Bom Dia! Quarta, 11 janeiro 2012

UMA MULHER QUE FOI

MAIS DO QUE MUITO MACHO!!

Domingo passado assisti a uma entrevista no programa da Marília Gabriela no SBT. Passou pela primeira vez em outubro passado.
Já tinha começado e não estava entendendo direito. Um sujeito barbudo, cara e jeito de macho, falando coisas como "as pessoas é que deveriam escolher o seu sexo", "os pais nao deveriam ter o direito de dar nome aos filhos, eles é que deveriam escolher", e por aí. Lá pelas tantas condenou a hipocrisia de não mostrarem na TV beijo entre homossexuais.
Pensei que era mais um desses moderninhos, para ganhar espaço.
Até que a apresentadora mostrou a capa de um livro.
O cara era parecido com o entrevistado. Até que mostrou a foto da mulher e também era parecida.
Uau!!

Terminado o primeiro bloco, a duvida: vou dormir?
Resolvi conferir.
Ah, sim, tratava-se do escritor João W Nery.
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Me distraí e quando aterrisei o cara dizia que se sentia como um garoto, que queria ter uma camisa cheia de bolsos, queria usar gravata, andava pendurado atrás dos bondes.Continuei boiando. Foi indo até que entendi que ele nasceu mulher. Era uma guria que se sentia guri desde sempre - pelo mesmo a partir dos 4 anos.
Adolescente, as irmãs inisistiam para que namorasse e até arranjaram uns namorados. Mas não era a praia dela/dele.
E atenção: isso na década de 50/60!!
Não tinha nada de fashion essa história de homossexualismo!!
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Não vou tratar aqui de tudo, até porque a história é rica em detalhes. Mas, sei lá, deve valer a pena conferir o livro.
Olha o que ele escreveu no FB:
Primeiro transhomem operado no Brasil em 1977.
Psicólogo, sexólogo, professor, escritor e pai. Publicou Erro de Pessoa em 1984, A Editora Leya lança agora em outubro de 2011 o livro “Viagem Solitária” onde conta desde sua infância reprimida, a adolescência solitária, as dificuldades amorosas, a perda de seu diploma de psicologia – que deixou de ter validade com a mudança de sexo - e as dificuldades jurídicas quanto ao seu novo nome, os quatro casamentos e seu maior orgulho, a paternidade.
Antônio Houaiss: “Este é um livro imprescindível para todos os que queiram ver melhor o espanto que é o ser humano: a dimensão e a importância do componente sexual como fonte da identidade individual e social são aqui penetradas com a vitalidade de uma vida vivida: sofrimentos e alegrias, e misérias e esperanças - não apenas do personagem autobiográfico - compõem esta realidade, e o que daí emerge é um real mais forte do que o captado pela ciência e um romance mais pungente que as ficções romanescas...Leiam e humanizem-se".
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Hoje ser um transsexual é uma barbada. Pode fazer a operação até pelo SUS. E o cara vira referência.
O João W Nery passou por tudo isso em pleno regime militar. Ultrapassou um inferno. Imagine, hoje, o cara perder o diploma de psicólogo porque trocou de sexo. Neste período estava fazendo mestrado e dava aulas em 4 faculdades no Rio de Janeiro.
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Por tomar testosterona há 30 anos sofre com as sequelas. Tem colesterol altíssimo e a osteoporose trouxe várias proteses pelo corpo e praticamente não consegue mais caminhar.
Olha, quem me conhece vai estranhar, mas fiquei emocionado com a história do João W Nery.
Fiquei até com vontade de conversar com ele.
Bah, uma mulher pra lá de macho!!
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Ia esquecendo: Em nenhum momento ele falou em bibinhas ou sapatinhos.
Tratou, sim, os transsexuais e travestis.
E os defendeu.
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Esse João W Nery é o cara!!