SOU QUEM SOU.
ANDO DEVAGAR
PORQUE JÁ TIVE PRESSA
(ainda mais agora, cheio de pepinos!!)
E não esqueça: mesmo os "comentaristas anônimos" podem ser identificados pelo IP sempre que assim for necessário. Cada um é responsável pelo que escreve.
UMA CESTA ESPECIAL
NUMA SEXTA DE ABRIL!
O GAÚCHO QUE LEU ULISSES!!
João Paulo da Fontoura, de Taquari-RS |
Há algum tempo, batendo um papo com o João Paulo por e-mail, contei sobre uma brincadeira que tinha na Famecos, na década de 70. Um colega, Eduardo San Matin, disse que faria uma entiudade, "Associação dos que conseguiram ler até a página 20 de Ulisses".
Eu comprei um exemplar, a prestação na Livraria do Globo, anos 70. Esta edição que está aí embaixo. Mas, confesso, jamais passei da segunda página. E é uma tradução do Antonio Houaiss!
Aí o João Paulo me revelou que tinha lido Ulisses.
- Ah, deixa de brincadeira.
- Sério, li e vou te mandar umas linhas sobre o livro.
Pois aí está a "promessa" do João Paulo.
Divirtam-se!!
Ulisses, James Joyce
por João Paulo da Fontoura
Ulisses é, complicado, brilhante, interminável, sublime, exaustivo, barroco, louco, valioso, um porre, uma leitura inesquecível!
No ano passado, quando completou 100 anos do lançamento do livro Ulisses, obra maior do genial e controverso escritor irlandês James Joyce, a editora Companhia das Letras lançou por aqui uma edição especial, com tradução revisada de Caetano W. Galindo, 848 páginas, ao ‘módico’ preço de 190 reais.
Há tempos eu queria atravessar esse oceano de palavras, mas não conseguia encontrá-lo com amigos ou em bibliotecas. Alguém já disse, ‘ler Ulisses equivale aos doze trabalhos de Hércules – juntos’. Quando falava da minha intenção, só ouvia risos de escárnio seguidos de palavras pouco incentivadoras tipo, ‘duvido que passes da página 20!’
Consegui-o, usado, via internet. Um calhamaço, 852 páginas, traduzido pelo nada mais nada menos Antônio Houaiss, o cara, e editado pela Abril em 1980. Paguei pouco. Reconheço, leitura nada fácil, mas segui firme e o abati em uns 15 dias. Eu sempre me invoquei com a letra doida da música do grupo inglês Procol Harum, ‘A Whiter Shade of Pale’, composta por Gary Brooker, recém falecido, mas agora entendo – ele, certamente, leu Ulisses!
Não sou um hermeneuta, e nem mesmo tenho uma exegese à altura da obra, mas, com meus (parcos) conhecimentos e (muita) ousadia, vamos lá a uma petite analyse da genial, confusa, e revolucionária obra do genial, confuso, alcoólatra e quase cego escritor irlandês.
Introduzo dizendo que esse malucão é a mais completa enciclópédia humana em termos de literatura, teatro, canto, música, línguas, história, ciência, etc. O cara tudo leu e tudo conhece. Das línguas vivas (inglês, francês, italiano, espanhol) ele conhece mais de 20, além do latim, sânscrito e grego. Ele vai escrevendo, neologisando, contrapondo cognatismos com polissemias e mandando muitos termos chulos se não pornográficos, como, por exemplo: ‘... Ela hesita em meio a fragrâncias, música, tentações. Ela o conduz para os degraus, atraindo-o pelo odor dos sovacos, o viço dos seus olhos pintados, o frufru de sua camisola em cujas pregas sinuosas se enrosca o fartum leonino de todos os brutos e machos que a possuíram.’
E o incauto leitor que se vire. Já na primeira página do primeiro capítulo ele tasca um ‘Introibo ad altere Dei’. A complexidade da linguagem é tal que há na internet uma espécie de ‘busca’ que explica cada termo ou mesmo frase em que o leitor empaca desesperado. Como são vários os termos indelineáveis, essa busca tem mais que o dobro de palavras contidas no livro. Se a cada dúvida formos consultar, a leitura durará meses, ou mais!
O lançamento em 1921 foi loucura total. Nos Estados Unidos, mais de 500 livros queimados, na Inglaterra, outros tantos. A intenção do gênio era muito clara, provocar, instigar, chacoalhar a acomodada sociedade vitoriana e sua cínica moralidade – mas, convenhamos, não precisava tanto. Teve o mesmo, ou maior, impacto que Igor Stravinsky com sua ‘Sagração da Primavera’, o Cubismo de Picasso, Dalí, ou mesmo ‘Encouraçado Potemkim’ de Eisenstein. Não havia meio termo, ou se amava ou se odiava. Virginia Woolf, a contemporânea de Joyce, sabe-se lá por despeito, em seu diário registrou à posteridade: ’Terminei Ulisses, acho que é um fracasso. Gênio, certamente, mas água menos virtuosa. O livro é difuso, lamacento, pretensioso e vulgar.’
Acaba explodindo em termos de consagração mundial com sua liberação em 1933, 12 anos após seu tumultuado lançamento.
...
James Joyce
A ação do romance transcorre em um único dia em Dublin, Irlanda, a quinta-feira de 16 de junho de 1904 (essa data, Bloomsday, é festejada anualmente há vários anos por milhares de admiradores do escritor e da sua obra maior). Digamos ser uma paródia em forma de paralelismo com Odisseia do grego Homero. Na obra de Homero o personagem central, Ulisses, é o Leopold Bloom de Joyce; Penélope, a esposa casta de Ulisses, tem seu símile em Molly Bloom, a esposa não tão casta do Bloom, e, finalmente, Stephen Dedalus é o Temêmaco homérico. Há outros personagens interessantes, Buck Mulligam, um estudante de medicina, amigo e de certa forma rival de Dedalus, tem também uma participação importante no enredo. Os demais, May Dedalus, a mãe morta de Stephen; Haine, um estudante inglês, Simon, pai de Stephen, são secundários
Joyce desenvolve seu romance em forma de um prelúdio tripartite, um núcleo em 12 capítulos, e um final também tripartido. Inicia com o anti-herói Leopold Bloom, um fracassado vendedor de anúncios de jornais casado com uma mulher adúltera (em contraponto ao heroico Ulisses que no poema homérico luta contra tudo e todos no resgate de sua Ítaca onde sua amada Penélope, depois de 17 anos, ainda castamente aguarda seu herói. A Ítaca do Bloom é sua casa dublinense à rua Eccles, nº 7), tomando seu café da manhã em sua casa, e, após, com seu amigo Stephen Dedalus, seguindo em sua mambembe odisseia de desilusões e fracassos. Joyce, nessa caminhada de um dia de Bloom e de seu amigo Stephen, acaba por traçar uma espécie de linkagem com o mundo da época, relativamente moderno, suas novidades científicas, as questões sociais, os avanços das artes, os problemas religiosos, exotéricos, sociais, etc.
E o romance termina com o monólogo interior de Molly Bloom, sem pontuação, mas com redenção (aliás, da página 797 à 857 tudo é sem pontuação ou nova linha, loucura total): 'e como ele me beijou debaixo da muralha moura eu disse a mim mesmo atrás dele tão bem quanto qualquer outro e então pedi-lhe com os olhos para perguntar novamente sim e então ele me perguntou se eu queria dizer sim minha flor da montanha e primeiro ele colocou meus braços em volta dele sim e eu o puxei para mim para que ele pudesse cheirar meus seios perfumados sim e seu coração estava batendo feito louco e sim eu disse sim eu quero sim'
Finalizando, não dá para negar (remember, ‘João, tu não vais passar da página 20’) que a leitura de Ulisses pode ser decepcionante para um incauto, não iniciado, um nêmesis literário muito difícil de ser vencido. Eu estava preparado. Antes da hercúlea tarefa, havia lido a biografia do Joyce, um calhamaço de 906 páginas, que esmiúça ao limite essa extraordinária figura humana que, pra mim, sem um átomo de dúvida, foi o maior personagem da literatura do século XX. Na sua biografia, quando finaliza sua obra ele lança um repto provocativo aos intelectuais literatos tipo ‘quero ver vocês decifrarem este meu enigma!’
E de enigmas – literários, científicos, históricos, comportamentais – o romance é prenhe. Acabo aqui essa minha resenha citando um que, por eu gostar de história, consegui o entender sem grande esforço ou busca no google. Como já posto, ‘Joyce não explica as coisas, não pega ninguém pela mão’. De repente pinta a citação ‘1849’, claro que sem contexto. Saquei perfeitamente: este ano é o da grande fome na Irlanda, quebra da safra de batatas, e que provocou uma maciça migração de irlandeses aos Estados Unidos, entre eles um faminto Patrick Kennedy que vem a ser o bisavô do 35º presidente dos Estados Unidos, o primeiro católico, John F. Kennedy.
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PARA CONHECER O
JOÃO PAULO DA FONTOURA
Antes de tudo ele é colaborador do Blog do Prévidi há anos e anos.
Ele conta:
Escrevi três livros. Também escrevi outras coisas tipo uma monografia sobre a Defensa, a empresa aqui de Taquari na qual trabalhei por 20 anos. Mas esse foi meio que sob encomenda.
Dai Velas Aos Largos Ventos - romance histórico que retrata a saga dos casais ilhéus açorianos que formaram, primeiro Santa Catarina, 1748, e depois o nosso estado, 1752;
1893 - A Soma de Todos Os Ódios , também um romance histórico e que trata da Revolução Federalista de 1893, aquelas das degolas do Adão Latorre e do Firmino de Paula, do Gumercindo Saraiva, do Júlio de Castilhos, etc.
São José de Tebiquary , uma monografia do município de Taquari, da sua fundação em 1794 ( o sexto povoado do nosso estado ) até os tempos presentes. Este livro teve o patrocínio da PM de Taquari, e com ele tive a honra de ser escolhido como Patrono da Feira do Livro de Taquari, de 2019. Tiragem alta, 1000 livros, e distribuído para as bibliotecas de vários municípios de origem açoriana, e para professores de regiões açorianas.
Sou Acadêmico desde 2015 da ALIVAT - a Academia Literária do Vale do Taquari, titular da cadeira nº 26, cujo patrono é o taquariense Lauro Pereira Guimarães.
CENSURADA NO FACEBOOK
Quem conta é o Sérgio Cunha:
Fiz este post sobre o fotógrafo Felix Nadar. Que é a mais antiga foto de nu. Tem estudos clássicos sobre isso. É da história, este foi o texto e estas foram as fotos:
"O fotógrafo é Felix Nadar. E acredita-se que esta seja a mais antiga foto de nu na história da fotografia. A modelo Marie-Christine Roux era figura bem conhecida na Paris artística e literária no ínicio da década de 1840. Sua história inspirou a personagem Musette em Cenas da Vida Boemia, do escritor Henri Murger. Morreu em um naufrágio em 1863.
(A foto do nu, apesar de ser a mais antiga, foi censurada)
Mais fotos que seriam publicadas e o Facebook censurou:
Sérgio Cunha finaliza: Eu fui censurado pelo sempre atento FB. Eles devem estar certos. Deveria ter botado a foto da Paolla de Oliveira.
Sérgio, perdi as contas de quantas vezes o Facebook me censurou e me deixou de molho uma semana, duas semanas e até um mês, por palavras que usei. Para terem uma ideia, tenho um texto que se intitula Um Anão Gay. Uma história verdadeira, que já foi editava em diversas publicações e não tem nada de homofóbica e muito menos "discurso de ódio". Tiraram o texto da página Histórias do Prévidi e me proibiram de qualquer publicação na minha página por um mês.
Mas ao mesmo tempo eles permitem que bandidos anunciem notebooks a 200 reais e carrinhos elétricos a 400 reais. Tem todo tipo de falcatrua anunciado no Facebook, Acreditam, até anúncios falsos das Lojas Americanas e Casas Bahia.
Só que eles estão preocupados com post de uma foto histórica ou que escrevam "bicha" ou "gay",