Sexta 3 de julho de 2015



Atualizado diariamente ao meio dia.
Eventualmente, a tarde, notícias urgentes.




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ponto do dia



ATITUDE INADEQUADA


Uma amiga recebeu esta ameaça:


(clica em cima que amplia)






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ponto do dia - 2



SÓ UMA PERGUNTINHA:
O INSS NEGOCIA O ENDEREÇO DE APOSENTADOS?






Há tempos que leio ou escuto reclamações de pessoas que recebem cartinhas, telefonemas e emails com oferecimento de empréstimos. É assim: a pessoa se aposenta e no mês seguinte já começa a ser bombardeado.
Chegam a oferecer 10, 200 mil reais no sistema de "empréstimo consignado". Ou seja, o desconto é direto, a pessoa nem recebe a parcela.
E pelo que sei muita gente se enterra nessa "facilidade".
Tive um amigo, que já faleceu, que fez tantos empréstimos que ficou mais de um ano sem receber nada.
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No tempo em que os bingos estavam a mil, os velhinhos que viviam jogando, se enterraram muito.
É uma maldade o que estão fazendo com aposentados e pensionistas.
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O problema é que o INSS incentiva a prática.

INSS Empréstimo consignado
Aposentados e pensionistas tem direito a algumas facilidades na hora de realizar empréstimos. Uma delas é o empréstimo consignado do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social).
O empréstimo consignado é um empréstimo com pagamento indireto, cujas parcelas são deduzidas diretamente da folha de pagamento da pessoa física. Ele pode ser obtido em bancos ou financeiras.

Está na página do INSS!!
Olha lá: http://www.inssconsulta.com.br/inss-emprestimo-consignado




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ponto midiático




MUITO LEGAL!!


Luiza Zanchetta feliz:




E depois de quase uma década, o bom filho a Casa torna...Fique ligado que tem matéria no Jornal da Band!!!

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JUSTIÇA CONCEDE LIMINAR
EM FAVOR DOS ASSOCIADOS DA ACEG


A Associação dos Cronistas Esportivos Gaúchos – ACEG – tem, dentre as diversas atividades previstas no seu estatuto, a tarefa de credenciar os cronistas esportivos que cobrem os eventos nos estádios de futebol no Estado do Rio Grande do Sul.
Desde meados de setembro de 2014 a CBF vem tentando implementar um “Protocolo de Imprensa” para o campeonato brasileiro da série A e B em todo o país. Neste protocolo, por exemplo, são expostos os posicionamentos dos profissionais no campo de jogo, o número de profissionais que podem ingressar no gramado, distribuição de jalecos, e diversas orientações neste sentido, inclusive a questão do credenciamento dos profissionais.
Esta ingerência no credenciamento, implementada pela CBF, executando um credenciamento seletivo, fere frontalmente a Lei 9.615/98, denominada de Lei Pelé e que rege o esporte brasileiro, conforme o Art. 90-F.
Por esses motivos, no dia 06 de junho de 2015, a ACEG ingressou na justiça com um pedido de liminar que garantisse o seu trabalho de credenciamento em defesa dos seus associados, o que foi concedido de imediato.
A garantia desta liminar veio com a negativa da justiça, no dia 12 de junho de 2015, ao agravo impetrado pela CBF, e que foi negado pelo desembargador Otávio Augusto de Freitas Barcellos, remetendo a decisão final para análise do mérito.
Diante disto a ACEG é a única entidade autorizada a realizar o credenciamento dos profissionais de mídia nos eventos esportivos no Estado do Rio Grande do Sul.
Na noite desta quarta-feira, 01 de julho, o preposto de um terceirizado da CBF, durante a partida realizada na Arena, entre Grêmio e Cruzeiro, determinou a retirada do gramado, de forma injustificada, do repórter da rádio Independente de Lajeado, Leandro Schabbach, enquanto o mesmo realizava seu trabalho. O repórter já registrou ocorrência policial na 4ª Delegacia de Polícia Distrital, em Porto Alegre-RS.
Tratou-se de um claro desrespeito à ACEG, aos profissionais da crônica esportiva gaúcha e até mesmo à decisão judicial.
A ACEG, prestou toda a assistência ao seu associado, colocando inclusive seu departamento jurídico à disposição do profissional.

Porto Alegre, 02 de julho de 2015.

Diretoria da ACEG

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ESPERO PARA BREVE


Aos poucos, as pessoas que sabem escrever vão perdendo a timidez e publicam livros.
O último foi o advogado Léo Iolovith, com o extraordinário "Descendo da Nuvem".
Sei que o livro do jornalista Flávio Dutra está pronto e vai lançar em breve.
Fernando Albrecht, o "Senhor Página 3" dos jornais? Quase perdi a esperança.
Paulo Motta? Não sei. Incógnita.
Agora espero o do Gilberto Jasper, que edita o gilbertojasper.blogspot.com.br.
Leia a última história, "Pais, Filhos e Amigos". Confira esta, mas leia as demais. Ótimas.

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RECEITA MARAVILHOSA!
TORTA DE SUCRILHOS SOBERBA!




Ingredientes

500g de chocolate meio amargo (pode ser metade meio amargo e metade ao leite)
1 lata de leite condensado
1 lata de creme de leite (colocar na geladeira)
1/2 pacote de Sucrilhos
1/2 tablete de manteiga sem sal
300g de coco ralado
4 gemas

Modo de Preparo

Derreta o chocolate em micro-ondas ou em banho maria junto com a manteiga. Reserve um pouco de chocolate para decorar a torta pronta
Assim que o chocolate + manteiga tiverem formado uma massa homogênea, junte com o Sucrilhos. Deixe esfriar um pouco.
Forme um forma de fundo removível com papel alumínio ou papel manteiga e espalhe essa massa de chocolate com Sucrilhos no fundo da forma e nas laterais.
Levar para a geladeira.
Em uma panela, misture o coco ralado, o leite condensado e as gemas, mexendo bem até soltar da panela
Deixe esfriar um pouco e coloque em cima da massa de Sucrilhos com chocolate. Leve para a geladeira por 12 horas.
Retire a torta da geladeira e coloque-a em um prato
A parte, bata o creme de leite sem soro com 2 colheres de açúcar e espalhe por cima da massa de coco
Rale o restante do chocolate por cima, para enfeitar
Mantenha refrigerada e desinforme na hora de servir. Coma bem geladinha.

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APENAS COINCIDÊNCIA

A esposa do ex-árbitro de futebol e, hoje, comentarista da Rede Globo Leonardo Gaciba é funcionária da Federação Gaúcha de Futebol - FGF. Ela também foi nomeada pelo magnânimo dirigente da entidade para ser a supervisora de protocolo da CBF nos jogos do Brasileirão.


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E AINDA TEM QUE PAGAR


Nicole Bahls estreia programa sobre saúde e beleza na TV paga


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TRISTE

No dia em que terminou a TV2 Guaíba:







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ponto da fotografia




RUY GESSINGER NO FOGGY DAY IN PORTO ALEGRE


Despertei, saí do quarto, entrei no gabinete de trabalho de meu apartamento e abri a janela que dá para os jardins do Palácio e da Catedral.
Logo me lembrei da canção A Foggy day in London Town ( I was a stranger in the city / Out of town where the people I knew / I had the feeling of self-pity / What to do? what to do?).
Em seguida me lembrei que os radialistas, em sua maioria, iriam dizer que isso que eu estava vendo era " tempo feio".
Ora, ora, pensei. Como alguém pode achar  a neblina feia?
A neblina nos acalma, nos faz saborear  com vagar a madrugada e a manhã.
Nem todos os dias as manhãs têm obrigação de sorrir, de mostrar as canjicas.
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A propósito.
Pergunta: por que as meninas não tiram mais fotos serenas e sérias? Que coisa linda um rosto de mulher suave, lábios  levemente entreabertos, e o sorriso brilhando nos olhos.
Só nos olhos...








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ponto do vídeo





JERRY LEE LEWIS



1958:




Trecho do filme:





2015





O filme completo: A FERA DO ROCK







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ponto g




HOLYWOOD? LÁ VOU EU!

A Oi está lançando uma promoção em suas lojas próprias de Porto Alegre, nos Shoppings Iguatemi, Praia de Belas, Total e nas duas lojas no Centro, na rua dos Andradas, nº 1432 e rua dos Andradas, nº 1273 – conj. 5 e 6, para comemorar as férias de julho, em parceria com a LG.
Com o mote “Cinema, pipoca e você em Holywood”, a promoção prevê o sorteio de uma viagem para Hollywood com direito a 2 passagens, 5 noites de hospedagem, tour, seguro viagem e um cartão de crédito com US$ 500 para ajuda de custo.
Para participar do sorteio, basta comprar um smartphone LG. A promoção prevê ainda a distribuição de ingressos de cinema para quem habilitar um plano pós-pago da Oi.

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NEM ISSO É CRISE

Do UOL:

Na quarta passada, o Plano Real completou 21 anos.
Segundo o matemático financeiro José Dutra Vieira Sobrinho, a inflação acumulada de 1/7/1994 até 1°/7/2015, medida pelo IPCA, é de 402,4% (considerando um IPCA estimado em 0,7% em junho de 2015).
Em decorrência desse fato, a cédula de R$ 100 perdeu 80,1% do seu poder de compra desde o dia em que passou a circular.
Apesar de o valor de face da cédula indicar R$ 100, o poder de compra da nota atualmente é de apenas R$ 19,90.  "O valor da moeda foi reduzido a um quinto nesses 21 anos", diz Vieira Sobrinho.


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PAPAI NOEL CHEGA ANTES!







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ponto da piadinha









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ponto final




BARDOT E OUTRAS







Tinha 10 anos quando fui a primeira vez ao teatro. Meus pais me levaram num sábado à tarde para ver My Fair Lady e lembro que um dos atores era o Augusto César Vanucci. Achei o palco imenso, as roupas bonitas, muita cantoria, mas nada que me impressionasse. Na saída lamentei não estar no pátio do edifício em que morava brincando com meus amigos.
Mais tarde assisti a outras produções, aquelas em que as professoras levam as turmas e, invariavelmente, são peças medíocres.
A minha relação (hoje, essa palavra é muito difícil de ser usada) com o cinema foi diferente. Vi todos os grandes filmes do final da década de 50 e início de 60, culminando com Ben-Hur. A cada final de semana azucrinava a minha mãe para que me levasse novamente. Sempre que sobrava alguém lá em casa pedia para que me levasse ao cinema. Gostava muito, também, das chanchadas.
Num final de tarde, meu irmão chegou em casa e me convidou para ir ver um filme. O Rolls Royce Amarelo. Chegamos e o filme já tinha começado e, no intervalo, esperamos para conferir o início. Passou aquele jornal e aí vieram os trailers. Estava meio distraído, quando iniciaram cenas de um filme preto-e-branco. E uma loira linda aparece nua. Meu irmão me cutucou:
- É a Brigitte Bardot.
O filme era E Deus Criou a Mulher.
Jamais tinha visto uma mulher nua e hoje concluo que foi um privilégio ela ter sido a primeira.
Quando chegou na parte que já tínhamos visto, meu irmão me puxou pelo braço. Tentei convencê-lo a ficarmos para ver aquela mulher de novo, mas não teve jeito.
Passaram-se os anos e estava em São Paulo. Umas primas me convidaram para ir ao cinema no Shopping Iguatemi. Era um filme proibido para menores de 18 anos e eu com pouco mais de 14 só poderia contar com a minha altura para entrar na sala. Na confusão, entrei.
Era um drama intimista, chatíssimo, mas no final a atriz Mia Farrow, uma pós-adolescente linda de cabelos loiros, mostra os seios. Uau!
O cinema me pegou!
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Naqueles tempos, final da década de 60, tinha uma instituição respeitada, a carteira de estudante. Pagávamos meia entrada, por exemplo, nos cinemas. O problema não era a carteirinha, porque os colégios eram obrigados a oferecer. O problema era ter 16, 17 anos e não conseguir entrar nos filmes que eram proibidos para menores de 18 anos. Uma simples cena com uma mulher de biquíni ou a sugestão de uma cena de amor eram motivo para tornar o filme “para adultos”. Coisas de militares, que comandavam a censura oficial.
Estava morando em São Paulo e no colégio em que estudava um amigo encontrou numa sala abandonada uma grande caixa com carteiras de estudante intactas. Montamos um plano e invadimos o local. Peguei cinco.
Logo depois vim de mudança para Porto Alegre. Na camufla preenchi uma e me arrisquei num cinema perto de casa, o ABC. O porteiro olhou a carteira e nem desconfiou de nada. Estava em cartaz Os Paqueras, filme de Reginaldo Faria.
Para os que torcem o nariz para o cinema que era feito naquele tempo, dou alguns nomes do elenco: além de Reginaldo, Walter Forster, Leila Diniz, Darlene Glória, Adriana Prieto, Irene Stefânia, José Lewgoy, Fregolente, Marina Montini, Maria Pompeu, Milton Gonçalves, Rita Lee, Ary Fontoura, Os Mutantes e muitos outros.
Vi Os Paqueras, por baixo, umas cinco vezes. Uma história simples, mas bem amarrada. Hoje faria sucesso também. O filme se encerra com uma música de Os Mutantes: “Hoje vou sair de casa / Vou levar uma mala cheia de ilusões”. Roberto Carlos, Caetano e Gilberto Gil estão também na trilha sonora.
Comprava o Correio do Povo de domingo, quando ainda era standard, para conferir os lançamentos de segunda – naquele tempo os lançamentos sempre eram no início da semana. P.F.Gastal, o responsável pela página, dava uma sinopse dos filmes. Toda semana tinham dois, três lançamentos que queria conferir.
E grana para isso? Tinha que enrolar alguém lá em casa para conseguir dinheiro. E, bom de desculpas, sempre conseguia.
Nos primeiros meses só queria ver sacanagem. Mas nessa fissura, comecei a ver alguns Bergmann, Scola, Fellini, Glauber, entre muitos outros. Vi, por exemplo, Brasil Ano 2000, de Walter Lima Jr., que foi premiado em Berlim e Cartagena. Uma história muito louca que tem no elenco Gal Costa e Raul Cortez.
A história é, em resumo, essa: em 2000, o Brasil está devastado pela Terceira Guerra Mundial. Uma família de imigrantes chega a uma pequena cidade. O trio é recrutado por um indigenista para fingir-se de índios durante a visita de um general. No dilema entre integrar-se ao sistema ou preservar a liberdade individual, colaborar com a farsa ou denunciá-la, a família entra em processo de desagregação enquanto a cidade se prepara para o lançamento de um foguete. Loucura!
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O regime militar, que desmandou no Brasil a partir de 1964, fez muito mal também para os adolescentes. Nunca vi um estudo a respeito, tipo “a moral da ditadura militar e os efeitos no adolescente brasileiro”. Imagine, por exemplo, que as escassas revistas de mulher pelada e os catecismos do Zéfiro eram vendidos nas bancas como, hoje, se vende um papelote de cocaína.
A polícia civil era orientada para reprimir as meninas que ofereciam seus serviços nas ruas e as boates especializadas em sexo eram sempre vítimas das batidas repressoras. Estas eram duas opções que tínhamos para iniciarmos e prosseguirmos em nossa vida sexual. Muito raramente se conquistava uma doméstica, por exemplo – não me chamem de politicamente incorreto, porque era assim mesmo. E em todo colégio e num bairro tinha sempre uma garota de “má fama”, que já tinha deitado com o fulano e quem sabia não deixava a coitada em paz.
O cinema era uma alternativa para celebrarmos Onã, o nosso anti-herói bíblico. O curioso é que as idas aos cinemas eram solitárias, evitavam-se os grupos – sei lá, por vergonha, talvez, de estar gastando dinheiro em filmes de mulher pelada.
De qualquer forma, nos filmes nacionais conferi Pepita Rodrigues, Adriana Prieto, Rosana Ghessa, Aldine Muller, Matilde Mastrangi, Claudete Joubert, entre muitas outras. Nus discretos, sem pêlos pubianos, mas os censores permitiam a visão do bumbum e dos seios. Ato sexual, não, de jeito nenhum.
Quando ia de férias a Montevidéu lavava a alma. Lá, filmes de sacanagem completamente liberados. Filmes suecos, dinamarqueses e mesmo americanos. Dizia na casa de meus tios, que moravam no centro da cidade, que iria dar uma volta e procurava, ansioso, um bom filme de sacanagem. Além de prestar muita atenção no filme, lia as legendas em espanhol.
Entendia tudo, só uma palavrinha me pegava: aunque. Que raio era isso? Jamais perguntei a alguém que falasse espanhol, de birra. Teria que descobrir vendo outros filmes. E cada vez me confundia mais.
Para quem não sabe, aunque é “ainda que”. Pensando bem, é muita sofisticação para um filme de sacanagem, não?
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No final da década de 60 e por todos os anos 70 assisti a muitos filmes de sacanagem, de todas as nacionalidades. Lembro até de um filme grego, preto-e-branco, com cenas de nu acima da média e que deve ter passado pela severa censura por um descuido. Além dos brasileiros, os melhores eram os italianos e franceses – estes, mais chatos, sempre tinham uma “mensagem” entre uma mulher pelada e outra.
Claro que a minha vida sexual na pós-adolescência não se restringia ao que via nos cinemas e, depois, na lembrança das cenas mais tórridas. Creiam, aprendi alguma coisa nas telas. Não me tornei um amante irrepreensível, mas aprendi “carinhos na amada”, vamos dizer assim, que não imaginava.
Quando entrei na Faculdade de Filosofia, lá por 1974, estava completamente louco por cinema. Tanto que fiz até um curso de direção com o Jefferson Barros, um dos mais respeitados críticos de cinema de Porto Alegre.
Já tinha uma filmadora Super 8 e produzia curtas tendo os amigos como atores. Fiz vários e tenho ainda guardadas três “jóias”, em VT. Por incrível que pareça, nenhum com cenas de sacanagem – todos com um certo humor.
Os atores? Lembro de dois: Jaime Cimenti, hoje advogado e jornalista, e  o Homero, que estudava no Colégio Militar, e hoje é oficial do Exército.
A fissura era tanta que o Jaime Cimenti e eu fomos a um dos primeiros festivais de Gramado. Dormíamos no carro e a fome, quando não filávamos uma boca-livre, era liquidada com um prosaico sanduíche de mortadela. Imagine, conversamos com Roberto Faria, Stephan Nercessian, Rose Di Primio entre muitos outros.
Vi todos os ciclos de filmes russos, italianos, franceses. Sim, vi todos os ciclos históricos. Às vezes dormia, porque só podia conferi-los à noite e uma poltrona confortável era mortal para quem acordava pouco depois das seis horas da manhã.
A fissura pelo cinema foi diminuindo quando surgiram outras responsabilidades e que também mexiam comigo. O jornalismo, a política, os livros de filosofia e a literatura, de um modo geral, me fascinavam. Fora as revistas e jornais. De qualquer forma, pelo menos uma vez por semana conferia um filme.
Fugia, como o diabo da cruz, de filmes intimistas, por exemplo. Não tinha mais paciência. Vez que outra, para não perder o hábito, um de sacanagem. Lembro da série Emanuelle. Fazia parte de uma turma, uma meia dúzia de grandes amigos, que durante a semana eram profissionais seriíssimos e nas tardes de sábado se transformavam: procurávamos avidamente uma sacanagem para assistir. Na mesma noite, um “filme sério” com a namorada.
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Outro dia não conseguia dormir e fui para a frente da TV. Fiquei passando canal por canal e até que parei num filme no Canal Brasil. A cena mostrava uma lourinha e levantei o som para conferir a voz da gracinha. Era ela: Carla Camurati. Nova cena e ela está numa praia, pelada. Aí me veio a imagem dela dando entrevistas, hoje, sobre os filmes que dirige, com um aspecto meio sujo, de “intelectual do cinema brasileiro”.
Os Bons Tempos Voltaram: Vamos Gozar Outra Vez, uma comédia brasileira de 1984. São dois episódios dirigidos por Ivan Cardoso e John Herbert. Os roteiros de Daniel Mas e Miguel Paiva. Fotografia de Carlos Reichenbach e Carlos Egberto Silveira.
É uma abobrinha com toques de sacanagem – mulher pelada, simulação de sexo, essas coisas – financiada pela falecida Embrafilme.
Chama a atenção o elenco de “atores-cabeça” assim como estão aí acima os dirigentes e autores, hoje, famosos e de grande reputação profissional, que devem ter ganho uma grana muito boa nos estertores da ditadura militar. A Embrafilme liberava o que pediam.
Confiram os atores: Carla Camurati, Paulo César Grande, Pedro Cardoso, Alexandre Frota, Leiloca, Zezé Macedo, Andréa Beltrão, Wilson Grey, José Lewgoy, Consuelo Leandro, Tania Boscoli, John Herbert e Carlos Imperial.
E mais: Marcos Frota, Kátia Lopes, Vanessa Alves, Maria Luíza Castelli, Kátia Spencer, Lídia Bizzochi, Taumaturgo Ferreira, Marcos Favoretto, Vera Zimmerman e Dionísio Azevedo.
É mole? É um elenco imenso, tem muito mais gente e o pessoal da produção ocuparia laudas e mais laudas.
Fiquei vendo a obra até o final, mais de duas da manhã, quase sem som. Uma sacanagem sadia, umas piadas bobas, e uma história simplória. Tudo para mostrar as atrizes peladas, nada mais.
Comecei a viajar e lembrei da época.
Rolava uma sacanagem muito sadia, que começou no final dos anos 60, passou pelos 70 e encerrou-se nos anos 80. Ninguém tinha vergonha ou medo de namorar, de transar e como diria mais tarde o Tim Maia, só não valia homem com homem e mulher com mulher. Claro que existia, mas muito pouca gente levava livre viadagens e sapatices.
Era mesmo homem com mulher e mulher com homem.
E esse sentimento geral, de que sexo e amor se confundia, passou para toda a sociedade. Só para lembrar, as TVs podiam mostrar mulheres e até mesmo homens praticamente pelados e não havia “repressão”, não havia ridículas campanhas contra a “baixaria na TV”. O símbolo, me desculpem, são as chacretes, criadas pelo Abelardo Chacrinha Barbosa.
Não havia este moralismo ridículo e decadente, que condena os peitinhos da Arósio na novela das oito. A família brasileira não ficava indignada com uma mulher seminua.
Tenho muita pena porque esses tempos liberais não voltarão e as novas gerações não terão a oportunidade de viver tempos de amor e sexo, sem preocupações.
A Aids pôs fim à troca de parceiros, nos anos 80.
Os bons tempos não voltam mais.
Infelizmente para quem não os viveu.
Eu vivi.


6 comentários:

  1. Belo e evocativo texto sobre cinema. Vale uma tese - Cinema e Adolescência e me fez lembrar as matinés do Ritz. onde assisti a todos os filmes do Elvis e a Lawrence da Arábia, meu filme preferido que volta e meia reprisam nos canais fechados.

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    1. Cinema Ritz, na Protásio Alves em frente a igreja do Seu Sebastião e do edifício do Pedro Simon e das irmãs onde havia ou ainda há a Loja Salem de uma das irmãs desse turco. Fui criado em Petrópolis e lembro muito bem do cinema Ritz onde assisti um filme com uma coroa. Eu tinha 16 anos e nos esprememos durante toda a sessão ao final da qual 'aquilo' me foi negado. Passei uma semana com dores nos testículos. Guri já sofria naquele tempo. Hahaha...

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  2. O enterro desta era foi ver a rainha da geração saúde morrer de aids, Claudia Magno.

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  3. Aos cachorreiros, vamos distribuir comida pra os cuscos e vamos ver o que este sindico de merda faz?
    Diz o CPF do sindico que a gente denuncia pro os órgãos competentes, quem sabe uma "revisão" na sua declaração ele não cala a boca

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  4. Pois é Prévidi, nem sei qual a graça pra geração de hoje no que tange a ver sexo na grande mídia, visto que eles não enfrentam dificuldades pelas quais as gerações pré-internet passaram.
    1 - As primeiras revistas pornôs que me vieram às mãos - ...como esquecer? - foram a Ele/Ela com a Monique Evans e a Playboy com Cristiane Torloni...isso que um conhecido meu na época trabalhava numa banca de revistas - quando boa parte delas tinham aqueles formatos esféricos...parecendo uma enorme bola de gude com duas aberturas laterais, kkkkk...e ele me conseguiu, caso contrário, levaria mais um tempinho para que pudesse tê-las em mãos;
    2 - Problemas no cinema pra assistir determinado filme cuja classificação etária era para uma idade acima da minha? No meu caso foi em 1984 com o 'Embalos de Sábado à Noite', (c/ o John Travolta) no Cine Vitória (Andrades Neves c/ Borges de Medeiros) quando eu tinha 14 anos recém completados, mas o filme era pra 16 anos...o cara que ficava junto a catraca me mediu de alto a baixo no momento que lhe passava o ticket e sentenciou: "Mas tu não tem 16!"
    Eu, entre assustado, nervoso e ainda tendo que lidar c/ uns 200 batimentos por minutos do coração, pra tentar aparentar indignação pra poder soltar um: "Ah pára! O senhor é o primeiro a duvidar da minha idade".
    Ele: "Quero ver o RG!"
    Eu (os batimentos agora já passando dos 300 bpm...kkkkk): "RG? Mas claro que não trouxe, porque saí de casa só pra assistir esse filme e já disse que nunca tive problemas no cinema com idade!".
    Nisso os que estavam atrás de mim na fila - enorme, diga-se de passagem, pois era no 'horário nobre', isto é, sessão das 16hs de um sábado - começavam a reclamar...muitos já gritavam: "Deixa o cara passar! Tá na cara que ele tem 16 anos, porra!" Nisso, o cara da catraca me pergunta a queima-roupa (tenho certeza que qualquer hesitação e eu seria definitivamente barrado): "Que ano que tu nasceu?"
    Eu, respondendo de bate-pronto e tentando aparentar estar mais indignado ainda: "1968, porra!"
    Ele, sem esconder risinho de canto de lábio: "Tá, tá...passa...passa...", certamente pensando: "Pelo menos esse guri é rápido no raciocínio em matemática" Kkkkkkkkk

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  5. Faz muitos anos que abandonei o ramo imobiliário, mas me pergunto se o passeio que está junto ao leito da rua e assim fora da área do condomínio está sujeito as normas condominiais. Essa “advertência” é indigna de quem tenha feito pelo menos o primeiro grau. Não estando dita advertência assinada se presta, penso, a ser usada eventualmente para a higiene anal.

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