Sexta, 8 de novembro de 2019




Jamais troquei de lado.
Por quê? Eu não tenho lado.
Ou melhor, o meu lado sou eu
...
ANDO DEVAGAR
PORQUE JÁ TIVE PRESSA PRESSA





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especial

Nesta sexta, uma cesta
de Millôr Fernandes!



Aos 17 anos descobriu seu verdadeiro nome. Millôr, ao invés de Milton









Como são admiráveis as pessoas que nós não conhecemos bem"









"O cara só é sinceramente ateu quando está muito bem de saúde"

(clica em cima que amplia)





Millôr Viola Fernandes nasceu no Rio de Janeiro, em 16 de agosto de 1923. Faleceu também no Rio em 27 de março de 2012. Brilhante jornalista, humorista, escritor, poeta, tradutor e dramaturgo.
Começou a trabalhar ainda jovem na redação da revista O Cruzeiro. Em seus mais de 70 anos de carreira produziu de forma prolífica e diversificada, ganhando fama por suas colunas de humor gráfico em publicações como Veja, O Pasquim e Jornal do Brasil. Em seus trabalhos  a ironia e a sátira dominavam para criticar o poder e as forças dominantes, sendo em consequência confrontado constantemente pela censura.
Dono de um estilo singular, era visto como figura desbravadora no panorama cultural brasileiro, como no teatro, onde destacou-se tanto pela autoria quanto pela tradução de um grande número de peças.
Orgulhava-se de ter nascido no Méier, subúrbio carioca.
Millôr considerava o dia 15 de março de 1938 como o início de sua profissão de jornalista; foi quando passou a trabalhar na revista O Cruzeiro. Atribuiu o mérito a seu tio Armando Viola, então chefe da seção de gravura da publicação.
Na função de faz-tudo Millôr se metia nas oficinas, laboratórios, diagramação e onde mais pudesse, inteirando-se de todos os processos de produção e eventualmente se tornando um engraçado "guia turístico" para quem quisesse conhecer as instalações de O Cruzeiro – ocasiões em que aproveitava para exercitar a imaginação, inventando importâncias históricas para objetos aparentemente mundanos (um espanador por exemplo era tornado em cetro do Papa ou raridade comprada pessoalmente pelo dr. Assis Chateaubriand, entre outros).
Nesse meio tempo passa a trabalhar em outra publicação dos Diários Associados, O Guri, traduzindo para o português histórias em quadrinhos originalmente em inglês – idioma que aprendeu sozinho em meio a livros e dicionários, numa das primeiras manifestações práticas do autodidatismo que exerceria por toda sua carreira. Apesar da facilidade em aprender por conta própria, Millôr estava ciente da necessidade de se aprimorar profissionalmente, matriculando-se no Liceu de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro, onde estudou entre 1938 e 1942.

Aprendeu inglês sozinho

Nessa mesma época passou a complementar o baixo salário com traduções de livros para Accioly (que assinava a autoria do trabalho e pagava ao funcionário metade do que recebia), e com a composição de quadras para a seção "As garotas", de Alceu Penna. O trabalho atrai a atenção de Frederico Chateaubriand, que o chama para ajudar na revista A Cigarra.
Certo dia, precisando fechar o último caderno, Freddy desespera-se com uma página ainda em branco de um colaborador que se atrasara, e manda Millôr ocupar o espaço com aquilo que vivia fazendo – frases, versos, tiradas inteligentes e engraçadas. O sucesso foi tanto que a coluna virou fixa, marcando o surgimento de Vão Gogo e da seção "Poste escrito". Ele logo exige seu primeiro aumento, ameaçando "ir para o Exército" caso não o recebesse. Com o ordenado triplicado, pôde passar a morar numa pensão no Centro e a pagar com mais tranquilidade o curso no Liceu.
Então com 17 anos, calhou a Millôr descobrir seu nome "verdadeiro": ao solicitar uma cópia da certidão de nascimento, constatou que a grafia duvidosa do escrivão tornava o nome Milton em Millôr – o traço incompleto do "t" formava uma espécie de acento circunflexo sobre o "o", enquanto o "n" tinha a aparência de "r". Sem hesitar, abandonou o prosaico Milton e se tornou Millôr, denominação tranquilamente aceita e prontamente adotada pela família e amigos.
No começo da década de 1940, O Cruzeiro, implementando uma reforma editorial, começa a trilhar o caminho de sucesso que resultaria numa das maiores tiragens da história editorial brasileira. Millôr continuava fazendo seus versos, e logo voltaria à carga sob o pseudônimo Vão Gogo, estreando em 1945 a seção "O Pif-Paf" em parceria com o cartunista Péricles. No ano seguinte lança Eva sem costela — Um livro em defesa do homem, assinando como Adão Júnior. No começo de 1948 viaja aos Estados Unidos como correspondente, encontrando-se com Walt Disney, Carmen Miranda, César Lattes e Vinicius de Moraes. De volta ao Brasil, casa-se com Wanda Rubino.[1] Ainda em 1948, roteiriza a tira de jornal Ignorabus, o contador de histórias, ilustrada por Carlos Estêvão e publicada no Diário da Noite.


Por 2.700 cruzeiros comprou uma cobertura em Ipanema


Ainda em 1949 lança o livro Tempo e Contratempo sob o pseudônimo Emmanuel Vão Gogo. Produz seu primeiro roteiro cinematográfico, "Modelo 19", e o filme, lançado como O amanhã será melhor, vence cinco prêmios Governador do Estado de São Paulo, sendo Millôr agraciado com o de "melhores diálogos". Na companhia de Fernando Sabino, passa quarenta e cinco dias do ano de 1951 viajando de carro pelo Brasil. No mesmo ano lança o semanário Voga, que dura apenas cinco edições. Durante 1952, passa quatro meses fazendo turismo pela Europa. No ano seguinte vê a estréia de sua primeira peça teatral, Uma mulher em três atos, encenada no Teatro Brasileiro de Comédia, em São Paulo.
Em 1954, Millôr adquire por 2.700 cruzeiros a famosa cobertura na Avenida Vieira Souto, em Ipanema, que seria imortalizada em seus escritos e onde passaria o resto da vida. No mesmo ano, nasce seu primogênito Ivan. Um ano depois, divide com Saul Steinberg o primeiro lugar da Exposição Internacional do Museu da Caricatura de Buenos Aires, Argentina. Diversifica a produção, escrevendo as peças Do tamanho de um defunto (encenada no Teatro de Bolso, no Rio, e posteriormente adaptada pelo próprio autor para o cinema como Ladrão em noite de chuva), Bonito como um deus (encenada no Teatro Maria Della Costa, em São Paulo) e também Um elefante no caos e Pigmaleoa.
Em 1957, Millôr expõe seus desenhos e pinturas no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. A partir de 1958, passa a manter sozinho a coluna "O pif-paf", cuja página dupla semanal é sempre assinada com o pseudônimo Vão Gogo e suas variações. Isso só deixaria de acontecer em 1962, quando ele assume definitivamente o próprio nome, reservando o fictício apenas para eventuais textos de apoio n'O Cruzeiro.[5] Ainda em 58, conclui sua primeira tradução teatral, Good people, intitulada então A fábula do Brooklin — Gente como nós.[1]
Em 1959, a convite de Freddy Chateubriand, apresenta na TV Itacolomi uma série de programas intitulada Universidade do Méier, onde desenhava enquanto fazia comentários. A idéia é levada para a TV Tupi do Rio sob o título de Treze lições de um ignorante. Pouco depois, o programa é censurado pelo governo federal e tirado do ar em consequência de uma crítica feita à primeira-dama; disse Millôr que Sarah Kubitschek mal chegou ao Brasil depois de cinco meses de viagem à Europa e já foi "condecorada com a Ordem do Mérito do Trabalho". No mesmo ano, nasce sua filha Paula.


Trabalha uma semana na Tribuna da Imprensa, sendo precocemente demitido por ter escrito um artigo sobre a corrupção nos meios de comunicação


Em 1960, estréia no Teatro da Praça, no Rio, a peça Um elefante no caos, que rende a Millôr o prêmio de "melhor autor" da Comissão Municipal de Teatro. Na mesma época dá início a uma colaboração com o cineasta Carlos Hugo Christensen que resultaria nos roteiros dos filmes Amor para Três (1960), Esse Rio que Eu Amo (1962), Crônica da Cidade Amada (1965) e O Menino e o Vento (1967). Em 1961, abre uma exposição com seus desenhos na Petit Galerie, no Rio. Viaja para o Egito mas, com a renúncia de Jânio Quadros à presidência do Brasil, resolve voltar antes do previsto. Trabalha uma semana na Tribuna da Imprensa, sendo precocemente demitido por ter escrito um artigo sobre a corrupção nos meios de comunicação. Em solidariedade, também se demitem os editores Mário Faustino e Paulo Francis.
A preocupação de Millôr em prezar a liberdade em seus trabalhos o leva a vários conflitos na redação de O Cruzeiro. Em um deles, pede demissão após ter o termo "amante" sumariamente cortado de um texto, mas o pedido de dispensa é recusado. Em outra ocasião, durante a reforma editorial implementada por Odilo Costa Filho no começo da década de 1960, ouve deste que lhe seria dada toda a liberdade, no que responde, "Odilo, você vai me perdoar, mas ninguém pode me dar liberdade. Pode tirar, mas dar, não pode". A defesa ferrenha da integridade de seu espaço criativo acabaria culminando, no final do mesmo ano, na saída de Millôr da revista.[5]
A polêmica que resultou na exoneração de Millôr dos Diários Associados deu-se em decorrência dos desenhos de A verdadeira história do paraíso. Considerado posteriormente uma obra-prima da iconoclastia, o trabalho já havia sido apresentado na TV quando da passagem de seu autor pelas TVs de Belo Horizonte e do Rio de Janeiro, sendo inclusive encenado no teatro. Finalmente vendido como matéria especial para O Cruzeiro em maio de 1963, foi publicado em outubro, cobrindo dez páginas impressas em quatro cores. A edição provocou de imediato uma maré de indignação católica que não tardou a alcançar a direção da revista, fazendo com que o número seguinte trouxesse uma tentativa de retratação, acusando Millôr de quebra de confiança ao compromisso de criar "um humor inteligente e sadio", misturada a desculpas aos leitores e promessas de "vigilância sobre a seção 'O pif-paf'".[5]
Millôr, então em Portugal e alheio a todo o incidente, acaba sabendo de tudo pelo músico Juca Chaves, que em uma festa se aproxima dele "com aquele ar satânico de quem vai anunciar o terremoto de 1755" e pergunta: "Você viu o que O Cruzeiro escreveu contra você?".


Dom Pedro I: Eu quero mocotó!


De volta ao Brasil, é recebido por uma carta de demissão e a acusação de fazer "matéria insultuosa às convicções religiosas do povo brasileiro". O caso gera uma reação de setores da imprensa, que se posicionam contra a publicação e oferecem um jantar de desagravo ao demitido, evento que é prestigiado por diretores e presidentes de vários veículos jornalísticos, além de centenas de artistas, escritores e jornalistas, como Paulo Francis, Rubem Braga e Fernanda Montenegro, entre outros. Durante seu discurso Millôr declara se sentir "como o navio abandonando os ratos". Processa então a revista por seus direitos trabalhistas, e acaba ganhando a causa.
Chegamos ao período da Veja e O Pasquim.
 em 1968, Millôr passa a colaborar com a revista Veja, marcando o começo de uma duradoura relação profissional com a Editora Abril que em longevidade só seria superada por seu trabalho nos Diários Associados. Nesse mesmo ano morre seu amigo Sérgio Porto, tendo início uma movimentação entre alguns jornalistas e cartunistas para a substituição de seu jornal Carapuça.
Apesar de não integrar aquela equipe que seria por fim a fundadora de O Pasquim, a influência exercida pela experiência de Millôr com o Pif-Paf foi definitiva no surgimento do novo jornal.
De uma forma ou de outra, ele esteve sempre presente nos primórdios do semanário. Já na primeira edição, em junho de 1969, profetizava que "se esta revista for mesmo independente não dura três meses. Se durar três meses não é independente". Retrataria-se três edições depois, e de fiel colaborador passou a uma das principais forças do Pasquim, como na ocasião em que grande parte da "patota", como se autodenominavam os colaboradores, foram presos pela ditadura.
O fato se deu após o jornal publicar uma paródia do quadro Independência ou Morte de Pedro Américo, onde D. Pedro I foi posto dizendo a frase "Eu quero é mocotó". A resposta dos militares não tardou: em 1 de novembro de 1970, os responsáveis pela editoria e fechamento do Pasquim foram presos um a um. Sérgio Cabral, Tarso de Castro, Ziraldo, Fortuna, Paulo Francis, Luiz Carlos Maciel e Flávio Rangel acabariam detidos por dois meses, sem saber sequer do que foram acusados. Com a redação do semanário desfalcada de alguns de seus principais nomes, Millôr e Henfil, com a ajuda de colaboradores de última hora como Chico Buarque, Glauber Rocha e Odete Lara, entre outros, fizeram o possível para manter o jornal em funcionamento, que não deixou de circular uma só vez. Millôr inclusive tentou emular o estilo de alguns dos colegas, enquanto a ausência de outros era justificada aos leitores como em decorrência de uma "gripe".


Deixa a Veja em 1982 ao se recusar a atender o pedido da revista de retirar o apoio público que mantinha a Leonel Brizola, então candidato ao governo do Rio pelo PDT em oposição a Moreira Franco, do PDS


Em 1972, Millôr assume a presidência do Pasquim, então envolto em várias dívidas e problemas administrativos relacionados a gestões anteriores. O jornal permanece sob censura prévia até 1975, quando é dispensado de submeter seu material à "apreciação" dos censores. A liberação coincidiu com a edição de n° 300 do semanário, que apesar da dispensa da censura acaba mesmo assim apreendido por ordem de Armando Falcão. Millôr defende então que a edição seguinte fosse inteiramente dedicada a satirizar o ministro da Justiça, mas sem apoio da equipe decide deixar o jornal, tendo cumprido o propósito de reorganizar as finanças e salvá-lo da falência.[10][12] No mesmo ano, faz exposição de 25 quadros “em branco, mas com significado”, na Galeria Grafitti, no Rio. Em 1976, escreve para Fernanda Montenegro a peça É..., que, encenada no Teatro Maison de France, no Rio, acabaria por se tornar seu maior sucesso teatral.
Em 1977, Millôr volta a expor seus trabalhos no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Sempre avesso a cerimônias e premiações, em 1978 aceita a homenagem do quinto Salão Internacional de Humor de Piracicaba, mas com uma condição: a de que a inscrição da placa, com apenas seu nome, fosse mudada para "Aos humoristas do Brasil na pessoa de Millôr Fernandes".
Deixa a Veja em 1982 ao se recusar a atender o pedido da revista de retirar o apoio público que mantinha a Leonel Brizola, então candidato ao governo do Rio pelo PDT em oposição a Moreira Franco, do PDS (que se tornou o DEM mas que na época era a nova sigla da Arena, o partido situacionista criado pelo regime
Ainda em 1963, Millôr passa a colaborar com o jornal Correio da Manhã, onde permanece durante um ano. Dá início em seguida a um projeto próprio: passado um mês do golpe militar que tomou o poder no Brasil, lança a revista Pif Paf. Com a redação sediada em seu próprio estúdio e edição quinzenal, a publicação reuniu alguns dos maiores nomes do humor de então, como Stanislaw Ponte Preta, Ziraldo, Jaguar e Claudius, entre outros.
Sem propostas políticas ou ideológicas, o conceito da revista era liberdade e humor. Ainda assim foi perseguida; considerada pelo serviço de informações do exército como o início da imprensa alternativa no Brasil, Pif-Paf teve vida curta, durando apenas oito números.
Em 1964, Millôr dá início à publicação de uma coluna semanal no Diário Popular, de Portugal, numa parceria que perduraria por dez anos. Na ocasião da estréia da página, inclusive, seu texto teria provocado o comentário de um ministro de Salazar de que "este tem piada, pena que escreva tão mal o português". Volta à televisão em 1965 como apresentador da TV Record, ao lado de Sérgio Porto e Luis Jatobá. Em parceria com Flávio Rangel escreve o musical Liberdade liberdade, que estréia naquele ano no Teatro Opinião, no Rio. A incursão na música prossegue no ano seguinte com a composição da canção "O homem", interpretada por Nara Leão no II Festival de Música Popular Brasileira. Em 1968, atua em seu espetáculo musical Do fundo do azul do mundo ao lado de Elizeth Cardoso e do Zimbo Trio.
Em 1980, Millôr conhece a jornalista Cora Rónai, com quem manteria um relacionamento pelo resto de sua vida.[15] Três anos depois, é homenageado no samba-enredo da Escola de Samba Acadêmicos do Sossego, de Niterói. Não comparece ao desfile. Passa a colaborar para a revista Istoé e, em 1984, para o Jornal do Brasil. Em 1986, abandona a máquina de escrever e começa a usar um computador para redigir seus textos, fazendo também experimentações artísticas com a nova ferramenta. Em 1988, comemora 50 anos de jornalismo com uma festa para os amigos, e dois anos depois nasce o neto Gabriel, filho de Ivan.


Se eu soubesse o que atrai tanta gente, nunca mais faria de novo


Em 1992, Millôr vê novamente sua liberdade criativa cerceada, dessa vez no Jornal do Brasil e sob a figura do editor Dácio Malta. Sua coluna no periódico alternava artigos, desenhos ou pequenos tópicos. Numa determinada ocasião, sem comunicar o autor, o editor corta um desses tópicos. No dia seguinte Millôr submete o mesmo trecho censurado, mas apenas ele, em letras grandes, acompanhado de um desenho. Dessa vez Malta foi incapaz de cortar, sob pena de comprometer toda a seção. A partir de então, ele passa a selecionar para publicar na seção de cartas do jornal apenas textos com críticas negativas a Millôr, que acaba por se demitir.[16] Na mesma época, deixa também a Istoé. Passa os anos seguintes alternando colaborações em várias publicações da imprensa brasileira: em 1996, começa a publicar nos jornais O Dia, O Estado de S. Paulo e Correio Braziliense (nesse último, permaneceria somente até o fim do ano). Deixa O Estado e O Dia em 2000, e vai para a Folha de S. Paulo, de onde sai no ano seguinte para voltar ao Jornal do Brasil.[1]
Ainda em 2000 lança O Saite Millôr Online, no qual passa a publicar novos textos e desenhos e a resgatar antigos trabalhos. A iniciativa, considerada pioneira na internet brasileira, acaba sendo um grande sucesso, o que leva seu criador a comentar: "Se eu soubesse o que atrai tanta gente, nunca mais faria de novo".
Retorna à Veja em 2004, mas desentende-se novamente com a revista quando esta decide disponibilizar todas as suas edições na internet, incluindo aí os quatorze anos de trabalho que ele produziu entre 1968 e 1982. Millôr ainda tenta negociar um acordo, mas em setembro de 2009 a revista comunica-lhe que não só seu contrato não seria renovado, como o material online seria mantido como estava. Ele move então um processo contra a Editora Abril e o banco Bradesco (patrocinador da digitalização do acervo da Veja) pedindo uma indenização de 500 mil reais e justificando que "se eles podem publicar tudo isso em um site, amanhã eles podem fazer um livro. Eles não podem usar esse material, muito menos o Bradesco. Eu virei realmente um garoto-propaganda. Até me senti honrado, mas mal pago". O resultado da ação legal só sairia em setembro de 2013, quando a Editora Abril foi condenada a pagar cerca de 800 mil reais pela publicação do material sem autorização de seu autor.
Com a saúde fragilizada após sofrer um acidente vascular cerebral no começo de 2011, morreu aos 88 anos.

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Livros:

Tempo e Contratempo, 1954 – Editora O Cruzeiro
Teatro de Millôr Fernandes, 1957 – Editora Civilização Brasileira
Um Elefante no Caos, 1962 – Editora de Autor, 1978 – L&PM Editores, 1998 – L&PM POCKET
Lições De Um Ignorante, 1963 – J. Álvaro Editora
Fábulas Fabulosas, 1963 – J. Álvaro Editora
Liberdade, Liberdade, 1965 – Teatro (com Flávio Rangel) – 1998, L&PM POCKET
Papáverum Millôr, 1967 – Editora Prelo, 1967 – Editora Prelo
Hai-Kais, 1968 – Editora Senzala, 1997 – L&PM POCKET
Computa, Computador, Computa, 1972 – Editorial Nórdica
Esta é a Verdadeira História do Paraíso, 1972 – Livraria Francisco Alves
Trinta Anos de Mim Mesmo, 1972 – Editorial Nórdica
O Livro Vermelho dos Pensamentos de Millôr, 1973 – L&PM Editores, 1998 – L&PM POCKET
Fábulas Fabulosas,1973
Papaverum Millôr, 1974
Conpozissõis Imfãtis, 1975
Livro Branco de Humor, 1976
Devora-me ou te decifro, 1976 – L&PM Editores
Millôr No Pasquim, 1977
Reflexões Sem Dor, 1977 – Editora Edibolso S.A.
É..., 1977 – L&PM Editores
Que País é Este?, 1978
O Homem do Princípio ao Fim, 1978 – L&PM Editores, 2001 – L&PM POCKET
Novas Fábulas Fabulosas,1978
Todo Homem é Minha Caça,1981
Vidigal: memórias de um Sargento de Milícias, 1981 – L&PM Editores
Desenhos,1981 – Editora Raízes Artes Gráficas Ltda. (prefácio de Pietro Maria Bardi e apresentação de Antônio Houaiss)
Duas Tábuas e uma Paixão, 1982 – L&PM Editores
Poemas, 1984 - L& PM Editores, 2001 – L&PM POCKET
Diário da Nova República, 1985 – LPM Editores
Diário da Nova República Vol. 2, 1988 – LPM Editores
Diário da Nova República Vol. 3, 1988 – LPM Editores
Millôr Definitivo - A Bíblia do Caos, 1994 – L&PM Editores, 2002 – L&PM POCKET
Tempo e Contratempo, 1998 – Editora Beça – Millôr revisita Vão Gôgo. O autor, em 1998, analisa o autor de 1954
Kaos, 2008 – L&PM POCKET
Crítica da razão impura ou O primado da ignorância, 2002 – L&PM Editores
A entrevista: Millôr Fernandes fala à Revista Oitenta, 2011 – L&PM Editores







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Imprensa canalha

A imprensa brasileira sempre foi canalha. Eu acredito que se a imprensa brasileira fosse um pouco melhor poderia ter uma influência realmente maravilhosa sobre o País. Acho que uma das grandes culpadas das condições do País, mais do que as forças que o dominam politicamente, é nossa imprensa. Repito, apesar de toda a evolução, nossa imprensa é lamentavelmente ruim. E não quero falar da televisão, que já nasceu pusilânime.


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A Viúva

Quando a amiga lhe apresentou o garotinho lindo dizendo que era seu filho mais novo, ela não pôde resistir e exclamou:
– Mas como, seu marido não morreu há cinco anos?
– Sim, é verdade – respondeu então a outra, cheia daquela compreensão, sabedoria e calor que fazem os seres humanos – mas eu não.

Moral: Não morre a passarada quando morre um pássaro.


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O Rei dos Animais

Saiu o leão a fazer sua pesquisa estatística, para verificar se ainda era o Rei das Selvas. Os tempos tinham mudado muito, as condições do progresso alterado a psicologia e os métodos de combate das feras, as relações de respeito entre os animais já não eram as mesmas, de modo que seria bom indagar. Não que restasse ao Leão qualquer dúvida quanto à sua realeza. Mas assegurar-se é uma das constantes do espírito humano, e, por extensão, do espírito animal. Ouvir da boca dos outros a consagração do nosso valor, saber o sabido, quando ele nos é favorável, eis um prazer dos deuses. Assim o Leão encontrou o Macaco e perguntou: "Hei, você aí, macaco - quem é o rei dos animais?" O Macaco, surpreendido pelo rugir indagatório, deu um salto de pavor e, quando respondeu, já estava no mais alto galho da mais alta árvore da floresta: "Claro que é você, Leão, claro que é você!".
Satisfeito, o Leão continuou pela floresta e perguntou ao papagaio: "Currupaco, papagaio. Quem é, segundo seu conceito, o Senhor da Floresta, não é o Leão?" E como aos papagaios não é dado o dom de improvisar, mas apenas o de repetir, lá repetiu o papagaio: "Currupaco... não é o Leão? Não é o Leão? Currupaco, não é o Leão?".
Cheio de si, prosseguiu o Leão pela floresta em busca de novas afirmações de sua personalidade. Encontrou a coruja e perguntou: "Coruja, não sou eu o maioral da mata?" "Sim, és tu", disse a coruja. Mas disse de sábia, não de crente. E lá se foi o Leão, mais firme no passo, mais alto de cabeça. Encontrou o tigre. "Tigre, - disse em voz de estentor -eu sou o rei da floresta. Certo?" O tigre rugiu, hesitou, tentou não responder, mas sentiu o barulho do olhar do Leão fixo em si, e disse, rugindo contrafeito: "Sim". E rugiu ainda mais mal humorado e já arrependido, quando o leão se afastou.
Três quilômetros adiante, numa grande clareira, o Leão encontrou o elefante. Perguntou: "Elefante, quem manda na floresta, quem é Rei, Imperador, Presidente da República, dono e senhor de árvores e de seres, dentro da mata?" O elefante pegou-o pela tromba, deu três voltas com ele pelo ar, atirou-o contra o tronco de uma árvore e desapareceu floresta adentro. O Leão caiu no chão, tonto e ensanguentado, levantou-se lambendo uma das patas, e murmurou: "Que diabo, só porque não sabia a resposta não era preciso ficar tão zangado".

Moral: Cada um tira dos acontecimentos a conclusão que bem entende.


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O direito ao foda-se

O nível de stress de uma pessoa é inversamente proporcional à quantidade de ''foda-se!'' que ela fala.

Existe algo mais libertário do que o conceito do ''foda-se''?

O ''foda-se'' aumenta minha auto-estima, me torna uma pessoa melhor. Reorganiza as coisas. Me liberta.

''Não quer sair comigo? Não? Então foda-se!''

''Vai decidir esssa merda sozinho(a) mesmo? Então foda-se!''

O direito ao foda-se deveria estar assegurado na Constituição Federal.

Os palavrões não nasceram por acaso. São recursos extremamente válidos e criativos para prover nosso vocabulário de expressões que traduzem com a maior fidelidade nossos mais fortes e genuínos sentimentos.

É o povo fazendo sua língua.

Como o Latim Vulgar, será esse Português Vulgar que vingará plenamente um dia.

''Pra caralho'', por exemplo. Qual expressão traduz a idéia de muita quantidade do que ''pra caralho''?

''Pra caralho'' tende ao infinito, é quase uma expressão matemática.

A Via-Lactea tem estrelas pra caralho, o Sol é quente pra caralho, o Universo é antigo pra caralho, eu gosto de cerveja pra caralho, entende?

No gênero do ''pra caralho'', mas no caso, expressando a mais absoluta negação, está o famoso ''nem fodendo!''.

O "Não, não e não!'' é tampouco nada eficaz e já sem nenhuma credibilidade. ''Não, absolutamente não!" o substituem.

O '' nem fodendo!'' é irretorquível, e liquida o assunto. Te libera, com a consciencia tranquila, para outras atividades de maior interesse em sua vida.

Aquele filho pentelho de 17 anos te atormenta pedindo o carro pra ir surfar no litoral? Não perca tempo nem paciência. Solte logo um definitivo '' Danielzinho, presta atenção, filho querido... NEM FODENDO!''. O impertinente se manca na hora e vai pro Shopping se encontrar com a turma e você fecha os olhos e volta a curtir o CD do Lupicínio.

Por sua vez, o ''porra nenhuma!'' atendeu tão plenamente as situações onde nosso ego exigia não só a definição de uma negação, mas também o justo escárnio contra descarados blefes, que hoje é totelmente impossível imaginar que possamos viver sem ele em nosso cotidiano profissional.

Como comentar a bravata daquele chefe idiota senão com um ''é PHD porra nenhuma!'' ou '''ele redigiu aquele relatório sozinho porra nenhuma!''

O ''porra nenhuma'', como vocês podem ver, nos provê sensações de incrível bem-estar interior. É como se estivéssemos fazendo a tardia e justa denúncia pública de um canalha.

São dessa mesma gênese os clássicos ''aspone'', ''chepone'' e mais recentemente o ''prepone'' - presidente de porra nenhuma.

Há outros palavrões igualmente clássicos.

pense na sonoridade de um ''puta que pariu'', ou seu correlato ''pu-ta-que-o-pa-riu!!!'' falados assim, cadenciamente, sílaba por sílaba.

Diante de uma notícia irritante qualquer um ''puta-que-o-pariu!'' dito assim te coloca outra vez em seu eixo. Seus neurônios tem o devido tempo e clima para se reorganizar e sacar a atitude que lhe permitirá dar um merecido troco ou o safar de maiores dores de cabeça.

E o que dizer de nosso famoso ''vai tomar no cú!'' e sua maravilhosa e refroçadora derivação ''vai tomar no olho do se cú!''?

Você já imaginou o bem que alguém faz a si próprio e aos seus quando, passado o limite do suportável, se dirige ao canalha de seu interlocutor e solta: ''Chega! vai tomar no olho do seu cú!''. Pronto, você retomou as rédeas de sua vida, sua auto-estima. Desabotoe a camisa e saia na rua, vento batendo na face, olhar firme, cabeça erguida, um delicioso sorriso de vitória e renovado amor íntimo nos lábios.

E seria tremendamente injusto não registrar aqui a expressão de maior poder de definição do Português Vulgar: ''fodeu!''. E sua derivação mais avassaladora ainda: ''fodeu de vez!''.

Você conhece definição mais exata, pungente e arrasadora para uma situação que atingiu o grau máximo imaginável de complicação? Expressão, inclusive, que uma vez proferida insere seu autor em todo um providencial contexto interior de alerta e auto-defesa. Algo assim como quando você está dirigindo bêbado, sem documentos do carro e sem carteira de habilitação e ouve uma sirene de polícia atrás de você mandando você parar: O que você fala? ''Fodeu de vez!''.

Liberdade, igualdade, fraternidade e FODA-SE!


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Chapeuzinho Vermelho

Era uma vez (admitindo-se aqui o tempo como uma realidade palpável, estranho, portanto, à fantasia da história) uma menina, linda e um pouco tola, que se chamava Chapeuzinho Vermelho. (Esses nomes que se usam em substituição do nome próprio chamam-se alcunha ou vulgo). Chapeuzinho Vermelho costumava passear no bosque, colhendo Sinantias, monstruosidade botânica que consiste na soldadura anômala de duas flores vizinhas pelos invólucros ou pelos pecíolos, Mucambés ou Muçambas, planta medicinal da família das Caparidáceas, e brincando aqui e ali com uma Jurueba, da família dos Psitacídeos, que vivem em regiões justafluviais, ou seja, à margem dos rios. Chapeuzinho Vermelho andava, pois, na Floresta, quando lhe aparece um lobo, animal selvagem carnívoro do gênero cão e... (Um parêntesis para os nossos pequenos leitores — o lobo era, presumivelmente, uma figura inexistente criada pelo cérebro superexcitado de Chapeuzinho Vermelho. Tendo que andar na floresta sozinha, - natural seria que, volta e meia, sentindo-se indefesa, tivesse alucinações semelhantes.).
Chapeuzinho Vermelho foi detida pelo lobo que lhe disse: (Outro parêntesis; os animais jamais falaram. Fica explicado aqui que isso é um recurso de fantasia do autor e que o Lobo encarna os sentimentos cruéis do Homem. Esse princípio animista é ascentralíssimo e está em todo o folclore universal.) Disse o Lobo: "Onde vais, linda menina?" Respondeu Chapeuzinho Vermelho: "Vou levar estes doces à minha avozinha que está doente. Atravessarei dunas, montes, cabos, istmos e outros acidentes geográficos e deverei chegar lá às treze e trinta e cinco, ou seja, a uma hora e trinta e cinco minutos da tarde".
Ouvindo isso o Lobo saiu correndo, estimulado por desejos reprimidos (Freud: "Psychopathology Of Everiday Life", The Modern Library Inc. N.Y.). Chegando na casa da avozinha ele engoliu-a de uma vez — o que, segundo o conceito materialista de Marx indica uma intenção crítica do autor, estando oculta aí a idéia do capitalismo devorando o proletariado — e ficou esperando, deitado na cama, fantasiado com a roupa da avó.
Passaram-se quinze minutos (diagrama explicando o funcionamento do relógio e seu processo evolutivo através da História). Chapeuzinho Vermelho chegou e não percebeu que o lobo não era sua avó, porque sofria de astigmatismo convergente, que é uma perturbação visual oriunda da curvatura da córnea. Nem percebeu que a voz não era a da avó, porque sofria de Otite, inflamação do ouvido, nem reconheceu nas suas palavras, palavras cheias de má-fé masculina, porque afinal, eis o que ela era mesmo: esquizofrênica, débil mental e paranoica pequenas doenças que dão no cérebro, parte-súpero-anterior do encéfalo. (A tentativa muito comum da mulher ignorar a transformação do Homem é profusamente estudada por Kinsey em "Sexual Behavior in the Human Female". W. B. Saunders Company, Publishers.) Mas, para salvação de Chapeuzinho Vermelho, apareceram os lenhadores, mataram cuidadosamente o Lobo, depois de verificar a localização da avó através da Roentgenfotografia. E Chapeuzinho Vermelho viveu tranqüila 57 anos, que é a média da vida humana segundo Maltus, Thomas Robert, economista inglês nascido em 1766, em Rookew, pequena propriedade de seu pai, que foi grande amigo de Rousseau.

Extraído do livro "Lições de Um Ignorante",


4 comentários:

  1. Acho que o Mendelski já passou da idade de receber reprimenda pública de chefe.
    Não entendo como não entregou o boné.

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  2. Caso Rogério Mendelski

    O que houve no episódio - prosaico - da adjetivação estética do cabelo da vereadora Marielle Franco é, com a devida licença do grande Gabriel Garcia Marquez, 'Crônica de uma morte anunciada'. O gerente Nando Gross, que transformou a excelente Guaíba numa rádio engajada com a ideologia esquerdista, esperava ansiosamente alguma 'pisada de bola' (coisa que não ocorreu) para humilhar o Rogério e tentar o demitir, algo que não sei se não ocorrerá. A nota que ele publicou, absurda ao limite, não mantém nem minimamente conexão com o episódio. Pra mim, a nota, foi algo tipo (perdão W. Shakespeare) 'Muito barulho por nada'.
    O Rogério na rádio é um ponto fora do padrão, é praticamente o único programa que não tem uma linha esquerdista, portanto, 'tem que sair'! O Gerente Nando conduz a rádio como um jovem estudante ginasiano alienado conduz um grêmio estudantil, com muita emoção e razão rasteira!
    A que ponto de radicalização chegamos,no qual uma profissional pago para dar opinião não pode sequer adjetivar o cabelo de uma figura pública, pois lá vem os 'radicais de sempre' a imputar preconceito na opinião, ideologizando tudo! Ele não mudará, seu padrão de estética é radical, pronto! Gostemos ou não. O seu gosto musical é um primor. Se eu não gosto de pagode e de musicas sertanejas - e não gosto mesmo - sou preconceituoso? Se o Rogério afirmar, como afirma, que no programa dele não tem Anitta nem a pau, e a Anitta é uma negra, ele está sendo preconceituoso? Nem tudo que o Rogério diz e conceitua eu concordo, e dai? Ele, por exemplo, não gosta do excessivo uso do 'a gente isso, a gente aquilo' no falar corrente dos jornalistas, coisa que eu também disgosto! Ele não gosta da estética/moda das calças jeans rasgados, coisa que eu, que tenho duas maravilhosas filhas e as usam sempre, gosto, pois acho descolado, legal, bonito! Repito, e dai?
    Por fim, afirmo que o Rogério, pro meu gosto e para um oceano de ouvintes e amantes do rádio raiz, verdade, sem proselitismos à vanguarda do atraso e do ódio que está transformando nosso país num país dividido, é o - disparado - melhor radialista do rádio do nosso estado! Aviso, se ele sair, acho que deve o fazer, pois essa 'rádio Cuba Livre' não tem mais jeito, eu o estarei acompanhando! Abraços.

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  3. Se Rogerio Mendelski sair certamente que tera putra radio em um dia. E a guaiba será a rádio do DCE. E o esporte vai perder muito também por que muotos ouvintes ouvem a guaiba por causa da história e não terá mais ninguém a não ser a esquerda festiva que fals: vou estar, o transito ma castelo, a nivel de e mariele vive. Kkkkkk

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  4. O comentário no twitter sobre o que o Bolsonaro iria fazer com as pobres pessoas que moram em cidades com menos de 5 mil habitantes deve ser pura verdade. O Carpinejar fez uma coluna dizendo que querem acabar com o interior, como se os locais fossem deixar de ser interior e sossegados só porque vão deixar de ser municípios.

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