Não foram fáceis ou últimos 40, 50 dias. Imaginei que já tinha passado
por tudo, mas me enganei feio. Tão enganado que comecei a escrever um
livro, "Algumas Vidas", sobre períodos maravilhosos da minha vida e
outros nem tanto.
Babaquara, não reparei que este ano
começou com sinais estranhos no meu dia-a-dia. Vários exemplos. Há
muitos anos que não era mais o dromedário, que tinha prazer em caminhar
por toda Porto Alegre. MEU!! Eu não estava caminhando 200 metros!!
Conseguia me sentir mal numa sessão santa de hemodiálise. Dor nas pernas
constante. E uma maldita anemia que não me largava.
Entrei
em maio acreditando que os 71 estavam chegando para me revigorar. Mais
enganos. Estava dormindo mal, ainda mais cansado do que nos meses
anteriores e estava sempre brigando com meus fantasminhas. Estava tudo
errado.
Resolvi voltar ao setor de Transplantes da
Santa Casa para tentar um transplante de rim. Baterias de exames. Sem
comentar com ninguém, fui perdendo o que me restavam de forças. Estava
com a agilidade de um velhinho que vai namorar na Praça da Alfândega.
A
degringolada se deu na terceira sexta-feira de maio. Estava feliz por
fazer a diálise, mas eufórico demais. A Santa Doutora Juliana estranhou o
meu comportamento e pediu que o técnico de enfermagem Juliano tirasse
os meus sinais.
Não lembro detalhes, mas em
questões de minutos estava conhecendo a Emergência do Nora Teixeira.
Tentaram um cateterismo - e as tais molinhas. Nem tentaram porque o
coração do vô estava em frangalhos.
Veio um cara falar comigo:
- Teu caso é de cirurgia complexa Vão abrir o teu peito de cima a baixo.
Tentei argumentar: me liberem agora que volto na segunda.
Risadas.
Quando me dei conta estava de avental, deitado numa maca e entrando numa grande sala vermelha.
Bah,
uma velharia... não era um bom sinal. De repente começaram a tirar os
velhos da sala. E eu fico lá num campo. E entra uma velhinha respirando
muito mal.
Poucos minutos depois uma mulher diz:
- Ela não tem batimentos.
O médico puxa uma cortina e isola a coitada.
Me levam para Emergência.
Comecei
a receber injeções, comprimidos, oxigênio e me perguntam se estou com
fome. Comecei a chupar um canudinho e identifiquei um sabor de infância.
Era café com leite. Uns 30 minutos depois tive a mais violenta diarreia
da minha vida.
Acreditem, minha barriga sumiu.
Fralda. Não havia a menor chance de sair da maca. E falei pra todos que não usaria papagaio ou comadre.
Fiquei um pouco mais feliz porque estava me sentindo vivo de novo.
Apareceu um médico, a cara do Tulio Milman, com uns 20 anos a menos. Uma grande figura.
Na primeira noite saí da maca e fui caminhando ao banheiro. Uma enfermeira só faltou me surrar.
Bem, foram duas semanas na Emergência.
Indescritível.
Aí fui para um quarto do Hospital São Francisco. E me arrumarem para a cirurgia que seria se segunda seguinte.
Algo como 10 horas de cirurgia.
Fui feliz para a encrenca.
Acordei na UTI e não podia me mexer. Mais uma semana. Até que um médico me mandou para o quarto e mesmo sem caminhar fui para casa.
Ninguém consegue imaginar o que é a alegria de ir para casa.
Não desejo que um inimigo passe por isso porque tenho a pretensão de não ter inimigos.
Não
quero provar nada com esse relato. Apenas não sei se suportaria sem o
carinho da Rute, Gustavo e Xuly. E o apoio de todos os que são próximos
a mim.
Estou um fracote. Sem forças nas pernas, mas já estou tratando da anemia. E tomando uma
quantidade enorme de remédios.
Pelo que dizem os médicos vou estar em forma em novembro.
Não sei o que farei até lá. Talvez volte a escrever o Outras Vidas. Não sei.
Quando
estava na Emergência, fiquei sabendo que meu último vídeo no YouTube já
tinha passado de 60 mil views. UAUUUU! Descobri a pólvora!!
Pode ser que escreva um texto por dia e grave um ou dois vídeos por semana.
Sei,
sim, que quero continuar trabalhando (ajudando) meus irmãos, amigos e
torcedores. E sempre agradecido pelas orações e torcidas.
Continuo cada vez mais fiel a Iemanjá e Pai Ogum, meus protetores. Meus Anjos da Guarda.
MUITO OBRIGADO a todos.
Vocês me inspiram a viver!!
Beijos!!
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