Sexta, 3 de julho de 2020




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especial

Nesta sexta, uma cesta
de Carlos Zéfiro!





O ídolo de várias gerações no século XX


Os catecismos de Zéfiro, sem a menor dúvida,
foram os maiores best-sellers do Brasil






Em janeiro de 2011, os trabalhos de Carlos Zéfiro foram expostos ao lado de outros quadrinhos eróticos de todo o mundo no Museu do Sexo, em Nova York.





Carlos Zéfiro (Alcides Aguiar Caminha) nasceu no Rio de Janeiro em 25 de setembro de 1921. Foi um dos maiores produtores de quadrinhos do Brasil. Foram centenas de livretos, com tiragens que variava, de 20 mil a 30 mil exemplares, vendidos dissimuladamente em bancas de jornais de todo o Brasil. Faleceu em 5 de julho de 1992, também no Rio.

Alcides era boêmio. E como grande parte dos boêmios era funcionário público. Aos 25 anos Alcides casou com Dona Serat Caminha e teve 5 filhos. Sempre escondeu de toda a família sua atividade paralela de desenhista e aposentou-se como funcionário público do setor de Imigração do Ministério do Trabalho.

Autodidata no desenho, concluiu o segundo grau somente quando tinha 58 anos. Escondia sua identidade por temer ter seu nome envolvido em escândalo, que poderiam punir com a demissão o funcionário público por "incontinência pública escandalosa" e perder o salário que mantinha a família.

Os catecismos de Zéfiro eram desenhados diretamente no papel vegetal, eliminando a necessidade do fotolito. Ele mandava imprimir em gráficas de vários Estados, gerando, inclusive, diversos imitadores.

Em 1970, os militares realizaram em Brasília uma investigação para descobrir o autor daquelas obras "pornográficas". Chegaram a prender por três dias o editor Hélio Brandão, amigo do artista, mas a investigação não foi adiante.

Seu trabalho era inspirado em quadrinhos românticos mexicanos publicados pela editora Editormex (cujas histórias possuíam apenas dois quadros por página) e em fotonovelas pornográficas de origem sueca.

O nome Carlos Zéfiro foi tirado de um autor mexicano de fotonovelas.

Para o jornalista Gonçalo Junior, os catecismos de Zéfiro não possuem nenhuma relação com os tijuana bibles, quadrinhos eróticos publicados nos Estados Unidos entre as décadas de 1930 e 1950, que usava como protagonistas personagens de desenhos animados, quadrinhos e até celebridades.




Além de seus trabalhos como ilustrador, Alcides foi compositor, inscrito na Ordem dos Músicos do Brasil e parceiro de Guilherme de Brito e Nelson Cavaquinho, com quem compôs quatro sambas para a Mangueira, entre eles os sucessos Notícia, gravado por Roberto Silva na década de 1950, e A Flor e o Espinho.

Sua identidade foi revelada por uma matéria de Juca Kfojuri, quando era editor da Playboy, em 1991. Motivo? Ele ficou furioso quando soube que o quadrinista baiano Eduardo Barbosa havia declarado ser o verdadeiro Carlos Zéfiro. Barbosa chegou a desenhar alguns catecismos, entretanto Caminha foi identificado por Hélio Brandão.

Em novembro do mesmo ano participou da I Bienal de Quadrinhos.

Em 1992 recebeu o Troféu HQ Mix, pela importância de sua obra.


Zéfiro produziu mais de 500 catecismos


Antes, na década de 80, o quadrinista Sebastião Seabra adotou o pseudônimo Sebastião Zéfiro para não comprometer o trabalho que possuía como ilustrador de livros didáticos. Seabra conseguiu junto a Editora Maciota que fosse publicado o trabalho de Zéfiro (na época ainda no anonimato), chegou a se especular que os artistas fossem parentes.

O jornalista Geraldo Galvão Ferraz foi um dos primeiros a escrever um artigo sobre Carlos Zéfiro, o cartunista e jornalista Ota publicou um livro sobre o quadrinista, Joaquim Marinho também escreveu um livro sobre Zéfiro.

Após sua morte teve um trabalho publicado como homenagem póstuma em 1997 na capa e no encarte do CD Barulhinho Bom - Uma Viagem Musical da cantora Marisa Monte. Em 1998, as vinhetas de abertura e intervalos do Video Music Brasil 1998, da MTV Brasil foram claramente inspiradas nos folhetins de sua obra.

Em agosto de 1999, em Anchieta, bairro em que morava, foi inaugurada a Lona Cultural Carlos Zéfiro, com show da Velha Guarda da Portela e Marisa Monte. A cantora e o jornalista Juca Kfouri, que revelou a verdadeira identidade de Carlos Zéfiro, são os padrinhos da Lona Cultural, fundada e dirigida por um grupo de artistas locais, que tinha à frente Adailton Medeiros.

Em 2005, a arquiteta Christianne Gomes defendeu como projeto final de graduação de Arquitetura e Urbanismo na Universidade Federal Fluminense, o projeto Centro Erótico Carlos Zéfiro, que visava a criação de um espaço na zona portuária do Rio de Janeiro onde as mais diferentes formas de sexo poderiam ser discutidas e/ ou experimentadas. O projeto previa a criação de um museu erótico, vilas de prostituição, motel, cafés, cinemas, salas de exposições, um centro de tratamento de DST, um posto da delegacia de crimes sexuais e clínicas de psicologia avançada e foi recebido em 2006 pela Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro.

Em 2009, ao fazer uma crítica a corrupção do Senado Federal, o Jornal Extra do Rio de Janeiro publicou uma galeria de imagens por João Arruda e Ary Moraes inspiradas nos quadrinhos de Zéfiro.


Em março de 2011, Zéfiro foi tema da peça de teatro "Os catecismos segundo Carlos Zéfiro" escrito e dirigido por Paulo Biscaia Filho.





Quer conferir um exemplar?
(este não é um dos melhores)

https://www.scribd.com/document/241372411/Carlos-Zefiro-a-Despedida-Www-Bravus-Net


Este é melhor

http://www.carloszefiro.com/buildframe.php?mag=SitioDosPrazeres&pg=0&pgmax=32&thetitle=S%EDtio%20Dos%20Prazeres


Bom, legal mesmo

https://www.yumpu.com/en/document/view/54529980/a-excursao-carlos-zefiro





Da Enciclopédia Itaú Cultural

Um dos autores mais populares dos quadrinhos pornográficos do fim dos anos 1950 e 1960 no Brasil, o nome de Carlos Zéfiro transforma-se num mito. Tal fato se deve, entre outros motivos, ao mistério em torno do homem por trás do pseudônimo, segredo mantido até há pouco tempo. Alcides de Aguiar Caminha, carioca do bairro de Anchieta e funcionário público aposentado, assume o pseudônimo Carlos Zéfiro somente em 1991, em entrevista à revista Playboy. Ele morre no ano seguinte, aos 70 anos.

As "revistinhas de sacanagem" surgem no Brasil na década de 1940, popularizam-se e atingem o auge nos anos 1960. Trata-se de publicações em formato ¼ ofício, de 24 ou 32 páginas com histórias ilustradas em p&b, de autores anônimos; vendidas clandestinas em bancas de jornal dentro de revistas, ou em lugares de frequência exclusivamente masculina, como barbearias (em São Paulo, são conhecidas como "catecismos"). Por serem baratas e fáceis de se encontrar, elas garantem acesso de um público basicamente masculino.

Entre a multidão de quadrinhos do gênero da época, os que trazem a assinatura de Zéfiro sobressaem pelo realismo de suas histórias. Elas são narradas na primeira pessoa sempre com começo, meio e fim. Em geral, têm como pano de fundo mais corriqueiro o ambiente brasileiro. A simplicidade do desenho, a dificuldade de compor cenas e os problemas de continuidade que podem ser observados na revistas criadas por Zéfiro não são obstáculos para a apreciação do leitor.

Amador, Zéfiro, copia os personagens de revistas eróticas estrangeiras ou fotonovelas e constrói um repertório limitado de situações e posições sexuais. Seus personagens masculinos não variam muito nem na forma nem na personalidade, seguindo um padrão visual e de comportamento: em geral são solteiros ou estão sozinhos, bonitos, bem-dotados, vaidosos, irresistíveis e sempre vitoriosos em suas investidas.

O universo feminino zeferiano apresenta variedade maior: há virgens, viúvas, desquitadas, solteiras, casadas, ninfomaníacas etc. Mas um traço comum as une: a disposição imediata para o sexo. A respeito do tipo físico, apesar das variações de cor e corte de cabelo, o desenho dos corpos segue um padrão parecido. As aventuras sexuais de Carlos Zéfiro comportam relações hetero, bi e homossexuais, e até relações incestuosas. Mas tudo é sempre contado de uma ótica estritamente masculina.

Com a chegada ao mercado brasileiro das revistas eróticas coloridas suecas e dinamarquesas, no início dos anos 1970, as revistinhas de sacanagem vão perdendo prestígio, até desaparecer. O próprio Zéfiro pára de produzir histórias. No entanto, seu nome sobrevive pelas mãos de editores que realizam novas tiragens de suas histórias de maior sucesso, ou pelo amor de colecionadores. Com isso, Zéfiro mantém-se popular, ganha diversas exposições de sua obra em salões de arte e de histórias em quadrinhos. Nos anos 1980 são publicados dois estudos de sua obra, os únicos até hoje: O Quadrinho Erótico de Carlos Zéfiro, de Otacílio d'Assunção, e A Arte Sacana de Carlos Zéfiro, com textos de Roberto DaMatta, Sérgio Augusto e Domingos Demase e reprodução de algumas histórias.




SENSACIONAL!!
Entrevista de Alcides Caminha para o Jô Onze e Meia





Uma boa matéria de Nelson Motta




Um comentário:

  1. Previdi,
    acho que to entendendo tudo agora!

    Com o fim do VídeoShow e do "Se Joga", a rede obolG precisava colocar um programa de fofoca no lugar. Idéia: utilizar o Jornal Hoje.

    As notícias são sempre coisas como:"Bolsonaro vai na padaria e come sanduíche sem usar máscara"; "Bolsonaro rouba cachorro"; "família Bolsonaro aparece escovando os dentes sem usar máscara e desrespeitando OMS"...

    Grande abraço,
    Pedro Leon.

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