Jamais troquei de lado.
Por quê? Eu não tenho lado.
Ou melhor, o meu lado sou eu
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ANDO DEVAGAR
PORQUE NÃO TENHO PRESSA
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ANDO DEVAGAR
PORQUE NÃO TENHO PRESSA
RETA FINAL
Estamos empenhados em fazer um acerto com a Justiça. Os prazos são rígidos e tudo que não é cumprido no prazo determinado tem juros.É um negócio draconiano.
Não adianta reclamar. Não resolve bater na mesma tecla de que foi uma injustiça. Nada. O negócio é que tem que resolver...
Brigar com dignidade!
Quem puder ajudar, gracias!!.
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Portanto, segue a vaquinha. Tenho que tentar chegar perto do necessário para atender a determinação judicial.
Além de contribuir pelo https://www.vakinha.com.br/vaquinha/ajuda-ao-blog-do-previdi
aceito qualquer contribuição em uma das contas-poupança:
BRADESCO
José Luiz Gulart Prévidi cpf 238 550 700-59
agência 0939 3
conta poupança 1000049 1
BANRISUL
José Luiz Gulart Prévidi cpf 238 550 700-59
agência 0847
conta poupança: 39.081430.0-0
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Se preferirem a opção de depositar em uma das contas, favor avisar pelo jlprevidi@gmail.com.
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Na Vakinha pedem cadastro e é um pouquinho demorado. As transferências são muito mais rápidas.
especial
Nesta sexta, uma cesta
com textos maravilhosos!
José Pedro Mattos Conceição
VIVER SEM MEDO
Quero deixar expressamente registrado o que sempre afirmei ao vivo e em cores. Salvo nos casos de óbvia e indiscutível necessidade, não me internem em hospital ou me submetam a exames invasivos e traumáticos.
Não sou ignorante na matéria, apesar de ter seguido o curso colegial clássico e não o científico. Meu pai era médico, tanto quanto meu sogro, meu irmão Roberto, parentes próximos e bons amigos. Admiro a profissão, ainda que tenha minha linha própria de pensamento.
Por que não? Mas, uma coisa é medicina, outra internação hospitalar. A única vez em que me submeti a hospital tinha sete anos e foi para extirpar amígdalas e adenóides. Claro, médicos sabem muito mais, no geral, mas nem tanto assim sobre mim próprio: já que fumo muito, bebo e como de tudo, segundo o prognóstico de alguns, há vários anos, não estaria por estas paragens agora e este singelo texto seria apenas estranha obra de “psicografia”.
Quando tinha 18 anos, fui desenganado por uns dias, recebi até visita de apoio espiritual do meu querido Vô Matos, espírita convicto, mas sempre achei tudo uma grande piada. E não foi? Não desejo influenciar ninguém - o que, aliás, é difícil - operem o que quiserem e procurem médico até para dor na canela ou na unha, mas só tomem alguma atitude por mim quando eu liberar a neurose geral.
Apenas tenho certos cuidados: comer e beber moderadamente e preservar o peso num nível compatível. E, claro, olho sempre atento na pressão arterial. Convivo bem com a asma e com a rinite, amizade firme.
Assinalo que não pretendo escalar o Everest, disputar maratona ou fazer o caminho de Santiago de Compostela. O resto, amigos, é coisa do destino, que tem sido generoso.
A vida é muito boa, por isto sempre fui favorável à eutanásia.
Alerto, finalmente, que tudo o que escrevi não se aplica à gente jovem, inclusive porque a medicina muito evolui, valendo, então, um “salve” às pesquisas científicas. No mais, deixem este mutante em paz com as suas bruxarias.
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Marcelo Benvenutti
VIROU MODA MUDAR O PASSADO
Meu bairro tinha palmeiras, mentira, não tinha, mas as ruas eram de paralelepípedos e jogávamos taco com pedaços de pau ou ferro feitos em casa e bolas que roubávamos das que caíam do outro lado das quadras de tênis da Sogipa. A gente ficava lá esperando uma cair do lado da rua, pegava e saía correndo. As casinhas do jogo eram feitas de latas de azeite, daquelas antigas, pesadonas, que no interior se usavam de forma de pão em forno de tijolo. Minha avó e a avó dela antes disso faziam pão assim, e puxavam a forma lá de dentro com uma pá enorme de madeira.
Eu saía de manhã, nem tinha dez anos, sozinho, pra comprar pão pro café da manhã no armazém da esquina,às vezes um saquinho de leite C (aquele saquinho que quando caía no chão explodia tal qual bexiguinha cheia d'água e a gente chegava em casa chorando, eu chegava, o leite derramado, quando esse não se derramava fervendo e sujando todo o fogão, quando ainda ferviam leite), e aquele pão de meio quilo, quentinho, o vapor subindo, aquele cheiro hipnotizante, ele quase sempre chegava em casa sem uma ou até mesmo as duas cabeças. Outras vezes controlava o desejo, porque sabia que a manteiga derretendo no pão quentinho era o prazer supremo daquelas manhãs. Minha mãe tinha que se virar pra não dar briga, pois éramos três, sempre tudo dividido em três (é assim até hoje, acreditem) e não tinha três cornos num pão de duas pontas (talvez devessem pensar nisso).
Mas hoje, na rua onde eu morava, é asfalto, os carros descem à 60, 70 por hora. A casa onde eu morava é uma casa comercial, as árvores sumiram e nenhuma criança mais joga taco na rua, muito menos comem pão de meio quilo ou tem dois irmãos pra brigarem pelos cornos de um pão que nem existe mais. Minha avó morreu há mais de 25 anos, nunca mais vi um pão saindo de um forno de colônia, nem uma lata de azeite, daquelas, daonde saíam aqueles pães de antanho. Nada mais disso existe.
Mas, assim é o mundo, não é? Minha mãe tá aí pra dizer que no tempo dela era ainda mais diferente e deve ter o saudosismo dela também. Guardamos as memórias em nossas mentes, os cheiros, as paisagens, e as passamos em frente para que no futuro saibam como sentíamos, como nos divertíamos, como vivíamos, como sofríamos. Contamos para que não mintam sobre nosso passado. Para que não mudem aquilo que vivemos. E vivemos tantas coisas que muitas vezes queremos esquecer os momentos tristes. Mas estes também nos transformaram no que somos hoje. Mentir sobre o próprio passado é mentir sobre o presente.
Hoje em dia virou moda mudar o passado. Ninguém sofreu. O mundo idílico em que viviam, sabe-se lá de onde tiraram. Era tudo perfeito e lá se refugiam, analfabetos ou doutores, ateus ou crentes, todos se perfilam em delírios coletivos de passados inexistentes. Tempos atrás me ensinaram o significado da palavra gentrificação. Eu não sabia, juro. Meu bairro foi gentrificado, o Quarto Distrito está sendo, a antiga zona industrial de Porto Alegre, o bairro dos ferroviários onde minha mãe cresceu à beira da linha férrea, que foi sucateada pela Ditadura Militar, todo esse processo de décadas e décadas, que hoje muitos ignoram. Ignoram a Ditadura, ignoram os planos econômicos fracassados, ignoram o passado recente, a corrupção, as mentiras, ignoram tudo, e elevam loas aquilo que nunca existiu. E choram.
Hoje em dia, amigos, gentrificaram o choro.