Bom Dia!! Sexta, 17 de janeiro de 2014

A ÚLTIMA SERENATA
EM PORTO ALEGRE



Acredito que a maioria das pessoas nem sabe o que é uma serenata.
É a mesma seresta.
Ao invés de dar uma definição, conto a história.
Década de 70. Não passava de um gurizão, romântico, cheio de ideias.
Ia toda semana num centro espírita no Partenon tomar passes. Me sentia bem com aquilo, mais feliz.
Se não me engano as sessões eram nas segundas. Quando a minha mãe não estava em Porto Alegre ia de ônibus. E  lá comia alguma coisa, ficava jantado.
Numa sessão, passe tomado, estou de volta para as cadeiras. Passo por uma guria.
Meu Deus,  uma deuzinha. Menos de um metro e cinquenta. Cabelinho chanel. Uma teteiazinha. E ela concentrada, olhando para o chão. Ela não andava. Flutuava. Olhei para o pezinho - 35, quem sabe 34.
Fiquei apaixonado naquele minuto. Mas ao mesmo tempo vi a cena: eu com quase um metro e noventa e ela com menos de um metro e cinquenta. Que casal!!
Acreditem, ela tomou o passe e veio se sentar ao meu lado!!
Me olhou e abriu um sorriso lindíssimo.
Eu não sabia o que fazer.
Sentadinha era ainda menor.
Mas eu estava maluco com aquele bibelô ao meu lado.
Começamos a conversar baixinho e fomos para a lancheria.
Ela tomava café e fumava que nem louca.
Era mais velha do que eu - se preparava para o vestibular; eu estava no primeiro científico.
Senti que a baixinha estava na minha.
Mas não se entregava.
No final pegamos o mesmo ônibus. A minha perna fincava o banco da frente. E o dela ficava no meio da minha coxa. Cada vez ficava mais louco.
Desci para acompanhá-la. Na despedida, dois beijinhos e ela perguntou se voltaria no final de semana.
Claro, falei.
Não podia ficar muito longe tanto tempo.
Na quarta, contei a história para um primo,o Zé Antônio. Sabia tudo de violão e músicas.
- Vamos fazer uma serenata pra baixinha, Zé!!
Nem pensei. Um borracho que tocava pandeiro foi convocado; outro fazia o vocal. Em resumo, lotamos um táxi, Opala.
Na maior carinha, começamos a cantar na frente da  casa da guria.
- A deusa da minha rua..
Mais de nove da noite.
Ela abriu a janela da sala que era protegida por uma grade de ferro.
E ela sentou ali. Eu só conseguia pegar na sua mão e dar uns beijinhos. E estava de pijaminha azul clarinho.
Ela morava com os avós e vieram assistir a apresentação dos meus amigos
Foi a última vez que a vi.
Não me pergunte o motivo do romance não continuar.
Não sei, mesmo.

2 comentários:

  1. (off topic) Taí Previdi, parabéns caro doutor!

    http://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/redacao/2012/12/14/tomar-sol-nos-horarios-certos-pode-ser-bom-a-saude.htm

    Presta atenção no título da matéria e sugiro colocar em fonte, tamanho 70 no teu próximo post, hahahahaha

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  2. Q pena, torci por um final feliz hehe

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