RÁDIO NO FINAL DE SEMANA!!
Quem lembra deles? Hoje, nada parecido no rádio gaúcho (e brasileiro) |
Há muito tempo que tento escutar rádio nos finais de semana.
É muita porcaria. Muita!! Em todas as emissoras.
Claro que tem exceções. Mas pouquissimas.
Tem o Sala de Domingo, na Rádio Gaúcha; o Classe Especial, do Rogério Mendelski, na Rádio Guaíba; (as vezes) o Ora Bolas, também da Guaíba; as transmissões de futebol; e, pelo que me lembre, mais nada!!
Me dá a impressão que os produtores tem o seguinte critério:
- O entrevistado é chato? Entrevista.
- A banda desafina? Coloca no ar.
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No último sábado tentei ouvir o Supersábado. Os apresentadores Gabrieli Chanas e Wianey Carlet até que se esforçam, mas a produção não ajuda.
É muito ruim.
No pouco tempo que escutei, uma moça falou e falou sobre "economia". Não prestei a menor atenção, mas devia ser muito chato, porque não tinha fim a conversa mole. Antes, tinha um negócio de cães. Depois entrou uma mulher, com voz de adolescente, defecando regras sobre o comportamento de vovôs e vovós. Não deu.
Num sábado? Completamente sem noção. Querem fazer "jornalismo sério" no sábado de manhã.
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Nem conferi o que as outras "emissoras de jornalismo" estavam veiculando. Desliguei a encrenca.
Sabe por quê? Porque eles sabem que a programação da Gaúcha é uma merda. Mas mesmo assim copiam. Basta dar uma conferida. Só que eles conseguem fazer ainda pior.
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Diferente, mesmo, só o Nilton Fernando, com o Pampa Saúde. O cara entrevista médicos e mais médicos. Já escutei muita coisa interessante. Logico que quando o assunto não me interessa mudo, mas sempre dou uma passada para conferir.
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Pensei no rádio que era feito nos anos 70, 80.
Tinha muito programa legal.
Um, em particular.
O DISCOCUECAS EM CURTO-CIRCUITO. Na Rádio Gaúcha, aos domingos, uma da tarde.
Lembro que não tinha quem não escutasse. A festa poderia ter ido até de manhã, mas a gente acordava para ouvir o programa. O melhor personagem era o Golomar Ranzinza, com base no grande Armindo Antônio Ranzolim.
Leia o que escreveu o Luiz Artur Ferraretto, no site Caros Ouvintes, em 22 de janeiro de 2006:
Os Discocuecas colocam em curto-circuito o rádio do RS
Em 1977, começa o ciclo daquele que vai se transformar no último programa exclusivamente humorístico do rádio em amplitude modulada do Rio Grande do Sul. Por Luiz Artur Ferraretto
Ocupando o horário das 18 às 19h, na Continental, Julio Fürst, encarnando então o Mestre Julio, coloca no ar, nos últimos 15 minutos do seu programa, paródias de comerciais, músicas satíricas e personagens cômicos. Junto com Beto Roncaferro (Jorge Gilberto Dorsch ), Gilberto “Bagual” Travi e Toninho Badarok (João Antônio Araújo ), cria, assim, os Discocuecas, explorando a paródia e a gozação na abordagem do universo artístico e comunicacional da sua época, a da transição entre a ditadura e a democracia.
(...)
No segundo semestre de 1978, Julio Fürst transfere-se para a Rede Brasil Sul, trabalhando no projeto de estruturação da rádio jovem em freqüência modulada da RBS, coordenado por José Pedro Sirotsky e que vai dar origem à Atlântida FM. No ano seguinte, a convite de Ruy Carlos Ostermann, que dirige a Gaúcha, estréia às 13h de domingo o Discocuecas em curto-circuito, antecedendo as jornadas esportivas da emissora. Durante uma hora, a produção, previamente gravada e editada, dedica-se ao deboche sem poupar nem os patrocinadores. A Cerâmica Cordeiro, por exemplo, ganha um slogan – “O barro que não tem cheiro” –, aproveitando a liberalização dos costumes e o fim da censura.
Na primeira meia hora do programa, o conteúdo assemelha-se ao que era transmitido na Continental. No restante, entretanto, acontece a radionada esportiva, afinal, para os Discocuecas, “jornada tem que ser em jornal”. Forma-se, deste modo, uma equipe de esportes com diversos personagens, alguns deles parodiando, no estilo ou apenas no nome, profissionais de destaque no rádio do Rio Grande do Sul. Na interpretação de Mestre Julio, escandindo vogais e reforçando os erres, o narrador principal é Golomar Ranzinza, brincadeira com o nome de Armindo Antônio Ranzolin:
– Está no aaarrr, a rrraaadionada eeesssporrrtiva. Aqui, Gooolomarrr RRRanzinza…
Acompanhando a partida, estão repórteres como o magro Pelotinha Rick Júnior – “Bah, tu viu cara? Pegou a bola, bah, bate nos peitos e, bah, é gol…” –; o afetado Luís A. de Carmine Sá, que prefere fazer a cobertura dos vestiários, em meio a musculosos jogadores de futebol; e Anacleto Batata, uma das mais populares criações dos Discocuecas. Este último, por sinal, tem algumas de suas intervenções antecedidas por uma irreverente vinheta, cantada com sotaque germânico trocando os bês por pês:
– Quem é o repórter da colônia?/ Quem é o repórter parra limpa?/ Quem é que rima com parata?/ É o alemão Anacleto Batata…
Os Discocuecas criam, ainda, Narrando Bem e Comentarinho, especializados na transmissão de improváveis competições esportivas, como jogos de amarelinha, palitinho ou cinco-marias e corridas de aro de bicicleta.
Destaca-se, ainda, Johnny Tric-Tric, um disc-jóquei que chama suas ouvintes de “queridocas”, lança as músicas dos Discocuecas e apresenta traduções muito próprias dos hits internacionais da época. Na parte regionalista, o Teixeirinha amanhece cantando, programa então apresentado por Vitor Mateus Teixeira na Farroupilha, transforma-se em Rancheirinho enriquece cantando, com Mary Terezinha, a parceira do cantor gauchesco, tornando-se Ceres Farmacinha.
Com a saída de Ruy Carlos Ostermann da direção da Gaúcha, o Discocuecas em curto-circuito é cancelado. O grupo passa a se dedicar, então, a shows, gravando também alguns discos. Em meados de 1983, o programa volta ao ar, por um período, na Universal FM, nos sábados, das 19 às 20h. Torna-se, assim, o primeiro humorístico transmitido em freqüência modulada no Rio Grande do Sul. Nos anos seguintes, de modo esporádico, a comicidade dos Discocuecas aparece na forma de quadros em programas como Gaúcha Fim-de-semana e Gaúcha Hoje, na Rádio Gaúcha AM. O grupo despede-se em 1997, com a gravação do CD Metamorfose.
Os dados existentes indicam que o Discocuecas em curto-circuito constitui-se no último programa do gênero, no Rio Grande do Sul, a contar com um trabalho de produção semelhante ao realizado no auge do espetáculo radiofônico: texto cuidadoso, uso adequado da voz e correta utilização de efeitos sonoros. Trabalho de humor meticuloso que, seja pela sua qualidade, seja pelo deboche como crítica, faz falta ao rádio do Rio Grande do Sul e dos demais estados brasileiros.
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Será que é muito difícil fazer rádio nos fianis de semana???
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EDUARDO ESCOBAR (9h50min):
Vc esqueceu de mencionar o Glênio Reis e o Sem Fronteiras, baita programa e excelente comunicador que a Gaúcha insiste em escantear.
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Pertfeito, Eduardo. Esqueci!!
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