Jamais troquei de lado.
Por quê? Eu não tenho lado.
Ou melhor, o meu lado sou eu
...
ANDO DEVAGAR
PORQUE JÁ TIVE PRESSA PRESSA
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ANDO DEVAGAR
PORQUE JÁ TIVE PRESSA PRESSA
Escreva apenas para
especial
Nesta sexta, uma cesta
de Tom Wolfe!
Um neoconservador é um liberal
que foi assaltado pela realidade.
que foi assaltado pela realidade.
“No jornalismo te mandam fazer perguntas incômodas a pessoas que não querem falar contigo. E tu vais e fazes as perguntas. Este trabalho é fantástico!
Nenhum editor de internet apostaria, hoje, em algo como o new journalism.
Thomas Kennerly Wolfe, Tom Wolfe, nasceu em Richmond (Virgínia), em 2 de março de 1930. É filho de Thomas Kennerly Wolfe e Helen Hughes Wolfe. Seu pai recebeu Ph.D. pela Universidade de Cornell e foi professor de Agronomia na Virginia Tech. Também possuía duas fazendas e foi diretor de uma bem-sucedida cooperativa de fazendeiros.
O sucesso financeiro do pai permitiu à família um estilo de vida abastado. Thomas também atuou como autor e jornalista, editando o jornal agrícola The Southern Planter, além de publicar livros a respeito de temas semelhantes.
Contudo, foi Helen Wolfe que introduziu Tom Wolfe nas artes. Ela matriculou seu filho em aulas de sapateado e balé, incentivando-o a interpretar e ler com frequência. Com 9 anos de idade, Wolfe começou a escrever. Ainda criança, começou a escrever uma biografia de Napoleão, além de escrever e ilustrar a biografia de Mozart.
Embora tenha sido oferecido a Wolfe o trabalho de professor acadêmico, ele preferiu seguir carreira como repórter. Em 1956, enquanto ainda trabalhava em sua tese, Wolfe tornou-se repórter do jornal Springfield Union, de Springfield, Massachusetts. Wolfe finalizou sua tese em 1957 e em 1959 foi contratado pelo The Washington Post. Wolfe diz que parte dos motivos que o levaram a ser contratado pelo Post foi sua falta de interesse na política. Um dos editores do The Washington Post disse que estava "impressionado que Wolfe preferisse o ambiente suburbano à capital, desejo de todo o repórter." Ele ganhou um prêmio interno do jornal devido ao seu trabalho na cobertura de Cuba em 1961, também ganhando um prêmio por seu senso de humor. Durante a cobertura, Wolfe fazia uso de experimentações, utilizando elementos e técnicas ficcionais em seus textos.
Em 1962, Wolfe trocou Washington por Nova Iorque, trabalhando como repórter geral e ensaísta do jornal New York Herald Tribune. Os editores do Herald-Tribune sempre tiveram o costume de encorajar seus repórteres a quebrar com as convenções da escrita no jornalismo impresso. Durante uma greve dos jornais nova-iorquinos em 1963, Wolfe entrou em contato com a revista Esquire, tendo em mente a ideia de um artigo sobre a febre de carros customizados no sul da Califórnia. O editor da revista, Byron Dobell, sugeriu que Wolfe enviasse a ele suas anotações, para que ambos pudessem trabalhar juntos no artigo. Wolfe escreveu para Dobell uma carta dizendo tudo que ele gostaria de dizer sobre o assunto, ignorando todas as convenções do jornalismo. Dobell simplesmente removeu o trecho "Caro sr. Byron" de cima da carta e publicou-a na revista como se fosse um artigo. O resultado, publicado em 1964, foi There Goes (Varoom! Varoom!) That Kandy-Kolored Tangerine-Flake Streamline Baby. O artigo foi motivo de ampla discussão - amado por alguns, odiado por outros - e ajudou Wolfe a publicar seu primeiro livro, The Kandy-Kolored Tangerine-Flake Streamline Baby, uma coletânea de seu trabalho no Herald-Tribune, Esquire e em outros veículos.
Isso foi o que Wolfe chamou de Novo Jornalismo, no qual alguns jornalistas e ensaístas experimentaram uma variedade de técnicas literárias, misturando-as com as tradicionais ideias de imparcialidade jornalística. Um dos mais notáveis exemplos dessa ideia é The Electic Kool-Aid Acid Test, escrito por Wolfe. O livro, uma narrativa das aventuras dos Merry Pranksters, grupo de pessoas que acompanhavam o escritor Ken Kesey, também é notável pelo experimentalismo com o uso de onomatopéias, livre-associações e o uso pouco ortodoxo de pontuação - como vários pontos de exclamação finalizando a mesma frase e itálicos - para ilustrar textualmente as ideias excêntricas de Ken Kesey e seus seguidores.
Somado às suas próprias empreitadas nesse novo estilo jornalístico, Wolfe editou uma coletânea de novo jornalismo com E.W. Johnson, publicada em 1973 e intitulada simplesmente The New Journalism. Esse livro juntou o trabalho de escritores e jornalistas como Truman Capote, Hunter S. Thompson, Norman Mailer, Gay Talese, Joan Didion, entre outros, contendo, em comum, o tema de um jornalismo incorporado a técnicas literárias e que pudesse ser considerado literatura.
Em 1987, Wolfe lançou sua primeira obra de ficção, A Fogueira das Vaidades. Em seu estilo balzaquiano de vívida, impecável descrição de ambientes e personagens, e carregado de sátira, a épica obra de mais de 600 páginas escrita por Wolfe conta a história de Sherman McCoy, um negociador de títulos em Wall Street que se vê envolvido em uma espiral desastrosa de eventos ao se perder numa área perigosa do Bronx, junto com sua amante, e atropelar um rapaz negro. Um repórter alcoólatra e decadente percebe aí sua chance de investigar a história e tentar reabilitar sua própria carreira, às custas da desgraça de Sherman. O livro faz críticas a tudo e a todos: ricos, pobres, brancos, negros, o sistema judicial americano, a elite, entre outros, num abrangente panorama da década de 1980 até aquele momento. Em sua estréia no gênero romance, Wolfe foi amplamente aclamado pela crítica especializada, e A Fogueira das Vaidades se tornou um dos maiores best-sellers da década, considerado como o livro quintessencial da década de 1980. No ano seguinte ao seu lançamento, a Warner Bros. comprou os direitos para uma versão cinematográfica. Em 1990, Brian de Palma dirigiu a adaptação cinematográfica A Fogueira das Vaidades, numa megaprodução estrelada por Tom Hanks (como Sherman McCoy), Bruce Willis, Morgan Freeman e Melanie Griffith. Apesar dos nomes envolvidos e do orçamento de U$40.000,00, o filme se revelou um completo fracasso de bilheteria e de crítica.
Wolfe retornaria ao gênero ficção uma década depois, com Um Homem por Inteiro (1998).
Morreu aos 88 anos, em um hospital em Nova Iorque. Sua morte foi confirmada por seu agente, Lynn Nesbit, que disse que Wolfe havia sido hospitalizado com uma infecção. Ele deixou a viúva Sheila e dois filhos, Alexandra e Tommy
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Livros fundamentais
Sangue nas Veias (2012)
Em “Sangue nas Veias” o autor visita inferninhos, entrevista imigrantes, strippers russas e fisiculturistas para retratar uma Miami repleta de conflitos culturais. A única cidade do mundo onde povos com línguas e culturas diferentes tomaram controle das urnas. Dilemas morais, limites éticos e conflitos étnicos formam a narrativa, talhada com precisão e humor ácido, característicos de um dos maiores escritores norte-americanos de todos os tempos.
Radical Chique e o Novo Jornalismo (2005)
O livro reúne alguns dos principais artigos e reportagens que Tom Wolfe publicou nas décadas de 1960 e 70. Na primeira parte, Wolfe narra as origens e o impacto da chegada de sua geração às redações americanas, que passou a empregar técnicas de ficção para fazer reportagens mais completas, intensas e envolventes. Em seguida, apresenta três textos clássicos desse novo gênero, entre eles o que dá nome ao livro: “Radical Chique”.
Um Homem Por Inteiro (1998)
O livro conta as histórias paralelas de três personagens: um magnata do mercado imobiliário, endividado até a alma, e em crise com o inevitável processo de envelhecimento; um bem-sucedido advogado negro, dividido entre a ambição e os antigos ideais do black power; e um rapaz branco, pobre e trabalhador, que descobre na filosofia estoica dos gregos antigos o antídoto moral contra os seus sucessivos fracassos.
A Fogueira das Vaidades (1990)
Em sua primeira obra de ficção, Tom Wolfe segue a trajetória trágica de Sherman McCoy, jovem executivo de 38 anos. Ao atropelar Henry Lamb, um jovem negro do Bronx, McCoy se torna vítima da polícia, da justiça, da mídia e da família. “A Fogueira das Vaidades” narra sua via-crucis. O preço da difícil convivência entre a extrema riqueza, a extrema pobreza e as convenções muito particulares que as regem.
Os Eleitos (1979)
Tom Wolfe sempre acreditou que tanto para realizar ficção como não-ficção é necessário fazer reportagem. Em “Os Eleitos”, ele reproduz a história dos pilotos de provas que se transformaram nos astronautas do primeiro projeto espacial americano. Ao usar os mais sofisticados recursos literários, o autor mostra como a matéria jornalística pode ser lida com a fluidez de um romance envolvente.
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Os visionários, de Ivan Finotti.
Sobre o atualíssimo livro
RADICAL CHIQUE E O NOVO JORNALISMO
Taí um livro indispensável para qualquer interessado no papel do jornalista na mídia. Tom Wolfe foi um dos criadores, ao lado de Gay Talese e Truman Capote,do chamado Novo Jornalismo, movimento não-organizado que despontou nos Estados Unidos no início dos anos 60. O barato era noticiar, fazer perfis ou descrever eventos usando técnicas do romance. As reportagens podem ser lidas como contos, como se vê nas três reunidas em Radical Chique. Wolfe, que ficou conhecido no Brasil pela ficção Fogueira das Vaidades, usa muitas onomatopéias, pontuações diferentes e parágrafos sem nexo aparente em que busca reproduzir o fluxo de pensamento do retratado. Além das reportagens/contos, os quatro primeiros capítulos do livro traçam a história do início do Novo Jornalismo. São, em vários momentos, mais interessantes que os três pratos principais.
• Na primeira reportagem do livro, chamada O Último Herói Americano, Tom Wolfe levanta a história de Junior Johnson, um ex-contrabandista de bebidas. Com seu carango envenenado, ele fugiu tanto da polícia pelas estradinhas do sul dos Estados Unidos que virou o maior corredor de Stock-Car do país.
• Em A Garota do Ano o autor faz um perfil de Jane Holzer, jovem socialite descolada que conhece todo mundo que interessa na época: do artista plástico Andy Warhol aos integrantes do Rolling Stones.
• Radical Chique é o nome da última e maior reportagem, em que Wolfe descreve a moda do engajamento político que assolou os “ricos de esquerda” de Nova York na segunda metade dos anos 60. Eles faziam reuniões em seus duplex de Manhattan para ouvir radicais como os negros do grupo Panteras Negras discursarem sobre a opressão branca.