Sexta, 28 de fevereiro de 2020 - parte 2




Jamais troquei de lado.
Por quê? Eu não tenho lado.
Ou melhor, o meu lado sou eu
...
ANDO DEVAGAR
PORQUE JÁ TIVE PRESSA





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UMA AULA DE DIGNIDADE
DA ALICE BASTOS NEVES


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Não assisti, mas me contaram.
A apresentadora do Globo Esporte, da RBS TV, fez um depoimento hoje falando que em janeiro operou um seio em função daquela maldita doença que não escrevo o nome.
Pelo que senti, foi algo mais do que emocionante - foi verdadeiro.
Logo vai começar a quimioterapia e vez que outra vai aparecer na atração para conversar com o seu público.
É uma querida!
Nesta semana, conversando com o Antônio Sacomory, concluímos que a Alice é perfeita, domina a TV como poucos.
Não consigo entender essas pessoas que escondem a doença e não a enfrentam.
Isso que a Alice fez, repito, é DIGNIDADE!

BOA SORTE, ALICE, ESTOU NA TORCIDA  E JÁ ESTÁS NAS MINHAS ORAÇÕES!!
FUERZA!!

-

Alice escreveu:

"Eu sou inteira.

Em várias versões.

Mãe, filha, amiga, colega, companheira, jornalista...

Mas sempre inteira, seja no que for que decida fazer. Eu me entrego. Eu me dedico. Vivo intensamente. E, nessa minha "inteireza", apareceu uma nova parte. Um desafio grandão.

Em janeiro deste ano, no auge dos meus 35 anos e com um 2020 promissor pela frente, fui diagnosticada com um carcinoma.

Sim, um câncer de mama.

Um nódulo de 1,7cm na mama direita que descobri em um exame de rotina. A ecografia mamária, que faço desde 2011. Talvez, uma tijolada na cabeça seja uma boa definição para simbolizar o desnorteamento que a descoberta gerou em mim. A sensação nos primeiros dias era de que o mundo andava em uma velocidade e eu em outra. Era e é tanta coisa para absorver e entender. Em tão pouco tempo. E eu ali me sentindo aos pedaços, mas ainda inteira em todas as minhas versões.

Não tenho histórico de câncer de mama na família, levo uma vida saudável, me alimento bem, pratico exercício fisico, amamentei meu filho, sou jovem. Estou fora do grupo de risco. Quando comecei a me perguntar: por que eu? Rapidamente veio a resposta: por que não eu? Todas estamos sujeitas. O tempo todo. E precisamos ter essa consciência para investir em auto-cuidado. Para priorizar a nossa saúde.

Há quatro anos, em todo o mês de outubro, participo da Caminhada das Vitoriosas do Instituto da Mama do Rio Grande do Sul. Em cima de um trio elétrico uso o microfone para amplificar o apelo por prevenção, diagnóstico precoce, tratamento adequado. Fui privilegiada por, em meio a muita dor, ter acesso a tudo isso.

Vieram muitas consultas e exames. Descobri que o tumor era dos menos agressivos. Fiz uma cirurgia. Já me recuperei. E, segundo meu médico, estou curada.

Só que, no comecinho de março, dou início a uma etapa complementar de tratamento que é a quimioterapia. Uma jornada intensa, com possíveis efeitos colaterais complicados. Mas com o enorme desejo de continuar vivendo tudo que puder em paralelo. Inteira. Em todas as versões.

Entendo que a doença foi - e mais essa etapa continuará sendo - apenas uma parte da minha vida. Não tomará conta de tudo em mim.

Por isso, seguirei sendo inteira. Na dedicação ao meu tratamento e a todo o resto.

Quero, então, dividir esse momento com vocês para que entendam que por vezes vou sumir um pouquinho. Será apenas para me resguardar e voltar mais forte.

Sei que posso contar com a compreensão e a boa energia de todos para passar por tudo rapidinho.

Viverei intensamente mais essa.

Em todas as minhas versões.

Inteira."


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