QUER SABER DE UMA COISA, MOCINHA?
POR FAVOR, VÁ CHUPAR UM CARPIM SUJO!!
Quando trabalhei no primeiro Governo de Leonel Brizola no Rio, em 1983/84, minha base era no Palácio Guanabara, ao lado da sede do Fluminense. Era pau e pau, muito trabalho, de segunda a segunda. Raríssimas folgas. Dentro da Comunicação Social, estava na Editoria do Interior, que teoricamente atendia as cidades do Estado, mas, na real, a gente atendia jornais e rádios de todo o país. E mandávamos matérias, via telex, para mais de 100 jornais e rádios. Duas, três vezes ao dia. O chefe era o fantástico Carlos Contursi.
Um dos meus colegas - e como tempo nos tornamos bons amigos - era o Moacir Jalowitzki, um excelente jornalista. Um cara calmo, voz mansa, mas sem o menor saco para conversa fiada. Mesmo com a maior calma, dava pau em quem se atrevesse a tentar uma conversinha mole.
Não tenho a menor ideia de quantos funcionários tinha o Palácio Guanabara. Mas a imensa maioria era de velhos funcionários efetivos, "nomeados" no tempo do governador, nomeado pelos militares, Chagas Freitas. Ficavam por lá, sentados, olhar perdido, esperando a hora da aposentadoria. Pouquíssimos trabalhavam, com muita calma. Até para se mandar um envelope pelo Correio era complicado. Para eles, tudo era quase impossível.
Detalhe: Trabalhavam 3 dias na semana.
Por que? Porque ganhavam uma miséria.
Vários desses barnabés tentavam puxar conversa com o Moacir, porque todos sabiam que ele era muito próximo a Brizola - entre outras tarefas, era o cara que, ainda madrugada, lia os principais jornais do país e assinalava aquilo que interessava ao governador.
O papo dos caras com o Moacir era mais ou menos assim:
- Doutor Moacir, o senhor não imagina como a gente ganha pouco. O governador...
O Moacir terminava a conversa rapidinho:
- Pois então vá procurar outro emprego.
Virava as costas e voltava à sua sala.
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Sempre me lembro do Moacir quando vejo alguém reclamando que ganha pouco.
Neste fim de semana li na Zero hora on-line este título:
Magistério em crise
"Como posso festejar com salário de R$ 750?", questiona primeira colocada em concurso no Estado
Claro que não li a matéria.
Aí tem uma pergunta óbvia:
Por que esta infeliz fez o concurso?
Para ganhar pouco mais de um salário mínimo?
Por que, já que pelo jeito é preparada, não se dedica a ser aprovada em um concurso que tenha um salário melhor?
Ah, sim, deve ter alegado que é uma "idealista"!
Hahahahaha!!!!
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Há alguns anos acompanhei uma CPI na Câmara de Vereadores de Porto Alegre que tratou da situação dos professores municipais. Foram levantados vários escândalos, como a "indústria" das licenças de saúde.
No dia em que foi apresentado o relatório final, uma vereadora, que também era "trabalhadora em educação", relatou um caso de "perseguição pela Prefeitura".
Olha só:
Uma mulher, com dois filhos com problemas graves de saúde, que necessitavam acompanhamento especial, fez o concurso para o Magistério e foi aprovada. Foi chamada, prestou exames de saúde, apresentou a documentação e foi designada para uma escola.
Aí, através de processo judicial, alegou que não podia trabalhar por causa do filhos doentes.
Quer dizer, fez o concurso, para assegurar uma grana e ficar em casa com os filhos.
E a tal da vereadora ficou indignada:
- Vejam, o que é o arbítrio!! Querem que esta mulher sofredora, com dois filhos doentes, vá dar aulas, cumpra horário!!!
Não precisa desenhar, né?
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A esta futura professora, que vai ganhar 750 reais por mês, só resta uma outra tarefa:
- VÁ CHUPAR UM CARPIM SUJO!!
Perfeito Prévidi. Querem uma boquinha, só isso.
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