Sexta, 25 de fevereiro de 2022


ESTOU MAL DE APARÊNCIA?


Amigos,

Ontem, início da tarde, me enchi de coragem. Peguei um táxi e fui até o centro para pegar uns óculos que tinha mandado fazer. Na rua Doutor Flores. O táxi me deixou na porta do edifício.

Não demorou muito e já estava com os óculos e pronto para pegar um outro táxi de volta a maravilhosa Rua da República.

Antes de chegar na porta do táxi, um casal me parou. O cara se atravessou na frente da mulher para me encarar. Tive tempo de ver os tipos. Um casal, como se dizia, mulambento, ele com uma gravata antiga e uma camisa surrada. Ela com um vestidão. A constatação lógica: evangélicos.

Aí o cara me encara e fala alto:

- O senhor conhece a igreja Deus é Amor?

Fiquei olhando, com cara de bunda.

- O senhor deve ir lá...

- Não sei o que é isso, respondi para terminar com o papo.

- É bem pertinho, na rua Júlio de Castilhos... Deus é Amor!

Consegui sair da frente do sujeito e fui em direção ao táxi.

Pude ouvir sua última súplica:

- O senhor vai lá, está precisando.

Entrei no táxi, ainda atordoado, e pensei:

Das centenas  de pessoas que estavam na rua, na quele momento, por que o cara me escolheu? Será que estou com uma aparência tão lamentável?

Logo matei a charada. É o curativo que estou no pescoço por causa da diálise.

Ufa!!

Terça, 22 de fevereiro de 2022

 

"NOVIDADES"


Amigos,

Ontem, o meu cunhado Rube, sitiante em Taquari, falando comigo em ligação com imagem, me disse que eu estava com outro aspecto, "tá até com uma cor. Porque em dezembro, no Natal, tu estavas muito pálido". E eu resumi: Ressuscitei!!

Tinha pavor quando me falavam em hemodiálise. Tirando o fato de ter que andar com um trumbico no pescoço, não é nenhum bicho de sete cabeças. É um saco ficar sentado numa poltrona por quatro horas, 3 dias na semana. Mas as minhas sessões são no final da tarde e não vão atrapalhar as atividades.

Mas na última sexta e ontem a médica, depois de eu dizer que um dos meus pés estava inchado, ela disse enigmática: "vou subir para 3 quilos". Traduzindo: durante as quatro horas eu perdi 3 quilos.

God, nos dois dias cheguei em casa demolido. Sabe uma mistura de ressaca com moleza? Pior, vontade apenas de me deitar e dormir. E tonto, para completar. Sou otimista, acostumo. Ah, pra piorar, o infeliz aqui acorda de ressaca...

Mês que vem tenho consulta com um cirurgião vascular e farei uma ecodoppler dos braços. Vão ver da possibilidade de fazer uma pequena cirurgia para implantar um trumbico no meu braço, por onde será feita a diálise. Bem legal, ninguém vai perguntar sobre "aquilo".

Curiosidade: as pessoas ficam espantadas com o curativo no meu pescoço, mas não perguntam do que se trata. 

Continuo tomando uma batelada de remédios. Não sei se tem relação, mas não tenho muita "resistência" para a leitura. Estou caminhando normal, mas meio pateta, sabe? Parece que estou pisando em ovos...

Os médicos dizem que isso vai passar.

Tenho que registrar - e agradecer - as centenas de mensagens e telefonemas que recebi, desde o início de fevereiro, quando fui parar na Emergência da Santa Casa. Manifestações de carinho, emocionantes. Gracias!!

Pra encerrar: ainda bem que estou no estaleiro. O que eu estaria escrevendo sobre o Dudu Milk insistir em ser candidato a presidente da República? O que ele pensa que é? Tenho a impressão de que Dudu deve achar que ter declarado que é gay os votos irão brotar aos milhões.

O estaleiro me poupa de entrar em debates sobre os dois principais times de futebol do RS. Quantos fiascos!!

Sim, acreditem, estou vendo o BBB, especialmente nos dias de disputas. É um divertimento!

Tem dias que estou com frio e durmo tapado com edredom - influência do BBB? Não, vou consultar os médicos senão é necessário a troca de um termostato ou algo parecido. Sério, não sinto o calor que tanto falam.

Abraços e beijos!!

Esqueci de escrever que estou com saudade dos "acalorados debates" e daquele paraíso chamado Oeisis International.


Segunda, 14 de fevereiro de 2022

 

NOVO BOLETIM


Amigos,

Já estou em casa, depois que passaram-se 12 dias de minha internação na Emergência do Hospital Santa Clara, da Santa Casa de Porto Alegre. Outro dia ouvi na TV um jovem repórter usando a antiga expressão "turbilhão de emoções". Posso dizer que foram dias de "turbilhão de pepinos".

Eu tinha certeza de que fosse a qualquer hospital iria ser brindado com o bicho chinês. Não deu outra. Consta que no dia 3 o bicho tentou me derrubar, mas eu com as três vacinas venci o danado. Nem tosse tive.

Aí descobri que tenho uma gastrite. Aí fizeram um exame para apreciar a minha úlcera de estimação. Aí se confirmou uma anemia grave ou profunda - não lembro o certo. Atacaram em todas essas frentes. E eu ali.

No segundo dia da Emergência apareceu uma figura, médico da nefrologia, o Claudionor, falando como se eu não soubesse que os meus rins estavam se entregando. Eu quieto, ouvindo.

Aí ele veio como papo da diálise, transplante, etc. 

Aquela conversa já tinha ouvido inúmeras vezes, na própria Santa Casa. Não me convenceu naquele dia, mas não tinha como resistir - no dia seguinte dei o Ok para iniciar o processo.

Estou contando o que lembro, porque tomei muito remédio e a minha cabeça dava a impressão que estava oca (imagina...). Fui para um quarto, onde estavam mais dois, num andar inteiro de contaminados pelo bicho chinês.

Comprimidos e mais comprimidos, injeções na veia, sangue e ferro direto na veia. E comecei a hemodiálise. Nenhum problema, a não ser ficar sentado quatro horas sentado, três vezes por semana.

Sim, estou com um trumbico no pescoço, mas logo vão implantar um melhor no braço, que nem aparece.

O cansaço que não me deixava caminhar mais de 10 passos parou. Persiste uma dor nas pernas. Não estou adaptado a esta nova "fase".

Uma curiosidade: estou sempre com vontade de fazer xixi. Um negócio muito estranho. Se não vou rápido ao banheiro faço nas calças.

Tô ainda me sentindo meio estranho. É o que chamam de período de recuperação. Sempre com sono, mas acordo no meio da madrugada. E no meio da manhã caio de sono. Deve ser por causa dos remédios. Sei lá.

Vou voltar a escrever quando tiver certeza de que vou fazer algo parecido com o que fazia, nestes 18 anos de site/blog. Por enquanto, estou achando que não vou conseguir mais ficar 8, 10 horas na produção de um dia. De repente, invento uma nova forma para debatermos.

Estou marcha lenta. No entanto, não estou com problemas para pensar num novo livro.

Me deem mais um tempo.

Beijos e abraços.

JLPrévidi

Amigos

 

Amigos,
Jamais pensei que iria enfrentar na vida um temporal tão gigantesco - pensando bem foi um ciclone. O ápice foi na quarta, dia 2, feriado de Iemanjá. De manhã levei vários exames num clínico geral.e ele vaticinou: os piores exames que vi em 40 anos. "O teu sangue tá uma água, teu rim não funciona. Vai já para uma emergência" , me disse o médico.
Fiquei perdido. Sem saber o que fazer. Pessoal lá de casa - Rute, Gustavo e Luciana - começaram a se mexer. Falaram com amigos e a conclusão foi contar com a qualidade da Santa Casa.
Eu estava muito mal. Não tinha força pra falar. Mal caminhava. Problema? Emergência lotadíssima e ainda o fantasma do bicho chinês. Obviamente demorou para ser atendido, mas no início da noite me colocaram numa cama. Eu só queria dormir e sem a menor fome. Nunca tinha visto tanta gente na Emergência.
Fiz dois testes de covid e o resultado não saia. Até que me levaram para um andar superior. Na porta o cartaz: ISOLAMENTO CORONAVIRUS. pronto, fui brindado.
Mas já tinha tomado duas bolsas de sangue e aquele cansaço uma estava passando. Aí o médico Claudionor entrou em campo para eu começar com a hemodiálise, pois o rim estava parando
Pra resumir, tô com um trumbico no pescoço que é onde ligam a máquina..
Agora mesmo, veio a enfermeira dizer que vai me aplicar ferro. É fazer nova coleta.
Meio chato porque nesse isolamento não entra ninguém. Papo só com meus dois vizinhos e a moça simpática da limpeza, a Cíntia.
Em princípio saio daqui na segunda e vou para casa em isolamento.
Antes de terminar quero de público agradecer a atenção e o carinho dos amigos Bibo Nunes, Rafael do Nascimento, Flávio Pereira e Felipe Vieira. E a todos que estão na torcida por mim. Beijos e abraços.

Boletim

"Boletim" sobre a saúde do José Luiz Previdi. 

Hoje ele saiu da Emergência e foi para o quarto na Santa Casa. Como um velho vampiro, tomou duas sacolas de sangue, o que lhe deu novas forças. Vai começar outros procedimentos para lhe assegurar uma qualidade de vida melhor. Ele agradece a todos os amigos que o estão ajudando e o incansável trabalho de todos os funcionários da Santa Casa, inigualáveis na atenção e atendimento... espera estar de volta logo.