Sexta, 10 de dezembro de 2021

 

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PRÉ-PRODUÇÃO A MIL!
DOIS MINUTOS COM PRÉVIDI



especial

Nesta sexta, uma cesta 
de Dick Farney
!


O centenário de nascimento
do maior cantor brasileiro


No auge da fama era o "Sinatra brasileiro".


Apesar de ser um astro, era uma pessoa discreta e tímida. Era um homem muito carinhoso com a família.








Dick Farney (Farnésio Dutra e Silva) nasceu no Rio de Janeiro, em 14 de novembro de 1921. Além de uma voz inimitável, era exímio pianista e compositor.

Aprendeu música erudita com o pai e a mãe lhe ensinava canto.


Com 16 anos estreou como cantor no programa Hora Juvenil, na rádio Cruzeiro do Sul do Rio de Janeiro, quando interpretou a canção "Deep Purple", de Pete DeRose. Foi levado por César Ladeira para a Rádio Mayrink Veiga, passando a apresentar o programa Dick Farney, a Voz e o Piano. O conjunto Os Swing Maníacos, formado por Dick, tinha ao lado o irmão Cyll Farney, na bateria, e acompanhou Edu da Gaita na gravação da música "Canção da Índia", do compositor russo Nikolay Rimsky-Korsakov (1844–1908).


De 1941 a 1944, foi crooner da orquestra de Carlos Machado, no Cassino da Urca, no tempo em que o jogo era permitido no Brasil.


Em 1946, foi convidado para ir para os Estados Unidos, depois do encontro com o arranjador Bill Hitchcock e o pianista Eddie Duchin, no Hotel Copacabana Palace. Nesse período, gravou o famoso tema jazzístico "Tenderly", considerado a primeira gravação mundial. Entre 1947 e 1948, fez várias apresentações na Rádio NBC, principalmente como cantor fixo no programa do comediante Milton Berle. Em 1948, apresentou-se com sucesso na boate carioca Vogue.



Em 1956, gravou ao vivo o show "Meia-Noite em Copacabana", bem ao estilo da Broadway, lançado pela gravadora Polydor, com temas americanos e brasileiros, que é considerado um marco para a Bossa Nova, devido à mistura de samba e jazz. Em 1959, era exibido o programa de TV Dick Farney Show, na TV Record de São Paulo. Em 1960, formou a banda Dick Farney e sua Orquestra, que animou muitos bailes.


Em 1964, com o advento da Bossa Nova, gravou, a convite de Aloysio de Oliveira, pela gravadora Elenco, o disco Dick Farney (Elenco ME-15), com a participação especial de Norma Bengell na faixa solo "Vou Por Aí" (Baden Powell e Aloysio de Oliveira) e em dueto na faixa "Você" (Roberto Menescal e Ronaldo Bôscoli).

Em 1965, apresentou o programa Dick e Betty na recém-inaugurada TV Globo do Rio de Janeiro, ao lado de Betty Faria. Ainda nesse ano, voltou a gravar o segundo disco pela Elenco o LP Dick Farney: Piano, Gaya: Orquestra. Entre 1977 e 1987, Gogô passou a ser seu pianista acompanhador.


Foi proprietário das boates Farney's e Farney's Inn, ambas em São Paulo. Em 1971, formou um trio com Sabá (contrabaixo) e Toninho Pinheiro (bateria). Entre 1973 e 1978, tocou piano e cantou na boate Chez Régine, também na capital paulista, onde morreria, vítima de um edema pulmonar, em 1987, aos 65 anos.



Composições

1955: "Sonhando com Shearing"

1955: Sem nome

1956: "Farney´s blues", com o Dick Farney Trio

Turnês

Apresentou-se em Hollywood, Chicago e San Francisco, em Nova Iorque (Waldorf Astoria Hotel e Shell Burn Hotel), 

Argentina, Uruguai, Cuba, República Dominicana, Porto Rico e ilhas do Caribe.

Filmes

1950: Somos Dois, dirigido por Milton Rodrigues

1952: Carnaval Atlântida, de José Carlos Burle

1953: Perdidos de Amor, de Eurides Ramos





Discografia

"The Music Stopped"/"Mairzy Doats", com a orquestra de Ferreira Filho, gravadora Continental (1944)

What's New? (fox-trot), crooner do conjunto Milionários do Ritmo (1944)

"San Fernando Valley"/"I Love You" (1944)

I Don't Want to Ealk Without You (1944)

"This Love of Mine"/"The Man I Love" (1945)

"Copacabana"/"Barqueiro do Rio São Francisco", com acompanhamento de Eduardo Patané (1946)

"Era Ela"/"Ela Foi Embora" (1946)

"Just an Old Love of Mine" (Peggy Lee/Dave Barbour)/"For Once in my Life" (Fisher/Segal), com Paul Baron e sua Orquestra (1947)

"Marina"/"Foi e não Voltou" (1947)

"Gail in Galico"/"For Sentimental Reasons" (1947)

"Ser ou não Ser"/"Um Cantinho e Você" (1948)

"Meu Rio de Janeiro"/"A Saudade Mata a Gente" (1948)

"Esquece"/"Somos Dois…" (1948)

"Ponto Final"/"Olhos Tentadores" (1949)

"Junto de Mim"/"Sempre teu" (1949)

"Não Tem Solução"/"Lembrança do Passado", gravadora Sinter (1950)

"Uma Loira"/"Meu Erro" (1951)

"Canção do Vaqueiro"/"Nick Bar" (1951)

"Mundo Distante"/"Não Sei a Razão" (1952)

"Luar sobre a Guanabara"/"Fim de Romance" (1952)

"Sem esse Céu"/"Alguém como Tu" (1952)

"Perdido de Amor"/"Meu Sonho" (1953)

"Nova Ilusão"/"João Sebastião Bach" (1953)

"April in Paris"/"All the Things You Are" (1953)

"Speak Low"/"You Keep Coming back like a Song" (1953)

"Copacabana"/"My Melancholy Baby" (1954)

"Tenderly"/"How soon', Majestic Records (1954)

"Somebody Loves me"/"There's no Sweeter Word than Sweetheart" (1954)

"Marina"/"For Once in your Life" (1954)

"Grande Verdade"/"Você se Lembra?" (1954)

"Outra Vez"/"Canção do Mar" (1954)

"Tereza da Praia"/"Casinha Pequenina", junto com o cantor Lúcio Alves (1954)

Música romântica com Dick Farney (1954)

Sinfonia do Rio de Janeiro, disco de 10 polegadas (1954)

A Saudade Mata a Gente (1955)

"Foi Você"/"Tudo Isto é Amor" (1955)

Dick Farney e seu Quinteto (1955)

"Bem Querer"/"Sem Amor Nada se Tem" (1955)

Dick Farney on Broadway (1955)

"Jingle Bells"/"White Christmas"/"Feliz Natal" (1956)

Jazz Festival (1956)

Jazz after Midnight (1956)

Meia-noite em Copacabana com Dick Farney (1956)

Dick Farney Trio (1956)

"Un Argentino en Brasil"/"Nem Fala meu Nome" (1957)

"O Ranchinho e Você"/"Só Eu Sei" (1957)

"Toada de Amor"/"O Luar e Eu…" (1957)

"Este seu Olhar"/"Se É por Falta de Adeus" (1959)

"Esquecendo Você"/"Amor sem Adeus" (1959)

Atendendo a Pedidos (1959)

Dick Farney em Canções para a Noite de meu Bem (1960)

Dick Farney e seu jazz moderno no auditório de O Globo (1960)

Dick Farney no Waldorf (1960)

"Somos Dois"/"Uma Loura" (1961)

Dick Farney Jazz (1961)

Dick Farney Show (1961)

Jam Session (1961)

Dick Farney apresenta sua orquestra no auditório de O Globo, com participação especial de Leny Andrade (1962)

Dick Farney, com participação especial de Norma Bengell (1964)

Dick Farney, piano e Orquestra Gaya, com Lindolfo Gaya (1965)

Penumbra e Romance (1972)

Dick Farney (1973)

Concerto de Jazz ao Vivo (1973)

Dick Farney e Você (1974)

Um Piano ao Cair da Tarde (1974)

Um Piano ao Cair da Tarde II (1975)

Dick Farney (1976)

Tudo Isso É Amor, com a cantora Claudette Soares (1976)

Cinco Anos de Jazz (1977)

Dick Farney (1978)

Tudo Isso É Amor II (1978)

Dick Farney: o cantor, o pianista, o diretor de orquestra, série "Retrospecto", gravadora RGE (1979)

Noite (1981)

Feliz de Amor (1983)

Momentos Inexplicáveis (1985)

Dick Farney "ao vivo", gravado no restaurante-bar Inverno & Verão, em São Paulo (1986)




Dick Farney
e a americanização da MPB

Por Fernando Nogueira da Costa

Ruy Castro quis escrever o livro A noite do meu bem: a história e as histórias do samba-canção para suprir uma falta que ele sempre sentiu. Nunca entendeu por que o samba-canção foi tão desprezado pela historiografia da música brasileira. É como se fosse um pecado o samba ter sido produzido e apreciado também em ambientes sofisticados.

Extremamente sofisticados, é preciso que se diga. Apesar de um dos primeiros sambas com características de canção ter sido feito ainda em 1929 (“Amizade”, de Ary Barroso, lançado por Francisco Alves), foi nas luxuosas boates que infestaram a noite de Copacabana no fim dos anos 1940 que o gênero viveu sua era de ouro.

Esta nova música, cuja gestação vinha de longe, tomou aos poucos espaços como a boite Vogue ou o Golden Room do Copacabana Palace, com seus compositores e cantores de quem não se sabia onde terminava a arte e começava a vida. Eram lugares onde se podia chegar a qualquer hora da noite, sem hora certa para fechar, para beber, jantar, ouvir boa música, dançar e se informar.

Era onde negócios eram fechados e os casos românticos fervilhavam. Ruy Castro leu muitas memórias de embaixadores, diplomatas, políticos para reconstituir essa vida privada dos ricos, dos poderosos e as farras do Clube dos Cafajestes, grupo famoso de playboys filhinhos-do-papai rico.

Após Dick Farney gravar “Copacabana”, na Continental, a música brasileira nunca mais seria a mesma. Como não se considerava capaz de interpretar sambas, Dick parecia condenado a perpetrar perfeitas imitações de Bing Crosby cantando música americana com o conjunto Milionários do Ritmo — e a não chegar a lugar algum.

A primeira providência era quebrar sua resistência e fazê-lo cantar em português. Assim, Braguinha deu-lhe “Copacabana”, e o resultado foi estrondoso. Para Dick, esse 78 representou uma nova carreira e, conscientemente ou não, introduziu ali um novo jeito de cantar: delicado, quase feminino, como Orlando Silva, mas natural e sem afetação, como o mesmo Bing. E, ao contrário do que depois diriam os puristas, as grandes massas não se ofenderam com isso — porque “Copacabana” ficou nas paradas pelo ano e meio seguinte.

Além disso, Crosby era uma influência quase inevitável — afinal, inventara o canto popular moderno. Era imitado pelos cantores americanos, ingleses, franceses, cubanos e de onde mais houvesse música popular. Dez anos antes, o próprio Orlando Silva acusara essa influência ao surgir cantando para o microfone — como Bing —, e não contra ele, como a maioria de seus colegas.

Com sambas românticos, mais adequados ao seu estilo, Dick seria uma sensação. “Copacabana” era mais do que adequado. Era uma revolução. Sua letra representava a saída da música brasileira para o mar — até então, exceto pelas primeiras marinhas de Caymmi, ignorado como inspiração e temática. Era também o primeiro samba-canção da era das boates, e parecia feito de encomenda para elas — poético, reflexivo, perfeito para as madrugadas à meia-luz. O acompanhamento dispensava os tradicionais flauta, cavaquinho e pandeiro, e mesmo as cordas de Radamés Gnattali poderiam ser substituídas por um piano.

O recado das rádios e das lojas foi entendido pelos demais compositores e cantores. O samba agora era uma canção. Poucos meses depois, no começo de 1947, Dorival Caymmi compôs “Marina” — “Marina, morena Marina/ Você se pintou/ Marina, você faça tudo/ Mas faça o favor…” —, e entregou-o a Francisco Alves.

A Continental deu a Dick tratamento de luxo: sua enorme orquestra, regida por José Maria de Abreu, e arranjos de Radamés. Bem diferente de sua gravação de “Marina”, em que ele próprio se acompanhava ao piano e mais nada. Foi este o formato — cantor e piano — que, a convite do barão Stuckart, Dick levou para o Vogue no começo do segundo semestre de 1948, roubando por algumas semanas as atenções que estavam sendo despejadas sobre Aracy de Almeida e Linda Baptista.

Foi sua estreia como atração principal em uma boate e o começo de uma longa história de amor entre ele e a plateia. À razão de duas entradas por noite, à meia-noite e às duas da manhã — garantia de casa cheia para o barão, antes e depois —, Dick tinha agora um repertório que, por si, já justificava o advento do samba-canção. E, além da música, havia ele próprio.

Para os grã-finos que formavam o público do Vogue, Linda e Aracy eram grossas mas deliciosas, porque autênticas. Já Dick era de outra extração — atraente, bem-nascido (o pai, pianista clássico; a mãe, cantora lírica), ex-aluno do São Bento e do São José, atencioso com as senhoras, levantava-se de um salto à aproximação de uma delas.

Se não estivesse ao microfone, poderia, talvez, estar com esses mesmos grã-finos à mesa, tomando White Horse, fumando Chesterfield e discutindo sobre a superioridade desta ou daquela marca de raquete de tênis ou taco de golfe. E, ao cantar, mesmo que suas letras falassem de amores fracassados, o intérprete mantinha o jeito galante, a fleuma, a compostura. Ou seja, seu samba-canção era sem desespero.

Mas não era essa a regra entre os muitos cantores e compositores que, a partir de 1947, se atiraram apaixonadamente ao samba-canção. A beleza das melodias e a dramaticidade das letras eram para ser exploradas até o último soluço.

Enquanto não surgiam outras revelações além de Dick Farney, os cantores veteranos, com toda a solenidade e impostação que traziam do passado, continuaram a ser os mais procurados — e, entre eles, ninguém mais que Francisco Alves. Somente naquele ano, ele lançou três pesos pesados do novo gênero.

Uma história por trás de “Nervos de aço” correu os bastidores das rádios e das boates cariocas e é contada por Ruy Castro no livro “A noite do meu bem”. Na Porto Alegre dos anos 30, o garoto Lupicinio era noivo da mulata Inah e, apesar de apaixonado por ela, hesitava em trocar a boemia pelo casamento. Inah esperou três anos. Quando se convenceu de que Lupicinio não tomaria uma atitude, foi à luta. Dias depois, ele a viu na rua da Praia, pendurada no braço de um homem — com quem se casaria.

Lupicinio Rodrigues desesperou-se, teve ganas de matar ou morrer. Mas acalmou-se, apelou para seus “nervos de aço” e fez do sofrimento um samba-canção. A partir daí, por seu suposto histórico de amores desastrosos, criou-se a lenda — estimulada por ele — de que todos os entrechos que cantava tinham-lhe acontecido. O que não era verdade, e só servia para reduzir Lupicinio a uma espécie de cronista da cornitude, quando o que importava era o seu poder, quase insuperável, de penetrar no coração masculino.




UAUUU! UM ESPECIAL DO DICK FARNEY!!






4 comentários:

  1. Edu da Gaita era gaúcho de Jaguarão, nascido em 13 de outubro de 1916.
    Seu nome original é Eduardo Nadruz .

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  2. Parabéns Previdi! Resgate importante da MPB.Ainda tem, Lucio Alves, Miltinho, Jorge Goulart, Noite Ilustrada, Agostinho dos Santos e é claro Cauby Peixoto, Que tinha um tespeito monumental com seu público.
    Cantava demais. Hoje Wesley Safadão, Belo e etc...
    Não acompanhei em tempo real alguns destes cantores.Tenho 64 anos, na década de 60 não tínhamos TV, mas em um rádio cheio de válvulas, meus PIS e minhas duas irmãs mais velhas ficávamos na cozinha escutando esses mestres.
    Quem sabe Elizeth Cardoso?
    Abraço

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    1. Resgate da música, de altíssima qualidade, e também do nosso cinema nacional em que ele e seu irmão foram muito ativos.
      Parabéns, Prévidi, pela sacada!

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  3. Bela matéria, Prévidi. Assim vemos como já se fez música de qualidade no Brasil. Pena que tenhamos decaído tanto.

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