Bom Dia!! Segunda, 21 de maio de 2012

QUER SABER DE UMA COISA, MOCINHA?
POR FAVOR, VÁ CHUPAR UM CARPIM SUJO!!

Quando trabalhei no primeiro Governo de Leonel Brizola no Rio, em 1983/84, minha base era no Palácio Guanabara, ao lado da sede do Fluminense. Era pau e pau, muito trabalho, de segunda a segunda. Raríssimas folgas. Dentro da Comunicação Social, estava na Editoria do Interior, que teoricamente atendia as cidades do Estado, mas, na real, a gente atendia jornais e rádios de todo o país. E mandávamos matérias, via telex, para mais de 100 jornais e rádios. Duas, três vezes ao dia. O chefe era o fantástico Carlos Contursi.
Um dos meus colegas - e como tempo nos tornamos bons amigos - era o Moacir Jalowitzki, um excelente jornalista. Um cara calmo, voz mansa, mas sem o menor saco para conversa fiada. Mesmo com a maior calma, dava pau em quem se atrevesse a tentar uma conversinha mole.
Não tenho a menor ideia de quantos funcionários tinha o Palácio Guanabara. Mas a imensa maioria era de velhos funcionários efetivos, "nomeados" no tempo do governador, nomeado pelos militares, Chagas Freitas. Ficavam por lá, sentados, olhar perdido, esperando a hora da aposentadoria. Pouquíssimos trabalhavam, com muita calma. Até para se mandar um envelope pelo Correio era complicado. Para eles, tudo era quase impossível.
Detalhe: Trabalhavam 3 dias na semana.
Por que? Porque ganhavam uma miséria.
Vários desses barnabés tentavam puxar conversa com o Moacir, porque todos sabiam que ele era muito próximo a Brizola - entre outras tarefas, era o cara que, ainda madrugada, lia os principais jornais do país e assinalava aquilo que interessava ao governador.
O papo dos caras com o Moacir era mais ou menos assim:
- Doutor Moacir, o senhor não imagina como a gente ganha pouco. O governador...
O Moacir terminava a conversa rapidinho:
- Pois então vá procurar outro emprego.
Virava as costas e voltava à sua sala.
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Sempre me lembro do Moacir quando vejo alguém reclamando que ganha pouco.
Neste fim de semana li na Zero hora on-line este título:
Magistério em crise
"Como posso festejar com salário de R$ 750?", questiona primeira colocada em concurso no Estado

Claro que não li a matéria.
Aí tem uma pergunta óbvia:
Por que esta infeliz fez o concurso?
Para ganhar pouco mais de um salário mínimo?
Por que, já que pelo jeito é preparada, não se dedica a ser aprovada em um concurso que tenha um salário melhor?
Ah, sim, deve ter alegado que é uma "idealista"!
Hahahahaha!!!!
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Há alguns anos acompanhei uma CPI na Câmara de Vereadores de Porto Alegre que tratou da situação dos professores municipais. Foram levantados vários escândalos, como a "indústria" das licenças de saúde.
No dia em que foi apresentado o relatório final, uma vereadora, que também era "trabalhadora em educação", relatou um caso de "perseguição pela Prefeitura".
Olha só:
Uma mulher, com dois filhos com problemas graves de saúde, que necessitavam acompanhamento especial, fez o concurso para o Magistério e foi aprovada. Foi chamada, prestou exames de saúde, apresentou a documentação e foi designada para uma escola.
Aí, através de processo judicial, alegou que não podia trabalhar por causa do filhos doentes.
Quer dizer, fez o concurso, para assegurar uma grana e ficar em casa com os filhos.
E a tal da vereadora ficou indignada:
- Vejam, o que é o arbítrio!! Querem que esta mulher sofredora, com dois filhos doentes, vá dar aulas, cumpra horário!!!
Não precisa desenhar, né?
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A esta futura professora, que vai ganhar 750 reais por mês, só resta uma outra tarefa:
- VÁ CHUPAR UM CARPIM SUJO!!

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