PORQUE JÁ TIVE PRESSA
COMENTÁRIOS: Todos podem fazer críticas, a mim, a qualquer pessoa ou instituição. Desde que eu tenha alguma informação do crítico - nome, telefone, cpf - ou seja, dados. Claro que existem pessoas que conheço e que não necessito dessas informações. MAS NÃO PUBLICO CRÍTICAS FEROZES DE ANÔNIMOS!!
Conheça quem
revolucionou o
JORNALISMO!!
O livro está a disposição na Banca da República - na esquina da Rua da República com avenida João Pessoa.
Também posso enviar pelo Correio, sem custo adicional.
Quem tiver pressa, posso mandar por Sedex, mas aí tem um custo extra de absurdos 25 reais para a EBCT. APENAS PARA O RS - DEMAIS ESTADOS É OUTRO VALOR.
Ah, sim, o livro custa 35 reais.
A T E N Ç Ã O!!
Pode fazer um PIX Banrisul:
Chave 238 550 700 59
Ou um PIX Nubank:
Chave jlprevidi@gmail.com
(me avisa quando fizer a operação pelo jlprevidi@gmail.com, mandando o endereço completo)
OU
BANRISUL
AGÊNCIA 0834
CONTA CORRENTE 35.120973.0-2
JOSÉ LUIZ GULART PRÉVIDI
238 550 700 59
especial
Nesta sexta, uma cesta
de Roberto DaMatta!
Foi o futebol que permitiu uma visão mais positiva e generosa de nós mesmos como nenhum outro livro, filme, peça teatral, lei ou religião jamais realizou.
Certas melodias têm tanta vida que obrigam à sua manifestação, mesmo pelos maus cantores. Eles não cantam nada, mas são, sim, cantados por essas grandes músicas
Em livros como Carnavais, Malandros e Heróis e A Casa & A Rua, formula teorias para explicar aspectos da sociabilidade brasileira. Uma das mais conhecidas é a distinção entre indivíduo e pessoa, que ajuda a explicar a fragilidade das instituições sociais do país.
Roberto DaMatta (Roberto Augusto DaMatta) nasceu em Niterói, em 29 de julho de 1936. É brilhante escritor, pensador, antropólogo, conferencista e colunista de jornal. É professor titular de Antropologia Social do Departamento de Ciências Sociais da PUCRJ e professor emérito da Universidade de Notre Dame (USA). Casado com Celeste Leite Augusto da Matta, têm três filhos: Rodrigo, Renato e Celeste.
Graduado e licenciado em História pela Universidade Federal Fluminense (1959 e 1962), Roberto possui curso de especialização em antropologia social do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (1960) bem como mestrado (Master in Arts) e doutorado em 1969 e 1971 respectivamente pela Universidade Harvard.
Foi chefe do departamento de Antropologia do Museu Nacional e o coordenador do seu programa de pós-graduação em Antropologia Social (de 1972 a 1976). É professor emérito da universidade norte-americana de Notre Dame, onde ocupou a cátedra Rev. Edmund Joyce, de Antropologia de 1987 a 2013.
Em 2001, recebeu a Ordem do Mérito. Roberto realizou pesquisas etnológicas entre os índios Gaviões e Apinayé. Foi pioneiro nos estudos de rituais e festivais em sociedades industriais, tendo investigado o Brasil como sociedade e sistema cultural por meio do carnaval, do futebol, da música, da comida, da cidadania, da mulher, da morte, do jogo do bicho e das categorias de tempo e espaço.
Considerado um dos grandes nomes das Ciências Sociais é autor de diversas obras de referência na Antropologia, Sociologia e Ciência Política, como Carnavais, Malandros e Heróis, A Casa e a Rua ou O Que Faz o brasil, Brasil?.
Em 1974, Oswaldo Caldeira realizou para o Ministério da Educação e Cultura, com finalidades didáticas, o documentário de média metragem Aukê. O filme é uma aula de Antropologia, baseada em um estudo feito em 1970 por Roberto chamado Mito e anti-mito entre os Timbira, que conta o surgimento do homem branco do ponto de vista indígena. O próprio Roberto apresenta e explica seu trabalho ao longo do filme, que foi selecionado e exibido no Festival de Brasília de 1975.
Foi o primeiro convidado do programa Manhattan Connection, criado pelo jornalista Lucas Mendes.
Em 2017 recebeu duas medalhas: A Medalha “Marechal Trompowsky”, pelos relevantes serviços prestados à educação no âmbito militar e a medalha de Comendador, da Ordem do Mérito Judiciário do Tribunal Regional do Trabalho.
Uma das maiores influências de Roberto é o antropólogo David Maybury-Lewis (especialista da etnia Xavante), a quem auxiliou durante seus estudos na Universidade Harvard. A obra também estabelece importantes diálogos com os franceses Claude Lévi-Strauss, Louis Dumont, Émile Durkheim e Alexis de Tocqueville (este, amplamente citado no famoso ensaio sobre o "Sabe com quem está falando?" e o "Jeitinho"), o escocês Victor Turner e, especialmente, com os brasileiros Sérgio Buarque de Holanda, Gilberto Freyre e Roberto Cardoso de Oliveira
Estudioso do Brasil, de seus dilemas e de suas contradições bem como de seu potencial e de suas soluções, Roberto não se afasta de seu país mesmo ao desenvolver outros temas. A comparação com o Brasil é inevitável em suas obras.
O antropólogo reve o Brasil, o seu povo e a sua cultura através de suas festas populares, manifestações religiosas, literatura e arte, desfiles carnavalescos e paradas militares, leis e regras, costumes e esportes.
Surge daí um Brasil complexo, que não se submete a uma fórmula ou esquema único. Para ele, o Brasil é tão diversificado como diversificados são os rituais, conjunto de práticas consagradas pelo uso ou pelas normas, a que os brasileiros se entregam.
Todos esses temas são abordados em sua relação com duas espécies de sujeito – o indivíduo e a pessoa –, e situados em dois tipos de espaço social, a casa e a rua.
A distinção entre indivíduo e pessoa é bem demarcada em seu original trabalho sobre a conhecida e ameaçadora pergunta: Você sabe com quem está falando?. Os seres humanos que se sentem autorizados a se dirigir dessa forma aos outros, colocam-se na posição de pessoas: são titulares de direito, são alguém no contexto social. Os seres humanos a quem tal pergunta é dirigida são, para as pessoas, meros indivíduos, mais um na multidão, um número.
A rua é o espaço público. Como é de todos, não é de ninguém: logo, tem-se ali um espaço hostil onde não valem as leis e os princípios éticos, a não ser sob a vigilância da autoridade. A convivência na rua depende de uma negociação constante entre iguais e desiguais. A casa, considerada num sentido amplo, é o espaço privado por excelência, onde estão “os nossos”, que devem ser protegidos e favorecidos, e aqui Roberto retoma e atualiza o conceito de homem cordial de Sérgio Buarque de Holanda.
Obras:
Índios e castanheiros (com Roque de Barros Laraia) - 1967
Ensaios de antropologia cultural - 1975
Um mundo dividido: a estrutura social dos índios Apinayé - 1976
Carnavais, malandros e heróis - 1979
Universo do carnaval: imagens e reflexões - 1981
Relativizando: uma introdução à antropologia social, 1981
O que faz o brasil, Brasil? - 1984
A casa e a rua: espaço, cidadania, mulher e morte no Brasil - 1984 (em 2000, foi lançada a 11ª edição)
Explorações: ensaios de sociologia interpretativa - 1986
Conta de mentiroso: sete ensaios de antropologia brasileira - 1993
Torre de Babel: ensaios, crônicas, críticas, interpretações e fantasias - 1996
Águias, burros e borboletas: um ensaio antropológico sobre o jogo do bicho - 1999
Profissões industriais na vida brasileira - 2003
Tocquevilleanas, notícias da América - 2005
A bola corre mais que os homens: duas Copas - 2006
Fé em Deus e pé na tábua: como e por que o trânsito enlouquece no Brasil - 2011
Brasileirismos: Além do jornalismo, aquém da antropologia e quase ficção - 2015
Fila e Democracia - 2017
A aversão entre ex-amigos íntimos é muito maior e mais séria precisamente pelo amor que, na opinião profunda e ressentida de cada qual, foi desdenhado e jogado fora. O ódio que nasce do amor; ou o amor que se transforma em ódio é mais denso e pungente do que aquele que naturalmente comanda o elo entre os piores inimigos
Quem sabe, faz; quem não sabe, ensina!
Coluna do Estadão, 27 de março de 2019
Ouvi esse estúpido mantra brasileiro desde menino e, quando me tornei um profissional do ensino, pensei muito nesse horror nacional ao estudo e à reflexão, ao lado do entusiasmo permanente com a malandragem e suas éticas e métodos que estudei em Carnavais, Malandros e Heróis, um livro que, por sinal, completa 40 anos. Quem gostava de ler e escrever – e eu sempre fui um devorador de livros porque fazia muitas perguntas para o mundo –, tinha como destino ser pobre ou louco. “Esse menino vai enlouquecer: ele vive lendo...” Sempre tomei essa admoestação como um aviso inútil, porque eu já sabia da minha loucura.
Mas depois de décadas vivendo de ler, ensinar, escrever e estudar (que, entre outras coisas, é ler até compreender), treinado pelo compasso de uma sociologia comparativa, acho que entendo a reação negativa que a leitura causa no estilo de vida brasileiro.
A mais importante é, sem dúvida, o rompimento relativo com o grupo social e familiar, já que o livro isola, individualiza e torna o descendente mais sabido do que o ancestral ou mais rico. A sabedoria é (ou era...) modesta. Ela atua silenciosamente, mas, quando aparece, desmascara a ignorância, quebrando o controle absolutista da autoridade dos pais e dos poderosos. Pode, então, assumir uma feição perigosa num sistema tão amarrado em si mesmo como o nosso. Quase sempre, ler é desobedecer...
Aliás, toda sociedade que universalizou o seu saber se tornou mais igualitária, criando contextos competitivos saudavelmente meritocráticos. Esse aprendizado que o poder à brasileira, baseado nos privilégios do cargo e nos favores pessoais, entende como “fazer política”: isto é, tomar cafezinho, “arrumar colocação” e conversar!
Mesmo nesse Brasil até hoje condenado à ignorância como valor, a melhor escolha é um livro.
Uma antológica entrevista ao Roda Viva
Governo
Não se trata de nenhuma questão transcendental, mas da ausência de uma discussão crítica em qualquer corpo político que se preze como democracia, ou seja: quais são as responsabilidades e as obrigações daqueles que governam? (...) Se governar é mandar, então deve haver quem obedeça. Se governar é administrar, então deve haver projetos, planos, bem como o compromisso de sua realização.
O que não se pode mais admitir (de nenhum governo, de nenhum partido) é o espetáculo da eleição em que tudo é prometido e, depois, nada realizado. Com o agravante de sempre: esse do governante que se elege em nome da mudança «com tudo isso que aí está...», e depois usa os mesmos argumentos de sempre: falta pessoal, falta verba, falta isso, falta aquilo.
Quando, de fato, o que está mesmo faltando é a consciência das responsabilidades de quem manda e dirige. Pois quem rege e administra tem o dever de preservar as instituições, o que, necessariamente, implica assumir os erros e as faltas cometidas pelos funcionários sob sua responsabilidade.
Entrevista
Bem-vindo aos 80
Coluna em O Globo, em 27 de maio de 2020
Quando fiz 80 anos, há algum tempo, pois tudo passa, meu amigo, o professor Dick Moneygrand, foi impiedoso: “Como você está escrevendo os capítulos finais de sua vida?”
A penosa interrogação não pareceu apropriada, pois tanto para mim quanto para o Brasil visto como sociedade e cultura, a idade eleva e nos transforma em “velhinhos” modelados no Papai Noel, com o branco dos cabelos e da barba sinalizando pureza, paciência e bondade, num desdobramento da nossa autoridade. Ademais, os 80 exprimem um ponto fixo: a “velhice” vista com nitidez nos nossos álbuns de fotografia, pois ali nos enxergamos tanto como estados fixos (meninos, rapazes, homens feitos e velhos) quanto como perturbadoras figuras mutantes e instáveis.
Os 80 englobam tudo o que fomos e interrogam rigorosamente o que ainda podemos ser.
O problema dos 80 é o seu esplendor para quem dá os parabéns, mas nem tanto para quem os recebe. A chegada nessa década é radicalmente (repito: radicalmente!) diversa de entrar nos 20, 30 e 40 — na “força da idade”, como diz Simone de Beauvoir —, pois nessa estação antevemos, como remarca o realismo do meu amigo americano, uma progressão para, digamos gentilmente, a saída do palco (e do teatro…).
Em sociedades que se imaginam permanentes e, por isso mesmo, estão sempre se revolucionando, basta olhar o mármore e o bronze das suas estátuas, o aço dos seus prédios, as suas constituições e estatutos, para se ter noção da nossa ambivalência relativamente ao diálogo entre o permanente e o episódico. O Ocidente reproduz pessoas e cenas em objetos, o que não é realizado em muitos sistemas e culturas.
Aos 80, observamos a metamorfose das idades ou a idade como metamorfose. Demora um pouco a chegar aos degraus que apagam receios e tentam instalar projetos, amores definitivos, determinações e destinos.
As festas de aniversário — pouco ou nada vistas nas sociologias; esses rituais de passagem, fabricação e estabilização de corpos e almas — dramatizam essas dimensões. Em todas as sociedades há consciência do que se pode ou não fazer dos 10 aos 80 anos. Esses ritos de passagem focalizam esses aspectos. Cada restrição e permissão (elas são interdependentes) demarca uma fase que vai do nascimento até a morte. Não há passagem sem uma demarcação, conforme ensinou Arnold van Gennep.
No nosso caso, o bolo — fabricado com ovos, leite e farinha, devidamente vestido de açúcar e ornado pelas velinhas que anunciam a idade do aniversariante — é uma entidade central. Colocado numa mesa — esse móvel metafísico dotado de alma e igualmente vestido com uma bela toalha —, ele remete a outro móvel igualmente transcendente: a cama na qual os presentes eram postos e na qual o festejado foi fabricado. Na mesa —essa cama de pernas altas onde os mortos eram velados —todos se deleitam com “comidas” marginais — “docinhos” e “salgadinhos” que não podem competir com o “bolo”. Bolo que exprime, entre muita coisa, confusão mas que, naquele contexto, é o aniversariante transubstanciado, pois deve ser obrigatória e devidamente comido, num inocente festim canibal.
Não fosse mamãe, eu não adoraria chocolate — a massa elementar do bolo do meu aniversário de 10 anos.
Tudo isso para exprimir minha admiração e meu afeto aos 80 anos do imortal e diretor referência do cinema nacional Cacá Diegues. Numa deliciosa entrevista concedida ao GLOBO, o aniversariante — com a serenidade que o distingue — remarca que ainda tem planos, pois deseja filmar uma sequência do seu “Deus é brasileiro”, com um título mais condizente (e esperançoso) com o obscuro momento que vivemos. Assim, o “Deus é brasileiro” seria mudado para “Deus ainda é brasileiro” pois, apesar de todos os descalabros, mesmo aos 80, Cacá não desistiu do Brasil.
Pegando a deixa e guardando as óbvias proporções, eu também imagino reescrever o meu “Carnavais, malandros e heróis”— de 1979 (quando o publiquei) para cá, os graves e importantes sermões do politicamente correto suprimiram o riso carnavalesco; os ladrões suplantaram os malandros; e o Brasil, como enxergamos entre a vergonha e o horror, continua precisando de heróis ou, quem sabe, de super-heróis, esses deuses inventados pela sofrida solidão pós-moderna.
Fantasmas brasileiros
Coluna em O Estado de S.Paulo, em 6 de maio de 2020
Toda sociedade tem seus fantasmas: os fantasmas que merece. Eles eram vistos todos os dias quando andávamos pelas ruas de nossas grandes cidades. Hoje, com a quarentena, sentimos sua falta porque os fantasmas são seres resolutamente anônimos e absolutamente impessoais que sustentam a nossa celebrização, sucesso e posição social superior. Sem eles nas sombras e na rua, não existiríamos na paz de nossas casas. Um dos problemas críticos da pandemia é que casa e rua se confundem e, com o vírus, corremos o risco de ver a casa tão perigosa quanto a rua.
Fantasmas são manifestações de quem perdeu o corpo – a realidade pessoal e cívica que exige água, educação, roupa, comida e um lugar para ficar consigo mesmo.
Para tanto, é imperativo falar em trabalho e emprego e nas suas compatibilidades e afastamentos ou até mesmo aversões que são parte da história de nosso País fundado por aristocratas absolutistas fugidos de Napoleão, servidos servilmente por burocratas funcionários letrados e plenamente “empregados” (ou arrumados), enquanto o “trabalho” – cozinhar, lavar, varrer, consertar, plantar, construir, prender, inventar, ensinar etc. – era (e ainda é) um castigo a ser evitado e, em muitos casos, como assinala em meados de 1800 o americano Thomas Ewbank, um insulto para os “brancos” de família que jamais consideraram o trabalho no seu sentido honrado e inclusivo como vocação ou chamado.
Na nossa cosmologia ou cultura (e pouco importa o que você acha, porque ela existia antes de você nascer e vai continuar depois de sua morte…), somos todos feitos de corpo e alma. O corpo é visível e atualmente promove vergonha porque a pandemia e a incapacidade patente de enfrentá-la – porque a doença exige ação médica decisivamente honesta e não “política” (que sempre deseja a autoridade que, entre nós, serve para enricar a casa) – fizeram surgir os milhões de fantasmas que os jornais chamam de “invisíveis”. Esses viventes com corpo e alma, mas sem pessoalidade cívica – sem CPF ou registro – e cuja impessoalidade plena os torna certamente mais invisíveis ainda como a aparições. Com a diferença que eles são mais do que reais, são concretos e não somem ou surgem em meio ao denso negrume da noite ou nos pesadelos.
No Brasil, os visíveis e os invisíveis sempre tiveram uma nobre, ainda que tortuosa, convivência. Os visíveis obviamente por cima de um denso solo pavimentado pelos invisíveis que, como criados, servos, cativos e escravos, eram pseudo pessoas ou seres mais ou menos viventes, pois existiam plenamente somente em certas áreas da vida, mas não tinham presença ou voz em outras. Como os fantasmas, eram mortos sociais, conforme remarca Orlando Patterson num livro importante (Escravidão e Morte Social) – e foram eles, aos milhões, que moveram as engrenagens do nosso sistema.
Um punhado de senhores cujo modelo era absolutista e uma multidão de cativos de toda ordem (eles são hoje representados pelos empregados domésticos, faxineiras e diaristas que fazem tanta falta em tempos de isolamento) constituíam um sólido sistema fundado na subordinação.
Seguramos esses invisíveis pelas cordas de todos os populismos enquanto pudemos, mas as difíceis rotinas democráticas que obrigam à transparência, e um vírus invisível, os torna concretos. Eles são o resultado nu e cru do sistema de patrocinado e clientelismo que consolidamos como um estilo de vida no qual o estado, divorciado da sociedade, deve ser o responsável por tudo, inclusive pela mais-valia paga aos seus mais “altos” funcionários por ele aristocratizados mas sem as obrigações tradicionais dos nobres porque somente o Estado seria responsável por sua invisibilidade, pobreza e fome.
*
Espanta-me descobrir que os tais “invisíveis” chegam a milhões. Não posso deixar de, mundo digital, me indignar com essa quantidade de fantasmas cívicos depois de sucessivos governos eleitos com o compromisso explícito de “cuidar” do “povo” e dos “pobres”. Como distribuir um óbvio auxílio socorro sem as filas que são, como Alberto Junqueira e eu revelamos no livro Fila e Democracia (Rocco, 2017), o fundamento do comportamento público igualitário, se nem sequer sabemos o número desses subcidadãos – desses “invisíveis”?
Roberto da Matta, simplesmente um gênio da Antropologia!
ResponderExcluirObrigado, Prévidi, por outra cesta que qualista a sexta. Encestada de três pontos, sem toque na tabela ou aro...
ResponderExcluir