Terça/Quarta, 15-16 de outubro de 2024

 


FALE COM O EDITOR:
JLPREVIDI@GMAIL.COM


NÃO LEVE A SÉRIO
QUEM NÃO SORRI! 



PLANEJE SEUS VOOS



A antiga luta contra a censura não era motivada
por um princípio moral; era, antes de mais nada,
expressão do ressentimento de
a censura ter sido feita por outros.



dois minutos
com prévidi


- UM COMENTÁRIO DIGNO DESTE ESPAÇO:



Olá! 
SE ERA UM DINHEIRO HONESTO,
ELES FAZEM DE TUDO PARA...



comunicaÇÃO


- MENOS UM: PESSOAS QUE DEVERIAM SER ETERNAS - Minha teoria, a cada dia, se torna uma tese: pessoas brilhantes, em todos os sentidos, morrem nos finais de semana. Agora, no domingo passado, o estupendo  Washington Olivetto, aos 73 anos - um guri!! - entrega  os pontos depois de passar cinco meses em um hospital do Rio. Cinco meses e os deuses resolvem tirá-lo do nosso convívio num domingo.
Procurei uma foto dele rindo e não encontrei. Uma foto daquela risada gostosa - nada, nem parecida. Fiquei pensando, será que ele ria?
Fiquei pensando e lendo tudo o que escreveram sobre ele. Me deu a impressão de que só falava assuntos sérios - exceção, acredito, de quando via um filme de sua criação - primeiro sutiã, garoto Bombril, casal Unibanco... Duvido que Olivetto não tenha dado uma boa risada depois de ver estes filmes.
Falei com ele apenas uma vez: quando veioa Porto Alegre selar a compra de parte da agência Escala. Ah, já esqueceu disso? Eu não! Porque a jornalista Adriana Brum e eu o entrevistamos antes de começar a cerimônia no Juvenil. Estávamos gravando e chegou uma mocinha, provavelmente da Escala, e o interrompeu:
- Olivetto, vamos lá, vai começar a cerimônia.
Ele olhou firma para a mocinha, e não se preocupou com o gravador:
- A senhora não está vendo que esrtou dando uma entrevista?
Todos só esperando por ele para começar o ato e ele cada vez falava mais.
Uma figura.
Claro que vai aparecer algum publicitário de sapato vermelho e terno lilás dizendo que Olivetto não era tudo isso e que eu não sei nada de Propaganda.
Olha , garanto que  o Olivetto daria risada do publicitário e eu adoraria ser esculhambado por um cara de sapato vermelho.
Já estou com saudade.

- A LISTA DE OLIVETTO - Para fazer antes de morrer:

Antes de morrer, preciso ver meus filhos Antônia e Theo (que vão nascer agora no segundo semestre) ficarem grandes, felizes e bem-educados.

Antes de morrer, preciso ver meu filho Homero, que já é grande, feliz e bem-educado, ser cada vez mais desse jeito.

Antes de morrer, preciso ver o Corinthians campeão muitas outras vezes.

Antes de morrer, preciso ver a publicidade brasileira voltar a ser respeitada como negócio e internacional por ser local.

Antes de morrer, preciso ver o Brasil virar o país do presente.

Antes de morrer, preciso aprender a escrever como os caras que eu gosto de ler.

Antes de morrer, preciso ter mais tempo para minha mulher, para mim e para todo mundo que merecer.

Antes de morrer, preciso organizar tudo —para ninguém ter problemas depois.

Antes de morrer, preciso ver muita mulher bonita, porque eu acho lindo.

Antes de morrer, preciso não morrer.


-  DE UM LEITOR - O advogado Guilherme Macalossi, hoje na Band RS, é de Farroupilha. Começou a carreira na imprensa local como um ferrenho anti petista e chegou a concorrer a vereador pelo PSDB, na época que este partido era a "oposição" ao PT. Depois da eleição do Bolsonaro, começou a adular a isentosfera e as urnas eletrônicas para subir na vida. Virou isso aí.

- ACOMPANHE - A TV Record RS começou a exibir ontem uma série de reportagens especiais sobre o poder das facções criminosas no Rio Grande do Sul. Produzida pelo repórter Ricardo Azeredo e pelo produtor Renato Gava, responsáveis pelo novo núcleo investigativo da emissora, com edição, arte e finalização de Cristiano Souto, a série "O Rio Grande sob as garras das facções" conta em detalhes quem são, como nasceram, como agem, onde atuam e como se espalharam pelo interior as organizações criminosas que fazem do Rio Grande do Sul o estado brasileiro com o maior número de facções estruturadas em atividade.
Com depoimentos contundentes de especialistas em segurança pública, de representantes das  polícias civil, militar, federal, rodoviária federal, do comando do Exército, do judiciário e do sistema penal, a série "O Rio Grande sob as garras das facções" também traz relatos das vítimas desta guerra e dos que conheceram por dentro o mundo do crime organizado.
Os cinco episódios serão exibidos de segunda a sexta-feira no programa Balanço Geral (12h45min) e replicados nos demais telejornais da Record RS.

- ,CHAVES E CHAPOLIM - As duas atrações remasterizadas elevaram a audiência do SBT no sábado passado. Sucesso em todo o Brasil.

- JÁTEVE MAIS MORAL - No domingo, depois de se apresentar no estádio do Corinthians, a ex-rainha dos baixinhos recebeu uma cusparada na cara.


POLÍTICa

SE É O POBRE QUE VOTA NA IXQUERDA, QUAL O INTERESSE DA IXQUERDA EM TIRAR O POBRE DA POBREZA?     



-  UM GRANDE POLÍTICO - Tenho uma baita admiração pelo vice-prefeito de Porto Alegre, Ricardo Gomes. É um político especial. É um dos raros vices que não  disputou "beleza" com o titular.
Acredito que o Melo, no segundo mandato, irá ter um l
ugar em seu secretariado para o Ricardo. Aliás, nem sei o partido dele...

- ADVOGADO BANDIDO?


- ELE VAI ROUBAR A SANTA!!


- IDEIA - Melo deve se referir a Maria do Rosário como Maria Purgante da Enchente.
Ela consegue ser mais chata do que a Manuela, ex-musa comunista.

REGISTRO

- COMERCIAL FAMILIAR


- NA FOTO, TRÊS QUERIDÕES - O Barbudo é o Gustavo Prévidi. O da outra ponta é o Eduardo Souza, primo do Gustavo.
E o do meio é o Romualdo Souza, irmão do Eduardo e, claro, primo do Gu.
O Romualdo é meu afilhado e estou mais do que satisfeito com o Romualdo: ontem tomou posse na Defensoria Pública do Estado. E estará lotado em Viamão.
 TE METE!!

- COMUNICADO IMPORTANTE


- CLICA AÍ PARA AS INFORMAÇÕES E COMPARTILHE!!

https://www.humorista-rs.com/webinar-registration

PERGUNTINHA

- POR QUE SERÁ QUE OS URUBUS GOSTAM DE 18H45MIN?



acredite se quiser


PENSANDO BEM

- SECRETÁRIO DA SEGURANÇA PÚBLICA DE SÃO PAULO, GUILHERME MURARO DERRITE:


- DERRITE LIQUIDA COM A DEPUTADA FEDERAL DO PSOL PAULISTA, SAMIA BOMFIN. 
NÃO TENHAM PENA DESSA COISA:


RECORDAR É VIVER

- QUEREM LEGENDA?


DEUSAS


RAUL


PIADINha


Segunda, 14 de outubro de 2024

 


FALE COM O EDITOR:
JLPREVIDI@GMAIL.COM


NÃO LEVE A SÉRIO
QUEM NÃO SORRI! 



PLANEJE SEUS VOOS



A antiga luta contra a censura não era motivada
por um princípio moral; era, antes de mais nada,
expressão do ressentimento de
a censura ter sido feita por outros.



dois minutos
com prévidi


Paulo Herrmann, gaúcho e ex-presidente da John Deere no Brasil, é o atual CEO da Fiergs.
Um depoimento sensacional.



Olá! 

- POR QUE O PALMEIRAS GANHA TANTOS TÍTULOS?


comunicaÇÃO

-  POR ISSO, HOJE, O JORNALISMO
É "MUITO RESPEITADO"
clica em amplia


- O PROGRAMA NÃO TEM UM DIRETOR? - Sério, sem brincadeira, mas o que é a dona Sara com aquelas poses em seu espaço no Baita Sábado? É um negócio que parece brincadeira, como fazia há décadas o Casseta e Planeta na TV. Aquelas poses, troca de roupas e mais roupas. A cena dela agarrada num tronco de árvore é demais!!

- CLARO QUE NÃO VI - Com muito "sacrifício" não assisti ontem ao Baita Sábado. Assisti ao retorno triunfal do Chapolim e ao Chaves. Sensacional! Os dois foram remasterizados e ficou muito melhor.


- IMPERDÍVEL!!A TV Record RS exibe a partir de hoje uma série de reportagens especiais sobre o poder das facções criminosas no Rio Grande do Sul. Produzida pelo repórter Ricardo Azeredo e pelo produtor Renato Gava, responsáveis pelo novo núcleo investigativo da emissora, com edição, arte e finalização de Cristiano Souto, a série "O Rio Grande sob as garras das facções" conta em detalhes quem são, como nasceram, como agem, onde atuam e como se espalharam pelo interior as organizações criminosas que fazem do Rio Grande do Sul o estado brasileiro com o maior número de facções estruturadas em atividade.
Com depoimentos contundentes de especialistas em segurança pública, de representantes das  polícias civil, militar, federal, rodoviária federal, do comando do Exército, do judiciário e do sistema penal, a série "O Rio Grande sob as garras das facções" também traz relatos das vítimas desta guerra e dos que conheceram por dentro o mundo do crime organizado.
Os cinco episódios serão exibidos de segunda a sexta-feira no programa Balanço Geral (12h45min) e replicados nos demais telejornais da Record RS.

- CONVITE DA ARI - Temos o prazer em convidar-lhe para a solenidade de entrega do 4º Prêmio ARI de Assessoria de Imprensa, no dia 17 de outubro, no auditório Des. Osvaldo Stefanello, do Palácio da Justiça (Praça da Matriz, nº 55, 6º andar), às 13h30min. Confira a seguir os finalistas em cada categoria em ordem alfabética (revelações na cerimônia): 
Categoria Gestão Pública: Assessoria de Comunicação – Prefeitura Municipal de Porto Alegre, Coordenadoria  de Comunicação do Hospital de Clínicas de Porto Alegre e Secretaria de Comunicação do Governo do Estado do RS
 Categoria Gestão Privada: Assessoria de Comunicação Ulbra, Core Comunicação& Relacionamento  e Critério - Resultado em Opinião Pública.
Categoria Gestão ONG: B. Karpinski  Comunicação, Core Comunicação& Relacionamento e Critério - Resultado em Opinião Pública.
Na oportunidade, também será anunciado o Assessor (a) de Imprensa do Ano de 2024. Os indicados são:
•         Angélica Coronel (HCPA)
•         Aristóteles da Silva Júnior (DMAE)
•         Gabriela Mendonça ( CORSAM/AEGEA – Regional Sul)
•         Luís Gustavo Bettinelli  (Prefeitura de Mussum)
•         Neusa Fróes (Federasul)         
 Por favor, confirme sua presença pelo (51) 3211.1555 ou pelo whats 9013-3275. 

- PERGUNTINHA - Na assessoria de imprensa do Hospital de Clínicas voltou a reinar a paz com a Angélica Coronel?

- O GALÃ ESTÁ GRISALHO


- FELICIDADE FM - Consta que a rádio de Novo Hamburgo está sendo vendida para a Rede Massa, do Ratinho.


POLÍTICa

SE É O POBRE QUE VOTA NA IXQUERDA, QUAL O INTERESSE DA IXQUERDA EM TIRAR O POBRE DA POBREZA?     

- HOJE - Tem debate na Band TV às 22h30min. 
Sugestão: Melo tem que lembrar como a bandidagem das Odebrechts da vida apelidaram a Rosário. Maria Chorona? Bah, não me lembro.

-  ANISTIA! ANISTIA! ANISTIA!!

- TRAMANDAÍ CONTINUA A MESMA - Sessim deu aulas para muitos da cidade. Vejam só: o atual prefeito tinha fechado apoio ao seu vice, o Flavinho, do PDT. Bem, aí resolveu "deixar" o Flavinho e se passar para o lado do Gabrielzinho, o vice-governador, do MDB 2. Claro, elegeram o tal Juarezinho. Só resta ao pessoal de Tramandaí rezar.

- BANANA CADA VEZ MAIS PEGAJOSO - O presidente do Senado, Banana Pacheco (PSD-MG), afirmou "não haver chances" para o avanço da PEC apresentada pela Câmara dos Deputados que prevê a revisão de decisões do STF pelo Congresso Nacional, mesma posição defendida pelo presidente do Supremo.
"Essa medida me parece ser inconstitucional", disse Pacheco. "A palavra final sobre a constitucionalidade ou inconstitucionalidade de uma lei num país democrático de Estado de Direito é do Supremo Tribunal Federal. Isso nós não discutimos e não questionamos."

- QUE PEÇA MARAVILHOSA!


- APENAS ASSISTA


REGISTRO

- COMUNICADO IMPORTANTE


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PERGUNTINHA

- SÃO PAULO RECEBE 1.200 CARROS TODOS OS DIAS. 
ISSO PODE DAR CERTO?

acredite se quiser



PENSANDO BEM

CRIATIVIDADE DIGNA DE ESTUDO:
- "VEM TIRAR A TEIA DA ARANHA"


RECORDAR É VIVER

- QUEM É?
Sem querer ser malandro, tente identificar só pelo rosto.
É uma famosa da TV.
Respostas para jlprevidi@gmail.com


DEUSAS


RAUL


PIADINha



Sexta, 11 de outubro de 2024




FALE COM O EDITOR:
JLPREVIDI@GMAIL.COM


NÃO LEVE A SÉRIO
QUEM NÃO SORRI! 



PLANEJE SEUS VOOS



A antiga luta contra a censura não era motivada
por um princípio moral; era, antes de mais nada,
expressão do ressentimento de
a censura ter sido feita por outros.



nesta sexta,
a cesta do
j.p. da fontoura


TEXTOS DE
JOÃO PAULO
DA FONTOURA*








ERICO VERISSIMO E
O TEMPO E O VENTO




Caro amigo leitor, na cesta desta semana permita-me desviar um pouco das linhas que aqui tenho traçado  semanalmente e passear por uma senda bem mais leve, a análise de um romance histórico que marcou (e ainda marca, penso!) indelevelmente a literatura brasileira, latino-americana e mundial, o romance O Tempo e o Vento, magistral, seminal obra do nosso escritor cruz-altense, um romance para todos, um romance para sempre.


Uma pequena bio

Erico nasceu lá no distante 1905, no município de Cruz Alta, a noroeste do nosso estado, e faleceu em Porto Alegre em 1975.

Morreu com 70 anos (merecíamos que vivesse mais) em consequência de problemas cardíacos. Alguns anos antes, ele já tinha tido um infarto. Recuperado, não nos poupou de descrever o acidente em seu livro Solo de Clarineta, aos detalhes, mas de uma forma leve, meio que bulindo com o quase desastre.

Foi neto do Doutor Franklin Veríssimo, um médico muito conceituado na região, rico, dono de um casarão em Cruz Alta, e que legou aos filhos, patrimônio e cultura. Lamentavelmente, como descrito algures, o pai do Érico, o farmacêutico Sebastião Veríssimo da Fonseca, era muito complicado e também perdulário.

Mas, enquanto ainda havia patrimônio e dinheiro, o menino Erico pode crescer em um ambiente confortável e culto.

Seus pais (a mãe era a dona de casa Abegahy Lopes) possuíam uma ampla biblioteca com mais de dois mil livros.

(Com esse mar de livros à disposição, não à toa despertou precocemente o interesse do Erico por livros e literatura. Com 13 anos, já lia obras dos brasileiros: Aluísio de Azevedo, Joaquim Manoel de Macedo, Euclides da Cunha, Monteiro Lobato, Coelho Neto, Oswald de Andrade, Mário de Andrade e muitos mais. Dos estrangeiros: Leon Tolstoi, Balzac, Proust, Émile Zola, Walter Scott, Dostoievski, Oscar Wilde, Friedrich Nietzsche, Aldous Huxley, Eça de Queirós.)

Sebastião era apreciador de música clássica, e a família possuía alguns luxos como gramofone e discos. Certamente daí saiu o gosto do Erico por música, que ele descreve repetidamente em seus livros, inclusive nomeando um como ‘Solo de Clarineta’. Já em seus anos finais, Erico curtia ouvir a rádio da Universidade e sua programação erudita em termos musicais.

Teve dois irmãos: Enio e Maria, sendo esta adotiva, e primos alguns com destaque na sociedade gaúcha, sendo o mais famoso o conceituado cardiologista Dr. Franklin Veríssimo, falecido em 1990.

Em 1920, com 15 anos, vem para Porto Alegre para complementar estudo básico no Colégio Cruzeiro do Sul, hoje extinto. Dois anos depois, com seus pais já separados, volta para Cruz Alta.

São tempos difíceis, de aperto, com sua mãe e irmãos morando na casa dos avós maternos.

O pai faliu, perdendo entre outros bens a propriedade da farmácia, que era, na realidade da época, farmácia e um pequeno hospital.


Então, o futuro maior nome da literatura gaúcha tem que ajudar no orçamento da família trabalhando com um tio, depois numa seguradora, e por fim no Banco Nacional do Comércio.

Em 1927, entra como sócio numa farmácia, mas acaba por falir em 1930, deixando dívidas, muitas, a serem pagas.

Por essa época, o nosso Erico já se arriscava em escrever alguns contos e os enviar a Porto Alegre, onde são publicados na Revista do Globo e no Correio do Povo.

Em 1930, vem definitivamente para a capital gaúcha, com o determinado objetivo de viver à custa de seus contos, textos e literatura.

Inicia sua retumbante carreira como secretário de redação da poderosa Revista do Globo, da Editora Globo, um canhão em termos de poder na área da editoração, impressão, e distribuição de livros, a maioria estrangeiros.

Lá encontrou, entre outros, o Mário Quintana que traduzia para o nosso português sucessos literários estrangeiros em inglês, alemão e francês.

Erico, não ficou para trás, já em 1933 traduziu o sucesso mundial Counter Point – Contraponto – do então famoso Aldous Huxley. Também nesse mesmo ano teve seu primeiro romance publicado, Clarissa.

Com a relativa estabilidade financeira alcançada, já em 1932 ele havia voltado a Cruz Alta para casar-se com sua companheira de toda a vida ( nesse caso, a fruta caiu longe do pé), Mafalda, e com ela tiveram dois filhos, Clarisse e Luís Fernando.

E por aqui paro. Se seguir, teremos um livro! 

O Tempo e o Vento


Eu, como leitor, sou um apaixonado pelo estilo de escrita romance histórico, pois em um só pacote tenho um combo: o romance em si e o registro de eventos da História. Nesta, o autor tem a possibilidade de adjetivar, opinar, tomar partido sobre determinados personagens (da História) na medida em que insere na obra personagens ficcionais que funcionam como alter ego seu ou de alguém da sua relação.

A mim, pelo que li no romance autobiográfico Solo de Clarineta, fica muito claro que o capitão Rodrigo Cambará – personagem com uma carga de humanidade explosiva: instável, mulherengo, brigão – é baseado no seu pai.
 

(Há uma cena descrita no Solo de Clarineta que é de fazer qualquer ser humano chorar – eu incluso: Erico, magoado com seu pai, que já estava separado de sua mãe depois de tanto a humilhar com repetidas traições, mentiras, agressões, etc., envia-lhe uma carta prenhe de acusações, mágoas e indignações. O pai recebe-a, lê e a guarda no bolso de seu casaco. Consegue avisá-lo que está indo para São Paulo para participar da Revolução de 1932. Pouco antes da sua partida, pai e filho encontram-se na estação férrea. Sebastião, então, depois dos protocolares cumprimentos, olhos embargados de emoção, retira a carta dobrada do bolso e a entrega ao filho com um só pedido: rasgue-a. Despede-se, entra no trem e segue para São Paulo. Erico nunca mais viu seu pai, que parece ter retornado para Santa Catarina e ali ter falecido na década de 1950.)

Eu tenho dois vícios: torcer para o meu Inter e ler livros. Um vício só me dá prazer; bem..., já o outro... deixemos de lado!

De quando em vez, algum amigo questiona-me sobre quais os livros mais legais, os que mais gostei de ler. É uma resposta difícil, pois são tantos os bons livros que já tive em mãos. Mas não me furto de responder os três que mais curto: Os Tambores de São Luís, do maranhense Josué Montello; O Cortiço, do também maranhense Aloísio Azevedo; e O Coronel e o Lobisomem, do fluminense José Cândido de Carvalho. (Quem diz que o Maranhão só produz drogas?)

Opa, mas, João, ué, e o Tempo e o Vento?

Easy my friend: O Tempo e o Vento é um Pelé literário, não entra nessas listas!

Assim como o Pelé, é hors-concours, está sacralizado no alto da prateleira, um deus literário no Olimpo!

O Tempo e o Vento segue na linha dos grandes romances históricos da humanidade, começando bem lá atrás, na Grécia Antiga, século VIII a.C, com os clássicos Ilíada e Odisseia, de Homero; depois, dando um pulo grande, o magnífico Guerra e Paz, um calhamaço com 1200 páginas do russo Leon Tolstói (mesmo assim menor que o do nosso Erico), baseado na invasão de Napoleão à Rússia em 1812; depois, E o Vento Levou, da americana Margaret Mitchell, que romanceia a Guerra da Secessão Americana de 1861.

Temos também nessa linha Cem anos de Solidão, do colombiano Gabriel García Márquez, que conta parte da história da formação da Colômbia, num estilo pouco diferente destes anteriores, ‘realismo fantástico’, e que, conforme depoimento do autor ao Jô Soares em seu programa de TV baseou-se em O Tempo e o Vento, não sem antes tê-lo estudado profundamente, para cometer seu romance best-seller mundial – mais de 40 milhões de livros vendidos.

A primeira vez que li esta obra, eu a fiz na minha querida São Leopoldo, onde morava com meus familiares, pego do acervo da biblioteca municipal dirigida pelo senhor João, um bibliotecário prático que tratava todos nós, ávidos neófitos leitores, com presteza, gentileza e carinho. Tinha uns 15 anos mais ou menos. Peguei um tomo já pelo meio do romance e depois retomei pelo início, O Continente, iniciando pelo capítulo um, O Sobrado.

Este romance, li, reli, tresli em seu todo!

Nesta última semana, ao acaso, passo e pego na biblioteca da minha Taquari um livro com 656 páginas com o título O Tempo e o Vento – parte I, editado pela Companhia das Letras em 2004, com os Volumes I e II de O Continente; li-o na levada de uma semana. Depois deste, escrito em 1945 e publicado em 1949, há mais dois tomos: O Retrato e o Arquipélago.

Se alguém tiver interesse nesta obra, aconselho ter o cuidado de iniciar por este que acabo de ler, O Continente, pois é claramente ‘um livro que tem unidade própria e pode ser lido como livro independente’, conforme diz sabiamente a professora doutora Regina Zilberman, em prefácio.

Esta obra, dividida em sete segmentos não lineares (ou seja, a narrativa passeia pelo tempo), conta a história das famílias Terra, Cambará, Amaral, Caré, e as disputas por poder e terras.

Inicia em uma noite fria de julho de 1895, quando os federalistas maragatos liderados por Bento Amaral cercam o Sobrado da família Terra onde Rodrigo Cambará (o neto do capitão Rodrigo), intendente e chefe político republicano da vila de Santa Fé, encastelado com sua família e um grupo de correligionários, oferece uma resistência à toda prova para não entregar Santa Fé ao inimigo.

Para quem gosta de História, uma maravilha.

(Este segmento do livro foi roteirizado e virou um filme, em PB, de 1956, com o ator Fernando Baleroni fazendo o papel do Licurgo Cambará, o Lima Duarte, o papel do Fandango, etc. Acho que é encontrado no YouTube.)

Nesses dois tomos, a pena do Erico descreve todos os eventos guerreiros da formação do Continente de São Pedro, desde a fundação da Colônia do Sacramento em 1680, passando pela destruição das Missões pelos exércitos combinados de Portugal e Espanha, em 1756, pela guerra platina (Uruguai) de 1823, seguindo pela Revolução Farroupilha de 1835, depois a guerra contra Oribe e Rosas em 1851, com a intervenção militar brasileira na questão sucessória uruguaia, a Guerra do Paraguai, em 1864, e, por fim, acabando no ano de 1895 com os eventos finais da Guerra Federalista.

O ponto central do romance é a mítica Santa Fé (maquete), o povoado, e depois vila, criado pela mente genial do Erico, e aonde Ana Terra, grávida de seu filho Pedro, decide em desespero escafeder-se depois de ter toda sua família morta por um bando livre de bandidos castelhanos.

Perguntinha aos preclaros leitores: onde ficaria Santa Fé?

No romance há duas pistas, fica entre Rio Pardo e Cruz Alta e não é cortada por rios.


*joão paulo da fontoura é escritor e historiador diletante, membro da ALIVAT – Academia Literária do Vale do Taquari, titular da cadeira nº 26.