portanto, cada um faz as suas escolhas.
O problema de exploração a meu ver é nos points frequentados pelos novos-ricos que querem virar celebridade.
Em Jurerê Internacional eles são ridículos desfilando em seus carrões!
Outro dia à noite fomos lá. Alguns babacas bebiam champanhe de pé conversando no calçadão. Abóbora na cintura, certamente, funcionaria melhor.
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Aí embaixo, um antológico texto do Luiz Alberto Scotto, jornalista e professor, gaúcho que mora em Florianópolis.
Ele escreveu estas linhas há pouco menos de 20 anos e continua atualíssimo.
Dá uma conferida:

De boiolas e de planondas
Sempre era madrugada quando lembro de Porto Alegre. Havia um corpo, sangue e um policial dizendo: “Moleu, moleu”. Mais de dez anos se passaram daquelas noites de reportagem policial. As putas, os canas, os bandidos, assistindo ao Leonid Streliaev e ao Pereio demolindo o bar do Bolinha, lá na Ramiro. Essas coisas aconteciam quando havia, em Porto Alegre, dois times de futebol. Um se chamava Internacional, outro era o Grêmio. Faz muito tempo.
Apesar da proximidade, o meu contato com os porto-alegrenses é durante o verão. E hoje parecem outra raça. Invadem Florianópolis e repetem aqui a geografia daí. Os inteligentes, o pessoal do Bom Fim, vêm  para  a Lagoa da Conceição; os pobres e burros, os  da Azenha, para o Campeche; os falsos ricos, os que moram no Moinhos de Vento, preferem Jurerê. Os ricos e inteligentes não vêm, vão para Punta del Este.
A gente continua gostando de Porto Alegre e dos porto-alegrenses. E não é verdade que nos escondemos de vocês, durante o verão, em Florianópolis. Mas é importante dizer: vocês são um pouco desagradáveis.
Aquele negócio de tomar chimarrão com água pela cintura, dentro do mar, na segunda coroa, não dá. A gente sabe que ninguém toma mate dentro do Guaíba. Quem querem impressionar?
Outra coisa que, francamente, pega até mal é esse sotaque. Passamos dez meses sendo gozados pelos catarinas: “Sabe por que o Papai Noel passa no Rio Grande do Sul? Pra trocar os veadinhos”; “sabe por que os gaúchos vêm tantas vezes a Santa Catarina? Pra procurar o pai”. A gente reage, a gente também faz piadas. Mas aí chegam vocês: “Me dá um sanduíche de mortadééééééla”. Eles ganham fôlego.
O porto-alegrense é sabichão. Ele conhece o mar, conhece a praia, ele conhece peixe, sabe tudo. A família se reúne para comer linguado com molho de camarão. (Nunca é linguado, é claro. Servem peixe-espada.) Mas o papai-sabe-tudo experimenta e aprova. O que vem depois é como se estivessem desmontando uma bomba.
– Achei outro espinho.
– Esse espinho quase me pegou!!
– Deus me livre, comer esse peixe! – diz a mãe.
– Acho que está cru.
E o pai finaliza:
– Que baita peixe, o linguado!!
Não vou falar dos pobres, porque de pobre não se fala. Mas aquele pessoal da Azenha se comporta como se estivesse a milhares de quilômetros de Porto Alegre. Já chega querendo comer churrasco. Os inteligentes sentem saudade das livrarias, do Nei Lisboa, dos “espaços culturais”. Os falsos ricos passam o verão inteiro em Canasvieiras e Jurerê, batendo boca com argentinos.
E os surfistas porto-alegrenses? Só tem equivalente no catarina domador. Aqueles guris se agarram nas planondas que só vendo! E o pessoal da D-20, “cabine-dupla”? E os que vão à praia reclamar da areia? E o volume das vozes, os gritos, ninguém consegue ficar perto.
E tudo no “Portinho” (dizem bem assim!) é bom. Vocês contando, para um catarina, sobre a modernidade do aeromóvel, é qualquer coisa. Até eu fico encantado. Aí lembro: o aeromóvel partiu há mais de dez anos e ainda não chegou ao fim da quadra. E a vista que se tem do Morro da Polícia é D-E-S-L-U-M-B-R-A-N-T-E!!
Falam do Brique da Redenção: “ponto de encontro dos intelectuais”. O catarina ouve de olhinhos saltados e eu recordo do público nas manhãs de domingo. Aqueles boiolas carregando os filhos nos ombros e o chimarrão nas mãos, garrafas térmicas e livros enfiados nos sovacos, e falando em abraçar o prédio da Prefeitura. Um horror!
Acho que vocês poderiam mudar um pouquinho. Não precisam dizer óióióióióióióiói e nem se chamar Valmi. Mas, pra começar, um calção mais discreto – de até oito cores – pega bem. Não tragam aquele amigo que gosta de jazz experimental e come pastel de gengibre porque ele vai encontrar aqui uma “vida alternativa”. E vai ficar. Não tragam também os gênios, mas acho que é pedir demais. Periga não aparecer nenhum porto-alegrense.
Uma coisa para finalizar. Ou vocês tomam jeito, ou ficam por aí mesmo. O Lami, ouvi falar, está joinha!!!
P.S. – Agora me expliquem o seguinte: por que ainda sinto tanta saudade de Porto Alegre?

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PIADINHAS GENIAIS?
NO http://piadinhas-do-dia.blogspot.com/.

2 comentários:

  1. Ducaralho o texto do Scotto, só um portoalegrense pra escrever assim, viu Valdir!? rsrsrs
    JULIO RIBEIRO

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  2. É Prévidi, falar do litoral catarinense enquanto a gente tem esta porcaria aqui e com nordestão: é dose prá mamute.
    Iury Amoretti

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