Segunda, 29 de julho de 2019




Jamais troquei de lado.
Por quê? Eu não tenho lado.
Ou melhor, o meu lado sou eu
...
ANDO DEVAGAR
PORQUE NÃO TENHO PRESSA





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POR QUE OS EXTRAORDINÁRIOS
MORREM NOS FINAIS DE SEMANA?





Acredito que seja para estragar os nossos domingos. Coisas da vida. Para pensarmos na morte.
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Vim morar em Porto Alegre no final da década de 1960. Minha mãe tinha uma mania ótima: ela escutava rádio, o dia todo. Logo depois do almoço, todos tinham que prestar atenção no noticiário - mesmo que tivesse alguma visita. E escutávamos as rádios Guaíba e Gaúcha. Eu gostava muito do apresentador José Aldair, da Gaúcha, porque tinha as "exxxxportivas". E a seriedade do Milton Jung da Guaíba, quando ele dava uma pausa e dizia: "BRASÍLIA!". Isto significava que lá vinha bomba dos milicos.
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Na década de 1980, por trabalhar como repórter - e depois como assessor de imprensa - acompanhei Leonel Brizola. Tanto em Porto Alegre, no Rio e em outras cidades. Aprendi a gostar muito dele, pelo que falava e especialmente pelas conversas que tínhamos, aos domingos, por telefone. Sempre falava com toda calma, como se não tivesse mais nada para fazer. 
Quando eu ligava e ele não estava em casa, dona Neuza ficava sempre um bom tempo conversando comigo.Já éramos "íntimos" e ela só ressaltava o cansaço da vida que klevava.
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Histórias do Brizola? Ouvi dezenas, centenas!
Lembro bem de um encontro que aconteceu na Churrascaria Porcão, em Ipanema, Rio. Ele sempre comia pouco, em silêncio, como estivesse pensando no que iria falar.
Todos terminaram de comer e pacientemente aguardavam o momento em que Brizola começaria a falar.
Lá pelas tantas, ele recorda. Disse algo parecido:
- No exílio, no Uruguai, sempre aguardávamos o noticiário da Guaíba. O Milton passava uma credibilidade impressionante. Quando ele falava "BRASÍLIA!" nós prendíamos a respiração. Porque vinha algo grave.
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Milton Ferretti Jung sempre foi um referência no jornalismo. Não era apenas uma voz bonita... Ele interpretava o que lia. E tinha a mesma personalidade quando narrava um gol do seu Grêmio.
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Pisei em muitos tapetes, fiz muita coisa em algumas décadas de jornalismo. Sempre o acompanhando.
Já neste século comecei a fazer o site do Prévidi - hoje, Blog do Prévidi.
Um dia atendo o telefone e levei um choque:
- Oi, aqui é o Milton Jung e quero te dizer que te leio todos os dias.
Claro, não me entusiasmei, porque podia ser uma sacanagem. Conversei com ele, mas podia ser um imitador...
E os telefonemas dele eram semanais - dele e da querida Malena, a esposa Maria Helena.
E não pensem que era só para elogiar. Nada disso! Uma vez ele, sempre elegante, me ligou para defender uma colega de redação.
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O mesmo já tinha acontecido com outros ídolos da minha juventude. Jornalistas e radialistas que me diziam ser leitores fieis, como o Clovis Duarte, Flávio Alvaraz Gomes, Rogério Mendelski, Magda Beatriz... BAH!! E muitos outros que continuavam ser meus ídolos!! 
E ERAM MEUS LEITORES!!
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Talvez seja difícil entender este meu sentimento - e acredito que mais difícil ainda é expressar o orgulho que sinto.
Por isso fico em frangalhos que sei da morte de um ídolo.
Agora, neste domingo, o Milton se foi. E juro que passei o domingo, triste, muito triste, com ele. Não gosto de chorar, mas neste domingo radiante as lágrimas brotavam.
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Já pude reafirmar a Malena o meu carinho pelo casal.
E ela sabe que não tenho saúde para ir a uma cerimônia em homenagem ao Milton.
Quero me lembrar dele sempre como está na foto lá de cima.
Ou esta, com a querida Malena.



Um comentário:

  1. Prévidi,

    Eu escutava o Correspondente Renner desde 1963, quando da morte do JFK. Mas na época ainda não era o Milton que o apresentava; se eu não estiver nadando no rio do olvido, era o Ênio Elwanger (que depois tornou-se o diretor comercial da emissora) o apresentador anterior ao grande Milton.
    Pra mim o Milton era o radialista perfeito, narrador de noticias, narrador esportivo (gol,gol,gol), narrador de programetes do tipo 'Quintanares', do qual jamais esquecerei de 'O Mapa De Uma Cidade', o mais belo poema produzido nos últimos 500 anos no Brasil, e que, na voz aveludada do Milton, doía de tão belo!
    Fico triste, o consolo que nos resta é que só Deus, Maomé, Jeová são eterno; nos, simples mortais - cedo ou tarde - viraremos 'poeira ou folha levada, no vento da madrugada...'.

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