Sexta, 5 de julho de 2019




Jamais troquei de lado.
Por quê? Eu não tenho lado.
Ou melhor, o meu lado sou eu
...
ANDO DEVAGAR
PORQUE NÃO TENHO PRESSA







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RETA FINAL

Estamos empenhados em fazer um acerto com a Justiça. Os prazos são rígidos e tudo que não é cumprido no prazo determinado tem juros.É um negócio draconiano.
Não adianta reclamar. Não resolve bater na mesma tecla de que foi uma injustiça. Nada. O negócio é que tem que resolver...
Brigar com dignidade!
Quem puder ajudar, gracias!!.

...
Portanto, segue a vaquinha. Tenho que tentar chegar perto do necessário para atender a determinação judicial. 
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especial

Nesta sexta, uma cesta
de Dyonélio Machado!


"Os Ratos" é a obra-prima de Dyonélio


Dyonélio Tubino Machado nasceu em Quaraí, em 21 de agosto de 1895. Aos 89 anos, faleceu em Porto Alegre, en 19 de junho de 1985. Romancista, contista, ensaísta, poeta, jornalista, psiquiatra. Foi um dos principais expoentes da segunda geração do Modernismo no Brasil
 Com o Prêmio Machado de Assis, em 1935, pelo seu romance Os Ratos, hoje um dos modernos clássicos da literatura, tornou-se um nome nacional.Junto com ele também receberam o Prêmio outros três autores que também despontavam no cenário literário brasileiro: Erico Verissimo, Marques Rebelo e João Alphonsus de Guimaraens.
Seu primeiro livro de contos foi Um Pobre Homem (1927). Entre suas obras estão Os Ratos (1935), sua obra-prima, O louco do Cati (1942), Deuses Econômicos (1966), Endiabrados (1980), Fada (1982), Ele Vemdo Fundão (1982) e O estadista.
De 1924 a 1929, estudou Medicina, em Porto Alegre. Fez especialização em psiquiatria no Rio de Janeiro, junto com Antônio Austregésilo. Foi um dos principais responsáveis pela divulgação da psicanálise no RS. A Medicina foi sua atividade mais constante ao longo da vida e, mais que isso, foi o seu ganha-pão, além de uma paixão que muitas vezes se infiltrava em sua literatura.
Em 1934 traduziu a obra Elementos de Psicanálise de Edoardo Weiss, leitura obrigatória na introdução à psicanálise. Nessa época, já aplicava seus conhecimentos psicanalíticos para o tratamento de doentes psiquiátricos.
Com o interesse crescente pelo jornalismo e pela literatura, começou a freqüentar o círculo de Porto Alegre conhecido como "a turma da Praça da Harmonia", dos quais faziam parte o também médico Celestino Prunes, Eduardo Guimarães, Alceu Wamosy e Almir Alves.
Órfão de pai, passa a trabalhar, a partir de 1903, como vendedor de bilhetes de loteria, balconista e monitor de classes atrasadas na escola pública. Mudou-se em 1912 para Porto Alegre, onde conclui o curso secundário. Com dificuldades financeiras, retorna a Quaraí, dirige por sete anos o jornal da cidade e leciona em escola pública. Volta a Porto Alegre, em 1921, e funda o jornal A Informação, ligado ao Partido Republicano, fechado no ano seguinte, em razão dos ataques dirigidos ao governo central. Em 1923, publica o ensaio Política Contemporânea: Três Aspectos e ingressa na Faculdade de Medicina.
Em 1935, é preso duas vezes por sua opção política, mas somente na cadeia adere efetivamente ao Partido Comunista - pelo qual se elege deputado constituinte, em 1947. O partido é dissolvido e seu mandato é cassado. Decepcionado, afasta-se por quase 20 anos da carreira política e do mercado editorial, dedicando-se à medicina e escrevendo romances. Apenas em 1966, com a reedição de Os Ratos, volta à cena literária, publicando, nas décadas seguintes, obras inéditas.


Final de entrevista de Dyonélio Machado a  Léo Gilson Ribeiro e Danilo Uchoa. publicada no Jornal da Tarde, de São Paulo, 23/08/1980

Por acaso o senhor postularia a sua candidatura à Academia Brasileira de Letras?

- Certa vez, um cidadão telefonou-me do Rio e fez esta pergunta. Dei uma enorme gargalhada e ele considerou a gargalhada como resposta. Sou membro da Academia Rio-Grandense de Letras, como pagamento de uma dívida que eu tinha com meu Estado, a quem não dei nada. Ao Brasil não devo nada, estou dando meus livros a ele. Eu sei o meu lugar, não é?


...


Entrevista com Dyonélio Machado, conduzida por J. Monserrat Filho, publicada no jornal A Hora, de Porto Alegre, em 10/9/1956.

Iniciamos a entrevista perguntando a Dyonélio como tinha começado a sua carreira literária. Sua resposta foi ciclópica e refletiu um saudosismo incontido:

- Se eu lhe respondesse que foi em 1927, com o aparecimento do meu primeiro livro de ficção, Um Pobre Homem, não estaria sendo rigorosamente exato. Já em 1913 ou 1914, em colaboração com Celestino Prunes, eu, daqui de Porto Alegre, mandava as minhas primeiras crônicas para a “Gazeta de Alegrete”, o mais velho órgão da imprensa rio-grandense. Tinha menos de 20 anos. Foi esse, realmente, o período mais intensamente “literário” que já vivi. Éramos um grupo, cujo perambular errante pela Praça da Harmonia… Éramos praticamente contemporâneos do Naturalismo, do Simbolismo. Os canhões troavam na maior guerra que a humanidade até então se empenhara – a primeira guerra mundial. Já surgira o cinema, o automóvel. Nossos olhos, porém, estavam voltados para as grandes construções que, no terreno da literatura e da arte, haviam erguido obreiros como Flaubert, Zola, Anatole France, Dickens, Baudelaire, Verlaine, D’Annunzio, e, em língua portuguesa, Eça de Queirós, Gonzaga Duque, Cruz e Souza, Paulo Barreto. Misture você tudo isso, aqueça ao calor duma mocidade entusiasta e sonhadora. Terá assim, não só a decifração de nossa formação literária, como um dos característicos da minha geração.

“Aos dezenove anos já tínhamos uma experiência literária”

- Eu havia chegado aqui, vindo de uma pequena cidade da fronteira, com pouco mais de dezesseis anos. Antes dos vinte já vivia uma “vida literária”. Porque caíra acidentalmente numa roda de intelectuais? Ou porque a literatura empolgava então? Não sei responder. Parece que o livro, numa época em que o esporte constituía uma exceção e quase que só era praticado por estrangeiros, canalizava uma boa parte das tendências esportivas da mocidade. O ensino mesmo, sem o caráter técnico do de agora e girando quase que exclusivamente em torno do que se chamava “humanidade”, favorecia o culto das letras. O que é certo é que nós, aos dezenove anos, já havíamos acumulado uma experiência literária, de tal forma rica, que os anos subsequentes não a aumentaram de maneira substancial, apenas a atualizaram.

“Que os novos não desiludam, pelo engôdo de uma glória fácil”

- Com satisfação verifico que os jovens estão novamente se movimentando. Há pouco menos de dois anos fui igualmente ouvido pela HORA. Tive que admitir, para não fugir da dura verdade, que a literatura entre nós estava morta. O sinal mais evidente era que a mocidade se achava calada. E a renovação na literatura e na arte sempre foi obra da mocidade. Dizia também outras coisas, e num tom polemístico por sinal... Pois bem, você mal pode imaginar o volume de “adesões” que recebi. Tocara um ponto sensível. Ninguém, no nosso meio, quer que a literatura morra. É desse anseio, como duma semente, que há se surgir o movimento literário das novas gerações rio-grandenses, como há tanto tempo estamos esperando. O momento, num certo sentido, é propício: o público ledor já dá demonstrações de enfastiamento diante da falsa literatura que lhe vêm impingindo como verdadeira. Que os novos atentem para esse momento psicológico e não desiludam pelo engodo de uma glória fácil, todos quantos esperam deles apenas a naturalidade, a oportunidade, a sinceridade, a independência, – qualidades privativas de quem é moço e que são, também, as qualidades máximas da arte. Se algum conselho eu tivesse o direito de dar aos jovens, esse seria o meu orgulho.

“A vida precisa ser vivida com indiferença”

- A grande lição que recebi da vida é que ela precisa ser vivida com uma enorme dose de indiferença. Indiferença diante do triunfos, sempre tão poucos, como diante das frustrações, que tanto avultam, mesmo na mais obscura das vidas.

“O alto preço do papel criou formas de tirania”

Indagamos a Dyonélio o que, a seu ver, mais faltava ao mundo intelectual. A sua resposta foi um tiro.

- Papel barato.

Tivemos que rir…

- Não ria. O alto preço do papel criou as mais variadas formas de tirania. Tirania do grande público leitor, pois que é preciso lisonjear os seus gostos para conseguir edições populares ou comerciais; tirania oficial, visto que as instituições governamentais que promovem a difusão do livro, não auxiliam autores que não rezem pela cartilha estreita dos que, na ocasião, detém o poder. Não é difícil profetizar qual o destino da literatura brasileira, se esse estado de coisas perdurar por muito tempo ainda.

Como encarar a literatura?

- Encaro a literatura como o produto espontâneo e fatal duma época. É tolice querer dar-lhe moldes. Ela há de representar sempre o trabalho mais ou menos inconsciente da sublimação dos nossos conflitos… De qualquer maneira, um processo de adaptação à realidade presente ou futura, mesmo quando pareça insurgir-se contra ela.

“Os melhores romances são meras reportagens”

- Acho que a literatura brasileira se encontra em decadência. Veja o romance: os melhores são meras reportagens. Isso não é arte. Arte não é a transplantação da natureza para o livro por simples decalque. A natureza deve passar por um processo ativo dentro do escritor. Só assim ela se torna arte “real”, e mais “emocional”…

Literatura Gaúcha

- Acho que a literatura regional é, no que toca à rio-grandense, uma das melhores afirmações artísticas. Ainda há pouco tivemos uma prova disso com o aparecimento do último romance de Cyro Martins, Estrada Nova. E o público corresponde a esse esforço, exigindo sempre novas edições dos nossos regionalistas.

Preferências literárias

- Uma vez perguntei ao Álvaro Moreira por que se continuava escrevendo depois de Homero. O velho rapsodo levou a literatura ao seu nível máximo: daí em diante ela não fez senão descer. Mesmo assim, eu tenho outras preferências literárias. Por exemplo: Balzac, Dickens, Dostoievski, Baudelaire, João do Rio e muitos modernos.

Considera-se um escritor realizado?

- Eis uma pergunta que ficaria melhor dirigida ao leitor.

Para finalizar pedimos a Dyonélio que adiantasse alguma coisa sobre seu último livro. Respondeu:

- Deuses Econômicos se trata dum romance, cuja ação se passa no ano 64 de nossa era, em pleno reinado de Nero. Um romance histórico? Bem, pela mais restrita observância da verdade histórica, quer nos fatos, quer nos costumes, ele poderia ser encarado assim. E acreditem-me, não foi sempre fácil esta reconstituição. Um romance exige detalhes, esses detalhes mínimos de que a vida se compõe. Tudo isto demandou de um grande esforço, num trabalho exaustivo de pesquisa, de que eu apenas convalesço. Mas, como eu já tive oportunidade de assinalar, o meu livro não constitui um romance histórico. Não pretende romancear a história…

...


RODA DAS GOTAS

A pequenita foi, pé ante pé, até a porta que abria para o corredor. Estendeu um olhar longo para o fundo da casa, para se certificar de que não era observada, e voltou, tranquila, para o seu lugar, na sala da frente.

Subiu de novo à janela.

Era num primeiro andar.

Chovia.

Alice divertia-se vendo a chuva cair.

Bem à altura dos seus olhos, uns pingos grossos, redondos, deslizavam, suspensos dos cabos eletrolíticos que margeavam a rua num e noutro lado.

Vinham uns atrás dos outros. Aproveitavam um declive do fio, doce e curvo como um seio, e precipitavam-se, velozes, como se brincassem “de pegar”.

Alguns, pesados, destacavam-se, como grandes pérolas hialinas, antes de atingir o seu fim – que era a junção do arame que, à altura da sua porta, distribuía a energia elétrica à casa.

Os mais valentes, porém, triunfavam daquela distância. Às vezes, mesmo, dois ou três, retardados pelo aclive que agora o fio apresentava e que era necessário vencer, fundiam-se num só, que brilhava um momento, enorme, majestoso, e ruía, depois, pesadamente.

Como se vê, era assaz animado o espetáculo.

Ordinariamente, nem bem acompanhava até o termo do seu percurso essa gota, já outras muitas, cinco ou seis – uma multidão – despontavam à sua esquerda, pelo outro lado da janela – cujo retângulo cinzento, naquele dia triste de chuva, limitava o seu mundo visual.

Alice batia festivamente as palmas, quando os seus pingos chegavam ao fim de sua jornada e ficavam ainda luzindo, antes de se diluírem, aprisionados na malha tosca que a extremidade do fio de ligação fazia, ao enroscar-se no cabo principal.

Alice interessava-se particularmente pela sorte das pequeninas gotas, quando estas se precipitavam no espaço. A princípio era um simples intumescimento claro da massa escura do condutor. Depois, com a chegada de outras, maiores, iam crescendo, definindo-se, até tomar o vulto das demais e seguir-lhes o mesmo caminho, como quem diz o mesmo destino, despencando-se, finalmente, em meio do trajeto ou no seu fim, mas sempre despencando-se.

Para as crianças, como em geral para os simples e sábios, tudo tem vida. Para as crianças, especialmente, tudo possui uma expressão humana.

Para Alice, pois, os pingos menores eram crianças, como ela, e os pingos maiores – adultos – os pais. Certamente eram pais extremosos aquelas gotas grossas que vinham tomar nos seus braços fortes as gotas pequeninas, como que abandonadas, coitaditas, no meio da estrada fria...

Ao passar pela sua frente, Alice vaticinava, secretamente, o futuro de cada gota: esta chegará... esta não chegará... Dir-se-ia uma pequenina bruxa, postada no caminho da vida, a profetizar para uma humanidade também pequenina, mas igualmente atingida da incerteza e inconstância de nosso destino...

A representação repetia-se. Alice desejá-la-ia mais variada. Já a enfarava, pois.

Tinha, porém, uma outra curiosidade, agora. Superior ao prazer que lhe dava a passagem ininterrupta das gotas: era descobrir-lhes a origem!

Onde nasceriam? Longe dali? Na outra janela? – E Alice curvava tristemente a pequenina fronte ao peso desse grande mistério, como o homem igualmente, ante o tenebroso problema da sua própria origem...

Uma esperança, porém, atravessou-lhe o craniozinho esbraseado! Fez-se-lhe uma luz! Talvez fosse na casa vizinha! Cada casa possuía certamente as suas gotas, que nasciam e morriam dentro do espaço que vai de uma à outra! Era lógico! – E Alice da mesma forma que os homens, corria sofregamente atrás dos enganos da lógica, na necessidade de engendrar a unidade que não existe no universo, mas que constitui a única condição da sua explicação humana...

O seu objetivo agora era temerário. O banquinho sobre que se achava, e que constituíra até aí o seu posto rudimentar de observação, seria totalmente ineficaz para a acompanhar na arrojada empresa. Afastou-se, então, como quem ia munir-se de um aparelho mais adiantado. Voltou, pouco depois, com uma cadeira, enorme, de braços.

Fez a substituição e subiu.

Estendeu o olhar, com metade do corpo para fora.

Ela julgara que iria surpreender as gotas na sua origem definida e palpável: uma mão potente, depositando-as, facilmente, sobre o fio, já feitas, com vida e aquela sua forma, original e caprichosa.

Decepção!... Sobre o cabo, nada de extraordinário. As pequenas gotas de água pareciam surgir por si, no meio dum mistério, ao mesmo tempo simples e profundo, assegurando-se, bem assim, pelo esforço próprio, o estado esferoidal que as distinguia...

Igualmente, não tinham lugar certo para nascer. O fio, molhado em toda a sua extensão, parecia constituir a grande matriz, indiferentes das gotas da chuva, que se desatavam na sua superfície, como pequenos botões de flores, desabrochando ao longo dum galho nu.

E Alice pensou então que, de todo o espetáculo, desde a origem do pingo d’água, até o seu fim, só o que havia de claro e de certo – era a sua mensagem através do retângulo cinzento da janela. Era o seu fugitivo instante de vida...

– Minha filha! Dantas! Acudam!

Alice procurava voltar-se. Só então é que viu o perigo em que se encontrava, prestes também a desabar no abismo da rua.

O homem correu. Deitou-lhe um braço enérgico e amparador. Retirou-a muito pálida da janela, onde ela, pela primeira vez, se debruçara sobre o mistério da vida e da morte...

– Minha querida filha!... Que susto tu deste na tua mãe


...



O enredo de "OS ATOS"

PARTE I

Capítulos 1 e 2 - Através do diálogo entre Naziazeno Barbosa e sua esposa, Adelaide, o autor mostra a situação da família: por falta de pagamento, já suspenderam o fornecimento de manteiga e, agora, o leiteiro ameaça não trazer o leite das crianças. Enquanto a mulher argumenta que é possível viver sem gelo e sem manteiga, mas sem o leite das crianças, não, Naziazeno acha que a situação é de considerar o leite como supérfluo.

Aparece o vizinho Fraga. Naziazeno tem a impressão de que ele possui uma vida bem arrumada. O leiteiro, o padeiro, depois de fazerem a distribuição dos seus produtos, ainda conversam um pouco com o Fraga. Ainda no meio do mês, ele já propõe pagamento aos dois, como se não tivesse problemas financeiros.

Pensamentos e recordações de Naziazeno enquanto perfaz o caminho para o trabalho, de bonde. A impressão que lhe causam os companheiros de viagem. A recordação de que a mulher, Adelaide, tem um ar de fragilidade, de fraqueza que mantém acesa a chama da voluptuosidade. Mas, na vida prática, essa fragilidade atrapalha.

O segundo capítulo encerra-se com o pensamento obsessivo de Naziazeno no leiteiro, na frase que o atormenta: "Lhe dou mais um dia".

Capítulo 3 - Naziazeno, depois que desce do bonde, bola um plano para arranjar o dinheiro para o leiteiro. Vai pedi-lo emprestado ao diretor. Já uma vez fez isso, quando da doença do filho, para pagar os remédios. O diretor emprestou. Mas muitos riram dessa ingenuidade. Ter coragem de emprestar dinheiro para o Naziazeno? Só tinha uma explicação: era novato, não conhecia todo o pessoal. Naziazeno pagou o empréstimo, mas ainda faltaram alguns trocados que o diretor perdoou, não fez questão.

Enquanto espera, fica desanimado. Claro que o diretor não vai emprestar-lhe o dinheiro. Que história vai-lhe contar? A verdadeira, a do leiteiro? Ou outra vez a história da doença do filho?

Capítulo 4 - Naziazeno cria coragem e expõe o problema ao diretor. Ele lhe empresta o dinheiro: sessenta mil réis (deve apenas cinqüenta e três ao leiteiro). Volta para casa e entrega o dinheiro à mulher, ocultando-lhe o modo como o conseguiu.

Tudo imaginação. O diretor sequer chegou à repartição. Naziazeno não consegue trabalhar. Finalmente chegou o diretor. É o momento de pedir-lhe o empréstimo.

Capítulo 5 - A confiança de obter o empréstimo com o diretor começa a abalar-se. Enquanto o diretor demora-se na secretaria, Naziazeno vai até o centro da cidade. Vai à procura do Duque - ele tem sempre uma solução mágica para os problemas de dinheiro. Chega ao mercado e não encontra o Duque nos lugares habituais. Resolve esperar. Aparece o Alcides.

Capítulo 6 - No Café, ao lado de Alcides, enquanto espera o Duque, Naziazeno vai falando das impressões que tem das pessoas. Cansa-se de esperar o Duque no Café. Relembra um caso antigo, da infância, quando estivera doente, quase à morte. A mãe fizera uma promessa: Naziazeno teria que andar um ano vestido de Santo Antônio. Foi um vexame.

Naziazeno desiste de esperar o Duque. Vai para a repartição. O Alcides sugere uma visita aos cafés do centro. Vem-lhe a idéia de inutilidade, de falta de aptidão para ganhar dinheiro. O Duque consegue cavar, fazer um "biscate", arranjar dinheiro. Ele não. Por quê?

Alcides arma um plano: jogar no bicho. Com que dinheiro? Naziazeno deve voltar à repartição e "dar a facada" no diretor. Ele, Alcides, se encarregará do jogo.

Capítulo 7 - Enquanto espera o diretor, Naziazeno perde-se em pensamentos e recordações. Finalmente, o "homem" chega. A esperança ressurge. "O senhor pensa que eu tenho alguma fábrica de dinheiro? Quando o seu filho esteve doente, eu o ajudei como pude. Não me peça mais nada. Não me encarregue de pagar as suas contas: já tenho as minhas".

O diretor vai embora, os funcionários debandam. Naziazeno também.

Depois de tudo, ficou-lhe aquela frase na cabeça: "Não lhe pago as dívidas". Como contar tudo aquilo ao Alcides? Este plano fracassou. Como idealizar outro? Tem uma preguiça doentia. E o pior é que o sol já vai virando para a tarde. Meio dia perdido. Urge pensar numa solução. Como conseguir sessenta mil réis? Pensa em renunciar. Mas é preciso entregar o dinheiro ao leiteiro.

Capítulo 8 - Alcides propõe que Naziazeno vá atrás do Andrade, cobrar-lhe uma dívida. É o resto de uma comissão. É ali na rua Coronel Carvalho. Naziazeno topa. O calor infernal da tarde mantém o seu corpo suado. À medida que se aproxima da casa, vai ficando gelado. Deve ser porque ainda não almoçou. Ou seria a expectativa? O número da casa do Andrade está próximo. Melhor seria não o encontrar. A rua é de gente rica. Claro que o Andrade tem cem mil réis. De repente, o número procurado. Mas é o final da rua. A casinha em que Andrade mora é humilde. A esperança de conseguir dinheiro ali diminui.

Capítulo 9 - Naziazeno bate à porta de Andrade. Ele abre. Explica tudo: não deve exatamente ao Alcides (que ele conhece como Kônrad). Há uma comissão, sim, duma transação de um automóvel, mas a parte que Andrade lhe devia já pagou. Os outros cem mil réis, Alcides tem que recebê-los de Mister Rees. Naziazeno compreende tudo. Despede-se.

Capítulo 10 - Naziazeno, enquanto volta a pé ao encontro de Alcides, vai pensando. Era mais ou menos uma hora da tarde. Se tivesse conseguido o dinheiro com o Andrade, a primeira providência teria sido almoçar. Agora, é encontrar o Alcides e ir atrás do Mister Rees, um alto funcionário bancário.

Alcides não se encontra no café. Naziazeno procura-o noutros cafés ali perto. Nada. Tem, então, uma idéia: o Banco é ali perto. Por que não dar um pulinho até lá? Com certeza, Alcides vai aprovar essa idéia. Ao entrar no banco, fica em dúvida. Teria mesmo direito de cobrar Mister Rees? E se fosse "armação" do Andrade?

Um alívio: Mister Rees está para o Rio de Janeiro. Agora, é tentar almoçar e partir para outro plano. Quem sabe o Duque esteja no Restaurante dos Operários? O problema é conseguir cinco mil réis para o almoço. Como? Talvez no escritório do Dr. Conti.

Capítulo 11 - Naziazeno, depois de tentar falar com o Dr. Otávio Conti (na verdade, nem chegou a encontrá-lo), desiste. Voltando, encontra um seu conhecido, o Costa Miranda. Foi a salvação: Costa empresta-lhe cinco mil réis para o almoço.

Capítulo 12 - Naziazeno, com os cinco mil réis no bolso, fica indeciso: vai almoçar no Restaurante dos Operários ou em frege do mercado? De repente, uma idéia nova perturba-o: e se tentasse a sorte? Por que não? Está com o estômago oco, mas não pode perder essa oportunidade. Ele vê o dinheiro multiplicando-se e, em função disso, imagina a volta feliz para casa. Com este pensamento, dirige-se à tabacaria, onde, nos fundos, há um salão de jogos. Entra, vê o guichê do "bicho" vazio, dirige-se para o salão de onde lhe chega aos ouvidos um ruído fininho de fichas.

Capítulo 13 - Naziazeno, nervosamente, tira os cinco mil réis do bolso e deposita a cédula no número 28. E o milagre acontece, tudo resolvido assim num segundo: os cinco mil réis transformaram-se em cento e setenta e cinco. Agora, é comprar mais fichas, fazer um jogo estudado. Os lances sucedem-se. Naziazeno ora ganha, ora perde. As fichas, pouco a pouco, vão sumindo das suas mãos. Tem agora duas fichas. Toma uma resolução súbita: aposta todas num único número. E perde.

Capítulo 14 - Naziazeno sai da tabacaria, ganha a rua, e dirige-se a uma grande casa atacadista. Àquela hora, o comércio está fechando as portas. Um homem com cara de preocupação está fechando o armazém. Naziazeno, então, dirige-lhe a palavra:

- Queria pedir-lhe mais um favor. Só a grande necessidade me traz aqui na sua casa, antes de resgatar aquele vale. Não tenho a quem recorrer e preciso com urgência de sessenta mil réis.

- Não me é possível.

- Assino-lhe um vale. Venho pagar no fim do mês.

- Impossível.

Naziazeno insiste. Nada. Os dois seguem pela mesma rua, e Naziazeno vai-lhe falando de dificuldades, contando-lhe coisas, insistindo no empréstimo. O outro entra no bonde e vai embora.

PARTE II

Capítulo 15 - Naziazeno caminha pela rua deserta. As casas estão todas fechadas. E assim, fechadas, crescem de importância e de mistério. Seu destino é o mercado. Enquanto anda, vai observando a rua, as casas, a escassez de automóveis, o silêncio. E a silhueta do mercado ao longe, para onde se dirige, vai-se aproximando à medida que caminha.

Capítulo 16 - Naziazeno chega ao mercado. Num dos cafés, o Alcides chama-o. Conversam sobre o que se fez naquele dia. Naziazeno conta-lhe sobre o Andrade e sobre o jogo na tabacaria. O Duque, finalmente, está ali, em outra mesa, conversando com um indivíduo velhusco.

Naziazeno fala da fome, do dia inteiro sem comer. Alcides paga-lhe um leite. Exposto o problema de Naziazeno, Duque sugere um empréstimo com um agiota - o mesmo para quem Alcides já deve uma grana. O próprio Alcides encarrega-se de ir atrás do Rocco. No relógio da Prefeitura, já são seis e vinte.

Capítulo 17 - Os três (Naziazeno, Duque e o cidadão velhusco (o "doutor" Mondina) sentam-se num café, à espera de Alcides (que foi ao agiota). O Alcides volta. O agiota suspendeu temporariamente os empréstimos.

Duque deixa Alcides e Mondina no café e sai com o Naziazeno. Seguem em silêncio. Assim andando, ao lado do amigo, Naziazeno sente-se mais confiante. Vão à casa de seu Fernandes - um agiota.

- Nós precisamos com urgência de cem mil réis.

- Impossível.

Duque arrasta o amigo a outro agiota. Eles vão agora à rua Nova, ao agiota Assunção. Nova negativa. Retornam ao café.

A idéia é abordar o próprio "dr." Mondina, o falso advogado. De início, Mondina nega-se. Mas surge a idéia de tirar um anel de Alcides (anel de bacharel) que está penhorado por um valor muito baixo. Mondina anima-se. Será que ainda dá tempo?

Capítulo 18 - Os quatro (Naziazeno, Duque, Alcides e Mondina) vão à casa de penhores. Será que já está fechada?

Estava. E agora? Alcides propõe: dará a cautela do penhor ao Mondina. No dia seguinte, ele voltará ali e recuperará o anel. Mas o dinheiro tem que ser dado agora. Mondina parece pressentir o "truque", o "golpe". Alcides tem cara de vigarista. Duque intervém: não pode ser assim. Vamos encontrar outra solução. Alcides sugere: e se fôssemos à casa de Martinez, o dono da loja de penhores? Telefonam, e o seu Martinez diz que pode recebê-los em sua casa. No percurso para a casa de Martinez, Naziazeno vai pensando. Será que o homem reconhece Alcides? E o anel? Será que se lembra do Anel? Chegam finalmente.

Capítulo 19 - Martinez, depois de ouvir Alcides sobre a proposta de resgatar o anel penhorado, pergunta pela cautela:

- O senhor trouxe a cautela aí?

Alcides anda sempre com os seus papéis. Martinez examina o papel e, depois, devolve-o. Depois de algum tempo, talvez consultando a esposa, Martinez diz que sim, que é possível ir à loja resgatar o anel.

A caminhada é feita em silêncio. Naziazeno conscientiza-se de que já é noite, embora lá em cima, no céu, ainda seja possível ver uma arzinho do dia.

Chegam. Martinez abre a porta, acende a luz. Convida-os a entrar. Com a cautela na mão, o cofre aberto, faz a procuração. Pronto. Achou o anel. Mondina já havia passado o dinheiro da penhora ao Alcides, que o passa agora ao senhor Martinez. Ele confere. Entrega, finalmente, o anel. Alcides passa-o a Mondina, que se detém a examinar a jóia.

Martinez toma o rumo da praça, de volta para casa. Despede-se ali de Alcides, de Mondina, de Duque e de Naziazeno.

Capítulo 20 - Depois que Martinez vai embora, o grupo fica parado, sem saber o que fazer. Àquela hora, tudo está fechado. Duque sugere uma visita ao Dupasquier da joalheria. Por sorte, a vitrina está aberta. Entram. Dupasquier, meio desconfiado, ouve a proposta, analisa detidamente o anel, pergunta quanto Alcides quer por ele.

- Ele não deixa por menos de quinhentos mil réis - sugere Duque.

- Não dou nem quatrocentos.

- Quatrocentos e cinqüenta - solicita Duque.

- Não. Não dou mais do que trezentos e cinqüenta mil réis.

Aceitaram. Mas quando falaram que era penhor, Dupasquier desistiu. O grupo não sabe o que fazer. Alcides sugere um dos agiotas, Assunção e Zeferino. Duque opina:

- Vamos combinar isso num café.

A proposta do Duque é a seguinte: entregar o anel ao "dr." Mondina como garantia de mais cento e vinte mil réis. Assim, o anel está empenhado por trezentos mil. No dia seguinte, ele e Alcides irão procurar Mondina, empenharão o anel por trezentos mil réis e, então, devolverão o dinheiro.

Capítulo 21 - Naziazeno chega a casa, entra. São nove horas da noite. Adelaide estava preocupada. Todo o dia o marido ficara ausente. Ele mostra os embrulhos. Trouxera-lhe o sapato que estava no conserto. Para surpresa de Adelaide, ele trouxera também manteiga, queijo e dois leõezinhos de borracha para o filho, Mainho.

Enquanto esquenta a comida, Adelaide pergunta:

- Onde é que arranjaste o dinheiro? Conseguiste "tudo"?

Ele diz que sim. Conseguiu por intermédio do Alcides e do Duque. Cinqüenta e quatro mil e setecentos. Põe todo o dinheiro em cima da mesa. Está com sono. Separa os cinqüenta e três mil exatos do leiteiro. Guarda o resto no bolso do colete. Está com sono. São nove e meia da noite.

Capítulo 22 - Naziazeno imagina a reação do leiteiro ao receber, na manhã seguinte, o dinheiro. Vem à tona, na conversa com Adelaide, a situação do Dr. Romeiro, diretor da repartição em que Naziazeno trabalha.

Ouve-se um baque lá fora. Eles levantam a cabeça, atentos. É o portãozinho. Naziazeno vai fechá-lo. Quando volta, reclama do frio.

- Por que tu não vais deitar?

- Não quero dormir com o estômago muito cheio.

Surge a preocupação de levantar cedo no outro dia para entregar, em mãos, o dinheiro ao leiteiro.

- Porque não botava em cima da mesa da cozinha, junto com a panela do leite?

Naziazeno aprova a idéia. E fica pensando na surpresa do leiteiro ao encontrar o dinheiro.

Capítulo 23 - Adelaide acabara de pôr a panela do leite na ponta da mesa. Ao lado da panela, Naziazeno pusera o dinheiro para o leiteiro. Está preocupado. Deveria por algum peso sobre as notas?

- Tu achas necessário? Não há vento aqui dentro.

- Não, não é preciso.

Naziazeno não consegue abandonar a cozinha.

É interessante: passou-lhe o sono agora. É capaz de ler um pouco... Mas muda de idéia: não lhe apetece agora nenhuma leitura... de nenhuma daquelas coisas que poderia ler...

Naziazeno acabou indo deitar-se. A mulher dorme, mas ele fica a recordar a "maratona" por que teve de passar para conseguir o dinheiro. Está acordado. Entretanto queria dormir. "Tem necessidade de um sono longo, longo...

Fica a ouvir os barulhos da noite: o vento... o bonde passando... o bonde voltando... de novo o vento... Precisa dormir, descansar a cabeça.

Serão onze horas? Meia-noite?

Uma pancada, longe, sonora, indica uma hora.

Já lhe parece um século aquela noite e é apenas uma hora!...

Precisa dormir, precisa descansar. Tem de aproveitar esse resto de noite. É estranho: um cansaço tão grande, e não conseguir conciliar o sono...

Capítulo 24 - A falta de sono perturba Naziazeno. A esposa dorme quieta. O filho, Mainho, também. O pensamento fica divagando por várias coisas: a repartição, o seu trabalho, a luz que não o deixa dormir, o médico de Mainho, o "dr." Mondina. Pensa em Alcides, no anel que o "desapertou". "Uma providência, aquele anel". Vem-lhe, na insônia, uma superposição vaga de figuras: o Assunção... Fernandes... Martinez... Duque... Duque arrasta-o de uma lado para outro. Tem um sobressalto: um estalo para o lado da frente. O filho chega também a assustar-se. Adelaide, meio dormindo, nana-o.

"Naziazeno não quis deixar ver que estava acordado".

Capítulo 25 - A insônia continua. Naziazeno põe-se a pensar em tudo: a chegada a casa... o jantar tranqüilo, como ele sonhara... o dinheiro ali na mesa, acariciado pelo seu olhar... a idéia de deixá-lo ali, sobre a mesa, evitando o confronto direto com o leiteiro. Se houvesse o confronto, viria inimizade. Assim, continuariam amigos.

E o sono? "Ainda não dormiu! Só ele! Só ele sem dormir..."

Procura não pensar em nada, manter os olhos fechados, buscar tranqüilidade.

Capítulo 26 - A insônia persegue Naziazeno. Por estar embrulhado, o calor aumenta. "Sente que vai ficando esperto outra vez".

Pensa no bonde. A recordação passeia por cenas e pessoas relacionadas à maratona do dia: Duque, Alcides, Mondina, o jornal... os "finalmente" da transação com o Mondina. Alcides está amuado. Hesita em passar o anel para o Duque. Finalmente Mondina tira o dinheiro do bolso. Precisa trocá-lo em notas menores, primeiro no café, depois no Bolão. Pronto: transação encerrada. Duque passa-lhe o dinheiro: sessenta e cinco mil réis.

Naziazeno toma o bonde para casa. Tem de passar no sapateiro para pegar o sapato de Adelaide. Pega. A chegada, enfim, a casa. Adelaide vem até ele.

Capítulo 27 - "Outra vez um silêncio súbito". Naziazeno fica em dúvida: teria dormido? Passou toda a noite acordado? O ar tem um chiado... Fica muito tempo a ouvir esse chiado sonoro, metálico, fininho.

Agora, distingue nitidamente dois barulhos: o da respiração do filho e aquele chiado lá fora.

De repente, um barulho no forro... Ratos... São ratos. Fica esperando o barulho dos ratos na cozinha. O barulho aumentou: em vários pontos, no forro, o rufar... A casa está cheia de ratos!

"O chiado desapareceu. Agora, é um silêncio e os ratos..."

Há um roer ali perto. O que estarão comendo? É isto! "Os ratos vão roer - já roeram! - todo o dinheiro!..."

Tem um grande desespero. É preciso levantar-se. Mas o barulho cessou. Há só o silêncio. Será que ratos roem dinheiro? É melhor perguntar à mulher. Absurdo. Claro que ratos não roem dinheiro! "Vê os ninhos, os papéis picados, miudinhos, picadinhos... uma poeira".

"Vai levantar". Mas onde achar forças? "Está com sono. Mas é preciso reagir". Parece ouvir a voz da mulher: "Eles roem papel. Dinheiro é um papel engraxado..."

O barulho sumiu. Cessou também o roer. Decerto os ratos já foram embora. Está amanhecendo.

Capítulo 28 - Ao redor de Naziazeno, as coisas vão ficando mais apagadas. "Depois duma trégua, os ratos voltaram a roer". Com certeza estão roendo a madeira. Seria mesmo madeira? "Talvez depois de consumido o dinheiro, eles passem a roer, a roer a tábua da mesa..."

Agora os ruídos confundem-se. "Está exausto". Precisa dormir, entregar-se.

"Não sabe que horas são".

"Mas que é isso?!... Um baque?"

"Um baque brusco do portão. Uma volta sem cuidado da chave. A porta que se abre com força, arrastando. Mas um breve silêncio, como que uma suspensão... Depois, ele ouve que lhe despejam (o leiteiro tinha, tinha ameaçado cortar-lhe o leite...) que lhe despejam festivamente o leite. (O jorro é forte, certamente vem de muito alto...) - Fecham furtivamente a porta... Escapam passos leves pelo pátio... Nem se ouve o portão bater...

E ele dorme."

Fonte: https://www.passeiweb.com/estudos/livros/os_ratos


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NÃO É PIADINHA





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PIADINHA

Rapidinha

Dois porto-alegrenses conversam.
- Corretor automático de celular não vale nada! Tu escreve uma coisa e a mensagem chega totalmente diferente!!
- O que aconteceu, vivente?
- Mandei uma mensagem para um colega de escritório e vê só o que ele recebeu: "Nesta quinta, vou te lamber todo, guri, até a língua ficar com câimbra".
- Bah, e o que tu querias dizer?
- Na sexta!!..

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