Sexta, 5 de junho de 2020




Jamais troquei de lado.
Por quê? Eu não tenho lado.
Ou melhor, o meu lado sou eu
...
ANDO DEVAGAR
PORQUE JÁ TIVE PRESSA 









Escreva apenas para






especial

Nesta sexta, uma cesta
de
 Arthur C. Clarke!



Quando um velho e renomado cientista afirma que alguma coisa é possível, ele está quase sempre correto. Quando afirma que algo é impossível, ele está quase sempre errado.



Existem duas possibilidades: ou estamos sozinhos no Universo, ou não. Ambas são igualmente aterrorizantes.







Qualquer professor que possa ser substituído por um computador deve ser substituído.





Tenho certeza de que o universo é cheio de vida inteligente. Tem sido inteligente demais para vir aqui.





Arthur C. Clarke (Arthur Charles Clarke) nasceu em Minehead, Somerset, Inglaterra, em 16 de dezembro de 1917. Faleceu em Colombo, no Sri Lanka, em 19 de março de 2008.
Junto com Isaac Asimov e Robert A. Heinlein é um dos três mais importantes escritores de ficção científica de todos os tempos.
É autor de obras de divulgação e de ficção científica como o conto The Sentinel, que deu origem ao filme 2001: Uma Odisseia no Espaço e o premiado Encontro com Rama.
Desde pequeno mostrou sua fascinação pela astronomia, a ponto de, utilizando um telescópio caseiro, desenhar um mapa da Lua. Durante a Segunda Guerra Mundial, serviu na Força Aérea Real britânica como especialista em radares, envolvendo-se no desenvolvimento de um sistema de defesa por radar, sendo uma peça importante do êxito na batalha da Inglaterra. Depois, estudou Física e Matemática no King's College de Londres.
Talvez sua contribuição de maior importância seja o conceito de satélite geoestacionário como futura ferramenta para desenvolver as telecomunicações. Ele propôs essa ideia em um artigo científico intitulado "Can Rocket Stations Give Worldwide Radio Coverage?", publicado na revista Wireless World em outubro de 1945. A órbita geoestacionária também é conhecida, desde então, como órbita Clarke.
Em 1956 foi morar em Colombo, no Sri Lanka, em parte devido a seu interesse pela fotografia e exploração submarina, onde permaneceu até à sua morte em 2008.
Teve dois de seus romances levados ao cinema, 2001: Uma Odisseia no Espaço dirigido por Stanley Kubrick (1968) e 2010: O ano em que faremos contato dirigido por Peter Hyams (1984), sendo o primeiro considerado um ícone importante da ficção científica mundial, aclamado por muitos como um dos melhores filmes já feitos em todos os tempos. Especialistas lhe atribuem forte influência sobre a maioria dos filmes do gênero que lhe sucederam.
Também em reconhecimento a Clarke, o asteróide 4923 foi batizado com seu nome, assim como uma espécie de dinossauro Ceratopsiano, o Serendipaceratops arthurclarkei, descoberto em Inverloch, Austrália.
Clarke deveria receber um título de honra do príncipe Charles, que fazia visita oficial ao país. Mas a cerimônia foi adiada, depois de o tabloide inglês "The Sunday Mirror" ter acusado Clarke de práticas sexuais com crianças da ilha.
Ele negou a versão e contratou um advogado para processar o jornal. Também cancelou o encontrou com o príncipe Charles, evitando aparições em público.
O jornal, sensacionalista, publicou supostas declarações do escritor. Indagado se já havia mantido relações com jovens, teria respondido: "Sim. Depois de terem atingido a puberdade já não há mais problemas. O ruim é o escândalo que fazem alguns pais histéricos."
Mesmo após negar as declarações, a imagem de Clarke ficou abalada no Sri Lanka. Houve até pedidos de deportação do escritor.
Durante as investigações a polícia de Colombo solicitou as fitas em que o Mirror baseou sua reportagem, mas elas jamais foram entregues ou exibidas. Segundo o Daily Telegraph o Sunday Mirror publicou um pedido público de desculpas ao escritor em maio de 2000. O direito ao título de cavaleiro da ordem do Império Britânico foi devidamente restabelecido e concedido.
O compositor francês Jean Michel Jarre realizou em 2001, um concerto intitulado 2001: A Rendez-Vous In Space em homenagem a obra 2001: Uma Odisseia no Espaço. Clarke inclusive fez uma participação especial em algumas partes do show.

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(clica em cima que amplia)





O gênio ataca de novo

Artigo de Rowilson Quinete, em 31 de outubro de 2016 - Super Interessante


O escritor que tem mente de borboleta

No dia 16 de dezembro, Arthur Charles Clarke completará 79 anos. Provecto, certamente, mas nada senil. Após mais de setenta livros e 300 ensaios, o escritor garante: “Não perdi minha mente de borboleta”. Sorte dos leitores. Dessa cabeça com asas acaba de sair a conclusão de um projeto antigo. Com 3001: A Odisséia Final, Clarke encerra uma história iniciada nos anos 60, no conto The Sentinel, que foi a base para o roteiro do filme que virou um dos maiores clássicos da ficção científica, 2001: Uma Odisséia no Espaço.

A editora Balantine Books, de Nova York, quer lançar o livro no dia 12 de janeiro, data de nascimento do HAL 9000, o computador que fica maluco em 2001. Da história, sabe-se pouco. Em entrevista à SUPER (veja ao lado), Clarke revelou apenas que a trama se passa em Júpiter e suas luas. É pouco, mas já dá para estimular a imaginação. Principalmente a de quem conhece o autor, o mesmo que previu a ida do homem à Lua e mostrou como funcionariam os satélites dezoito anos antes de existir foguetes capazes de colocá-los em órbita. A vida – e a Nasa – parecem mesmo imitar a arte. Ao menos quando o autor da arte é Arthur C. Clarke.

A órbita chamada Clarke


Ele já escreveu tantos livros sobre ETs que se um desses seres visitasse a Terra hoje, suas primeiras palavras bem poderiam ser: “Por favor, me levem a Clarke”. Mas essa fama não veio de uma hora para outra. Ela começou a ser cultivada quando o escritor ainda cursava Matemática e Física Pura e Aplicada no tradicional Kings College, em Cambridge, na Inglaterra. Em 1945, estudante, escreveu um artigo que chamou a atenção dos cientistas. Extra-Terrestrial Relays demonstrava hipoteticamente um sistema de comunicação por satélites. Indicava até a existência de uma faixa no espaço, a 36 000 quilômetros de altura, na qual satélites artificiais ficariam em órbita permanente, sincronizados com a Terra. Os cálculos foram confirmados 18 anos mais tarde. Hoje, todo o sistema de telecomunicações se utiliza da tal órbita, que ganhou o nome de Clarke.

...






Foram quase trinta e-mails e dezenas de telefonemas. Quando ouviu a voz de Arthur C. Clarke do outro lado da linha, o repórter Rowilson Quinete quase não acreditou. “Ok. Faremos uma parte da entrevista pelo telefone. Quando me cansar, completo por e-mail”, disse o gênio recluso. Era motivo de festa. Clarke detesta conversar com repórteres. Quando se mudou para Colombo, no Sri Lanka, em 1956, uma de suas intenções era se livrar dos jornalistas. Mas eles continuam aparecendo, embora Clarke se negue a atender a maioria. Por trás de sua complacência com a SUPER deve estar a simpatia que tem por dois brasileiros: Jorge Luís Calife, autor da idéia da qual nasceu 2010, e Reinaldo Bianchi (veja texto na página 36), responsável pela única home page sobre Clarke na Internet. Não fosse por eles, você provavelmente não leria a entrevista a seguir.

Por que a demora para escrever 3001?
Arthur C. Clarke: O romance se passa durante uma viagem a Júpiter. Não havia como escrevê-lo sem informações sobre o planeta e suas luas. Tive de esperar que a sonda Galileu pousasse, em dezembro do ano passado, e começasse a enviar dados. Foi bem diferente de quando escrevi 2001, em 1964. Eu e o Kubrick (Stanley Kubrick, diretor de 2001: Uma Odisséia no Espaço) não tínhamos a menor idéia nem de como era o solo lunar. Na época, cheguei a pensar que a primeira palavra do homem ao chegar à Lua seria “socorro” e que logo depois ele afundaria na poeira.

Qual a razão da escolha do ano 2001?
Quem escolheu foi o Kubrick. Eu nunca soube por quê. Quando acabei de escrever Prelude in Space, em 1945, colocando a data da ida do homem à Lua para trinta anos depois (1978), pensei: “Sou um otimista, isso nunca vai ocorrer tão cedo”. Quando o homem pousou na Lua, em 1969, eu não podia acreditar no que estava acontecendo. Mas, agora, pensando bem, o que eu não posso acreditar é que o homem chegaria à Lua e depois de cinco anos desistiria dela.

Podemos dar por certo que houve vida em Marte?
É cedo para dizer. Acredito 70%. Há muita política envolvida nessa descoberta. O microorganismo pode muito bem ser da Antártida (veja Mas isto é que é ET?, na página 68).

Muita gente afirma que nos anos 50 a Nasa escondeu informações sobre extraterrestres. O senhor acha que já houve algum contato?
Isso me parece uma fraude que a imprensa criou na época para vender jornais. Enquanto estava respondendo às suas questões, um de meus melhores amigos, que foi secretário do comitê de UFO da CIA, me ligou e novamente comentamos esse assunto. Posso lhe garantir que um segredo assim teria vazado em menos de 24 horas. Uma vez, esse mesmo amigo me contou uma história fascinante. Logo que assumiu o comitê, juntou o grupo de cientistas e perguntou qual a verdade sobre os UFOs. A resposta foi unânime: “Temos quase certeza de que existe vida fora da Terra, mas não há o menor sinal de que eles tenham se comunicado conosco”. É o que todo mundo sabe. Mas parece ser insuficiente para convencer estes malucos, que acreditam num complô do governo para esconder informações.

E como o senhor acha que esse contato será feito?
Fale com o Reinaldo (Reinaldo Bianchi, responsável pela homepage de Arthur Clarke no Brasil). Ele pode explicar.

Reinaldo Bianchi: Na década de 70 foram enviadas ao espaço as naves Voyager I e Voyager II. Elas levaram mensagens, sons e fotos da Terra. Contudo, se realmente existir vida lá fora, o mais provável é que eles captem nossas transmissões de TV. Quando se faz uma transmissão via satélite, apenas uma parte das ondas é captada, o resto fica vagando pelo Cosmo. E é mais fácil captar essas transmissões do que achar as duas navezinhas perdidas no infinito. Clarke uma vez afirmou ser pouco provável que exista vida inteligente perto da Terra. Se existisse, a polícia extraterrestre já teria vindo pedir para que acabássemos com essa bagunça das telecomunicações. A Nasa também tem o projeto SETI (Search for Extra-Terrestrial Inteligence), com antenas rastreando o céu em busca de sinais alienígenas.

O que podemos esperar para os próximos 40 ou 50 anos?
Veja meus livros. No mais recente, O Martelo de Deus, falei de um aparelho chamado brainmen, um capacete com milhões de sensores que levariam imagens direto para o cérebro, criando uma verdadeira experiência de realidade virtual. Acredito que isso seja possível. Contudo, para que o aparelho funcionasse, todos teriam de ser carecas.

Problemas como a miséria e as guerras parecem magicamente resolvidos nas suas histórias. Esses assuntos não o interessam?
Me interessam como interessam a qualquer pessoa que vive numa época em que essas coisas existem. Mas não é meu trabalho responder a tais questões. Compreenda, sou um matemático que escreve ficção científica. Nunca estudei Filosofia e, apesar de me considerarem um filósofo, não sou.

O senhor viveu numa época de liberação sexual e na qual vários autores utilizaram drogas como forma de expansão da mente. Como foram suas experiências?
Nunca usei droga. Na verdade nunca fiquei bêbado. Durmo antes. Meus amigos ficam muito bravos. Quanto ao sexo, vou parafrasear Mrs. Patrick Campbell (atriz inglesa, 1865-1940) há alguns 100 anos atrás. “Contanto que não façam na rua e assustem os cavalos…”.


Qualquer tecnologia suficientemente avançada é indistinguível da mágica.



Algumas previsões

Do BBC News

Arthur C. Clarke era famoso também por suas previsões sobre a tecnologia do futuro.
Chegou a ser ridicularizado por elas, mas hoje muita gente admite que ele estava certo.

Sobre as telecomunicações, por exemplo, disse: "Essas coisas vão tornar possível um mundo onde poderemos estar em contato instantâneo um com outro, onde quer que estejamos".
"A tecnologia por satélite deu ao mundo TV, telefones e internet", acrescenta.
"Estou falando sério quando digo que um dia teremos neurocirurgiões em Edimburgo (Escócia) operando pacientes na Nova Zelândia", diz ele em gravação de 1964.
A primeira cirurgia remota bem-sucedida foi realizada em 2001 por cirurgiões em Nova York.
O paciente estava a 6 mil km de distância, na cidade francesa de Estrasburgo.
Sobre a inteligência artificial, Clarke fez uma previsão mais catastrofista.
"Os habitantes mais inteligentes do mundo no futuro não serão homens ou macacos. Serão máquinas. E, por fim, vão acabar superando seus criadores."
De carros sem motoristas a assistentes de voz, a inteligência artificial mudou a sociedade moderna.
Mas os seres humanos permanecem firmemente no comando, pelo menos por agora.



Assista a esses vídeos e saiba mais de Clarke:






Este é sem legendas:




2 comentários:

  1. Compartilhei no meu Facebook, principalmente por edtsr impressionada com as previsões. Sou advogada. Achob que robôs podem ajudar muito na minha profissão, pois o ordenamento jurídico brasileiro é vasto e há um grande trabalho de pesquisa antes de se fazerem conclusões a jurídicas. Nisso, um robô poderia apontar caminhos, mas a escolha da melhor estratégia, adaptada ao cliente, ainda seria humana? Espero que sim. Também, seria interessante robôs em audiências, fazendo atos meramente protocolares. Há muito o que se pensar sobre a inteligência artificial no mundo das leis e dos tribunais. Aposto que Ministros como Celso de Mello e Alexandre de Moraes seriam humilhados por robôs.

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