Sexta, 15 de janeiro de 2021

 

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Nesta sexta, uma cesta 
de 
Erich Von Däniken! 


O inventor da 
ficção dos deuses astronautas:
63 milhões de livros vendidos



Nada mais é inimaginável. A palavra “impossível” deveria ter-se tornado literalmente impossível ao pesquisador moderno.


A banana é encontrada mesmo na mais remota das Ilhas do Sul. Como essa planta, que é tão vital para a nutrição da humanidade, originou-se? Como ela fez o caminho ao redor do mundo, visto que não possui sementes? Será que os ‘Manu’, sobre quem a saga indiana conta, a trouxe consigo de outra estrela – como um alimento completo?





Erich Von Däniken  é um escritor e arqueólogo, nascido em Zofingen, na Suiça, há 85 anos - 14 de abril. Tornou-se uma celebridade mundial ao escrever "Eram os Deuses Astronautas?",  na década de 1970. O livro levanta a hipótese de que os deuses, descritos na literatura e nas escrituras das principais religiões e civilizações, eram na realidade extraterrestres que teriam visitado a Terra no passado. Segundo von Däniken, o livro foi traduzido em 32 línguas, tendo vendido mais de 63 milhões de exemplares.


O escritor também é um dos fundadores do AAS RA (Archaeology, Astronautics and SETI Research Association) e é um dos principais idealizadores da série Alienígenas do Passado (canal History) que apresenta a ideia de que o homem primitivo foi visitado por seres extraterrestres desde os tempos pré-históricos.

Erich teve uma educação católica rigorosa. Durante este tempo na escola, Däniken rejeitou a interpretação que a igreja faz da Bíblia e desenvolveu um interesse por astronomia e os fenômenos de discos voadores.

Saiu da escola e tornou-se aprendiz de um hoteleiro suíço. Depois de se mudar para o Egito, foi condenado por fraude e peculato.

Depois tornou-se gestor do Hotel Rosenhügel em Davos, Suíça. Durante este tempo escreveu o livro Eram os Deuses Astronautas?, trabalhando no manuscrito durante a noite. Em dezembro de 1964, von Däniken escreveu Os Nossos Antepassados Receberam uma Visita do Espaço? para o periódico teuto-canadense Der Nordwesten. O livro Eram os Deuses Astronautas? foi publicado por uma editora no início de 1967 e lançado em 1968.


Em novembro de 1968, von Däniken foi preso por fraude depois de falsificar os registos do hotel e referências de crédito com o objetivo de contrair empréstimos de $130.000,00 no decorrer de 12 anos. Ele usou o dinheiro para viagens ao estrangeiro para fazer pesquisas para o seu livro.

Dois anos mais tarde, von Däniken foi condenado por peculato, fraude e falsificação. Apresentou recurso para nulidade do processo, porque as instituições de crédito teriam falhado em investigar as suas referências.

No dia 13 de fevereiro de 1970, von Däniken recebeu uma sentença de prisão de três anos e meio e multa de 3 000 francos. Cumpriu um ano da sua sentença antes de ser solto.

Eram os Deuses Astronautas? foi publicado na mesma época do julgamento, sendo que as vendas ajudaram a pagar as suas dívidas e sair do negócio da hotelaria. Von Däniken escreveu o seu segundo livro, Gods from Outer Space, enquanto estava na prisão.


Em 1966, quando Däniken escrevia o seu primeiro livro, os cientistas Carl Sagan e I. S. Shklovskii (foto), escreveram sobre as possibilidades da Teoria dos Astronautas Antigos e as alegações de visitas extraterrestres num dos capítulos do livro Intelligent Life in the Universe, dando alguma legitimidade a esta ideia. Contudo muitas destas ideias apareceram de forma bastante diferente nos livros de Däniken. Carl Sagan foi sempre muito crítico em relação a von Däniken:

Aquela forma tão descuidada de escrever como a de von Däniken, cuja principal tese é de que os nossos antepassados eram bonecos, ao ser tão popular é um comentário sobre a credulidade e desespero dos nossos tempos. Mas a ideia que seres de qualquer outro lado viriam salvar-nos de nós próprios é uma doutrina muito perigosa - semelhante ao do médico charlatão cujos tratamentos impedem que o cliente procure um médico competente para o ajudar e, quem sabe, talvez curar a doença.

Mais Carl Sagan, no prefácio de The Space Gods Revealed:

Anteriormente ao trabalho de Däniken , outros escritores apresentaram ideias de contatos extraterrestres. Däniken não refere alguns, ou mesmo todos estes autores, mesmo quando fazia as mesmas alegações usando evidências identicas ou similares. Também espero que a popularidade de livros como Eram os Deuses Astronautas? continue nas escolas e nos cursos de lógica das universidades, como assunto de aula sobre pensamento descuidado. Não conheço qualquer livro recente tão emaranhado em erros de lógica e erros factuais como nos trabalhos de von Däniken.



Obras

Eram os Deuses Astronautas? 
De voltas às estrelas: Argumentos para o impossível
Deuses, Espaçonaves e Terra
O Dia em que os deuses chegaram: 11 de agosto de 3114 a.C.
O Ouro dos Deuses: material visual e documentário sobre teorias, especulações e pesquisas



Os Olhos da Esfinge
Profeta do Passado
Somos Todos Filhos dos Deuses
Viagem a Kiribati
Semeadura e Cosmo



A Odisseia dos Deuses
A Chegada dos Deuses
A História Está Errada
O Retorno dos Deuses
Aparições: fenômenos que excitam o mundo
O Grande Enigma
Será Que Eu Estava Errado?
Os Olhos da Esfinge
As Provas de Däniken
Sim, Eram Os Deuses Astronautas


Crepúsculo dos deuses
Deuses do passado, Astronautas do Futuro
O Fenômeno das Aparições
Estrategia Dos Deuses
Testemunho dos Deuses
Sinais dos Deuses
Em julgamento: os deuses habitaram a Terra?


A Estranha História de Xixli e Yum




IMPRECISÕES E FALSIDADES DO AUTOR

Desde o lançamento de seu primeiro livro, várias de suas teorias e conclusões foram contestadas e desmentidas.

Em uma entrevista a Playboy, em agosto de 1974, ao expor como mal havia lido e pesquisado boa parte das supostas provas que apresentou, concedendo que várias delas, como o pilar de ferro de Deli*, não seriam realmente um mistério “e podemos esquecer sobre essa coisa”, o clímax chega quando o repórter encerra:

Ferris: Uma última pergunta vem à mente sobre suas teorias, a nossa favorita é aquela em Gold of the Gods, em que você sugere que a banana foi trazida à Terra vinda do espaço. Você estava falando sério?
Von Daniken: Não, e poucas pessoas sacaram isso.

Ferris: O que nos leva a perguntar a você se tudo que você escreveu é uma piada. Você diria que é, como um escritor sugeriu, ‘o mais brilhante satirista do século na literatura alemã’?
Von Daniken: A resposta é sim e não. Temos um maravilhoso termo em alemão: jein. É uma combinação de ja e nein, sim e não. Em parte, absolutamente não; eu realmente acredito no que digo seriamente. De outras formas, eu tento fazer as pessoas rirem.

Ferris: Bem, você teve sucesso em alcançar as duas coisas.

O pilar de Deli: No livro Eram os Deuses Astronautas?, Däniken escreveu sobre a existência de um pilar de ferro em Deli, Índia, que não enferruja e que seria uma evidência da existência de influência extraterrestre. Mais tarde, na entrevista para a Playboy, quando foi dito de que a coluna tem sinais de ferrugem e que o método de construção é bem conhecido, Däniken disse que desde o momento em escreveu o livro sabia das investigações que chegaram a outras conclusões e deixara de considerar este pilar um mistério.




Entrevista para a revista Galileu, em 25 de maio de 2017, realizada por André Jorge de Oliveira:

Durante as últimas cinco décadas de seus 82 anos de vida, o suíço Erich von Däniken tem propagandeado com ardor uma ideia fantástica que diversos escritores de ficção científica já haviam explorado antes dele — de que extraterrestres teriam visitado o planeta Terra há muitos milhares de anos e interferido de alguma maneira na evolução da humanidade.

Só que Däniken  defende com unhas e dentes que a tese dos astronautas antigos, derivada de uma hipótese que, de fato, a ciência não descarta (chamada de paleocontato), não é apenas uma ideia estimulante para reflexões ou narrativas.

Ele sempre esteve convicto de que não somente ela é real, como vai além e afirma que os deuses das civilizações antigas são, na realidade, representações de seres alienígenas.

“Eu posso provar, dou bons exemplos em minhas apresentações”, afirmou por telefone à GALILEU, na véspera de uma turnê por oito cidades pelo Brasil. Däniken disse que, aqui no país, suas ideias têm mais aceitação do que na Europa, frisando que os brasileiros “têm mais fantasia”, enquanto a mente dos europeus é “muito fechada”.

“Eles sempre querem ser muito científicos, no Brasil você pode falar sobre tudo”, comenta. O discurso de Däniken, repleto de histórias proféticas tiradas da Bíblia e de referências arqueológicas obscuras, fascina pessoas que preferem seguir o lema do “eu quero acreditar” a confiar nas descobertas da ciência.

Cientistas rejeitam com veemência as ideias do suíço por serem baseadas em evidências frágeis e controversas, quando não falaciosas, que não se sustentam a um escrutínio mais rigoroso. Por isso são taxadas como pseudociência.

Mas, mesmo assim, elas têm um fortíssimo apelo popular — os quase 20 livros publicados pelo autor já venderam mais de 67 milhões de cópias mundo afora. Eles inspiraram a bem-sucedida série Alienígenas do Passado, produzida pelo History Channel, que aborda o tema com muito sensacionalismo e pouco rigor científico.

Confira abaixo a íntegra da entrevista com Erich von Däniken:

O senhor está prestes a começar uma jornada por oito cidades brasileiras para falar sobre OVNIs. Pode compartilhar conosco alguns dos tópicos que serão discutidos?

Claro. Minha especialidade são as visitas vindas do espaço no passado distante, há milhares e milhares de anos, não no presente. E isso eu posso provar por que dou bons exemplos em minha palestra. Eu também falo um pouco sobre OVNIs, porque nesse meio tempo juntamos mais material sobre eles do que tínhamos dez anos atrás. E mostro um filme curto de um OVNI que ninguém poderia falsificar, foi feito por um piloto de caça americano.

Não é a primeira vez que o senhor vem até aqui falar sobre suas ideias. Acredita que elas sejam amplamente aceitas pelos brasileiros? Por quê?

O Brasil é mais aberto que, por exemplo, o mundo dos falantes de alemão na Europa. Brasileiros têm mais fantasia. Os europeus que falam alemão, inclusive os suíços, têm a mente muito fechada, eles sempre querem ser muito científicos. No Brasil você pode falar sobre tudo. Se me ouvem falando sobre OVNIs aqui no seu país, as pessoas não simplesmente riem de mim, enquanto na Alemanha diriam que é tudo ridículo.

Quando foi a primeira vez que a hipótese dos Astronautas Antigos lhe ocorreu e de que forma ela mudou sua visão de mundo?

Sou suíço, fui educado na Suíça, cresci como um católico absoluto. Estudei durante seis anos numa escola católica comandada por jesuítas, tínhamos de fazer traduções da Bíblia do latim para o alemão e do alemão para o grego.
E então, quando tinha uns 17 anos, percebi que o Deus da Bíblia não é o Deus real do Universo, porque o Deus real (e eu creio nele profundamente, rezo todos os dias) não precisa de veículos para se mover do lugar A para o lugar B, ele está fora do tempo.
Então comecei a ter dúvidas dentro de minha própria religião católica, e eu simplesmente queria saber se outras comunidades da antiguidade tinham histórias similares às nossas, da comunidade judaico-cristã. Isso marcou a origem de Carruagens dos Deuses [primeiro livro de von Däniken, de 1968]. Já faz mais de 50 anos. Neste meio-tempo, construí um arquivo com 200 mil fotos na minha casa.

Se alienígenas realmente interferiram em civilizações do passado, fizeram isso abertamente, para ajudar em coisas como construir monumentos...

…Não, não são os aliens que fazem esses monumentos, são sempre os humanos. Humanos fazem templos e pirâmides e coisas fantásticas, não os aliens...

...Mas eles supostamente ajudaram, certo?

Sim e não, a pergunta é: por que os humanos fizeram essas coisas? A resposta normalmente é que eles fizeram para os deuses. Então a pergunta continua, quais deuses? E aqui nós começamos. A Grande Pirâmide, por exemplo, foi feita por humanos, mas a engenharia, o planejamento por trás, provavelmente são obras de extraterrestres.

E eles continuam interferindo dessa forma até os dias de hoje?

Não, atualmente não…

Por quê?

Hoje nós somos observados, eles nos observam, estudam nossas línguas, nossa ciência, querem saber se somos perigosos, se temos armas para matá-los. Quais tipos de bactérias e vírus temos neste planeta, nossos sistemas políticos e religiosos, querem nos conhecer antes de fazerem um contato oficial.
Eles sabem exatamente como reagiríamos, sabem que se aparecessem em um estádio de futebol, muitas pessoas ficariam completamente chocadas. Seria uma catástrofe para nós, então eles são muito cuidadosos conosco. Se quisessem nos destruir, poderiam ter feito isso há milhares de anos.

O senhor acredita ferrenhamente nessa ideia de que nossos antepassados interagiram de alguma forma com extraterrestres, que foram ajudados por eles e os reverenciavam como deuses. Não acha que esse apoio incondicional à tese pode enviesar suas conclusões?

Não. As primeiras religiões que os humanos criaram, milhares de anos atrás, eram naturais. Nossos ancestrais tinham medo dos terremotos, das erupções vulcânicas, não conseguiam entender os relâmpagos e os trovões, por isso tinham religiões da natureza. Até que vieram os extraterrestres. Eles falaram com apenas um punhado de humanos, e podemos provar isso, porque as informações que nos deram eram de natureza científica.
Por exemplo, há um escrito antigo, de milhares de anos, produzido por um homem chamado Enoque. No Velho Testamento, ele é descrito como o sétimo patriarca, a Bíblia diz que ele foi o primeiro homem a liderar nosso planeta nas carruagens de fogo. Enoque escreveu um livro, que foi encontrado na livraria de um convento em Abissínia [atuais Etiópia e Eritreia] há uns 100 anos. Neste livro, um dos extraterrestres diz a Enoque que olhe pela janela e pergunta se ele vê a luz que está do lado de fora.

Ele prossegue dizendo que nós, humanos, chamamos essa luz de Lua, mas a Lua não tem luz própria. A luz que recebe vem do Sol. E depois explica por que às vezes ela está cheia, vazia etc. São informações científicas. E a natureza, como os terremotos, relâmpagos, trovões, não te dão informações científicas. Essa é a diferença das religiões naturais.

Quais métodos o senhor segue quando busca obter evidências que validem suas ideias?

Devemos aprender que não somos o único ser inteligente nesse Universo. Ele é cheio de vida inteligente, e nós somos só uma espécie. Cedo ou tarde, vamos retomar o contato com esses extraterrestres, mas por ora devemos aprender a ser humildes, modestos, e a não pensar que somos os maiores do Universo. Dou muitos discursos ao redor do mundo, e no final deles sempre digo: “senhoras e senhores, o que viram aqui não é uma questão de acreditar ou não, vocês não precisam acreditam em uma palavra disso. Alguns idiotas inventam um tipo de seita ou religião a partir de meu pensamento. Então por que estou fazendo o que faço? Porque quero mudar lentamente o espírito do tempo, abrir nossos cérebros para uma próxima dimensão”.

Como lida com o fato de que as ideias que o senhor defende são amplamente rejeitadas pela comunidade científica?

Isso é um problema psicológico. Veja, neste planeta Terra, existem basicamente dois tipos de humanos: um grupo é científico e o outro é religioso. O científico tem certeza absoluta que todas as coisas relacionadas à vida partem da evolução, mutação, seleção etc., mas que estamos no topo da evolução. Na religião, as pessoas acreditam que Deus fez tudo, mas no final, na coroa da criação, Deus nos fez. Então em ambos os casos, se analisar religiosa ou cientificamente, olhamos a nós mesmos como os maiores. Na religião, somos a coroa da criação, na ciência, estamos no topo da evolução. Nós pensamos que não há nada maior e mais inteligente do que nós, e isso é um problema psicológico para muitos cientistas.
Mas isso vai mudar. Neste meio-tempo, vendi mais de 76 milhões de cópias dos meus livros no mundo todo. E não é só Erich von Däniken, existem muitos outros autores brilhantes que, juntos, vendemos pelo menos 300 milhões de livros. Nos Estados Unidos, há três anos, o History Channel lançou a série Alienígenas do Passado. No início, queriam fazer três continuações. De lá para cá, tivemos 150. A situação muda, até dentro da comunidade científica. Eu frequentemente debato com cientistas.

O senhor disse em outras entrevistas que, às vezes, cria informações nos seus livros para que eles se tornem literariamente mais interessantes. Mas as pessoas pensam que estão lendo apenas a verdade. Não acha que, de certa forma, as está enganando?

Não, em meus livros eu sempre deixo as fontes exatas quando digo algo. E as fontes são sempre fatos, a interpretação que é diferente. Vou dar um exemplo, na Bíblia, temos o profeta Ezequiel que fala sobre a carruagem nas nuvens. O livro de Ezequiel é um fato, mas os teólogos olham para o mesmo fato de forma completamente diferente da minha. O fato é o mesmo, mas as interpretações são diferentes.

O documentário Ancient Aliens: Debunked [Alienígenas do Passado: Desmascarado] refuta diversas alegações apresentadas no programa baseado em seus livros. O senhor já assistiu este documentário?

Infelizmente ainda não assisti, mas preciso. Tenho que discutir com os “desmascaradores”. Temos a mesma situação na Alemanha, e lá todos nós discutimos juntos.

O senhor está trabalhando em algum novo livro ou projeto? Pode nos contar um pouco?

Sempre estou trabalhando em algum novo projeto (risos). Há dois anos, descobriram na Indonésia um templo antigo chamado Gunung Padang. De acordo com datações, este templo teria sido construído há 23 mil anos, o que é absolutamente maluco e contradiz a evolução da tecnologia. Estou trabalhando nisso.




A VERDADE POR TRÁS DE ENOCH

Do livro A História Está Errada


Enoch, ou Mister X – acho que vou ficar com o sétimo patriarca e passar a chamá-lo de Enoch a partir de agora – viveu em uma época em que não se entendia nada de tecnologia moderna. Não havia como ele saber a respeito de naves-mãe, ônibus espaciais, faróis, alto-falantes, aparelhos de rádio, motores de expansão, etc. Tudo o que ele experimentou tinha de ser parafraseado, para que pudesse ser descrito, pois ele simplesmente não tinha o vocabulário necessário. Tente você, caro leitor, descrever um helicóptero ou um rádio para um homem da Idade da Pedra. Inevitavelmente, você terminaria em alguma espécie de jogo do tipo “parece-com-isto”. Ou tente explicar uma escada em espiral para alguém, sem usar qualquer desenho. Seria preciso usar suas mãos – no mínimo!

E essa confusão vai ficando ainda pior a cada nova geração que tenta compreender e interpretar o texto de Enoch e – naturalmente! – falha completamente em entender o que está sendo descrito. Incapazes de compreender o que liam, escribas posteriores deixavam-se levar pela fantasia de suas metáforas orientais, e assim surgiram histórias alegóricas opulentas. Posteriormente, quando os teólogos dos últimos duzentos anos começaram a interpretar os textos, a partir de uma perspectiva religiosa, o caos alcançou seu estado perfeito. Finalmente, viajantes espaciais totalmente comuns tornaram-se anjos e querubins, oficiais tornaram-se arcanjos e o supremo comandante tornou-se o “Mais Elevado” ou, o que é pior, Deus. Que pandemônio, quando uma simples descarga elétrica é transformada em “uma língua de fogo”, e a ponte de comando torna-se “a glória indescritível”. É compreensível que, de um ponto de vista teológico, a cadeira de comando do capitão seja transformada num poderoso trono e a trapalhada incompreensível de semelhanças é transformada em histórias e visões.

Nunca ouvi um contra-argumento convincente, apesar de todas as fabulosas discussões que tive com especialistas em Velho Testamento e da absoluta torrente de literatura teológica que tentei digerir. Minhas interpretações do texto devem ser falsas: talvez eu devesse olhar para ele de outro ângulo. Mas por quê? Afinal, explicações alternativas – pelo menos não as que surgiram a partir da exegese – constituem apenas disparates permitidos, e as afirmações essenciais do texto refletem-se em muitos outros textos fora da tradição judaico-cristã.

Os primeiros cinco capítulos do Livro de Enoch anunciam (alegadamente) algum tipo de Julgamento Final: o Deus do céu deixará sua residência e descerá à Terra com suas legiões de anjos. Os onze capítulos seguintes descrevem o que acontece com os assim chamados “anjos renegados”, que – em direta desobediência às ordens de Deus – “contaminaram-se” com as filhas dos homens. Estes “anjos” receberam tarefas de seu “Deus” que eram tão precisas, que simplesmente não se ajustam às cortes dos exércitos celestiais. Por exemplo:

“Semjaza ensinava encantamentos e corte de raízes; Armaros, a resolução de encantamentos; Baraqijal ensinava astrologia; Kokabel, as constelações; Ezeqeel, o conhecimento das nuvens; Araqiel, os sinais da Terra; Shamsiel, os sinais do sol; e Sariel, o curso da lua…”

Esta é uma série de assuntos especializados, que estavam muito fora do alcance dos habitantes terrestres naquela época.

Os capítulos 17 a 36 descrevem as viagens de Enoch a vários mundos e esferas distantes. Os teólogos as denominam de similitudes ou parábolas, ou a viagem de Enoch ao jardim mágico (O Jardim da Retidão). Contudo, Enoch recebeu a ordem de escrever estas chamadas “similitudes”, de modo a preservá-las para as gerações futuras. Qual foi a razão disso? É simples: seus contemporâneos eram incapazes de compreender essas mensagens; elas eram dirigidas ao povo do futuro. E isso não é interpretação minha, é do próprio livro!

Os capítulos 72 a 82 são conhecidos como “capítulos de astronomia”. É aí que Enoch recebe instrução sobre as órbitas do sol e da lua, sobre anos bissextos, estrelas e mecânica celestial. Os capítulos restantes contêm conversas com seu filho Matusalém, nas quais ele anuncia o próximo dilúvio. Tudo isso é coroado pela partida de Enoch em uma carruagem de fogo – o que mais?

O Livro Eslavo de Enoch contém detalhes interessantes, que não são encontrados na versão abissínia:

“Depois disso, também vivi duzentos anos e completei todos os anos de minha vida: trezentos e sessenta e cinco anos. No primeiro dia do primeiro mês, eu estava sozinho em minha casa. Lá, dois homens enormes me apareceram; como eles nunca vi nenhum na Terra. Suas faces eram como o sol, seus olhos também eram como luz ardente e de seus lábios saía fogo; suas roupas e música eram esplêndidas; suas asas eram mais brilhantes do que o ouro, suas mãos mais brancas do que a neve. Estavam parados à cabeceira de meu leito e me chamavam pelo meu nome. Acordei de meu sono e vi claramente aqueles dois homens parados à minha frente. Eu os saudei e fui tomado pelo medo; a aparência do meu rosto mudou para terror, e aqueles homens me disseram: “Tenha coragem, Enoch, não tema; o Deus eterno nos enviou a ti e eis que hoje tu ascenderá conosco ao céu e dirás a teus filhos e a todos de tua casa tudo o que eles devem fazer sem ti na terra, na tua casa, e não permita que nenhum te procure até que o Senhor te devolva a eles.”

A interpretação teológica de que o patriarca antediluviano está experimentando uma visão ou um sonho aqui não é defensável. Enoch desperta, levanta-se de sua cama e, depois, prossegue para dar a seus parentes as instruções do que devem fazer em sua ausência. A variação “visão da morte” também não tem sentido, pois Enoch retorna para sua família após sua viagem para o espaço sideral. Assim, o que ele experimentou “lá em cima”?



Um comentário:

  1. Prévidi,

    Acho que Erich V. Daniken, um espertalhão que se deu bem. Achou um nicho de mercado e seguiu em frente com muito sucesso. Eu mesmo compreiquando jovem, e à época gostei muito, do Eram Os Deuses Astronautas? E gente fica maduro e vê que é tudo um bobagem, mas, 90% da literatura atual (livros de auto-ajuda, por exemplo) é um festival de bobagens. Paulo Coelho é o maior vendedor de livro do mundo e vende o quê, misticismo, espiritualidade, espaço no céu?
    Eu duvido que dois desses personagens que apregoam que já viram discos voadores e que já foram abduzidos consigam ficar sérios, um pregando para o outro. Impossível. Mercado tem: em recente pesquisa nos Estados Unidos, 70% da população acredita em anjos da guarda (menos a família Kennedy), e um dos programas mais assistidos no Histoy Channel é sobre aparições, ovnis!

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