Sexta, 27 de julho de 2018





Jamais troquei de lado.
Por quê? Eu não tenho lado.
Ou melhor, o meu lado sou eu







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SE EU FOSSE
TU NÃO PERDERIA









especial

Nesta sexta, uma cesta de
JOÃO CARLOS MACHADO FILHO,
o MACHADINHO



Machado apresenta, diariamente,
o Consumidor em Pauta, na TVE




ADIÓS MUCHACHOS!






Como fazia todas as noites por volta das 23 horas, Sandoval deu uma última passada de mão pelos cabelos cuidadosamente penteados, acertou o nó da gravata, conferiu o friso da calça do terno azul marinho, deu uma passada de pano no sapato preto de bico fino, caprichou no Lancaster, passou a chave na porta do quarto que ocupava há mais de 15 anos na velha pensão da Rua Duque e desceu a Borges em direção ao salão da Marabá Boate.
Era sexta-feira, noite em que a disputa pelas “meninas” era das maiores. Mas Sandoval sabia que qualquer concorrente seria facilmente batido por seus inigualáveis passos em qualquer tango que a afinada ‘típica’ da casa tocasse.
Sandoval subia as escadas da velha boate com a certeza de que, em poucos minutos, estaria dominando o círculo pouco iluminado onde reinava todas as noites: a pista de dança.
E subia a velha escadaria como se estivesse, sempre, ensaiando novos passos, tal a leveza com que pisava cada degrau. Seu andar obedecia ao ritmo portenho de um dolente tango argentino.
A mesa estava sempre reservada. O mesmo garçom, há mais de 10 anos, servia o coquetel de frutas, sem álcool. Ele sabia que Sandoval era um cliente que não misturava o prazer de cortar um tango figurado com os perigos da bebida. Vida noturna é uma coisa, bebida é outra, pensava Sandoval.
Sua fama de dançarino era tão grande que nem procurava as mulheres para dançar. Elas, sim, vinham até a mesa onde ele estava e pediam o “favor” de uma dança. Passar pelo salão nos braços firmes e passos desenhados de Sandoval era prestígio para qualquer bailarina.
Sandoval também evitava misturar as noitadas com as emoções do coração. Nunca se apaixonou, pelo menos até ali, quando apareceu Paulete, uma morena de mais ou menos 22 anos, que veio do interior para tentar a vida em Porto Alegre. Foi morar com uns parentes na Demétrio Ribeiro e, confirmando uma história antiga, acabou sendo ‘iludida por um gigolô’ que lhe prometeu vida de rica.
Desde a chegada, Paulete tocou mais forte o desejo de Sandoval e seu quase cinquentão coração noturno. Era ela quem lhe arrancava passos mais elaborados na pista de danças e ficava feliz quando pensava que agora existia o Sandoval, que lhe protegia, ensinava os melhores passos de tango, além de oferecer um amor puro. “Sou capaz até de montar casa para ela”, confidenciou Sandoval para alguns amigos mais íntimos.
Nas noites de semana, quando o movimento era mais fraco, Paulete ficava ao lado de seu amor, na mesma mesa, com o consentimento do gerente. Dalí quando a boate fechava, os dois saiam em direção a velha pensão da Rua Duque.
Nos finais de semana, o máximo que Paulete se permitia era um ou dois boleros com outros fregueses. A maioria deles sabia que estava dançando com a preferida do velho Sandoval.
Naquela sexta-feira, Sandoval já havia dançado com quatro ou cinco das outras meninas e consumido uns dois ou três coquetéis de frutas, sem álcool. Aguardava impaciente, a hora de, pegando Paulete pela mão, gritar para Don Ángel, o do bandoneón:
- Adiós Muchachos, por favor, que vou mostrar como se dança o verdadeiro tango.
E saia pelo salão, Paulete grudada ao corpo, trançando pernas e arrancando aplausos.
Já passava de duas horas quando Sandoval, que não tirava os olhos da porta, viu surgir na ponta da escada, linda, cabelos pretos, um vestido vermelho que ele mesmo escolhera, decote acentuado, Paulete, com um sorriso inteiro e de braço com um sujeito nunca visto por ali. Um castelhano, contaram depois, que contratava bailarinas para os cabarés de Buenos Aires. E foi um minuto para que a própria Paulete gritasse para Don Ángel, o do bandoneón:
- Adiós Muchachos, por favor, que hoje tem alguém que realmente sabe dançar o verdadeiro tanto.
Ninguém mais viu Sandoval naquela noite. E quando a casa reabriu, na noite seguinte, ele também não apareceu, até que alguém lembrou de dar um pulo até a velha pensão da Rua Duque.
Sandoval estava lá. Terno azul marinho, calça frisada, cabelos impecavelmente penteados e o nó da gravata cuidadosamente arrumado. Ao lado, uma garrafa de conhaque e um copo. Vazios.
As ‘meninas’ foram dispensadas pelo gerente naquela noite, pois a casa ficaria fechada. Os amigos fizeram questão de passar a noite, juntamente com as mulheres da noite, ao lado do amigo de tantas noites.
No São Miguel e Almas, na hora da ‘última despedida’, alguém gritou para Dón Angel, o do bandoneón:
- Adiós Muchachos, por favor.
Muitos juram, até hoje, que viram um sorriso no rosto pálido de Sandoval.



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APELIDO, NEM PENSAR!







Quase no final dos anos 40, São Gabriel era uma cidade pacata, poucos habitantes  e  visitantes que chegavam pelo trem da Viação Férrea do Rio Grande do Sul. Quem chegava ou saia da cidade, passava pela Ponte Seca, um viaduto que permitia a passagem dos trilhos sobre a Rua General Marques.
Ficou famosa uma casa comercial, um armarinho, como se dizia naquela época, cujo nome era ‘O Barulho da Ponte’, uma referência clara ao barulho provocado pelas rodas de aço dos trens sobre os trilhos.
Logo após a Ponte Seca, começava a Rua Francisco Hermenegildo da Silva onde estava o 9º Regimento de Cavalaria, e onde serviu meu pai, que morreu coronel do glorioso Exército Brasileiro e que, naquela época acho que era subtenente.
Quando meu pai servia no 9º todos os oficiais, os mais graduados, tinham direito a um ordenança, um soldado que cuidava dos cavalos que atendiam aos militares. Cada oficial tinha seu ordenança, que passava o dia cuidando do cavalo que seria entregue ao chefe no final do expediente.
Não precisa pensar muito para imaginar um bando de ‘milicos’, alguns da cidade, muito mais malandros, outros vindos do interior, muito mais tímidos. O pessoal da cidade, mais metido, botava apelido em todos os soldadinhos que ‘sentavam praça’. Era tanto apelido, que a coisa começou a provocar brigas.
O comandante, Coronel Prates, resolveu tomar uma atitude e determinou que, ao final do expediente, todos os soldados, cabos, sargentos e oficiais estivessem no pátio do 9º Regimento de Cavalaria para um assunto de urgência.
Cinco da tarde e todos lá, que ordem de comandante não se discute.
- Tropa sob meu comando, gritou o coronel. Tenho uma comunicação importante para fazer. Aliás, não é comunicação, é uma ordem. A partir de hoje não quero ouvir ninguém mais chamar algum colega pelo apelido aqui no Regimento. Aquele que chamar alguém por apelido será sumariamente preso e ficará três dias na cadeia.
Esperou um pouco, bateu com o relho na bota de cano alto, olhou para a tropa perfilada e prosseguiu:
- Se alguém tem algo a dizer, por favor, fale agora.
Diante do silêncio geral, concluiu:
- Que fique bem claro, então, que quem chamar o companheiro por apelido, a partir de agora, será imediatamente recolhido e preso.
Imediatamente, peito estufado pela convicção do dever cumprido, virou para seu ordenança, o soldado Galeano,  e gritou:
- Jacaré, traz o meu cavalo!



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AH! IMACULADA






Só saía de casa aos domingos, quase às seis da tarde, para ir à missa.
Nem olhava para os lados, quietinha, olhos baixos, roupa bem sóbria, nada do que estava na moda. Nas mãos, um rosário de contas branquinhas e um livrinho de rezas.
Eu morava bem perto da casa dela, mesmo assim só conseguia vê-la aos domingos, antes ou depois da missa das seis. Confesso que até já esperava o domingo e, por alguma sensação diferente, estacionava o carro perto da igreja esperando por ela.
Ficava ali, sabendo que antes das seis ou logo depois das seis e meia, ela passaria por mim. Morena, olhos grandes e pretos, cabelos lisos, Imaculada tinha um corpo quase perfeito. Pequena, mas não muito, com os quilinhos que Deus lhe deu bem distribuídos. E meu coração quase disparava descompassado quando ela passava.
Minha batalha durou alguns meses.
Perguntei, procurei, busquei, mas ninguém sabia me dizer nada. Todos afirmavam que Imaculada era uma pessoa diferente, “uma mulher daquelas que não existem mais, de boa família, uma moça para se casar”.
Um dia resolvi. Estacionei quase na saída da igreja e quando terminou a missa eu estava decidido. É hoje, pensei comigo!
Quando ela passou, abri a porta do carro e falei firme:
- Entra, por favor.
-O senhor está enganado!
- Senhor é Deus.
-Não fale seu santo nome em vão!
-Entra que eu te dou carona até em casa.
-Não sou dessas!
- Minha casa é perto da tua.
-Domingo que vem, vou pensar...
E saiu rápido, quietinha, cabeça baixa!
Domingo, quinze para as seis eu lá. Ela ali, bem na minha frente.
- Vamos, disse em voz baixa.
- À missa?
- Onde você quiser.
- Mesmo?
E, ainda sem acreditar, arranquei rápido. Até perfumada ela estava.
Quando decidi perguntar para onde iríamos, ela me interrompeu passando os braços em volta do meu pescoço e sussurrando ao meu ouvido que sabia de um motel gostoso bem pertinho dali.
-Não temos muito tempo, amor!
Meu susto só passou quando já estávamos nus e ela me dominando, linda, forte, me apertando, gemendo, meu amor, eu quero, assim e eu fraco, enlouquecido e feliz. Tudo bem rápido.
Depois, sem falar nada, vestiu a roupa sóbria, arrumou os cabelos lisos e falou dengosa:
- Vamos que a missa acaba as seis e meia e não posso chegar tarde em casa.
Durante a volta, não disse nada. Ficou quietinha, olhos baixos, pele morena, mãos apertadas, como se estivesse rezando.
Antes de sair do carro tirou da bolsa um terço de contas branquinhas, um livrinho de rezas e um véu imaculadamente branco!
E nunca mais olhou para mim!
Ah! Imaculada!



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