POR QUESTÕES PARTICULARES FICO DOIS DIAS SEM ATUALIZAR.
GRATO PELA COMPREENSAO.
POR QUESTÕES PARTICULARES FICO DOIS DIAS SEM ATUALIZAR.
GRATO PELA COMPREENSAO.
NÃO LEVE A SÉRIO
QUEM NÃO SORRI!
EU JURO QUE
ACONTECEU (2)
O nosso primeiro filho foi o Guilherme. Nasceu em junho de 1985, no Hospital Moinhos de Vento. Os avós, por tarde da mãe, já tinham outros netos, mas curtiram bastante o loirinho. Mas enlouquecida mesmo era a minha mãe com seu primeiro neto. Ela morava no Rio, mas estava sempre em Porto Alegre. Quando soube que teria mais um neto, o Gustavo, fazia planos de se mudar, de novo, para Porto Alegre. “Não ia suportar ficar longe dos dois”, dizia.
Quando o Gui nasceu nós morávamos num belo apartamento na rua Riachuelo, próximo da Assembleia Legislativa, onde trabalhava. Ele brincava na praça da Matriz e nos finais de semana num “sítio” que tínhamos na Branquinha, em Viamão. Ele gostava muito de lá.
No apartamento ele brincava horas com “amigos” imaginados. E conversava alto com ele(s). Nós de longe sempre achamos aquilo muito legal.
O Brasil estava vivendo uma nova era e a inflação era incontrolável. Assim, todo mês o aluguel subia e o salário continuava o mesmo. Não pensamos duas vezes em nos mudar para o “sítio”. O nosso sítio era uma bela casa e uma área com muitas árvores frutíferas. Antes da mudança, aumentei a sala e a cozinha. Ficou com um pouco mais de 100 metros quadrados.
Quando minha mãe chegava do Rio o Gui não desgrudava dela. Era impressionante. Ela também dava muita plateia pra ele. E não reclamava das tantas brincadeiras que ele dizia que fazia com seu amigo. Ela queria saber quem era o seu amigo e ele meio que se irritava.
Um dia resolvemos mexer em uma pequena mala que era lotada de fotos antigas da minha família. O Gui se interessou e queria saber quem estava nas fotos que pegava na mão. Lá pelas tantas ele grita:
- O meu amigo!!
Amigo naquelas fotos antigas?
E pegou outra. Levou bem perto dos olhos e mais uma vez gritou:
- Esse é meu amigo.
As duas fotos, p&B, eram do meu pai, falecido em 1966.
EU JURO QUE
ACONTECEU (3)
Logo depois do Gustavo nascer, em 1989, viemos morar no apartamento da Rua da República, comprado um ano antes. Minha mãe havia morrido pouco antes da eleição de novembro de 1888. O quarto dos guris era muito legal, mas não adiantava. O Gu queria dormir sempre no nosso meio e o Gui trazia do quarto o colchão para dormir conosco.
- Devia ter comprado um apartamento de um quarto – eu reclamava.
Perto do “pé” da cama tinha uma penteadeira com um grande espelho. O Gustavo acordava, sentava na cama e ficava olhando pra banqueta da penteadeira. Ele não falava ainda, mas apontava para o móvel e resmungava. E ria. As vezes ria muito. Passavam alguns minutos e ele fazia um “ohhhhh!!!”, mexendo com as mãos como se estivesse dando tchau.
Jamais soubemos quem nos visitava, mas presumimos que fosse a avó.
Não estou pedindo que acreditem nas duas experiências. Apenas estou contando o que aconteceu.
NÃO LEVE A SÉRIO
QUEM NÃO SORRI!
EU JURO QUE
ACONTECEU (1)
No verão de 1974, fevereiro, resolvemos passar o carnaval em
Camboriú. Rimon Rosek, Henrique Hoves e eu, com pouquíssima grana, encaramos a
estrada no meu potente Volkswagen TL 1971, que também serviria de hotel.
Naquela época não existiam hostels no nosso país. As acomodações... horrível, porque eu e o Rimon
tínhamos mais de um metro e oitenta. O Henrique, com menos de um metro e
setenta, se arrumou bem no banco traseiro.
Nas manhãs, quando acordávamos, logo que o sol aparecia, as
pernas custavam a funcionar. Calção vestido, íamos direto ao mar, para acordar.
Nada como acordar com uma paisagem daquelas. Como bons farofeiros, aquelas
brincadeiras bobas com areia. Lá pelas tantas, no primeiro dia, quando a praia
estava lotada, mais do meio-dia,
resolvemos sair. Entrar no carro? Nem pensar. Conseguimos um boteco, numa rua
lateral, tomar banho por um preço absurdo – pelo menos para nós.
Sábado de carnaval. Conseguimos uma festa num
bar/restaurante muito legal. Como já tínhamos lanchado e tomado todas,
dispensamos a mesa. E ficamos numa mesa de paulistas. Uma baita festa, muitas meninas no nosso
entorno – afinal, os paulistas baixavam muito uísque e nós éramos sempre
servidos.
Nos demais dias de carnaval fomos a um clube – novamente não
me peçam detalhes.
Na segunda, chegamos no carro e já estava clareando, Aí contamos
os pilas e praticamente só tínhamos o dinheiro da gasolina. Tentei dormir e
nada. Olhei para os dois e estavam de olhos abertos.
- Vamos embora?
Liguei o possante, paramos num posto de gasolina e pegamos a
estrada. Já tinha andado bastante quando me deu sono. Sono mesmo. Parei na
beira da estrada e desmaiei. Quando acordei, ao lado do carro, tinha uma
guriazinha com uma bacia e uma toalha para. Jamais tinha visto uma gentileza
igual. Juntamos o que tínhamos e dei pra guria. Ela abriu um baita sorriso.
Só eu dirigia.
Chegamos na casa do Rimon pouco depois do meio-dia. A família
ainda não tinha almoçado e nos juntamos a eles. Deixo bem claro que tomamos
K-Suco, com a fabulosa comida libanesa de dona Vitória, a mãe do Rimon.
Henrique e eu saímos pra encarar os 100 quilômetros da friuei.
Já planejávamos como seria a noite em Porto Alegre.
Numa passarela no município de Cachoeirinha paramos na
sombra e dormimos. Não foi uma longa parada.
Lembro bem que acordei, o Henrique ainda dormia, e liguei o
carro. Primeira, segunda, terceira... quando coloquei a quarta perdi o controle
do possante. Entrou no acostamento e encarou o barranco. Eu não tinha controle.
Quando passou numa espécie de arroio ou riacho, sei lá, a porta se abriu e eu
fui jogado para o alto e caí. O TL continuou até que capotou, bem adiante onde
eu tinha ficado.
Me toquei e estava aparentemente bem. Só a perna direita doía
um pouco. Tentei levantar e não consegui porque a dor ficou insuportável. Só
que caí dentro do riacho. Do peito pra cima estava dentro do riacho, apoiado
pelos cotovelos. Pensei que não iria durar muito ali.
Quando olhei para o lado direito, acima da minha cabeça, vi
um homem preto, de chapéu de palha.
- O que aconteceu, moço?
- Meu carro capotou. Vai me tirar daqui?
Ele me puxou com muita facilidade de dentro da água. Pude
ver que estava com uma camisa xadrez. Segundos depois aparece um cara loiro e
outro mais velho. Foram eles que encontraram o Henrique, que estava embaixo da
porta do lado direito, desacordado.
Vários carros pararam, inclusive um ônibus vazio. Pois deram
um jeito e nos colocaram dentro do ônibus.
Nos largaram no Pronto Socorro.
Quando já estava no Hospital São Francisco, aguardando a
cirurgia, recebi a visita, o cara loiro e o pai. Aí perguntei a eles:
- Me diz, vocês chegaram a falar com o velhinho que me tirou
de dentro daquele riacho?
- Não, nós fomos os primeiros a chegar.
- OK, mas o velhinho me tirou de dentro da água.
Aí o pai me disse:
- O meu filho foi o primeiro a chegar onde estavas e eu
cheguei logo depois.
Não tentei mais argumentar, mas durante todo o tempo jamais perdi
a consciência.
Com o passar dos anos descobri que aquele homem de chapéu de
palha é um dos meus anjos da guarda. Sei até o seu nome.
Não quero que ninguém acredite, mas isso foi rigorosamente o que aconteceu há quase 50 anos.
NÃO LEVE A SÉRIO
QUEM NÃO SORRI!
especial/
comunicação/
comportamento/
justiÇA
- CRIMES COMETIDOS ENTRE FUNCIONÁRIOS DA GLOBO.
INIMAGINÁVEL QUE ISTO OCORRA.
O TAL "TESTE DO SOFÁ" NAS EMISSORAS DE TV É FICHINHA PERTO DAS ATUAIS PRÁTICAS.
A DENÚNCIA FOI PUBLICADA NA REVISTA PIAUÍ.
A GLOBO
E O ASSÉDIO SEXUAL
- DA REVISTA PIAUÍ
O rumoroso caso Marcius Melhem – agora acrescido de um novo caso, com outros acusados – leva a emissora a se equilibrar sobre o fio da navalha
João Batista Jr.
No dia 25 de maio, a 36ª Vara do Trabalho do Rio de Janeiro abrirá as portas para a audiência de instrução de uma ação pública contra o Grupo Globo. A ação, proposta pelo procurador Francisco Carlos da Silva Araújo, pretende discutir se a emissora deve ser punida por não ter evitado a prática do assédio sexual no ambiente de trabalho. A ação está calçada em dois casos. O mais notório envolve o ex-diretor do núcleo de humor da Globo, Marcius Melhem, que é acusado por uma dúzia de mulheres (de assédio sexual) e de homens (de assédio moral).
O caso de Marcius Melhem teve uma evolução tortuosa. Em março de 2020, em meio às investigações internas da emissora sobre as suspeitas de assédio, o ator foi afastado do cargo por 180 dias. No mês seguinte, a Globo contratou uma nova advogada, Carolina Junqueira Reis, para acompanhar as apurações. Em julho, o setor de compliance da emissora ouviu um dos depoimentos mais fortes: a atriz Carol Portes contou, entre outras coisas, ter sido sexualmente atacada pelo seu então chefe Marcius Melhem dentro de um flat na Barra da Tijuca e mostrou mensagens trocadas entre eles, numa das quais o ator pergunta se o “constrangimento” já teria passado. Depois disso, a atriz perdeu espaço no Tá no Ar, o programa humorístico comandado por Melhem. No mês seguinte, a Globo demitiu Marcius Melhem.
No anúncio de demissão, feito em agosto de 2020, a emissora lançou uma nota pública em que agradecia os serviços prestados pelo ator e dizia que seu afastamento era resultado de “comum acordo”. Não havia uma única menção a mau comportamento, desvios éticos ou denúncias de assédio sexual ou moral. Era o primeiro fio da navalha sobre o qual a emissora se equilibrava: o casamento era desfeito, mas ninguém jogaria lama em ninguém. Depois que a piauí relatou o caso, em reportagem publicada em dezembro de 2020 sob o título O que mais você quer, filha, para calar a boca? Melhem negou as acusações e continuou sustentando que sua demissão nada tivera a ver com denúncias de assédio.
A Globo, por sua vez, também manteve a versão do acordo e nunca falou da acusação de assédio publicamente, justificando que seus procedimentos internos são sigilosos. Para todos os efeitos, a parceria entre Melhem e a Globo se desfizera por vontade mútua e a questão do assédio era um assunto proibido, embora as denúncias contra Melhem, a essa altura, já fossem públicas. Diante da opinião pública, a Globo tinha um fato a seu favor: afinal de contas, Melhem não pertencia mais ao seu quadro de funcionários – sinal de que a emissora não fizera vista grossa. O caso, no entanto, chegou à esfera trabalhista, onde vítimas e agressores não são réus, apenas o empregador. O Ministério Público do Trabalho queria saber se a Globo agira conforme a lei, protegendo seus funcionários de assédios e oferecendo-lhes um ambiente de trabalho saudável. Surgiu então o segundo fio da navalha: como mostrar que tomou todas as providências contra um acusado de assédio e, ao mesmo tempo, mostrar que proporciona um ambiente de trabalho saudável, onde o assédio não é tolerado?
Em março de 2021, o escritório de advocacia do carioca Tenório da Veiga, contratado pela Globo para defendê-la na esfera trabalhista, mandou um documento ao Ministério Público do Trabalho descrevendo o caso. Nesse documento, a versão oficial sofreu ajustes sutis. O documento não afirma que a saída de Melhem foi fruto de “comum acordo”, nem afirma que foi demitido pela Globo. Diz que “apesar da divergência entre as informações prestadas por alguns membros da equipe, contra e a favor da conduta de Marcius Melhem”, o setor de compliance da empresa constatou “a inadequação do comportamento do artista com os seus subordinados”, mas, cumprindo seu papel de defender a emissora da acusação trabalhista, ressalva que não foi “possível comprovar de maneira irrefutável a prática deliberada de assédio”.
Em setembro de 2022, um ano e meio depois, o advogado da Globo reapresentou esse documento, com um adendo e uma supressão. Elimina a expressão da comprovação “de maneira irrefutável” e diz que não foi “possível comprovar a prática deliberada de assédio sexual, dados os contornos legais que a conduta exige para sua caracterização” Era um texto cuidadoso, bem calibrado juridicamente, no qual acrescentava que não se provara o assédio nos termos precisos da lei. No dia 17 de maio passado, a revista Veja informou que teve acesso à peça de setembro de 2022 e noticiou que a Globo disse à Justiça que não havia provado assédio sexual da parte de Melhem. Era a versão de defesa da emissora. E, nesta versão, houve apenas uma “inadequação de comportamento”. Melhem, ouvido pela Veja, tomou a peça de defesa da Globo como um atestado de inocência e comemorou: “Cada vez mais se confirma o que digo desde o início: nunca cometi assédio sexual. A verdade segue aparecendo”.
Mas faltava um elo na versão sustentada pelo documento de março de 2021. No início daquele ano, o inquérito do caso estava apenas no início e o Ministério Público do Trabalho nem havia tomado os depoimentos das acusadoras e testemunhas, o que só começou a ser feito a partir de julho de 2021. Os depoimentos trouxeram uma variedade de acusações. E a versão de um desenlace consensual entre Melhem e a emissora, sem que nenhuma violação ética houvesse sido comprovada, ruiu definitivamente em janeiro de 2022, quando o procurador Francisco Araújo, insatisfeito com a versão oficial, pediu mais informações à Globo. Acionada pelo Ministério Público do Trabalho e pela Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam), a emissora entregou um novo documento, de sete páginas, desta vez assinado pela advogada Carolina Junqueira Reis, diretora de Riscos e Compliance, que acompanhara as investigações do caso. O novo documento, datado de janeiro de 2022, foi enviado à Deam e mostra a emissora caminhando sobre o fio da navalha: o documento, ao qual a piauí teve acesso, mostra que a demissão de Melhem nunca foi fruto de “comum acordo”, mas a consequência punitiva dos achados na investigação – e não afirma, em nenhum momento, que o assédio não foi provado.
Atento à precisão das palavras para não deixar a Globo nem aquém, nem além do que deveria, o documento também é cuidadoso. Começa dizendo que “a Globo apenas tomou conhecimento das alegações de assédio” quando a notícia foi publicada pelo jornalista Leo Dias em dezembro de 2019. “Até a referida publicação […], nem a atriz Dani Calabresa, nem qualquer outro profissional, havia formalizado qualquer denúncia sobre suposta prática de assédio por parte do sr. Marcius Melhem, sendo certo que a Globo desconhecia a existência de qualquer tipo de conduta inadequada por parte do mesmo”. Trocando em miúdos, é uma forma de dizer ao Ministério Público do Trabalho que a emissora não deve ser punida, pois se mobilizou assim que soube das denúncias de práticas ilegais no ambiente de trabalho.
Mas o documento prossegue: “A formalização da denúncia, por meio dos canais oficiais da Globo, veio a ocorrer em janeiro de 2020, quando a Globo imediatamente deu início ao procedimento interno de apuração da veracidade do relato”. Em seguida, o documento descreve como transcorreu a investigação – com “entrevistas e tomadas de depoimentos”. E informa que, mesmo antes de concluir a apuração, a emissora decidiu afastar Melhem do cargo de chefia por 180 dias. Ao final desse período, uma vez concluída a “apuração da veracidade do relato”, a emissora demitiu Melhem, mas não por “inadequação de comportamento”, e sim por entender “que, diante da constatação de violação ao Código de Ética e Conduta do Grupo Globo pelo sr. Marcius Melhem, a manutenção do contrato de trabalho tornou-se insustentável, considerando que a postura adotada pelo mesmo não condiz com os princípios e valores da empresa”.
Em resumo, a Globo tomou conhecimento de uma denúncia de assédio sexual, abriu uma investigação, ouviu o depoimento das supostas vítimas, afastou o funcionário acusado de assédio sexual e depois decidiu demiti-lo. Não diz com todas as letras, portanto, que a demissão foi resultado de assédio sexual, mas também não diz que jamais encontrou provas de assédio – uma forma engenhosa de procurar colocar a Globo no melhor cenário jurídico possível. A piauí procurou o advogado Luiz Felipe Tenório da Veiga para falar sobre a diferença entre os dois documentos, mas ele respondeu que não poderia comentar o assunto. “Infelizmente, não posso falar sobre o caso. Por conta do segredo de justiça”. A Globo também não quis falar, argumentando que não comenta assuntos relacionados ao seu compliance.
A piauí também procurou Marcius Melhem para saber se o ator havia sido ouvido pelo Ministério Público do Trabalho e se fora convocado pela Globo para ser testemunha da emissora. Ele respondeu as duas questões e alinhou uma série de reclamações contra a piauí, queixando-se de que a revista não lhe dá a devida atenção, não comenta seus vídeos no YouTube e não reconhece os “inúmeros” erros que comete em suas reportagens. Melhem também repisou a versão de que a Globo não comprovou assédio sexual, mas nada disse a respeito do documento do compliance da emissora em que não há nenhuma afirmação nesse sentido. Segue a íntegra de sua nota:
“É curioso que a piauí só procure me ouvir mais de dois anos após a primeira reportagem que fez sobre o não-caso que envolve o meu nome. Justamente sobre um processo no Ministério Público do Trabalho no qual não prestei depoimento na fase de inquérito e nem fui arrolado como testemunha. Matéria publicada pela revista Veja, em 17 de maio, revela que a própria TV Globo disse na ação do MPT (onde outros nomes no setor artístico são investigados) que não se provou que eu tenha cometido assédio sexual.
Durante os últimos dois anos, a piauí nunca noticiou as provas que apresento contradizendo as afirmações mentirosas feitas pelas acusadoras e suas testemunhas. Nunca abordou os temas levantados pelos 50 vídeos publicados no meu canal no YouTube (https://www.youtube.com/@omarciusmelhem), que conta já com mais de 25 mil inscritos e quase 1.6 milhão de visualizações (dados do dia 18 de maio).
Também não voltou a público durante este período para reconhecer inúmeros trechos da sua matéria inicial que já se provaram errados através de depoimentos contraditórios e de mudanças de narrativas de acusadoras e de testemunhas. Segue em silêncio para todas essas evidências, provas e desmentidos. Mas me procura com duas perguntas soltas sobre um procedimento que tramita em segredo de Justiça e do qual sequer sou parte e nem investigado.”
Apesar do caso de Melhem englobar múltiplas acusações e cobrir um largo período, além da admissão da própria Globo de que o demitiu por violações éticas, é difícil avaliar o impacto que isso poderá ter no tribunal. Nesses casos, a condenação pode vir sob diversas formas: um pedido para que a empresa crie canais internos para receber denúncias (coisa que a Globo já tem), ou escale mais mulheres para trabalhar em determinados setores. A ré pode, ainda, ter que pagar uma indenização, cujo valor costuma ser revertido em favor de alguma entidade de trabalhadores que atue em questões de assédio. Neste caso, o MPT pede uma indenização de 50 milhões de reais.
Mas há outro caso no fio da navalha. Se Melhem é acusado de assediador por diversas vítimas, há um episódio, que nunca veio a público antes, em que acontece o contrário: uma vítima acusa diversos assediadores. A história, como costumam ser as histórias de assédio sexual, é uma crônica de sofrimento, constrangimento e adoecimento.
No segundo semestre de 2016, a engenheira e radialista paraibana Esmeralda Silva[1], que há anos sonhava em trabalhar na Globo em São Paulo, encontrou a vaga dos seus sonhos. A emissora estava procurando uma “engenheira de sistema de TV II” para cuidar da transmissão de programas jornalísticos e esportivos, além de eventos como Carnaval e Lollapalooza. Depois de uma seleção em cinco fases e entrevistas em português, espanhol e inglês, ela recebeu a notícia, dias antes do Natal, de que fora aprovada. Assumiu no dia 10 de janeiro de 2017. “Quando entrei por aquele portão, parecia que eu estava chegando no céu. Era a realização do maior sonho da minha vida”, recordou ela, durante uma das quatro rodadas de entrevistas por videochamada com a piauí.
O caminho do paraíso ao inferno foi curto. Ela integrava uma equipe de dezessete pessoas – apenas três mulheres – e, já no segundo dia, um técnico em transmissão com 23 anos de empresa a abordou. Perguntou onde ela morava. Ao responder que vivia no bairro do Ipiranga, ele disse que morava na mesma região e ofereceu uma carona no fim do expediente. No percurso, o sujeito passou a falar de assuntos íntimos e quis saber se ela era comprometida. Ao escutar a resposta negativa, perguntou: “Como uma mulher tão linda como você não tem namorado?”
No dia seguinte, ele fez o convite para tomarem um vinho. E acrescentou: “Olha, sem cobrança.” Esmeralda recusou o convite e esclareceu: “Eu não estou em busca de um namorado.” O colega começou a usar frases grosseiras – e isso virou um hábito. “Uma mulher gostosa como você, com esse bundão, não tem como ficar sozinha. Você faz um homem perder o juízo”, disse uma vez. Esmeralda, como engenheira, tinha um cargo superior ao do colega, que era técnico. Mas ele tendia a usar seu longo tempo de casa como um salvo-conduto para suas ações. “Você não sabe nada nem conhece ninguém aqui, quem vai acreditar em você?”, amedrontava ele.
A situação piorou com o tempo. Outro técnico, com 35 anos de empresa, passou a aproveitar quando estavam sozinhos no Centro de Transmissão e Recepção de Sinais para deslizar a cadeira na direção de Esmeralda para colocar a mão em suas pernas. Houve vezes em que chegou a colocar a mão dentro da saia ou do vestido, encostando os dedos nas coxas dela. “Ele me dizia assim: ‘Não adianta fazer caras e bocas porque ninguém vai te ver nem ouvir.’” O agressor falava também que se masturbava durante o banho pensando nela. “Eu pedia para ele me respeitar e parar com esse tipo de assunto, mas não adiantava nada”, recorda Esmeralda. Um terceiro assediador, também técnico e com mais de três décadas na emissora, adotou o costume de vê-la sentada e passar por ela encostando o pênis ereto na altura de seus ombros. “Quando eu me levantava, ele me prendia com os braços e dizia no meu ouvido: ‘Se você abrir a boca, ninguém aqui vai te ouvir. Estou nessa porra desde quando ela foi fundada.’”
No dia 30 de março, apenas três meses depois de sua contratação, ocorreu um problema com um link ao vivo no telejornal Bom Dia Brasil. A transmissão travou. O telefone fixo e a caixa de comunicação do Centro de Transmissão e Recepção de Sinais não pararam de chamar pedindo por uma solução urgente. Esmeralda estava sozinha na sala – algo que não deveria acontecer, dada sua pouca experiência. Aturdida com a situação, ela gravou com o celular um vídeo para mostrar que estava sozinha na sala e pedir socorro a seu supervisor. O vídeo lhe causou sérias retaliações.
Depois do episódio, que gerou uma reprimenda à equipe responsável pelo turno da manhã, o assediador número 1, um dos que deveriam estar na sala na hora crítica, começou a assediá-la moralmente. Primeiro, a chamava de X9, por ter “delatado” os colegas. Depois, vieram os xingamentos xenofóbicos. Zombava do seu sotaque e vivia falando “mainha”, “painho” e “oxente”. “Ele dizia para eu voltar para a Paraíba em um pau de arara”, conta. Nesse clima, Esmeralda começou a adoecer. Teve cefaleia, ansiedade, insônia, alteração intestinal e urinária. “Cheguei a marcar uma reunião com meu supervisor para dizer que o clima estava insustentável.” Mas nada mudou.
Esmeralda relata que um quarto colega de trabalho, esse com dezoito anos de casa, também técnico, a assediou durante uma conversa sobre a transmissão de um link ao vivo. Ele falou: “Empina a bunda, sua gostosa, porque eu estou doido para te comer de quatro.” Esmeralda disse que, na hora, seu impulso foi dar um tapa na cara do colega e, quando ameaçou, ele retrucou que iria “gamar” se isso ocorresse. Ela ficou paralisada diante da reação.
Em meados de 2017, com apenas cinco meses de trabalho, deu-se o caso mais grave, protagonizado pelo agressor número 1. Ela rememora:
“Eu estava sentada de frente para uma tela, configurando um satélite que receberia um sinal de link ao vivo de Belém, para o Jornal Hoje. Então, ele girou a cadeira e deslizou na minha direção, dizendo que iria acessar um e-mail por um computador compartilhado pela equipe. Aí me disse: ‘Você é muito gostosa, olha só como eu estou’, e foi pegando no pênis por cima da calça. Ele me encurralou com a cadeira junto da parede. Quando fui me levantar, ele colocou a mão na minha parte íntima, enfiando o dedo em mim, e me disse: ‘Fica caladinha, não se mexa, ninguém vai acreditar em você.’ Então ele me mandou abrir a perna. ‘Eu estou nessa porra há muitos anos, abra a perna que você não é ninguém.’ Eu gelei, chorei, fiquei sem reação nenhuma. Fiz o que ele mandou. Naquele momento, eu queria morrer ou entrar num buraco para nunca mais passar por aquilo. Com uma das mãos, ele forçou a minha vagina; com a outra, pegou a minha mão que segurava o encosto da cadeira e colocou em cima do pênis.”
O terror acabou quando um funcionário bateu na janela da sala para entregar um cartão de memória. O assediador se levantou para pegar o dispositivo. Esmeralda saiu às pressas. Dentro do banheiro, teve uma crise de choro. “Fiquei com muito nojo de mim mesma. Lavei várias vezes as minhas mãos com o sabonete. Depois fui para o jardim. Me sentei e chorei, chorei e chorei”, diz ela, em meio às lágrimas. “Voltei à sala depois de mais de meia hora. Por sorte, havia outras pessoas por lá. Ele me olhou e não falou nada, era como se eu não estivesse ali.”
A partir desse episódio, nada mais seria como antes. Esmeralda costumava sair de casa perfumada, maquiada, bem-vestida e de salto alto. Passou a ir trabalhar de calça jeans, blusa larga e tênis. A ansiedade deu origem a um quadro de depressão e síndrome do pânico. As dores de cabeça aumentaram a ponto de consumir uma cartela de dipirona por dia. Esmeralda conta que avisou seu chefe sobre os casos de assédio moral e xenofobia, mas não teve coragem de relatar os abusos sexuais. “Cheguei a ir diversas vezes ao RH, pronta para dizer tudo, mas chegando lá eu tremia e mudava de assunto. Eu tinha medo de perder o emprego, de acharem que a culpa era minha.”
No primeiro semestre de 2018, o assediador número 1 foi desligado da Globo. Na ocasião, um supervisor e um gerente disseram a Esmeralda: “Tiramos a pedra do seu caminho.” Os casos de xenofobia e assédio moral, pelo menos esses, não eram segredo para ninguém. No dia 8 de outubro de 2018, no entanto, apesar de seus problemas de saúde, a engenheira foi demitida sem que lhe apresentassem uma razão clara. Ao passar pelo ambulatório para realizar o exame demissional, o médico que estava a par de seu quadro de depressão não permitiu o desligamento – pediu que procurasse um psiquiatra para atestar a sua condição psicológica. Esmeralda foi então informada para seguir a escala de trabalho da equipe. Ela teve uma crise de choro ao passar pelo portão e sofreu um desmaio perto de um ponto de ônibus. Foi socorrida por um guarda municipal. Embora não tenha sido demitida, ela nunca mais voltou a pisar na Globo.
Por orientação de um colega de trabalho, Esmeralda Silva procurou o Sindicato dos Radialistas de São Paulo. O então diretor da entidade, Arnaldo Marcolino da Silva Filho, sugeriu que procurasse ajuda psiquiátrica. No intervalo de um ano, ela tentou suicídio em duas ocasiões. Mudou-se para a casa de uma amiga médica para não ficar sozinha. Em março de 2019, com um diagnóstico de depressão e síndrome de burnout, foi para a casa da sua família na região do Cariri paraibano. “Eu precisei me recolher para cuidar da minha saúde, olhar para as feridas. Não contei o que aconteceu nem para a minha alma.” Esmeralda relutava em mover uma ação trabalhista contra a Globo ou denunciar seus agressores na delegacia. “Eu tive medo de procurar a Justiça por pensar que não iriam acreditar em mim”, diz.
Quatro anos depois dos episódios de assédio, sentindo-se menos fragilizada, Esmeralda procurou os advogados trabalhistas Carlos Daniel Gomes Toni e Kiyomori André Galvão Mori, de São Paulo. Em julho de 2021, ajuizou uma ação contra a Globo na Comarca de Campina Grande, na Paraíba. Não protocolou em São Paulo, local dos fatos alegados, porque precisaria se submeter a diversos laudos médicos e facilitaria estar perto da casa dos pais. Havia também outro ponto. Como a ação se ancorava na xenofobia, a Justiça local talvez se sensibilizasse mais com seu pleito.
O tema “assédio sexual” não surgiu na primeira, nem na segunda reunião com os advogados. “Eu tinha muita vergonha de mencionar o assunto”, diz ela. Aos poucos, foi se estabelecendo uma relação de confiança, e os episódios emergiram. No formato final, a ação trabalhista falava de assédio moral e sexual, misoginia e xenofobia, e pedia 225 mil reais de indenização. Na primeira audiência de instrução, Esmeralda falou sobre os ataques de dois ex-colegas. Na audiência final, realizada por videoconferência com a juíza do trabalho Francisca Poliana Aristóteles Rocha de Sá, Esmeralda relatou todos os casos ocorridos com os quatro ex-colegas.
A sentença de primeira instância saiu em julho do ano passado e condenou a Globo a pagar 80 mil reais por danos morais, com entendimento de que houve misoginia, xenofobia e assédio sexual e moral. A piauí procurou a juíza Francisca de Sá, responsável pela sentença, em Campina Grande. Ela topou falar de assédio de forma genérica, mas não do caso específico, que segue em segredo de Justiça. “É comum que as vítimas não exponham todos os episódios de assédio de uma só vez, até porque algumas levam certo tempo para assimilar a gravidade dos abusos e, então, se encorajar a falar a respeito”, diz a magistrada. “Isso se deve a vários fatores, que se constituem como verdadeiras barreiras, tais como religião, estado civil e medo de exposição. Aliás, a própria exposição do caso já é uma violência.”
Os quatro assediadores não estavam em julgamento – por essa razão, nem foram ouvidos, e Esmeralda pediu que a piauí não publicasse seus nomes, embora suas identidades tenham sido reveladas à juíza do caso. Só a Globo era ré no processo. “O procurador pode, ao realizar uma pesquisa no Tribunal de Justiça, constatar a existência de inúmeras ações por assédio contra determinada empresa, considerando então um indício de que o local de trabalho está sendo negligente”, explica Guilherme Guimarães Feliciano, juiz do trabalho em São Paulo e professor de direito do trabalho na faculdade do Largo São Francisco. Assim sendo, a sentença de condenação da Globo, em Campina Grande, foi fundamentada nos laudos médicos (sobre os problemas psiquiátricos), nas trocas de mensagens de WhatsApp (com comentários machistas e grosseiros) e no depoimento de testemunhas de defesa e de acusação. O conjunto permitiu concluir que a empresa não ofereceu um ambiente de trabalho saudável.
Três meses depois, os desembargadores do Tribunal Regional do Trabalho mantiveram a sentença por unanimidade – e a indenização, recalculada com base em férias, horas extras, décimo terceiro e outros direitos, bateu em 2 milhões de reais. A Globo tentou fazer um acordo com Esmeralda, oferecendo pagar uma indenização de 500 mil reais. A engenheira não aceitou. A emissora entrou com recurso, que, neste momento, está no Tribunal Superior do Trabalho, em Brasília. A empresa argumentou que o episódio mais grave – o toque na vagina da vítima, classificado como estupro – não deveria ser válido no processo porque a ex-funcionária não o mencionou na fase de instrução. O TST, no entanto, negou esse argumento em fevereiro deste ano.
O procurador Francisco Araújo, do Ministério Público do Trabalho no Rio, tomou conhecimento do caso de Esmeralda Silva por meio de uma denúncia feita pelo Sindicato dos Radialistas de São Paulo. “Escolhemos fazer a denúncia no Rio porque o Ministério Público do Trabalho do Rio tem sido mais rigoroso com essa questão de assédio. Na verdade, denunciamos o caso de duas ex-funcionárias da Globo, não apenas uma”, conta o dirigente sindical Josué Brito dos Santos, ele próprio ex-funcionário da emissora. O procurador Araújo entrou em contato com as duas mulheres, mas apenas Esmeralda Silva aceitou prestar depoimento.
Ao longo de 2021, o procurador Araújo e a procuradora Fernanda Barbosa Diniz colheram os depoimentos de homens e mulheres que fizeram denúncia contra Marcius Melhem no Compliance da Globo. Em março de 2022, o procurador ouviu em detalhes o caso de Esmeralda. Em maio, depois de encerrar a etapa dos depoimentos, Araújo propôs a ação civil pública contra a Globo, que ganhou o número 0100.450.19.2022.5010036. A primeira audiência de instrução será neste 25 de maio.
Na esfera trabalhista, há duas opções de ação de reparação em casos de assédio sexual. A individual, como fez Esmeralda Silva na Comarca de Campina Grande. E a pública, que se materializa na forma de uma ação civil pública proposta pelo Ministério Público, por um sindicato ou uma associação de classe. Nesse caso, a finalidade é buscar uma reparação coletiva em defesa da sociedade. Falando em tese e não em relação ao caso específico, o procurador Cássio Luís Casagrande, professor de direito constitucional da Universidade Federal Fluminense, explica: “O Ministério Público ajuíza uma ação civil pública para obter provimentos para o futuro e evitar que o assédio ocorra novamente, de forma a proteger os trabalhadores como um todo.” Naturalmente, uma ação civil pública só é proposta nos casos em que o procurador formou entendimento de que houve a prática de assédio sexual e moral. “Caso contrário, ele mandaria arquivar o caso”, explica Casagrande.
Procurada pela piauí, a Globo voltou a afirmar que não faria comentários sobre o caso de Esmeralda porque está tramitando na Justiça. Já nas questões ligadas a Marcius Melhem, a emissora repetiu o que tem dito desde que o caso veio a público: “A Globo não comenta questões relacionadas a Compliance. Por seu Código de Ética, a empresa assume o compromisso de sigilo a todos os colaboradores, assim como o de investigar, não fazer comentários sobre as apurações e tomar as medidas cabíveis”.
Enquanto seu caso tramita nos tribunais, Esmeralda Silva, por determinação judicial, segue como funcionária da emissora, embora afastada por problemas de saúde como depressão e burnout. Dos quatro acusados de assédio, apenas um permanece trabalhando na Globo. Aparentemente, o assediador de número 1 foi demitido em razão das denúncias por assédio moral e xenofobia de que foi alvo. Esmeralda toma ansiolíticos e estabilizadores de humor e tem um quadro que os médicos chamam de depressão crônica.
[1] Esmeralda Silva é um nome fictício. Ela teme represália por parte de seus agressores. “Coloque o nome de ‘Esmeralda’, uma pedra tão linda, que de repente eu me sinto bonita depois de tudo o que aconteceu.”
NÃO LEVE A SÉRIO
QUEM NÃO SORRI!
DOIS MINUTOS
COM PRÉVIDI
- A CENSURA MAIS ESCROTA, MAIS IMBECIL,
MAIS NOJENTA, MAIS IDIOTA NÃO É A DO ESTADO
DO FABIO PORCHAT:
Não gosta de uma piada? Não consuma essa piada. Se a piada não incitou o ódio e a violência ela é só uma piada. Tem piada de todos os tipos, de pum e de trocadilho, ácida e bobinha. Tem piada de mau gosto? Tem também. Tem piada agressiva? Opa. Mas aí é só não assistir. Quem foi lá assistir ao @LeoLins adorou. Riram muito. Quem não gostou das piadas são os que não foram. Pronto, assim que tem que ser. Ah, mas faz piada com minorias… E qual o problema legal? Nenhum. Dentro da lei pode-se fazer piada com tudo tudo tudo. Não gostar de uma piada não te dá o direito de impedir ela de existir. Ainda mais previamente. Impedir o comediante de pensar uma piada é loucura. Mesmo que você não goste desse comediante, mesmo que você despreze tudo o que ele diz, ele tem o direito de dizer. Ele tem o direito de ofender. Não existe censura do bem. Se cada pessoa que se ofender com uma piada resolver tirar ela do ar não sobra um Joãozinho, um papagaio, um argentino. Pra mim democracia não é um regime pra você defender as suas ideias, mas pra quem você não concorda poder defender as delas. Não confundam “não gosto dele” com “ele não pode falar”. Não entrem nessa conversa com a emoção, entrem com a razão.
Olá!
- TÔ DE SACO CHEIO DE SÓ TRATAR ASSUNTO SÉRIO - Muito sério o nosso país. Pudera, quem deveria nos ajudar a viver num país decente só faz cocô fora do penico. Não aguento mais.
Dei muita risada com o vídeo abaixo.
OK, podem me chamar de indigenofóbico. Não tem problema.
responde aí!
- PESQUISA REMUNERADA!
Vou enviar um livro maravilhoso - "15 Maneiras de Ser Ainda Mais Feliz ".
Basta escrever o que acha dos DOIS MINUTOS COM PRÉVIDI. Sem puxação de saco, apenas ideias para melhorar.
Como ainda tenho uns exemplares, vou mandar para os 20 primeiros críticos dos Dois Minutos.
Quando mandar o texto para jlprevidi@gmail.com já envie o endereço completo.
COMUNICAÇÃO
- FALTA REPÓRTER - O RBS Notícias é um bom jornal e dá uma ideia do que está acontecendo em Porto Alegre e no Estado. Curiosidade: raramente tem matéria de Uruguaiana, ao contrário da previsão do tempo, que o rapazinho adora dizer se está chovendo ou brilha o sol.
Outra coisinha: deve estar faltando repórteres em Porto Alegre. Ontem, o Jonas Campos entrou com uma matéria sobre o IPE Saúde e logo depois apresentou uma matéria sobre a depredação dos contêineres de lixo.
Cá entre nós, isso é uma cagada de edição. Editor titular entrou de férias?
- JURO QUE OUVI - "DEPENDURADOS". No Jornal do Almoço de segunda passada.
- MILAGRES - Uma criatura que se denomina MC Daniel diz que comprou uma casa para os pais por 8 milhões de reais. E que gasta por mês 300 mil reais para ver a namorada. O rapaz não resiste a uma blitz da Receita Federal. Não vou dizer de onde vem tanto dinheiro...
- CASAL 20. VINTE MIL RÉIS - Dois deputados federais: Fernanda Melchiona, a mulher que não sorri, e Orlando Silva, que vai entrar para a História como o relator da lei da censura.
Agora pode ser que a deputada ensine a criatura o que é print e o que é link. O autor da lei da censura não sabe a diferença.
POLÍTICA
- MAIS UM FIASCO - Dilmo da Silva voltou da reunião do G7 com o rabo no meio das pernas. Foi desprezado por todos. Só quem deu confiança pra ele foi outro gagá, o Biden. Foi para o Japão achando que iria resolver a guerra entre a Rússia e a Ucrânia. Mas não conseguiu nem conversar com o presidente da Ucrânia - aliás, foi o único mandatário que não conversou com Volodymyr Zelensky.
- BIBO NUNES: QUEM NÃO APOIA?
- BANDIDAGEM NA BERLINDA - Ontem foi a abertura da CPI do mst. O deputado federal gaúcho Tenente-Coronel Zucco é o presidente e Ricardo Salles, ex-ministro do Meio Ambiente, será o relator. Jogo duríssimo contra os bandidos invasores de terras.
Ontem, pra variar, a baixaria tomou conta.
- DALLAGNOL ACUSA!! - Da Folha de S.Paulo:
O deputado federal Deltan Dallagnol (Podemos-PR) afirma que os sete ministros do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) combinaram nos bastidores a decisão de retirar seu mandato antes mesmo de o tema ser julgado pelo plenário da corte.
Deltan, ex-coordenador da força-tarefa da Lava Jato, direciona as críticas mais duras ao relator do processo, ministro Benedito Gonçalves. "O ministro condutor do voto trouxe um voto que objetiva entregar a minha cabeça em troca da perspectiva de fortalecer a sua candidatura ao Supremo", diz Deltan em entrevista à Folha.
A decisão, por unanimidade, ocorreu no último dia 16. Segundo o parlamentar, os outros seis integrantes da corte eleitoral foram influenciados pelo governo Lula. Deltan diz que mantém esperança de os integrantes da Mesa Diretora da Câmara decidirem ignorar a decisão do TSE para mantê-lo no cargo.
ECONOMIA
- EVENTO 1
O Fórum de Proteção de Dados Pessoais dos Municípios e a Frente Nacional de Prefeitos (FNP) realizam no dia 29, em parceria com a Prefeitura de Porto Alegre, o webinário Governança em Privacidade para o Poder Executivo Municipal.
O evento, que acontece das 10h30min ao meio-dia, será ministrado pelo coordenador do comitê de governança em LGPD da Rede Governança Brasil, o advogado Lucas Paglia.
O webinário é gratuito, aberto ao público, e será transmitido pelo youtube/LGPDmunicipios
- EVENTO 3
ELEIÇÃO - No próximo dia 29 a Sociedade de Engenharia do RS - SERGS elegerá o presidente, o 1º e 2º vice-presidentes, um terço do Conselho Deliberativo e a totalidade do Conselho Fiscal. As eleições serão realizadas em Assembleia Geral Eletiva durante a reunião almoço do conselho deliberativo das 12 h às 14 h, no Acampamento do Engenheiro, sito na Avenida Coronel Marcos, 163, bairro Pedra Redonda, n/c, para a qual estão convocamos todos os associados. O Eng. Walter Lídio Nunes é candidato à reeleição.
modernidade
- NÃO PRECISO EXPLICAR NADA. ACOMPANHE:
RECORDAR É VIVER
- NADA MAIS RIDÍCULO NA CORTE
EVENTO
- IMPERDÍVEL!!
INGRESSOS NO https://www.sympla.com.br/
futebol
- QUEM SABE?
- VANDALISMO DO BEM - O Internacional encara um timeco amanhã, 21 horas. É o Metropolitanos. Jogam lá. Se o Colorado protagonizar outro fracasso, a torcida periga invadir o Beira-Rio. Aí vai ser aquela merda.
- GRÊMIO ESTÁ DE FOLGA - No sábado, 16 horas, a seleção galáctica joga contra o Atlético-PR. Em Curitiba.
- BOTAFOGO - O Fogão tem a Sulamericana e amanhã, também as 21 horas, encara o César Vallejo. No primeiro jogo o Timão meteu quatro nos boludos.
piadinha
NÃO LEVE A SÉRIO
QUEM NÃO SORRI!
DOIS MINUTOS
COM PRÉVIDI
- FINALMENTE!! DOIS MINUTOS, MESMO + A ABERTURA
Olá!
- AGRADECIMENTO - Sinceramente, fiquei emocionado com as centenas de manifestações de carinho que recebi pelo meu aniversário. Tantas palavras legais que me impulsionam até o próximo dia 20 de maio.
Sério, fico muito feliz pelos comentários pelo telefone, e-mail, Facebook e por aqui, nos comentários.
VOCÊS ME DEIXARAM MAIS FELIZ AINDA.
responde aí!
- PESQUISA REMUNERADA!
Vou enviar um livro maravilhoso - "15 Maneiras de Ser Ainda Mais Feliz ".
Basta escrever o que acha dos DOIS MINUTOS COM PRÉVIDI. Sem puxação de saco, apenas ideias para melhorar.
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COMUNICAÇÃO
- DESCOBRIU A PÓLVORA!! - A colunista de GZH, Juliana Bublitz, adora dar conselhos, de graça. Consultoria, como se diz hoje. Ensinou, por exemplo, a Elon Musk. Agora, fez com que a Prefeitura parasse de trabalhar para refletir sobre os seus conselhos publicados hoje. Leia um trecho:
"O problema vai muito além da estrutura física de coleta. As ruas de Porto Alegre são imundas e repulsivas por uma única e complexa razão: a falta de educação da população, aliada a desafios socioeconômicos gigantescos, que levam homens e mulheres em situação de miséria às mais degradantes atitudes em busca de sobrevivência. Ou você acha que alguém viola um contêiner e mergulha no chorume por capricho?"
Do prefeito: "Como é que nunca pensamos nisso?"
- DENIAN COUTO - Lembram dele? Chegou a voltar a Porto Alegre para ser o homem da Comunicação de Despacito Marchezan Júnior. Ficou poucas semanas e voltou para Curitiba. Lá. hoje, é deputado estadual pelo Podemos.
- NA REAL - Já foi muito melhor o Relatório Reservado.
- REAPARECEU - O meu amigo Caverna, muitos anos presidente do Sindicato dos Radialistas, voltou!!" Pelo menos me mandou um e-mal. Quero ver a volta dele ao Facebook. Continua afiadíssimo!!
- UMA HISTÓRIA DE JORNALISMO - E DE VIDA
Texto maravilhoso do jornalista Márcio Pinheiro
Ouvi esse relato de Eric Nepomuceno, testemunha ocular dos acontecimentos e que depois transformou a história num dos capítulos de seu livro Quarta-Feira.
Eric lembra que em julho de 1985, ele estava em Montevidéu, num jantar, ao lado dos também jornalistas Fernando Morais, Hugo Alfaro e Ernesto González Bermejo, os dois últimos uruguaios.
O jantar seguia alegre, porém, em certo momento, Hugo Alfaro começou a contar que sobrevivera durante a ditadura militar vendendo enciclopédias. À época, por decreto, proibido de trabalhar em qualquer coisa que fosse ligada ou parecida à imprensa, Alfaro foi vender livros, de porta em porta – já com quase 60 anos. Dez anos depois, encabeçando um grupo de jornalistas que preparava um novo semanário, Brecha, ele recordou que, na tarde daquele dia, ele havia dedicado horas tentando localizar um livro sobre bromélias. Tratava-se de um pedido urgente de uma antiga cliente fiel.
Todos riram da história, menos Alfaro. Explicou que muitos continuavam a procurá-lo, apesar de ele já não vender mais livros e enciclopédias. Porém, argumentou que sentia o dever moral de atendê-las, não decepcionando quem o ajudara nos tempos difíceis.
Fernando Morais, então, perguntou como foi sobreviver sem poder, nem de longe, ser o que Alfaro havia sido a vida inteira: jornalista.
E Alfaro, então, contou.
Certa noite, numa cidadezinha do interior onde fora vender enciclopédias, ele acabou no único cinema local. Alfaro havia sido crítico de cinema. Assim, naquela noite, como sempre, viu o filme com olhos de um rigor implacável, achou formidável, saiu comovido e, de tão empolgado, foi direto para o hotel. Numa velha Remington despejou no papel, em menos de meia hora, as 65 linhas regulamentares ocupadas por suas resenhas. Correu até o telefone, viu que estava a tempo de transmitir a crítica e, antes que suspirasse aliviado, percebeu: o jornal não existia mais e a redação havia sumido do mapa desde 1974: a maioria no exílio, outros desaparecidos para sempre.
Eric conclui lembrando que quando Alfaro terminava de contar, ele e Fernando cruzaram-se no jardim da casa tentando disfarçar a maré dos olhos. “Tento imaginar como é escrever o que tem de ser escrito, e então perceber que não há mais jornal, não há mais o que deveria haver – sei, porém, que não terá sido em vão”.
POLÍTICA
- BIBO NUNES NA JOVEM PAN - “Com a esquerda a pobreza não vai acabar nunca"
- AO MENOS A OAB DE BRASÍLIA SE POSICIONA,
AFFAIR DALLAGNOL - Luís Felipe Ribeiro Coelho, presidente da OAB de Brasília:
- AGORA NÃO FALTA MAIS NADA, NÉ DUDU?
comportamento
- NÃO SERÁO BEIJO UMA SUBMISSÃO AOS CAPRICHOS DAS CLASSES OPRESSORAS?
Texto do João Pereira Coutinho, da FSP
Os bons espíritos sempre se encontram. Pensava em escrever sobre beijos. Meu colega Marcelo Leite chegou lá primeiro. Abençoado seja ele.
Conta ele que a troca de saliva no "beijo romântico-sexual" pode estar inocente na transmissão do herpes labial.
Nossos antepassados já se entregavam à prática do beijo muito tempo antes de o vírus aparecer no pedaço.
Suspiros de alívio. Sempre fui alvo dessas infâmias, sobretudo por ex-namoradas que, na hora da despedida, declaravam com certo asco: "A única coisa que eu levo de você é o herpes labial".
Essas palavras magoam um homem cristão. Nunca, jamais, em tempo algum, me lembraria de culpar lábios de terceiros por minhas próprias deformidades bucais.
Nem por essas, nem pelas outras, do foro mental.
A partir de agora, quando for confrontado com a infâmia, terei uma cópia do artigo de Marcelo Leite para oferecer. "Lê isso, querida, e aprende".
Mas meu interesse pelas lindas dinâmicas do beijo não se limita ao vírus HSV-1. Está nas próprias origens sociais do dito cujo. Disse sociais?
Exato, leitor. Leio no Wall Street Journal que a osculação lasciva é típica de sociedades mais hierarquizadas.
E, dentro dessas, são as elites, com mais tempo para os amassos, que acharam boa ideia juntar lábios com lábios e línguas com línguas. Um teste imbatível para medir o potencial erótico do pretendente.
Virou moda e, como normalmente acontece durante os processos civilizadores —obrigado, Norbert Elias—, espalhou-se pelo resto do pessoal.
Em sciedades mais igualitárias, como os maasai ou os hadza da região subsaariana, beijar é prática incomum.Pode ser até estranho ou repulsivo, já que a boca também serve para preparar o alimento que será dado às crianças.
O afeto ganha outras formas de expressão através de carícias, oferendas ou a partilha do cuidado com os filhos.
Parece até ser uma regra: quanto mais igualitária for uma sociedade, menos ela é beijoqueira. Serei o único a ver aqui um problema?
Vivemos tempos de guerrilha ideológica. Tudo é alvo de inquisições e provas de pureza. E de descolonização, para usar uma palavra da moda.
Esta descolonização significa um repúdio pelas práticas e pelos valores de nossos antepassados, em especial quando tais práticas e valores foram impostos pelas elites.
Nada escapa às guilhotinas: o conhecimento racional, as obras de arte, a própria linguagem usada no cotidiano.
Uma hipótese aterradora: não será o beijo, que nós inocentemente praticamos de forma lícita ou ilícita entre si, uma submissão aos caprichos das classes opressoras?
E, se assim for, não seria aconselhável abandonar o beijo e encontrar formas mais autênticas de expressar sentimentos?
Exemplos não faltam. Os esquimós esfregam os narizes. Já os maoris esfregam seus narizes e suas testas.
Na Polinésia, há tapinhas na barriga do outro. Em certas regiões africanas, são as próprias barrigas que se tocam.
E depois temos os casos da Papua Nova Guiné, como já lembrei nesta Folha, em que é sinal de respeito beijar o mamilo da mulher do chefe.
Também é possível apertar o pênis de um nativo —ou, então, depositar o nosso próprio órgão genital na mão dele, como uma prova de confiança.
Qualquer dessas opções poderia substituir o beijo do imperialismo eurocêntrico em homenagem à riqueza antropológica de povos tachados de "periféricos" ou "primitivos".
Embora, agora que penso nisso, exista sempre a hipótese de alguém nos acusar de "apropriação cultural", sobretudo se seguirmos as práticas da Papua Nova Guiné com nossas amigas ou amigos. Imagino até a cena em tribunal:
"O senhor está acusado de cometer apropriação cultural. Como o senhor se declara?".
"Inocente, meritíssimo. Eu estava apenas cometendo o velho e simples abuso."
O melhor para evitar esses constrangimentos é tentar inventar uma manifestação de carinho, e até de desejo, que não colida com as práticas estabelecidas.
Eu, por exemplo, desenvolvo há vários anos um guincho estridente, metade hiena, metade armadilho, que sinaliza sem ambiguidades minhas intenções libidinosas com o outro.
Até o momento, o resultado não tem sido eficaz, provocando a fuga amedrontada do objeto do meu afeto.
Uma questão de tempo, acredito eu. E de higiene, também. Ainda está para aparecer alguém que me acuse de estar espalhando doenças a partir de tais sonoridades.
rECORDAR é vIVER
EVENTO
- IMPERDÍVEL!!
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futebol
- SEGURA ESSA AÍ COLORADOS
- FAZIA TEMPO QUE NÃO VIA, NO RS, UM CENTROAVANTE DE VERDADE.
piadinha
Não é piadinha?