Segunda, 9 de dezembro de 2013

INVEJINHA

Glauco Fonseca

Mandela morreu e me apareceu um certo incômodo. Ora, por que? Ele estava muito doente há tempos, sequer falávamos nele com a intensidade merecida e Madiba, um de seus apelidos carinhosos, parecia que apenas aguardava para “sair da vida para entrar na história” frase de autoria de um brasileiro suicida tão famoso quanto controverso. Mandela, em vida, já frequentava o salão nobre da história e agora se mudou para a tão merecida cobertura. Que inveja dos sul-africanos. Eles tem um líder para sempre. É universal, por certo, mas é sobretudo africano, lutou por ideais de paz e de tolerância e sempre se pautou por valores maiores do que projetos de poder ou atos de ganância ou egoísmo.

À sombra de alguém como Mandela, sinto-me bem pequenininho. Vejo-me discutindo política como quem joga uma pelada. Como brasileiro, diante de tanta sujeira e corrupção, cresce em mim o ciúme por conversas humanistas e históricas, escassas, quase inexistentes. Junto-me com amigos para trocas de comparações políticas do tipo “meu partido rouba menos do que o teu”. É certo que Mandela não recebeu, ao longo de 27 anos de prisão, nenhuma oferta para gerir hotel sem dono sabido. Mandela não chefiou quadrilha nem choramingou pelos cantos se fazendo de vítima. Mandela era um estadista, um líder de verdade, não um de nossos políticos daqui, que prometem e não cumprem, que usam a máquina pública para se locupletar e se manter no poder. Inveja!

O Brasil jamais teve um Mandela. Teve alguns projetos de estadistas, mas nenhum deles com a qualidade sequer próxima a de Nelson Mandela. Houve até um operário que virou presidente e que acabou se tornando muito distante de um estadista, graças a ele e seus confrades mensaleiros, aloprados e outros amigos bem próximos que só não o envolveram em seus crimes por muito, muito pouco. Mandela era um estadista; o nosso operário, lamentavelmente, mostrou-se apenas um neogovernista.

Para nossa sorte, Mandela nos deixou um legado de paz e de persistência, um jeito de fazer as coisas sem comprar corações e mentes na boca do caixa, uma maneira de pensar uma nação a partir de valores maiores e não apenas politicamente dicotômicos, uma forma de realizar a história sem manipulá-la, sem deturpá-la, sem o predomínio da mentira e das guerras de versões. O presente que nos deixou Madiba é bem maior do que, hoje, podemos compreender. Iremos descobrir aos poucos, em nossas conversas com familiares e amigos, em nossas casas ou nas mesas de bar. Quando sentirmos nossa conversas começando a vergar para um conteúdo maior, mais valioso e construtivo, daí vamos nos lembrar menos de partidos e mais de Mandela. Trocaremos menos acusações e mais ideias.

Enquanto nossa vida política girar ao redor de mensalão ou de cartéis, ou enquanto estivermos mais preocupados com a comida que Dirceu come na cadeia, com a pressão arterial de Genoíno ou se Joaquim Barbosa vai ou não ser candidato a presidente, nosso futuro vai ficando cada vez menos brilhante. Há miséria por todos os lados, os indicadores sociais do país vão de mal a pior e tudo indica que precisamos falar mais de valores do que de política partidária. Falar mais a verdade, repudiar o desperdício e o roubo do dinheiro público, fazer valer as leis para todos, igualmente, sem regalias, sem exceções. Quem sabe um dia levar o Brasil realmente a sério.

6 comentários:

  1. Pelo jeito, nosso amigo comediante novamente dá voltas, gira, pula e não sai do lugar. Consegue achar "mensalão" no coitado do Mandela.
    Cara, muda o disco, esse teu radicalismo não leva a nada. Se quer continuar sendo radical, vá pular de bungie jump ou fazer um rapel.

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    1. Luis Guedes, insultas a minha inteligência lendo-me e a dos demais seres humanos tecendo comentários.

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    2. Jairo, já conseguistes o certificado de conclusão de primeiro grau? Do jeito que tens demonstrado compreensão de textos, acredito que fazes parte do grupo dos 76% de analfabetos funcionais.

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    3. Caro comediante, nota-se que não tens maturidade pra conviver com a crítica, toda vez que alguém não concorda com as tuas bobagens tu partes pra agressão.
      Sugestão pro bebezinho mimado: se não consegues conviver com opiniões contrárias pede pro Prévidi não postar mais os teus textículos (que por sinal acho muito ruins).
      Luis Guedes

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    4. Maturidade para receber críticas tenho de sobra. Não tenho é paciência com patrulheiros petistas mal-educados.

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  2. Jairo de Souza, comentário perfeito, parabéns. Esse é o tipo de artigo que insulta a nossa inteligência.
    Luis Guedes

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