Fim de Semana do Prévidi - 23/24-2-2013

UMA HOMENAGEM AOS QUE ADORAM DAR UM PAU EM PARLAMENTARES.
EM ESPECIAL AO AMEU AMIGO
GIOVANI GRIZOTTI!!

Texto de um grande jornalista, admirado por todos. Reproduzo do leiturasmarona.blogspot.com.br:

Não quero ser Deputado.
Trabalha muito e ganha muito pouco


José Hamilton Ribeiro

Toda a vez que fui Editor-Chefe (de TV) ou Chefe de Redação (em jornal ou revista) e que me coube dirigir a pauta, sempre olhei com muito pé atrás toda iniciativa de fazer matéria contra algum parlamentar. Fosse ele federal (Câmara e Senado), estadual ou municipal (vereador). Tive sempre, e instintivamente, o maior respeito por quem - como os parlamentares - precisam do aval do povo para manter o seu emprego. Quantos juízes, generais, executivos de multinacionais, donos de jornal, tycoons de tevê, marechais de rádio - quantos deles manteriam o seu poder (muitas vezes exercido de forma arrogante) se precisassem, de tempos em tempos, prestar contas ao povo e ser reafirmado no cargo?
É uma pauta fácil fazer matéria para meter o pau em deputado, senador, vereador, dizendo principalmente que eles ganham muito, têm carro com motorista e não fazem nada. E o tipo de pauta de chefe de reportagem medíocre (incapaz de pensar em assunto melhor) ou então - como é o caso mais freqüente - de "encomenda" do patrão, para desviar a atenção do povo para o crime e o roubo, que geralmente são feitos longe dos parlamentos.
Uma outra coisa que me leva, também instintivamente, a ver com bons olhos os parlamentares - é o fato de que eles pertencem ao mais fraco dos poderes, o Legislativo. O Executivo tem canhões e, principalmente, dinheiro – para amedrontar ou acalentar os meios de comunicação. O Judiciário tem o poder de prender ou pelo menos de incomodar os poderosos, na hora de uma sentença, de uma diligência, ou até tão-somente de uma ameaça. E o Legislativo - de que dispõe para afrontar e pôr medo no patronato e nos meios de comunicação?
O Brasil é um país atrasado, e daí nos advêm, entre outras desgraças, o desconhecimento do mecanismo da democracia e a importância da representação política. Por que Fulano de tal é deputado? Quem fez de Sicrano da Silva senador? Fulano é deputado, Sicrano é senador porque eu, meu irmão, meu vizinho, o filho do pedreiro, a sogra do vigia – todos nós - achamos que ele era o melhor, que merecia assumir o lugar de nosso representante, porque sua história e seu passado fizeram dele um líder, um chefe, um homem de bem.
Muito bem: após a eleição, após toda a angústia, o sofrimento e a despesa de uma eleição - vem um jornal e começa a tratar o representante do povo como se ele fosse um desqualificado.
Que é isso senão um desconhecimento, uma ignorância, uma incontida má-intenção em relação à democracia? Que é isso senão falta de prática democrática? Será que os donos de jornais, de rádio, de tevê, gostaram tanto da ditadura que, inconscientemente, atacam o Legislativo - como se sonhassem com a volta dos militares e do AI-5?
Olha, eu sou hoje um jornalista médio, muito longe dos cargos executivos de nossos grandes jornais e emissoras de tevê. Mesmo assim, salário por salário, eu não troco o meu, pelo de um deputado federal. Além de ser obrigado a ter duas casas (uma no estado, outra em Brasília), de gastar uma nota com presentes de casamento e batizado, de ser obrigado a andar sempre bem vestido e dar gordas gorjetas – ainda tem essa desvantagem de, mal começou um mandato, já ir pensando em como não perder a próxima eleição... E de viver o tempo todo como uma vidraça na mira do estilingue de qualquer moleque. Não há dinheiro que pague!
Olha, eu respeito um deputado, um vereador, um senador. A Nação depende dele, a democracia depende dele e não há substituto para a democracia. Ou é democracia,
ou é indignidade.
Por isso eu fico realmente uma fera, quando sei de um deputado, de um vereador, de um senador que não honra o seu mandato. Que se vende. Que se mete em negociatas. Que envergonha a instituição e o país. Eu sei que a maioria absoluta de nossos parlamentares é de gente honrada, são os melhores homens de nosso País.
Entre seus deveres - que não são poucos, nem leves, está o de vigiar a sua casa, e não deixar que os maus fiquem soltos e livres para fazer sujeira e manchar a fama da espécie inteira.

5 comentários:

  1. ANTES DE SEREM DEPUTADOS, AQUELES QUE ESTÃO NA CÂMARA TEM UMA PROFISSÃO.
    A SEGUIR ALGUMAS DELAS
    Dos 513 deputados federais 78 têm formação em Direito. Eles se identificam como advogados (67), bacharéis em Direito (5) e procuradores (3), além de um defensor público, um juiz e um serventuário da Justiça; o segundo maior grupo na nova Câmara é formado por 50 profissionais da área de Saúde: 41 médicos, seis dentistas, uma enfermeira, um fisioterapeuta e um psicólogo; 49 parlamentares com atuação na área da educação : 46 professores (21 deles universitários) e três pedagogos; empresários: a Câmara contará com 45 deles, sendo que quatro se definem como “industriais”; agropecuaristas (18) e agrônomos (15) formam juntos uma bancada de profissionais do campo, a quinta maior com 33 representantes; administradores: 30 deputados; engenheiros: 29, que se subdividem em 16 engenheiros civis, seis eletricistas, três mecânicos, um engenheiro aeronáutico e ainda três deputados eleitos que declararam apenas ser “engenheiros”; 26 são servidores públicos, 24 são economistas, 20 são comunicadores (sendo cinco jornalistas) e 15, comerciantes; existem ainda dez trabalhadores da indústria (dos quais três são metalúrgicos), oito religiosos, sete bancários, seis veterinários e seis profissionais da área de segurança (cinco delegados de polícia e um militar).
    SERÁ QUE SÓ OS DESONESTOS DAS PROFISSÕES ACIMA É QUE FORAM SER DEPUTADOS?

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  2. O 13º salário. Quem trabalha na RBS, empregado, recebe o mesmo. O projeto para a criação do mesmo, em 1962, foi apresentado pelo Deputado Federal gaúcho Floriceno Paixão; aprovado, foi transformado em lei, sancionada por João Goulart.
    Como todos os políticos "são safados" para alguns, creio que estes não recebem este benefício, por exemplo, de iniciativa de um "safado deputado". Devem devolver para o patrão.

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  3. O último parágrafo do comentário do José Hamilton resume onde está todo o problema: Se os bons são maioria porque se deixaram governar pela minoria desonesta? A ponto de os poderes legislativos cairem em desgraça pela população. Então os tais honestos da maioria são tão culpados quanto.

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  4. Concordo que as pautas jornalísticas sobre a atuação dos deputados são muitas vezes pontuais e interessam aos conservadores e saudosos da redentora e vendem jornal e dão audiência nas outra mídias. Sei que no tempo do José Hamilton a imagem do parlamento era melhor e não havia a informação em tempo real. Na realidade os legisladores são reflexo da sociedade, como o executivo, o judiciário, os Empresários, os intelectuais, os trabalhadores, etc.

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  5. Desculpem, mas o texto é verdadeiro e genial.

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