NÃO LEVE A SÉRIO
QUEM NÃO SORRI!
CHEGA DE MACHÕES ANÔNIMOS
Todos podem fazer críticas, a mim, a qualquer pessoa ou instituição. Desde que SE IDENTIFIQUE. Não apenas com o primeiro nome. Claro que existem pessoas que conheço e que não necessito dessas informações. MAS NÃO VOU PUBLICAR CR[ÍTICAS FEROZES OU BRINCADEIRAS DE PÉSSIMO GOSTO. NADA DE OFENSAS, NEM ASSINANDO!!
E não esqueça: mesmo os "comentaristas anônimos" podem ser identificados pelo IP sempre que assim for necessário. Cada um é responsável pelo que escreve.
especial
Nesta sexta, uma cesta
de José Saramago!
Sobre o livro sagrado, eu costumo dizer: lê a Bíblia e perde a fé!
Não sou um ateu total, todos os dias tento encontrar um sinal de Deus, mas infelizmente não o encontro.
Para temperamentos nostálgicos, em geral quebradiços, pouco flexíveis, viver sozinho é um duríssimo castigo.
Marx nunca teve tanta razão como hoje (15/06/2008)
Há coisas que nunca se poderão explicar por palavras.
José Saramago
José de Souza Saramago nasceu em 16 de novembro de1922, em uma família de camponeses, na aldeia de Azinhaga na província do Ribatejo, em Portugal. Exerceu diversas profissões - serralheiro, desenhista, funcionário público, editor e jornalista - antes de se dedicar apenas à literatura.
Seus pais José de Sousa (1896–1964), policial, e Maria da Piedade (1898–1982). Viveu a maior parte de sua vida em Lisboa, para onde a família se mudou em 1924.
A origem do Saramago? É uma planta herbácea com flor. No registo de nascimento de José, o funcionário do cartório registrou a criança com o apelido pela qual se conhecia a família.
Entre várias premiações, ganhou o Prêmio Camões (1995) e o Nobel de Literatura (1998), o primeiro - e único - concedido a um escritor de língua portuguesa.
Dificuldades econômicas impediram José Saramago de fazer os estudos. Formou-se numa escola técnica e teve o seu primeiro emprego como serralheiro mecânico.
Aos 25 anos, publica o primeiro romance Terra do Pecado (1947).
No mesmo ano de nascimento da sua filha, Violante dos Reis Saramago, fruto do primeiro casamento com Ilda Reis — com quem se casou em 1944 e com quem ficou até 1970. Nessa época, Saramago era funcionário público. Viveu, entre 1970 e 1986 com a escritora Isabel da Nóbrega.
Em 1988, casou com a jornalista e tradutora espanhola María del Pilar del Río Sánchez, que conheceu em 1986 e ao seu lado ficou até morrer. Em 1955 e para aumentar os rendimentos, começou a fazer traduções de Hegel, Tolstói e Baudelaire, entre outros.
Depois de Terra do Pecado, Saramago apresentou ao seu editor o livro Clarabóia que, depois de rejeitado, permaneceu inédito até 2011. Continuou insistindo até que 19 anos depois, funcionário da Editorial Estudos Cor, troca a prosa pela poesia, lançando Os Poemas Possíveis.
Num espaço de cinco anos, publica, sem alarde, mais dois livros de poesia: Provavelmente Alegria (1970) e O Ano de 1993 (1975). É quando troca também de emprego, abandonando a Estudos Cor para trabalhar no Diário de Notícias e, depois, no Diário de Lisboa.
Em 1975, retorna ao DN como diretor-adjunto, onde permanece por dez meses, até 25 de novembro quando os militares portugueses intervêm na publicação (reagindo ao que consideravam os excessos da Revolução dos Cravos) demitindo vários funcionários. Demitido, Saramago resolve dedicar-se apenas à literatura, substituindo de vez o jornalista pelo ficcionista:
"(…) Estava à espera de que as pedras do puzzle do destino — supondo-se que haja destino, não creio que haja — se organizassem. É preciso que cada um de nós ponha a sua própria pedra, e a que eu pus foi esta: "Não vou procurar trabalho", disse Saramago em entrevista à revista Playboy, em 1995.
Da experiência vivida nos jornais, restaram três livros: Deste Mundo e do Outro, 1971, A Bagagem do Viajante, 1973, As Opiniões que o DL Teve, 1974 e Os Apontamentos, 1976. Mas não são as crônicas, nem os contos, nem o teatro os responsáveis por fazer de Saramago um dos autores portugueses de maior destaque — esta missão está reservada aos seus romances, gênero a que retorna em 1977.
Três décadas depois de publicado Terra do Pecado, Saramago retornou ao mundo da ficção com Manual de Pintura e Caligrafia. Mas ainda não foi aí que o autor definiu o seu estilo. As marcas características do estilo "saramaguiano" só apareceriam com Levantado do Chão (1980), livro no qual o autor retrata a vida de privações da população pobre do Alentejo.
Dois anos depois de Levantado do Chão, surge o romance Memorial do Convento (1982), livro que conquista definitivamente a atenção de leitores e críticos. Nele, Saramago misturou fatos reais com personagens inventados: o rei D. João V e Bartolomeu de Gusmão, com a misteriosa Blimunda e o operário Baltazar, por exemplo. O contraste entre a opulenta aristocracia ociosa e o povo trabalhador e construtor da história servem de metáfora à medida da luta de classes marxista. A crítica brutal a uma Igreja ao serviço dos opressores inicia a exposição de uma tentativa de destruição do fenómeno religioso como devaneio humano construtor de guerras.
De 1980 a 1991, escreveu mais quatro romances: O Ano da Morte de Ricardo Reis (1985), sobre as andanças do heterônimo de Fernando Pessoa por Lisboa; A Jangada de Pedra (1986), em que se questiona o papel Ibérico na então CEE através da metáfora da Península Ibérica saindo da Europa e encontrando o seu lugar entre a velha Europa e a nova América; História do Cerco de Lisboa (1989), onde um revisor é tentado a introduzir um "não" no texto histórico que corrige, mudando-lhe o sentido; e O Evangelho Segundo Jesus Cristo (1991), onde Saramago reescreve o livro sagrado sob a óptica de um Cristo que não é Deus e se revolta contra o seu destino e onde, a fundo, questiona o lugar de Deus, do cristianismo, do sofrimento e da morte.
Nos anos seguintes, entre 1995 e 2005, Saramago publicou mais seis romances, dando início a uma nova fase em que os enredos não se desenrolam mais em locais ou épocas determinados e personagens dos anais da história se ausentam: Ensaio Sobre a Cegueira (1995); Todos os Nomes (1997); A Caverna (2001); O Homem Duplicado (2002); Ensaio sobre a Lucidez (2004); e As Intermitências da Morte (2005). Nessa fase, Saramago penetrou de maneira mais investigadora os caminhos da sociedade contemporânea, questionando a sociedade capitalista e o papel da existência humana condenada à morte.
A ida para Lanzarote conta mais sobre o escritor do que deixa transparecer a justificativa corrente (a medida censória portuguesa). Com o gesto de afastamento rumo à ilha mais oriental das Canárias, Saramago não apenas protesta ante o cerceamento, como finca raízes num local de geografia inóspita (trata-se de uma ilha vulcânica, com pouca vegetação e nenhuma fonte de água potável). A decisão tem um carácter revelador, tanto mais se se levar em conta que, neste caso, "mais oriental" significa dizer mais próximo de Portugal e do continente europeu.
Mesmo em dias de hegemonia do pensamento pró-mercado, Saramago guardava um olhar abrigado numa ilha europeia mais próxima da África que do velho centro da civilização capitalista. Sempre atento às injustiças da era moderna, vigilante das mais diversas causas sociais, Saramago não se cansava de investir, usando a arma que lhe coube usar, a palavra. "Aqui na Terra a fome continua, / A miséria, o luto, e outra vez a fome.", diz o eu lírico do poema saramaguiano "Fala do Velho do Restelo ao Astronauta" (do livro Os Poemas Possíveis, editado em 1966).
José Saramago foi conhecido por utilizar um estilo popular, em que a vivacidade da comunicação é mais importante do que a correção ortográfica de uma linguagem escrita. Todas as características de uma linguagem oral usada na dialética, na retórica e que servem ao seu estilo interventivo e persuasivo. Assim, utiliza frases e períodos longos, usando a pontuação de uma maneira não convencional; os diálogos das personagens são inseridos nos próprios parágrafos que os antecedem, de forma que não existem travessões nos seus livros.
Este tipo de marcação das falas propicia uma forte sensação de fluxo de consciência, a ponto do leitor chegar a confundir-se se um certo diálogo foi real ou apenas um pensamento. Muitas das suas frases ocupam mais de uma página, usando vírgulas onde a maioria dos escritores usaria pontos finais. Da mesma forma, muitos dos seus parágrafos ocupariam capítulos inteiros de outros autores.
Estas características tornam o estilo de Saramago único na literatura contemporânea, sendo considerado por muitos críticos um mestre no tratamento da língua portuguesa. Em 2003, o crítico norte-americano Harold Bloom, no seu livro Genius: A Mosaic of One Hundred Exemplary Creative Minds ("Gênio: Um Mosaico de Cem Exemplares Mentes Criativas", tradução livre), considerou José Saramago "o mais talentoso romancista vivo nos dias de hoje", referindo-se a ele como "o Mestre". Declarou ainda que Saramago é "um dos últimos titãs de um género literário que se está a desvanecer".
Saramago aderiu ao Partido Comunista Português em 1969, pertencendo à Organização dos Intelectuais de Lisboa do PCP, e tornando-se após a Revolução dos Cravos membro da então criada Célula dos Escritores do Setor Intelectual de Lisboa. Nas eleições autárquicas de 1989 foi candidato pelo Partido Comunista na lista da coligação Por Lisboa, sendo eleito presidente da Assembleia Municipal de Lisboa. Em todas as eleições europeias desde 1987, quando Portugal integrou a União Europeia, até 2009, última eleição antes do seu falecimento, José Saramago foi candidato a deputado no Parlamento Europeu pela Coligação Democrática Unitária, tendo posições que tornavam impossível a sua eleição.
Saramago encontrou sempre fortes críticas e oposição na Igreja Católica, facto pelo qual ele se refere a esta como "fascista" com frequência. Alguns protestantes (ou evangélicos) já declararam publicamente apoiar a liberdade de expressão do autor. E essa relação de tensão com a Igreja Católica é agravada devido à origem portuguesa de Saramago, local onde o catolicismo é muito forte e discuti-lo ainda é um tabu.
Devido à sua origem e a toda a influência cultural exercida pelo catolicismo, Saramago sente a necessidade de abordar a Bíblia no seus livros.
A interpretação que Saramago faz da Bíblia é a de que ela é um "manual de maus costumes", cheio de "um catálogo de crueldade e do pior da natureza humana", e que para uma pessoa comum para decifrar, precisaria ter "um teólogo ao lado". E cita para sustentar isso os episódios de violência relatados na Bíblia, como sacrifício de Isaque, a destruição de Sodoma ou a vida de Jó, por exemplo. Para Saramago, todos eles revelam que "Deus não é de fiar".
E Saramago diz, sobre a necessidade ou não da exegese, que tem que "interpretar a letra" do texto — um processo que, na interpretação bíblica, é chamado de literalista. E isso de modo algum impede que outra pessoa tenha a sua interpretação, ou que ele tente impor a sua interpretação como verdade absoluta. Muito pelo contrário, ele até mesmo estimula a leitura bíblica:
"Sobre o livro sagrado, eu costumo dizer: lê a Bíblia e perde a fé!"
Não deixa de reconhecer que a "Bíblia tem coisas admiráveis do ponto de vista literário" e "muita coisa que vale a pena ler", estando, dentre elas, os salmos, com páginas "belíssimas", o Cântico dos Cânticos, e a parábola do semeador contada por Jesus.
A relação de tensão de Saramago com a Igreja Católica cresceu fortemente após a publicação do livro O Evangelho Segundo Jesus Cristo em 1991, que foi adaptado para o teatro em 2001. O livro foi motivo de fortes críticas por parte de católicos que se consideraram ofendidos pela leitura secular que Saramago faz da personagem Jesus.
A Igreja Católica não gostou da atribuição do Prémio Nobel a Saramago e publicou no diário do Vaticano, L'Osservatore Romano: "Saramago é, ideologicamente, um comunista inveterado".
O lançamento do livro Caim (2009) voltou a suscitar "incompreensões, resistência, ódios velhos", conforme Saramago. "Desperto muitos anticorpos em certas pessoas", acrescenta, acusando várias vezes responsáveis da Igreja Católica (mas não protestantes ou judeus) de terem comentado o livro que ainda não leram — de facto, as pessoas foram instadas a comentar as declarações sobre a Bíblia, feitas por Saramago.
E, realmente, após o lançamento de Caim, várias vozes católicas se insurgiram contra Saramago. Ele foi acusado pelo padre José Tolentino Mendonça, diretor do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura, de fazer uma leitura "ingênua, ideológica e manipuladora" da Bíblia. O bispo do Porto, D. Manuel Clemente, afirmou que José Saramago "revela uma ingenuidade confrangedora quando faz incursões bíblicas" e, como "exigência intelectual, deveria informar-se antes de escrever".
Já o diretor da Faculdade de Teologia da Universidade Católica de Lisboa, Peter Stilwell, considera que "seria espantoso" que José Saramago encontrasse algo divino na Bíblia e sublinhou que o escritor escolheu o fratricida Caim e não Abel, a vítima.
O teólogo Anselmo Borges inicialmente afirmou que Saramago fez uma leitura "completamente unilateral" da Bíblia, que tem, como qualquer livro, de ser lida como um todo. Mais tarde, o teólogo declarou ter opinião formada sobre Caim: "Gostei do livro e até digo que é importante." Dá três razões para justificar a sua opinião: a "Bíblia é um livro aberto; há liberdade de interpretação e obriga os crentes a reflectir". Para o biblista Fernando Ventura, José Saramago tinha a exigência intelectual de se informar antes de escrever. O religioso capuchinho referiu que "a Bíblia pode ser lida por alguém que não tem fé, mas supõe alguma honestidade intelectual de quem o lê", e acusou Saramago de "uma falta gigantesca" dessa honestidade.
Sobre tais afirmações, Saramago, com sarcasmo, disse:
"Dizem que li a Bíblia com ingenuidade porque é necessário fazer uma interpretação simbólica, ou seja, aquilo que ali está escrito não tem sentido por si. E levou mil anos a ser escrito!".
Ainda sobre a alegação de "ingenuidade", respondeu: "Abençoada ingenuidade que me permitiu ler o que lá está e não qualquer operação de prestidigitação, dessas em que a exegese é pródiga, forçando as palavras a dizerem apenas o que interessa à Igreja. Leio e falo sobre o que leio".
O Papa Bento XVI, que em abril de 2009 já havia afirmado que "os estudiosos católicos não podem interpretar a Bíblia de uma maneira independente, nem de um ponto de vista científico ou individual", após o episódio ocorrido no lançamento de Caim voltou a afirmar publicamente que apenas a Igreja Católica pode interpretar a Bíblia.
Na sua passagem por Roma em 14 de Outubro de 2009, Saramago chamou o Papa Bento XVI, de "cínico", dizendo que a "insolência reacionária" da Igreja Católica precisa ser combatida com a "insolência da inteligência viva".
Dentre as suas principais declarações, estavam a de que o Papa tenha a coragem de invocar Deus para "reforçar o seu neomedievalismo universal, um Deus que ele jamais viu, com o qual nunca se sentou para tomar um café, mostra apenas o absoluto cinismo intelectual" dele. Não podemos permitir que a verdade seja ofendida todos os dias por supostos representantes de Deus na Terra, os quais, na verdade, só têm interesse no poder".
Após ter enfrentado fortes críticas com o lançamento do livro O Evangelho Segundo Jesus Cristo em 1991, mudou-se de Portugal para a Espanha. Pouco depois, o lançamento de Caim em 2009 voltou a render-lhe mais críticas.
O eurodeputado Mario David, falando em nome pessoal e assumindo-se católico não-praticante, disse ter vergonha de ser compatriota do escritor, e escreveu no seu blog, tendo-o repetido depois aos jornais, que Saramago devia renunciar à nacionalidade portuguesa. Apesar de tais declarações, o escritor esclareceu que jamais pensou em abandonar a cidadania portuguesa.
Em defesa de Saramago, a eurodeputada socialista Edite Estrela declarou que tais palavras de Mario David são inquisitórias.
Já Sousa Lara, sub-secretário de Estado adjunto da Cultura de Portugal em 1991, que então vetou o livro O Evangelho segundo Jesus Cristo de uma lista de romances portugueses candidatos a um prêmio literário europeu, em outubro de 2009 comparou Saramago com Berlusconi:
"Este senhor atingiu, não se percebe muito bem porquê, um patamar de impunidade que a humanidade concede, tipo Berlusconi. Há umas pessoas que podem dizer tudo, que podem fazer as coisas mais absurdas e as pessoas habituam-se a isso e não levam a mal. Só tenho pena que não enxovalhe, da mesma forma que enxovalhe o património católico, por exemplo os muçulmanos, porque esses não perdoam e vergam-lhes pela pele. Aí é mais difícil insistir muito numa gracinha reiterada contra a religião muçulmana. Calculo que depois não lhe corra bem o futuro depois".
O poeta Manuel Alegre, sobre tais acontecimentos, disse: "Isto é uma história portuguesa cheia de preconceitos e fantasmas. Em primeiro lugar é preciso ler o livro de José Saramago. Ele é um grande escritor, mas parece que não se perdoa a Saramago, ser um grande escritor da língua portuguesa, ser um Prémio Nobel e não ser um homem religioso". "Ele escreveu um livro, mas não vejo ninguém discutir o livro. Só vejo discutir as opiniões que com todo o direito ele expressou sobre a Bíblia". Conforme questiona Alegre, "As pessoas podem não estar de acordo com aquilo que ele diz, mas como é que se pode pôr em causa a seriedade de um homem que diz aquilo que pensa". Ele considera tais acontecimentos como "um preconceito" e "resquícios de dogmatismo". "Não lhe podem negar o direito de escrever um livro e também não se pode crucificar o Saramago por exprimir as suas opiniões e menos ainda por ser um grande escritor, e menos ainda por ser um Nobel". Finalizando, disse que "ao Saramago não se perdoa ser um português que se atreveu a ganhar o Prêmio Nobel da Literatura e que diz que não acredita em Deus".
Devido ao ocorrido, Saramago chegou até mesmo a propor dois novos direitos à Declaração Universal dos Direitos Humanos: o direito à dissidência e à heresia.
Saramago faleceu no dia 18 de junho de 2010, aos 87 anos, na sua casa em Lanzarote onde residia com a mulher Pilar del Rio. Foi vítima de leucemia crónica. Estava doente havia algum tempo e o seu estado de saúde agravou-se na sua última semana de vida.
O seu funeral teve honras de Estado, tendo o seu corpo sido cremado no Cemitério do Alto de São João, em Lisboa. As cinzas do escritor foram depositadas aos pés de uma oliveira, em Lisboa em 18 de junho de 2011.
OBRAS (Romances)
Terra do Pecado, 1947
Manual de Pintura e Caligrafia, 1977
Levantado do Chão, 1980
Memorial do Convento, 1982
O Ano da Morte de Ricardo Reis, 1984
A Jangada de Pedra, 1986
História do Cerco de Lisboa, 1989
O Evangelho Segundo Jesus Cristo, 1991
Ensaio Sobre a Cegueira, 1995
Todos os Nomes, 1997
A Caverna, 2000
O Homem Duplicado, 2002
Ensaio Sobre a Lucidez, 2004
As Intermitências da Morte, 2005
A Viagem do Elefante, 2008
Caim, 2009
Claraboia, 2011
Alabardas, Alabardas, Espingardas, Espingardas, 2014
Os livros de José Saramago estão traduzidos para o albanês, alemão, árabe, azerbaijano, bengali, búlgaro, cantonês, castelhano, catalão, checo, coreano, croata (alfabeto latino), dinamarquês, eslovaco, esloveno, esperanto, euskera, farsi, finlandês (suomi), francês, georgiano, grego, hebraico, hindi, holandês, húngaro, inglês, islandês, italiano, japonês, letão, lituano, malabar, malaio, mandarim, norueguês, polaco, romeno, russo, sardo, sérvio (alfabeto cirílico), sueco, tailandês, tamil, turco, ucraniano, valenciano e vietnamita.
Sorriso, diz-me aqui o dicionário, é o ato de sorrir. E sorrir é rir sem fazer ruído e executando contração muscular da boca e dos olhos.
O sorriso, meus amigos, é muito mais do que estas pobres definições, e eu pasmo ao imaginar o autor do dicionário no ato de escrever o seu verbete, assim a frio, como se nunca tivesse sorrido na vida. Por aqui se vê até que ponto o que as pessoas fazem pode diferir do que dizem. Caio em completo devaneio e ponho-me a sonhar um dicionário que desse precisamente, exatamente, o sentido das palavras e transformasse em fio-de-prumo a rede em que, na prática de todos os dias, elas nos envolvem.
Não há dois sorrisos iguais. Temos o sorriso de troça, o sorriso superior e o seu contrário humilde, o de ternura, o de cepticismo, o amargo e o irónico, o sorriso de esperança, o de condescendência, o deslumbrado, o de embaraço, e (por que não?) o de quem morre. E há muitos mais. Mas nenhum deles é o Sorriso.
O Sorriso (este, com maiúsculas) vem sempre de longe. É a manifestação de uma sabedoria profunda, não tem nada que ver com as contrações musculares e não cabe numa definição de dicionário. Principia por um leve mover de rosto, às vezes hesitante, por um frémito interior que nasce nas mais secretas camadas do ser. Se move músculos é porque não tem outra maneira de exprimir-se. Mas não terá? Não conhecemos nós sorrisos que são rápidos clarões, como esse brilho súbito e inexplicável que soltam os peixes nas águas fundas? Quando a luz do sol passa sobre os campos ao sabor do vento e da nuvem, que foi que na terra se moveu? E contudo era um sorriso.
A viagem não acaba nunca. Só os viajantes acabam. E mesmo estes podem prolongar-se em memória, em lembrança, em narrativa. Quando o visitante sentou na areia da praia e disse:
“Não há mais o que ver”, saiba que não era assim. O fim de uma viagem é apenas o começo de outra. É preciso ver o que não foi visto, ver outra vez o que se viu já, ver na primavera o que se vira no verão, ver de dia o que se viu de noite, com o sol onde primeiramente a chuva caía, ver a seara verde, o fruto maduro, a pedra que mudou de lugar, a sombra que aqui não estava. É preciso voltar aos passos que foram dados, para repetir e para traçar caminhos novos ao lado deles. É preciso recomeçar a viagem. Sempre.
Sempre chega a hora em que descobrimos que sabíamos muito mais do que antes julgávamos.
DA JUSTIÇA À DEMOCRACIA, PASSANDO PELOS SINOS
Por Jose Saramago
Começarei por vos contar em brevíssimas palavras um facto notável da vida camponesa ocorrido numa aldeia dos arredores de Florença há mais de quatrocentos anos. Permito-me pedir toda a vossa atenção para este importante acontecimento histórico porque, ao contrário do que é corrente, a lição moral extraível do episódio não terá de esperar o fim do relato, saltar-vos-á ao rosto não tarda.
Estavam os habitantes nas suas casas ou a trabalhar nos cultivos, entregue cada um aos seus afazeres e cuidados, quando de súbito se ouviu soar o sino da igreja. Naqueles piedosos tempos (estamos a falar de algo sucedido no século XVI) os sinos tocavam várias vezes ao longo do dia, e por esse lado não deveria haver motivo de estranheza, porém aquele sino dobrava melancolicamente a finados, e isso, sim, era surpreendente, uma vez que não constava que alguém da aldeia se encontrasse em vias de passamento. Saíram portanto as mulheres à rua, juntaram-se as crianças, deixaram os homens as lavouras e os mesteres, e em pouco tempo estavam todos reunidos no adro da igreja, à espera de que lhes dissessem a quem deveriam chorar. O sino ainda tocou por alguns minutos mais, finalmente calou-se. Instantes depois a porta abria-se e um camponês aparecia no limiar. Ora, não sendo este o homem encarregado de tocar habitualmente o sino, compreende-se que os vizinhos lhe tenham perguntado onde se encontrava o sineiro e quem era o morto. "O sineiro não está aqui, eu é que toquei o sino", foi a resposta do camponês. "Mas então não morreu ninguém?", tornaram os vizinhos, e o camponês respondeu: "Ninguém que tivesse nome e figura de gente, toquei a finados pela Justiça porque a Justiça está morta."
Que acontecera? Acontecera que o ganancioso senhor do lugar (algum conde ou marquês sem escrúpulos) andava desde há tempos a mudar de sítio os marcos das estremas das suas terras, metendo-os para dentro da pequena parcela do camponês, mais e mais reduzida a cada avançada. O lesado tinha começado por protestar e reclamar, depois implorou compaixão, e finalmente resolveu queixar-se às autoridades e acolher-se à proteção da justiça. Tudo sem resultado, a expoliação continuou. Então, desesperado, decidiu anunciar urbi et orbi (uma aldeia tem o exato tamanho do mundo para quem sempre nela viveu) a morte da Justiça. Talvez pensasse que o seu gesto de exaltada indignação lograria comover e pôr a tocar todos os sinos do universo, sem diferença de raças, credos e costumes, que todos eles, sem exceção, o acompanhariam no dobre a finados pela morte da Justiça, e não se calariam até que ela fosse ressuscitada. Um clamor tal, voando de casa em casa, de aldeia em aldeia, de cidade em cidade, saltando por cima das fronteiras, lançando pontes sonoras sobre os rios e os mares, por força haveria de acordar o mundo adormecido... Não sei o que sucedeu depois, não sei se o braço popular foi ajudar o camponês a repor as estremas nos seus sítios, ou se os vizinhos, uma vez que a Justiça havia sido declarada defunta, regressaram resignados, de cabeça baixa e alma sucumbida, à triste vida de todos os dias. É bem certo que a História nunca nos conta tudo...
Suponho ter sido esta a única vez que, em qualquer parte do mundo, um sino, uma campânula de bronze inerte, depois de tanto haver dobrado pela morte de seres humanos, chorou a morte da Justiça. Nunca mais tornou a ouvir-se aquele fúnebre dobre da aldeia de Florença, mas a Justiça continuou e continua a morrer todos os dias. Agora mesmo, neste instante em que vos falo, longe ou aqui ao lado, à porta da nossa casa, alguém a está matando. De cada vez que morre, é como se afinal nunca tivesse existido para aqueles que nela tinham confiado, para aqueles que dela esperavam o que da Justiça todos temos o direito de esperar: justiça, simplesmente justiça. Não a que se envolve em túnicas de teatro e nos confunde com flores de vã retórica judicialista, não a que permitiu que lhe vendassem os olhos e viciassem os pesos da balança, não a da espada que sempre corta mais para um lado que para o outro, mas uma justiça pedestre, uma justiça companheira quotidiana dos homens, uma justiça para quem o justo seria o mais exato e rigoroso sinônimo do ético, uma justiça que chegasse a ser tão indispensável à felicidade do espírito como indispensável à vida é o alimento do corpo. Uma justiça exercida pelos tribunais, sem dúvida, sempre que a isso os determinasse a lei, mas também, e sobretudo, uma justiça que fosse a emanação espontânea da própria sociedade em ação, uma justiça em que se manifestasse, como um iniludível imperativo moral, o respeito pelo direito a ser que a cada ser humano assiste.
Mas os sinos, felizmente, não tocavam apenas para planger aqueles que morriam. Tocavam também para assinalar as horas do dia e da noite, para chamar à festa ou à devoção dos crentes, e houve um tempo, não tão distante assim, em que o seu toque a rebate era o que convocava o povo para acudir às catástrofes, às cheias e aos incêndios, aos desastres, a qualquer perigo que ameaçasse a comunidade. Hoje, o papel social dos sinos encontra-se limitado ao cumprimento das obrigações rituais e o gesto iluminado do camponês de Florença seria visto como obra desatinada de um louco ou, pior ainda, como simples caso de polícia. Outros e diferentes são os sinos que hoje defendem e afirmam a possibilidade, enfim, da implantação no mundo daquela justiça companheira dos homens, daquela justiça que é condição da felicidade do espírito e até, por mais surpreendente que possa parecer-nos, condição do próprio alimento do corpo. Houvesse essa justiça, e nem um só ser humano mais morreria de fome ou de tantas doenças que são curáveis para uns, mas não para outros. Houvesse essa justiça, e a existência não seria, para mais de metade da humanidade, a condenação terrível que objetivamente tem sido. Esses sinos novos cuja voz se vem espalhando, cada vez mais forte, por todo o mundo são os múltiplos movimentos de resistência e ação social que pugnam pelo estabelecimento de uma nova justiça distributiva e comutativa que todos os seres humanos possam chegar a reconhecer como intrinsecamente sua, uma justiça protetora da liberdade e do direito, não de nenhuma das suas negações. Tenho dito que para essa justiça dispomos já de um código de aplicação prática ao alcance de qualquer compreensão, e que esse código se encontra consignado desde há cinqüenta anos na Declaração Universal dos Direitos Humanos, aquelas trinta direitos básicos e essenciais de que hoje só vagamente se fala, quando não sistematicamente se silencia, mais desprezados e conspurcados nestes dias do que o foram, há quatrocentos anos, a propriedade e a liberdade do camponês de Florença. E também tenho dito que a Declaração Universal dos Direitos Humanos, tal qual se encontra redigida, e sem necessidade de lhe alterar sequer uma vírgula, poderia substituir com vantagem, no que respeita a retidão de princípios e clareza de objetivos, os programas de todos os partidos políticos do orbe, nomeadamente os da denominada esquerda, anquilosados em fórmulas caducas, alheios ou impotentes para enfrentar as realidades brutais do mundo atual, fechando os olhos às já evidentes e temíveis ameaças que o futuro está a preparar contra aquela dignidade racional e sensível que imaginávamos ser a suprema aspiração dos seres humanos. Acrescentarei que as mesmas razões que me levam a referir-me nestes termos aos partidos políticos em geral, as aplico por igual aos sindicatos locais, e, em conseqüência, ao movimento sindical internacional no seu conjunto. De um modo consciente ou inconsciente, o dócil e burocratizado sindicalismo que hoje nos resta é, em grande parte, responsável pelo adormecimento social decorrente do processo de globalização econômica em curso. Não me alegra dizê-lo, mas não poderia calá-lo. E, ainda, se me autorizam a acrescentar algo da minha lavra particular às fábulas de La Fontaine, então direi que, se não interviermos a tempo, isto é, já, o rato dos direitos humanos acabará por ser implacavelmente devorado pelo gato da globalização econômica.
E a democracia, esse milenário invento de uns atenienses ingênuos para quem ela significaria, nas circunstâncias sociais e políticas específicas do tempo, e segundo a expressão consagrada, um governo do povo, pelo povo e para o povo? Ouço muitas vezes argumentar a pessoas sinceras, de boa fé comprovada, e a outras que essa aparência de benignidade têm interesse em simular, que, sendo embora uma evidência indesmentível o estado de catástrofe em que se encontra a maior parte do planeta, será precisamente no quadro de um sistema democrático geral que mais probabilidades teremos de chegar à consecução plena ou ao menos satisfatória dos direitos humanos. Nada mais certo, sob condição de que fosse efetivamente democrático o sistema de governo e de gestão da sociedade a que atualmente vimos chamando democracia. E não o é. É verdade que podemos votar, é verdade que podemos, por delegação da partícula de soberania que se nos reconhece como cidadãos eleitores e normalmente por via partidária, escolher os nossos representantes no parlamento, é verdade, enfim, que da relevância numérica de tais representações e das combinações políticas que a necessidade de uma maioria vier a impor sempre resultará um governo. Tudo isto é verdade, mas é igualmente verdade que a possibilidade de ação democrática começa e acaba aí. O eleitor poderá tirar do poder um governo que não lhe agrade e pôr outro no seu lugar, mas o seu voto não teve, não tem, nem nunca terá qualquer efeito visível sobre a única e real força que governa o mundo, e portanto o seu país e a sua pessoa: refiro-me, obviamente, ao poder econômico, em particular à parte dele, sempre em aumento, gerida pelas empresas multinacionais de acordo com estratégias de domínio que nada têm que ver com aquele bem comum a que, por definição, a democracia aspira. Todos sabemos que é assim, e contudo, por uma espécie de automatismo verbal e mental que não nos deixa ver a nudez crua dos fatos, continuamos a falar de democracia como se se tratasse de algo vivo e atuante, quando dela pouco mais nos resta que um conjunto de formas ritualizadas, os inócuos passes e os gestos de uma espécie de missa laica. E não nos apercebemos, como se para isso não bastasse ter olhos, de que os nossos governos, esses que para o bem ou para o mal elegemos e de que somos portanto os primeiros responsáveis, se vão tornando cada vez mais em meros "comissários políticos" do poder econômico, com a objetiva missão de produzirem as leis que a esse poder convierem, para depois, envolvidas no açúcares da publicidade oficial e particular interessada, serem introduzidas no mercado social sem suscitar demasiados protestos, salvo os certas conhecidas minorias eternamente descontentes...
Que fazer? Da literatura à ecologia, da fuga das galáxias ao efeito de estufa, do tratamento do lixo às congestões do tráfego, tudo se discute neste nosso mundo. Mas o sistema democrático, como se de um dado definitivamente adquirido se tratasse, intocável por natureza até à consumação dos séculos, esse não se discute. Ora, se não estou em erro, se não sou incapaz de somar dois e dois, então, entre tantas outras discussões necessárias ou indispensáveis, é urgente, antes que se nos torne demasiado tarde, promover um debate mundial sobre a democracia e as causas da sua decadência, sobre a intervenção dos cidadãos na vida política e social, sobre as relações entre os Estados e o poder econômico e financeiro mundial, sobre aquilo que afirma e aquilo que nega a democracia, sobre o direito à felicidade e a uma existência digna, sobre as misérias e as esperanças da humanidade, ou, falando com menos retórica, dos simples seres humanos que a compõem, um por um e todos juntos. Não há pior engano do que o daquele que a si mesmo se engana. E assim é que estamos vivendo.
Não tenho mais que dizer. Ou sim, apenas uma palavra para pedir um instante de silêncio. O camponês de Florença acaba de subir uma vez mais à torre da igreja, o sino vai tocar. Ouçamo-lo, por favor.
(O texto de José Saramago foi lido no encerramento do Fórum Social Mundial - Porto Alegre - Fevereiro 2002)
Um dos últimos exemplos de esquerdista romântico, cuja rara habilidade com as palavras andava de mãos dadas com a ingenuidade política. Para quem aprecia mais a forma do que o conteúdo tem nele um escritor exuberante. Vice versa, parece mais um erudito soldado da causa.
ResponderExcluirPrévidi, meu caro, que bela cesta!
ResponderExcluirEu tinha uma informação que, igual ao nosso Machado de Assis, ele tinha sido tipógrafo em menino e aí tinha se alfabetizado. Informação errada.
Há alguns anos, um amigo meu aqui em Taquari vem a minha casa e me entrega um livro, Evangelho Segundo Jesus Cristo. Nada me disse.
Li-o, rápido, e achei muito estranho o estilo da escrito. Frases sem pontuação, início de frases com letras minúsculas e outra loucuras.
Quando fui entregá-lo, este meu amigo então riu e perguntou-me: Gostastes? Eu não consegui, só li umas poucas páginas.
Estranho, mas gostei, e então emendei uma série de outros livros dele, sendo o que mais curti o Cerco de Lisboa.
Ensaio sobre Cegueira é muito legal, mas angustiante, depressivo!
Abraços.
João Paulo da Fontoura me representa. O cara lê muito, tem opiniões próprias e bem as manifesta, é um tiozão (como eu) que pensa pela própria cabeça. Mesmo sendo um representante da direita (tamo junto), não se mixa em apresentar suas opiniões bem embasadas. O fato dele saber que Saramago era politicamente "bem esquerda" não o proíbe de achar o escritor ótimo. JPF, acima de toda a chinelagem que vivemos é O CARA.
ExcluirPerfeito, Paulo. Endosso tudo. Inclusive o Chico e um petista inveterado, chega a dar nojo, mas tem músicas antológicas, desde o tempo de A Praça. O mesmo do Ivan Lins, tri de ixquerda, mas tem músicas, bah!!, maravilhosas. Ambos na minha playlist, com mais um monte de ixquerda.
ResponderExcluirPrévidi, concordamos integralmente, mas a música à que te referes é A Banda (estava à toa na vida / o meu amor me chamou / pra ver a Banda passar...). Pra mim, já o disse mesmo aqui, esses artistas são anjos decaídos que vieram para nos dar alegrias. Para esses, Caetano, Gil, Chico, Saramago, Ernest Hemingway, Jorge Amado, dois mais dois será qualquer coisa menos cinco. Nada podemos cobrar deles a não ser produzirem alegrias, prazeres. Não cobremos opiniões política propositivas, pois ele das nuvens vieram e ainda de lá guardam lembranças!!!!
ResponderExcluirNão fosse a sanha de alguns desses por dinheiro público, eu concordaria integralmente com você.
ExcluirCuriosidade, A Praça é uma música do Carlos Imperial, uma figura folclórica, copiada quase que integralmente de um tango argentino, e que foi um tremendo sucesso na voz do 'príncipe' Ronie Von.
ResponderExcluirperfeito, errei. Queria me referir ao sucesso A Banda, que Chico ganhou um festival. 1967,por aí.
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