ANDO DEVAGAR
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THE BEST
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JOSÉ LUIZ GULART PRÉVIDI
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(ao menos assista os 7 minutos do último vídeo, de Chico e Tom)
especial
Nesta sexta, uma cesta
de Chico Buarque!
sensacional compositor:
"UNANIMIDADE NACIONAL"
(Millôr Fernandes)
Você que inventou a tristeza, ora, tenha a fineza de desinventar
Quero inventar o meu próprio pecado, quero morrer do meu próprio veneno
Quando chegar o momento, esse meu sofrimento vou cobrar com juros, juro
Pois você sumiu no mundo sem me avisar e agora eu era um louco a perguntar: o que é que a vida vai fazer de mim?
Seu primeiro livro: não foi uma unanimidade
Chico Buarque (Francisco Buarque de Hollanda) nasceu no Rio de Janeiro em 19 de junho de 1944. É escritor, ator e um dos mais importantes compositores brasileiros de todos os tempos. Já gravou cerca de 80 discos, inclusive em parceria com outros músicos. Tem nove livros publicados, cinco peças de teatro e número igual de filmes. Entre vários prêmios, foi o vencedor do Prêmio Camões, o mais importante da língua portuguesa em 2019.
Neto de Cristóvão Buarque de Hollanda e filho de Sérgio Buarque de Hollanda e Maria Amélia Cesário Alvim, Chico é irmão das cantoras Miúcha, Ana de Hollanda e Cristina. Foi casado por 33 anos (de 1966 a 1999) com a atriz Marieta Severo, com quem teve três filhas: Sílvia Buarque, Helena e Luísa.
Chico ingressou no curso de Arquitetura na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo em 1963. Cursou dois anos e parou, quando começou a se dedicar à música. Nesse ano, lançou Sonho de um Carnaval, inscrita no I Festival Nacional de Música Popular Brasileira, transmitida pela TV Excelsior, e Pedro Pedreiro. A primeira composição do Chico foi aos 15 anos de idade, Canção dos Olhos (1959). A primeira gravação foi também uma marchinha, "Marcha para um dia de sol", gravada por Maricene Costa, em 1964.
Conheceu Elis Regina, que havia vencido o Festival de Música Popular Brasileira em 1965 com a canção Arrastão, mas a cantora acabou desistindo de gravá-lo devido à impaciência com a timidez do compositor. Revelou-se ao público quando ganhou o mesmo Festival, no ano seguinte, transmitido pela TV Record, com A Banda, interpretada por Nara Leão (empatou em primeiro lugar com Disparada, de Geraldo Vandré, interpretada por Jair Rodrigues).
No entanto, Zuza Homem de Mello, no livro A Era dos Festivais: Uma Parábola, revelou que "A Banda" venceu o festival. O musicólogo preservou por décadas as folhas de votação do festival. Nelas, consta que a música "A Banda" ganhou a competição por 7 a 5. Chico, ao perceber que ganharia, foi até o presidente da comissão e disse não aceitar a derrota de Disparada. Caso isso acontecesse, iria na mesma hora entregar o prêmio ao concorrente.
No dia 10 de outubro de 1966, data da final, iniciou o processo que designaria Chico Buarque como "unanimidade nacional", determinado por Millôr Fernandes.
Canções como Ela e sua Janela, de 1966, começam a demonstrar a face lírica do compositor. As influências de Noel Rosa podem ser notadas em A Rita, 1965, citado na letra, e Ismael Silva, como em marchas-rancho.
No festival de 1967, faria sucesso também com Roda Viva, interpretada por ele e pelo grupo MPB 4 - amigos e intérpretes de muitas de suas canções. Em 1968, voltou a vencer outro Festival, o III Festival Internacional da Canção da TV Globo. Como compositor, em parceira com Tom Jobim, com a canção Sabiá. Mas, desta vez, a vitória foi contestada pelo público, que preferiu a canção que ficou em segundo lugar: Pra Não Dizer Que Não Falei De Flores, de Geraldo Vandré.
Chico sempre se destacou como cronista nos tempos de colégio - seu primeiro livro foi publicado em 1966, trazendo os manuscritos das primeiras composições e o conto Ulisses, e ainda uma crônica de Carlos Drummond de Andrade sobre A Banda. Em 1974, escreve a novela pecuária Fazenda modelo e, em 1979, Chapeuzinho Amarelo, um livro-poema para crianças.
Em 1991, publica o romance Estorvo (vencedor do Prêmio Jabuti de melhor romance em 1992) e, quatro anos depois, escreve o livro Benjamim. Em 2004, o romance Budapeste ganha o Prêmio Jabuti de Livro do Ano. Em 2009, lança o livro Leite Derramado, que também recebe o Prêmio Jabuti de Livro do Ano. Em 2016, é anunciada a estreia da versão teatral deste romance pelo Club Noir, estrelada por Helena Ignez e Luiz Päetow. Oficialmente, a vendagem mínima de seus livros é de 500 mil exemplares no Brasil.
Chico participou como ator e compôs várias canções de sucesso para o filme Quando o Carnaval Chegar e foi diretor musical de Joanna Francesa com Roberto Menescal, com quem compôs a canção-tema, ambos filmes dirigidos por Cacá Diegues. Compôs a canção-tema do longa-metragem Vai trabalhar Vagabundo, de Hugo Carvana. Faria o mesmo com os filmes seguintes desse diretor: Se Segura Malandro e Vai Trabalhar Vagabundo II.
Adaptou canções de uma peça infantil para o filme Os Saltimbancos Trapalhões de Os Trapalhões e com interpretações de Lucinha Lins. Outras adaptações de uma peça homônima de sua autoria foram feitas para o filme Ópera do Malandro, mais um musical cinematográfico.
Vários filmes que tiveram canções-temas de sua autoria e que fizeram muito sucesso além dos citados: Bye Bye Brasil, Dona Flor e Seus Dois Maridos e Eu Te Amo, os dois últimos com Sônia Braga. Recentemente, chegou a ter uma participação especial como ator no filme Ed Mort. Ele escreveu um livro que virou filme, Benjamim, de 2003, tendo como intérpretes Cleo Pires, Danton Melo e Paulo José.
Em maio de 2009, é lançado o filme Budapeste. No filme, há também a sua participação especial.
Uma boa polêmica. Tanto Budapeste quanto Leite Derramado venceram o Prêmio Jabuti como Livro do Ano sem terem vencido o mesmo prêmio na categoria Melhor Romance. Budapeste foi o terceiro colocado na premiação de melhor romance de 2004, enquanto Leite Derramado havia sido o segundo colocado em 2010. Após a escolha de 2010, muitas críticas foram feitas à forma de premiação, tendo em vista que, na premiação por categorias, o júri seria composto por especialistas, sendo que na premiação para Livro do Ano, a votação representaria a vontade dos empresários do setor. Os três primeiros colocados de cada categoria concorriam ao prêmio final, de Livro do Ano.
Uma petição on line, intitulada "Chico, devolve o Jabuti!", recolheu milhares de assinaturas. A editora Record (que publicara Se Eu Fechar os Olhos Agora, de Edney Silvestre, vencedor na categoria melhor romance e preterido na votação final) criticou o regulamento do prêmio, alegando que favoreceria pessoas com grande penetração na mídia e seria um desrespeito com o júri especializado e com os próprios autores, anunciando que deixaria de inscrever candidatos ao prêmio. Com a polêmica, foi anunciado que em 2011 apenas os vencedores de cada categoria concorreriam à premiação final.
Sempre ofereceu composições a seus amigos. Muitas passaram a ter versões definitivas em outras vozes. Além das citadas canções do "eu" feminino de Chico, temos o exemplo de Elis Regina na canção Atrás da Porta e O Cio da Terra, com gravações de Milton Nascimento e de Pena Branca & Xavantinho.
Há também interpretações de Oswaldo Montenegro, que, em 1993, lançou o disco Seu Francisco, produzido por Hermínio Bello de Carvalho, e Ney Matogrosso que, em 1996, lançou Um Brasileiro. Neste ano, o sambista João Nogueira, em parceria do maestro Marinho Boffa, gravou o disco "Chico Buarque, Letra & Música", com 14 canções que marcaram a carreira de Chico.
Fez composições para cantores populares, como nos casos de Ângela Maria, que gravou Gente Humilde, e Cauby Peixoto com Bastidores. Dentre os artistas que regravaram músicas suas em estilo popular, podem ser citados ainda Rolando Boldrin, que relançou Minha História, e a banda Engenheiros do Hawaii que, no ano 2000, gravou Quando o Carnaval Chegar, no álbum 10.000 Destinos.
A peça Roda viva foi escrita por Chico Buarque no final de 1967 e estreou no Rio de Janeiro, no início de 1968, sob a direção de José Celso Martinez Corrêa, com Marieta Severo, Heleno Pests e Antônio Pedro nos papéis principais. A temporada no Rio foi um sucesso, mas a obra virou um símbolo da resistência contra o regime militar durante a temporada da segunda montagem, com Marília Pêra e Rodrigo Santiago.
Um grupo de cerca de 110 pessoas do Comando de Caça aos Comunistas (CCC) invadiu o Teatro Galpão, em São Paulo, em julho daquele ano, espancou artistas e depredou o cenário. No dia seguinte, Chico Buarque estava na plateia para apoiar o grupo e começava um movimento organizado em defesa de Roda viva e contra a censura nos palcos brasileiros. Chico disse no documentário Bastidores, que pode ter havido um erro, e que a peça que o comando deveria invadir acontecia em outro espaço do teatro.
O texto da Ópera do Malandro é baseado na Ópera dos Mendigos d1728, de John Gay, e na Ópera de três vinténs (1928), de Bertolt Brecht e Kurt Weill. O trabalho partiu de uma análise dessas duas peças conduzida por Luís Antônio Martinez Corrêa e que contou com a colaboração de Maurício Sette, Marieta Severo, Rita Murtinho e Carlos Gregório. A equipe também cooperou na realização do texto final através de leituras, críticas e sugestões. Nessa etapa do trabalho, muito valeram os filmes Ópera de Três Vinténs, de Pabst, e Getúlio Vargas, de Ana Carolina e os estudos de Bernard Dort, as memórias de Madame Satã, bem como a amizade e o testemunho de Grande Otelo.
Participou ainda o professor Manuel Maurício de Albuquerque para uma melhor percepção dos diferentes momentos históricos em que se passam as três óperas. O professor Werneck Viana contribuiu posteriormente com observações muito esclarecedoras. E Maurício Arraes juntou-se ao grupo, já na fase de transposição do texto para o palco. A peça é dedicada à lembrança de Paulo Pontes.
Chico vive hoje em Paris?
Em 14 de abril de 2020, o colunista Guilherme Amado, da Época, esclarece:
Chico Buarque não está em isolamento nem em seu apartamento no Leblon nem em Paris.
Está em sua casa em Nogueira, distrito de Petrópolis, na Região Serrana do Rio, revisando as traduções de Essa gente, seu último livro.
A obra já foi vendida para quatro países.
Livros
1974: Fazenda Modelo
1979: Chapeuzinho Amarelo
1981: A Bordo do Rui Barbosa (ilustrações de Vallandro Keating)
1991: Estorvo
1995: Benjamim
2003: Budapeste
2009: Leite Derramado
2014: O Irmão Alemão
2019: Essa Gente
O nosso amor é tão bom…
O horário é que nunca combina
EU TE AMO
Ah, se já perdemos a noção da hora
Se juntos já jogamos tudo fora
Me conta agora como hei de partir
Se, ao te conhecer, dei pra sonhar, fiz tantos desvarios
Rompi com o mundo, queimei meus navios
Me diz pra onde é que inda posso ir
Se nós, nas travessuras das noites eternas
Já confundimos tanto as nossas pernas
Diz com que pernas eu devo seguir
Se entornaste a nossa sorte pelo chão
Se na bagunça do teu coração
Meu sangue errou de veia e se perdeu
Como, se na desordem do armário embutido
Meu paletó enlaça o teu vestido
E o meu sapato inda pisa no teu
Como, se nos amamos feito dois pagãos
Teus seios inda estão nas minhas mãos
Me explica com que cara eu vou sair
Não, acho que estás só fazendo de conta
Te dei meus olhos pra tomares conta
Agora conta como hei de partir
IMPERDÍVEL!! UMA SELEÇÃO!!
Os ritmos da prosa
Uma entrevista imperdível!
Minha mãe sempre diz: Não há dor que dure para sempre!
Tudo é vário. Temporário. Efêmero. Nunca somos, sempre estamos!
E apesar de saber de tudo isso. Por que algumas dores duram tanto?
Por que alguns sentimentos (diga-se de passagem os mais ridículos) demoram tanto a passar?
Por que olhar pra ele reaviva esperanças perdidas e suscitas lágrimas quentes até então contidas?
Por que o cérebro ainda não inculcou no coração que esquecer faz bem a saúde?
Por que tudo não pode ser como um bonito filme francês?
Parceiros: Manuel Bandeira, Tom Jobim e Vinicius de Moraes |
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