Sexta, 20 de janeiro de 2022


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especial

Nesta sexta, uma cesta
de Marcel Proust! 


Gênio da 
literatura modernista


Em Busca do Tempo Perdido




Jean Santeuil é o primeiro romance, no século XX, de Marcel Proust. Escrito a partir de 1895, a obra inacabada só foi publicada em 1952, 30 anos após a sua morte, graças à descoberta do manuscrito na França. A gênese do livro são as memórias da infância, da adolescência e dos anos de formação do protagonista.
O livro traz a origem de uma infinidade de anedotas, obsessões, reflexões, paisagens e visões de mundo que seriam desenvolvidas em seus trabalhos posteriores. É considerado precursor de sua obra-prima, Em Busca do Tempo Perdido, tanto no tema quanto em seu enredo, embora seja mais claramente autobiográfico. Esta edição vem a tradução do poeta Fernando Py, principal tradutor de Proust no Brasil.



Só se ama o que não se possui completamente.


Um livro é um grande cemitério onde, sobre a maioria dos túmulos, não se podem mais ler os nomes apagados.


Se sonhar um pouco é perigoso, a solução não é sonhar menos é sonhar mais.


Marcel Proust

Proust (Valentin Louis Georges Eugène Marcel Proust ) nasceu em Auteuil-Neuilly-Passy, no departamento de Yvelines na região de Île-de-France, em 10 de julho de 1871. Foi escritor, mais conhecido pela obra Em Busca do Tempo Perdido. Este livro foi publicado em sete partes entre 1913 e 1927, e é o seu trabalho mais importante.


Filho de Adrien Proust, um célebre professor de medicina, e Jeanne Weil,  filha de uma rica e culta família judia da Alsácia. Ela era culta e bem informada; suas cartas demonstram um senso bem desenvolvido de humor e seu domínio do inglês foi suficiente para lhe fornecer a assistência necessária para as tentativas posteriores de seu filho de traduzir John Ruskin.

Marcel aos 15 anos

Sua família lhe assegurou uma vida tranquila e lhe permitiu frequentar os salões da alta sociedade. Após estudos no Liceu Condorcet (saiu porque sofria de asma), prestou serviço militar em 1889. De volta à vida civil, assistiu na École Libre des Sciences Politiques aos cursos de Albert Sorel e Anatole Leroy-Beaulieu; e na Sorbonne os de Henri Bergson (1859-1941) cuja influência sobre a sua obra será essencial.


Em 1900 foi conhecer Veneza e começou a se dedicar às questões de estética. Em 1904, publicou várias traduções do crítico de arte inglesa John Ruskin (1819-1900). Paralelamente a artigos que relatam a vida do dia-a-dia publicados nos grandes jornais (entre os quais Le Figaro), escreveu Jean Santeuil, uma grande novela deixada incompleta, e publicou Os Prazeres e os Dias (Les Plaisirs et les Jours), uma reunião de contos e poemas.


A sua obra principal, Em Busca do Tempo Perdido (À la Recherche du Temps Perdu), foi publicada entre 1913 e 1927, o primeiro volume pago pelo autor na pequena editora Grasset. Os demais pela Gallimard. O segundo volume À Sombra das Raparigas em Flor ele recebeu em 1919 o prêmio Goncourt. A obra diz respeito às grandes mudanças, mais particularmente o declínio da aristocracia e a ascensão das classes médias que ocorreram na França durante a Terceira República e o fim do século.

Marcel, Robert de Fleurs e Lucien Daudet

Marcel homossexual, teve a homossexualidade como tema recorrente em sua obra, principalmente em Sodoma e Gomorra e nos volumes subsequentes.
"En 1896, a los 25 años, publicó su primer libro: Los placeres y los días, recopilación miscelánea de poemas en prosa, nouvelles y retratos de estilo decadente, para el cual Proust consiguió que Madeleine Lemaire lo ilustrara y que Anatole France lo prologara. El libro pasó sin embargo desapercibido y si la crítica se pronunció a su respecto fue para juzgarlo con severidad, como fue el caso de Jean Lorrain. Este, escritor y homosexual que escandalizaba por hacer públicas sus inclinaciones de forma exagerada, hizo una crítica feroz al libro y, además, daba a entender que Proust era amante de Lucien Daudet. Marcel Proust se sintió ofendido, no aceptaba que su homosexualidad se reconociera en sociedad, y lo retó a duelo, el cual afortunadamente no tuvo consecuencias pues parece que ambos dispararon al aire. Toda la reputación que consigue es la de un mundano dilletante, reputación con la que cargará además hasta la publicación de Por el camino de Swann y que influirá en que su obra no sea reconocida desde el primer momento."

LEIA MAIS EM https://www.blogletras.com/2022/11/marcel-proust-o-aroma-dos-meninos-em.html

Proust passou longos períodos de férias na aldeia de Illiers. Esta aldeia, juntamente com as lembranças da casa do seu tio-avô em Auteuil, tornaram-se o modelo para a cidade fictícia de Combray, onde acontece algumas das cenas mais importantes de Em Busca do Tempo Perdido.


Apesar de sua saúde debilitada, Proust serviu durante um ano (1889-1890) no exército francês, estabelecido em Coligny Caserne em Orleans, uma experiência que providenciou um longo episódio em O Caminho de Guermantes, parte três de seu romance. 


Proust tinha uma estreita relação com sua mãe, Jeanne Weil. A fim de agradar seu pai, que insistia que ele seguisse uma carreira, Proust obteve uma posição de voluntário na Bibliothèque Mazarine no verão de 1896. Depois de exercer um esforço considerável, obteve uma licença por doença que se estendeu por vários anos até que ele foi considerado aposentado. Nunca trabalhou em seu emprego e não se mudou do apartamento de seus pais até que morressem.


Sua vida e círculo familiar mudou consideravelmente entre 1900 e 1905. Em fevereiro de 1903, o irmão de Proust, Robert, casou-se e deixou a casa da família. Seu pai morreu em novembro do mesmo ano. Finalmente, e de efeitos muito mais devastadores, a querida mãe de Proust morreu em setembro de 1905. Ela deixou uma herança considerável. Sua saúde durante este período continuou a deteriorar-se.


Proust passou os últimos três anos da sua vida confinado em seu quarto, dormindo durante o dia e trabalhando à noite para concluir seu romance. Ele morreu de pneumonia e de um abscesso pulmonar em 18 de novembro de 1922, em Paris. Foi enterrado no cemitério Père Lachaise, em Paris.



 A sabedoria não se transmite, é preciso que nós a descubramos fazendo uma caminhada que ninguém pode fazer em nosso lugar e que ninguém nos pode evitar, porque a sabedoria é uma maneira de ver as coisas.


PROUST, 100 ANOS DEPOIS

Por Rogerio Galindo - REVISTA PLURAL


Em 2022, Paris comemora o centenário de duas datas que marcaram o mundo dos livros ao longo do século passado. Uma delas é incrivelmente feliz: o irlandês James Joyce publica justamente na França – e não em qualquer país de língua inglesa – o seu Ulysses, o livro que mudaria a história do romance para sempre. A outra data, em novembro, marca o fim do mais importante projeto de literatura moderna na França: em novembro, morria Marcel Proust.

Proust viveu apenas cinco décadas. Podia nem ter sobrevivido: desde o nascimento, foi sempre frágil, sempre pareceu que estava a um sopro de deixar este mundo. Além de tudo, chegou num momento de imensa confusão – Paris, que em geral é vista como uma cidade dos sonhos, vivia dias infernais, primeiro com a guerra contra a Prússia de Bismarck, depois com a repressão duríssima à Comuna.

No ano de 1871, quando Proust nasceu, os parisienses chegaram a ter de se alimentar de cães e gatos – até de ratos – enquanto durava o cerco à cidade. Os animais do zoológico foram devorados por cidadãos que já não sabiam o que fazer para sobreviver. Os pais do menino Marcel tinham uma vida razoavelmente estabelecida, mas mesmo assim o ano foi difícil.

Das cinco décadas que viveu, Proust usou apenas a última para escrever os sete volumes que fizeram dele o mais importante escritor de língua francesa de seu tempo. Antes disso, teve uma vida de muitos prazeres, salões, romances (sua homossexualidade, embora não confessa, é dada como certa, e ele chegou a ser pego em flagrante pela polícia numa invasão a um bordel de prostituição masculina) e de amadurecimento da escrita.

Antes do “Em Busca do Tempo Perdido”, Proust já havia se dedicado a trabalhar em revistas (o único emprego fixo que teve na vida, e que pouco durou, já que ele conseguiu um atestado médico e nunca mais voltou), a traduções (mas seu inglês era imperfeito, e ele precisava da ajuda da mãe), e a textos curtos – como os que geraram o volume “Os Prazeres e os Dias”.

A vida dele era também marcada por um catálogo de doenças, incômodos, ansiedades e preocupações. Aparentemente, ele não passava um dia sem falar em dores, no seu coração, que achava frágil, na asma, nas várias alergias (inclusive a perfumes e às flores de que mais gostava); convivia com tremores, com suores, com dores em toda parte, dos pulsos aos olhos; por medo da asma, não saía de casa sem peles e casacos; achava sempre que ia morrer, e parecia ter imensa autopiedade.

Levado aos livros pela mãe, conheceu também nomes importantes da literatura francesa em suas passagens pelos salões. Frequentava o salão da viúva de Bizet, por exemplo, conversava com Anatole France, e na nova geração teve entre seus pares André Gide – que orientou a editora a recusar seu primeiro romance, algo de que se arrependeria amargamente mais tarde.

O primeiro livro dos sete volumes que compões “Em Busca do Tempo Perdido” saiu em 1913. Ali estava toda a gênese do projeto: as frases musicais e inacabáveis; a descrição da vida na pequena Combray; o dia a dia de uma família que era exatamente igual à sua, embora isso não seja dito em momento algum; o desenvolvimento intelectual e afetivo do menino narrador, que claramente é Proust; a beleza do campo, a descrição impiedosa e ao mesmo tempo cheia de compaixão daqueles personagens que cercaram sua infância.

A série continuaria a sair pelos nove anos seguintes de sua vida, embora ele jamais tenha conseguido revisar os três últimos livros – a morte por pneumonia chegou em 1922, e coube a seu irmão Robert editar e publicar os volumes finais da história.

Além do Goncourt, o prêmio mais importante da literatura francesa, a recepção foi arrasadora. Henry James disse que lia Proust com “inconcebível tédio”, mas também com o mais incrível êxtase. Graham Greene disse que era o melhor romance do século Sommerset Maugham foi mais longe e classificou como a maior obra de ficção já produzida pela humanidade.

O livro consumiu boa parte das energias e da vida de Proust, principalmente a partir de 1919, quando ele decide praticamente se retirar do mundo em que vivia, trancar-se no quarto e se dedicar aos quatro volumes que ainda pretendia escrever. Dormia durante o dia, para durante a noite trabalhar escrevendo e reescrevendo cada uma das frases que compõem as 4 mil páginas de seu romance.

Cem anos depois, a obra dele é absolutamente incontornável. Na França, é colocada na mesma altura dos livros de Balzac e Flaubert; no modernismo, talvez só tenha como rivais o próprio Joyce e uns poucos outros nomes, como Thomas Mann, Kafka e Virginia Woolf.

Neste ano, certamente haverá comemorações em todo o mundo, novas edições, textos sobre Proust. Tudo para lembrar o menino franzino que se transformou no auge da literatura francesa em seu tempo.


O ciúme é muitas vezes uma inquieta necessidade de tirania aplicada às coisas do amor.



EM BUSCA DOS SIGNOS DE PROUST

Trecho de matéria de Victor Calcagno, no quatrocincoum.com.b

Em maio de 1921, Marcel Proust achou por bem desafiar suas enfermidades e sair do famoso quarto forrado de cortiça no número 44 da Rue Hamelin, no 16º distrito parisiense. Foi nesse cômodo que o autor passou seus últimos anos com a saúde claudicante enquanto escrevia e revisava o quinto volume de Em busca do tempo perdido, tarefa a que dedicava todas as forças, já prevendo seu iminente fim, e da qual se ausentava quase nunca àquela altura. Naquele período, no entanto, chegava à cidade uma exposição de arte holandesa que, dentre outras obras aclamadas, trazia um quadro que Proust vira quase duas décadas antes em Haia: a Vista de Delft, de Vermeer. Com a ajuda do amigo e crítico de arte Jean-Louis Vaudoyer, que convocou especialmente para auxiliá-lo na missão, sentiu tonturas e mal-estar já nos degraus de seu prédio, o que o fez suspender a marcha por alguns segundos, mas não cancelar o plano. Com Vaudoyer apoiando-o pelo braço para que não caísse entre as galerias do museu Jeu de Paume, caminhou entre os mestres holandeses até que chegasse diante da paisagem de 98 cm x 118 cm que, em ocasião anterior, já descrevera como “a mais bonita do mundo”.

Com Proust ao mesmo tempo frágil e extasiado, envolvido em uma situação que poderia lembrar um “último pedido”, não seria exagero pensar que a cena terminaria com o escritor tendo um ataque e, diante da beleza total, morrendo. Não morreria até o fim do ano seguinte, mas resolveu matar um dos personagens mais importantes da Recherche, o escritor Bergotte, exatamente dessa forma. A passagem, em que o homem já doente desaba sem vida no meio da mesma exposição, é uma das mais celebradas nos sete volumes que compõem a obra, não só pelo estilo e ideias empregados, mas especialmente pelo detalhe que ocasiona o súbito falecimento. É para ver um “pequeno pedaço de muro amarelo”, encontrado na porção mais à direita do quadro, que Bergotte resolve se arriscar saindo de casa. Diante da tela, antes de ser vencido pelas tonturas e cair morto, encontra tempo de dizer, ao admirar o detalhe colorido: “Assim é que eu deveria ter escrito”.



Uma obra em que há teorias é como um objeto no qual se deixa a etiqueta do preço.




NO CAMINHO DE SWANN

tradução de Mario Quintana

Apesar de toda a admiração do sr. Swann por essas figuras de Giotto, por muito tempo não senti nenhum prazer em contemplar em nossa sala de estudo, onde haviam pendurado as cópias que ele me trouxera, aquela Caridade sem caridade, aquela Inveja que mais parecia uma ilustração de livro de medicina para mostrar a compressão da glote ou da campainha por um tumor da língua ou pela introdução do instrumento operatório, uma Justiça cujo rosto comum e mesquinhamente regular era aquele mesmo que, em Combray, caracterizava certas boas burguesas devotas e secas que eu via na igreja e várias das quais já estavam engajadas na milícia de reserva da Injustiça. Mais tarde, porém, compreendi que a estranheza impressionante, a beleza especial daqueles afrescos, provinha do considerável lugar que ali ocupava o símbolo, e o fato de estar ele representado não como um símbolo, pois o pensamento simbolizado não se achava expresso, mas sim como real, como efetivamente sofrido ou materialmente manejado, dava à significação da obra qualquer coisa de mais literal e preciso, e a seu ensinamento qualquer coisa de mais concreto e incisivo. Com a pobre criada de cozinha, também, não era a atenção incessante atraída para seu ventre, pelo peso que o distendia? E assim também, muitas vezes o pensamento dos agonizantes é desviado para o lado efetivo, doloroso, obscuro, visceral, para esse avesso da morte que é justamente o lado que ela lhes apresenta, que lhes faz rudemente sentir e que muito mais se parece com um fardo que os esmaga, com uma dificuldade de respirar, com uma necessidade de beber, do que com aquilo a que chamamos ideia de morte.

Aqueles Vícios e Virtudes de Pádua deviam ter mesmo muita realidade, visto que me apareciam tão vivos como a criada grávida; e ela própria não se me afigurava menos alegórica. E talvez essa não participação (pelo menos aparente) da alma de um ser na virtude que age por seu intermediário tenha também, independentemente de seu valor estético, uma realidade se não psicológica, ao menos fisiognomônica, como se diz. Quando tive mais tarde ocasião de encontrar, no curso da vida, em conventos por exemplo, encarnações verdadeiramente santas da caridade ativa, tinham geralmente um ar alegre, positivo, indiferente e brusco de cirurgião apressado, essa fisionomia em que não se lê nenhuma comiseração, nenhum enternecimento diante da dor humana, nenhum temor de feri-la, e que é a fisionomia sem doçura, a fisionomia antipática e sublime da verdadeira bondade.

Musée Marcel Proust - Illiers-Combray


2 comentários:

  1. Prévidi, tenho comigo a coleção, acho que são dois ou três volumes, de "A Busca Do Tempo Perdido' e reconheço, foi o único clássico que não consegui avançar. Para um personagem do romance dizer 'eu te amo' leva umas dez páginas, parecendo as antigas novelas da Manchete, um horror de arrastadas, vazios, inocuidades. Tentei agora há pouco tempo, mas em vão! Não vai! Eta coisa ruim! E é um clássico! UAU!

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    1. Também tentei, mas ainda não consegui avançar.

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