Jamais troquei de lado.
Por quê? Eu não tenho lado.
Ou melhor, o meu lado sou eu
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até o meio-dia
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A DILMA VOLTOU!
especial
Nesta sexta, uma cesta de
JOÃO CARLOS MACHADO FILHO
Machado Filho é jornalista,
radialista e apresentador de TV
CARRO DE PRAÇA, MAS SÓ DE BALACA
Passei grande parte da minha adolescência na Azenha. Minha família morava na Rua Visconde do Herval, numa casa que tinha duas janelas para a calçada. Uma delas era a da sala e ficava aberta para que os vizinhos pudessem assistir televisão. Acho que meu pai foi um dos primeiros proprietários de uma moderna Philips, daquelas de madeira, com tela de 17 polegadas. Só pegava, assim mesmo muito mal, a TV Piratini, a única emissora de Porto Alegre.
A calçada ficava cheia e a sala ficava no escuro pois se imaginava, naquela época, que a imagem ficava melhor.
Pois bem, foi na Visconde que conheci o pessoal que formava a minha turma. Os Sena moravam na 20 de setembro, assim como o Rola, o Jorge Palmae o Telmo . O Marco Aurélio, que depois foi secretário do Lula e da Dilma, e o Louro, moravam na Travessa Luiz Rosset, o famoso Beco do Conforto. Ali também morava o Aníbal Damasceno e uma de nossas musas, a Isa. Na verdade, muito mais musa do Tutu Sena.
Era na casa dos pais da Isa que funcionava o Cairo Clube, onde a gente dançava de rosto colado com as gurias, mesmo sofrendo com os cabelos espetados, duros de laquê.
Nossos encontros, invariavelmente, aconteciam na Esquina do Pecado, aquela mesmo que meu irmão, o Dilamar Machado, contou num de seus livros. A turma deles era de gente de mais idade. O Paulo Sant’Ana, que naquele tempo era Paulo Sarará, o Rubinho, o Moscão, o Coró, o Joel e tantos outros que se reuniam no Bar do Hermes.
Nós, os mais moços, preferíamos o Bar do Paizinho, uma das grandes figuras que conheci na vida. O bar dele ficava na Barão do Triunfo onde moravam o Ilo e o Chiquinho. O Edi morava na Rua da Azenha, ao lado da Lavanderia Rex, do seu Geninho, pai do Carlos Miguel.
Um dia o Edi nos disse que tinha sido convidado para uma reunião dançante na casa de umas gurias que moravam na Rua Riachuelo, e lá fomos nós. Acabamos agradando e alguns até saíram meio comprometidos com algumas das gurias, tanto que marcamos nova reunião para a próxima semana.
Inspirados não sei por quem, decidimos que para impressionar as gurias da Riachuelo, chegaríamos lá de carro de praça. A gente, que tinha muito pouco no bolso, pegava um bonde até a esquina da Borges com a Riachuelo e ali pegava um carro de praça (o taxi de hoje) e chegávamos cheios de balaca na casa das gurias que esperavam na sacada. Era um sucesso, mas elas nem imaginavam que mal tínhamos o dinheiro para o bonde da volta.
E assim foi por muito tempo. A gente chegava de carro de praça para encontrar com as gurias da Riachuelo. Mas era só de balaca.
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O MEXICANO
(JLP: Tenho que dar uma explicação. Não preciso dizer que a foto aí foi feita no Uruguai, Rivera. E que o Mexicano é o do meio. Apesar de diferente, sou o gordinho alto e o Machadinho é o da direita. E a foto é do Barú Derkin. 1990, durante a campanha do Collares ao Governo. Ninguém consegue imaginar a alegria do Jorge - este o seu nome - andando pelas ruas de Rivera, entrando nas lojas, almoçando. Desde então, pelo menos uma vez ao ano , eu escutava um buzinaço em frente ao meu prédio. Ia na sacada conferir e era o Mexicano. Ele parava o táxi no meio da rua, descia, abanava muito e sempre dizia: "Quando é que vamos de novo, chefia?")
Notem a pose do Mexicano |
A EQUIPE DO "COJARES"
Éramos jornalistas e trabalhávamos na Câmara de Vereadores ou na Assembleia Legislativa. Durante a campanha de Alceu Collares ao Goveeno do RS, revezávamos os períodos de férias para poder acompanhar o candidato pelas viagens ao interior.
O José Luiz Prévidi, o Julio Ribeiro e eu éramos os mais assíduos, ou seja, os que respondiam pelas matérias que eram enviadas para as redações. Os fotógrafos eram o Barú Derkin, o Ricardo Stricher e o Maurecy Santos. O motorista, quase sempre, era o Mexicano, um taxista, contratado para levar a equipe que acompanhava o candidato Collares.
Pois o Mexicano costumava chamar o Baru de Delegado, coisa que nunca entendi, mas era quase que um tratamento solene.
Numa viagem para a Fronteira, fomos conversando sobre as delícias que eram os pratos nas cidades uruguaias ou argentinas. Falamos muito do entrecot, que combinamos comer na cidade de Passo de Los Libres.
E o Mexicano só escutando.
Quando estávamos atravessando a ponte que liga Uruguaiana a Libres, o Baru, muito sério, perguntou ao Mexicano se ele sabia falar alguma coisa em espanhol. Diante da negativa do Mexicano, o velho Baru disse que então era melhor voltar, pois na Argentina havia uma nova lei que não permitia atender, em restaurantes, pessoas que não soubessem pedir comidas em espanhol.
Depois de muita conversa e a promessa de que o Mexicano se faria de mudo no restaurante, seguimos viagem.
O Barú e eu pedimos o famoso entrecot e quando o garçom virou para o Mexicano, ele apontava com o queixo para o Barú e grunhia: ‘ahnn...ahnn..ahnn” como se estivesse pedindo socorro. Depois de muitas risadas, contamos ao garçom que o Mexicano era mudo e solicitamos um ‘pollo com lechuga e papas fritas’, prato preferido do Mexicano.
Na volta, livre da ameaça dos castelhanos, o Mexicano, cheio de coragem, disse que se fosse parado na Aduana, simplesmente encararia os guardas e falaria:
- Não vem, meu, que eu sou da equipe do Cojares.
ONDE É QUE FICA AS COROA?
Sempre o Jorge, ou Mexicano como o chamávamos, para nos levar em mais uma viagem pelo interior para dar cobertura ao “Cojares”. Agora a gente ia até a cidade de Três Coroas, bem aqui pertinho. O fotógrafo era o Maurecy Santos, o querido e saudoso Santinho.
Era um sábado chuvoso e a gente não sabia bem como entrar na cidade, até que o Mexicano teve a ideia. Parou num posto de gasolina e perguntou ao frentista:
- E aí meu, onde é que fica as coroa?
O rapaz do posto de gasolina não entendeu bem e pediu que ele repetisse.
- Pô meu, tu que é daqui não sabe onde fica as coroa?
Quando o frentista, meio encabulado, já se preparava para indicar o endereço de uma casa um tanto quanto suspeita e que ficava nas imediações, o Santinho e eu, entre uma gargalhada e outra, explicamos que precisávamos saber onde ficava a entrada principal para a cidade de Três Coroas.
Quando saíamos do posto de gasolina, o Mexicano lascou:
- Seu Machado, agora é tudo com nóis nas coroa!
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ASSIM É DEMAIS
Falam maldosamente, é claro, que os homens ficam um tanto quanto tarados quando começam a envelhecer. Sou velho e juro que não é verdade, pelo menos no meu caso. Posso garantir que apenas apurei um pouco mais o gosto pelas coisas boas da vida. E quando elas andam ao redor dos vinte e poucos anos, loiras ou morenas, daí realmente é difícil controlar o olhar.
Estou falando nisso para contar a história de dois amigos que passeavam tranquilamente por uma daquelas bucólicas e arborizadas ruas do bairro Menino Deus, quando passou por eles uma jovem com seus vinte anos, com uma calça tipo leg, preta, que, generosamente, realçava aquela parte que nós, brasileiros de todas as idades, tanto apreciamos.
Não só seguiram a jovem com olhares famintos e maliciosos como foram até o ponto de ônibus onde ela, depois de ajeitar o cabelo, ficou esperando pelo coletivo. E ficaram ali, estrategicamente colocados onde a visão pudesse alcançar as partes mais generosas da moça. Estavam quase sonhando quando foram despertados por um vozeirão masculino:
- E aí, meus. Vão ficar tirando a visão da gente. Nós queremos olhar também.
De uma das aberturas de um prédio em construção, um bando de operários fazia aquilo que meus amigos faziam, ou seja, olhavam e sonhavam com as partes destacadas pela calça leg daquela jovem. E quase aplaudiram quando eles foram para o lado, permitindo a todos uma visão mais ampla do espetáculo.
Indiferente aos olhares gulosos que quase lhe devoravam, a gracinha sacudiu o motivo de tantos olhos e subiu, dengosamente, os degraus do ônibus que a levaria para bem longe dos sonhos de meus amigos e seus eventuais companheiros da construção civil.
Quando meus amigos me encontraram e contaram a história da mocinha de calça leg preta, pensei comigo: “Assim é demais”.
O medo que eu tenho é que, numa hora dessas eu tenha um mal súbito e não resista, embora não tenha me tornado um tarado.
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