Sexta, 28 de fevereiro de 2025




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nesta sexta,
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TEXTOS DE
JOÃO PAULO
DA FONTOURA*






FRANKLIN ROOSEVELT
– O Presidente do New Deal 

"A única coisa que devemos temer é o próprio medo, aquele sem nome, sem razão, o injustificado terror que paralisa os esforços necessários para transformar a retirada em avanço."

 Frase do presidente Franklin Delano Roosevelt, das várias por ele emitidas, quando questionado por um repórter logo após (parece) ao 7 de dezembro de 1941 – ataque japonês a Pearl Harbour.



Prefácio

Dos três grandes vultos da história do século XX, Churchill, Roosevelt e Stálin, líderes da coalizão que enfrentou e venceu os exércitos nazistas de Hitler na 2ª Guerra Mundial, somente Stálin teve o necessário destaque para constar da relação do livro ‘As 100 Maiores Personalidades da História’ – escritor e historiador norte-americano Michael H. Hart.

Roosevelt, que destaco neste presente ensaio, igual a Churchill, também não teve pontuação suficiente para constar no index  deste livro.

Dos quatro maiores personagens dessa 2ª Guerra (os três citados acima e mais o Hitler), só Hitler e Stálin constam da relação. E as razões são muitas e suficientes: Hitler foi incontestemente o responsável pela guerra (sem ele, muito dificilmente ela teria ocorrido) e Stálin foi o grande responsável pela vitória aliada. Uma pequena comparação: entre soldados e civis russos mortos nessa cruenta gesta, somam-se mais de 20 milhões, enquanto que, de norte-americanos, pouco mais de quatro centenas de milhares, somando-se inclusive os mortos na guerra do Pacífico.

 

(Os americanos tiveram na Guerra da Secessão (1861-1865) em torno de 640 mil mortos. Toda a soma de mortos nas diversas guerras que os americanos envolveram-se no século XX – 1ª e 2ª Guerras Mundiais, guerras da Coreia, do Vietnã, não alcançou o total da Guerra Civil.)

 

No curso da sua gestão como presidente dos Estados Unidos, 32º presidente, o mais longevo de toda a história republicana da grande nação do Norte, com uma eleição e mais três reeleições – de quatro de março de 1933 até sua morte em 12 de abril de 1945 –, Roosevelt teve que enfrentar duas crises gigantescas: uma interna, a brutal recessão econômica derivada da quebra da bolsa em 1929; outra externa) a 2ª Guerra Mundial e o ataque a Pearl Harbour por parte dos japoneses.



 

A eleição de Roosevelt (e sua posse) dá-se no contexto de uma grave crise econômica que estagnava o país, como já citado, e à qual o presidente anterior, Herbert Hoover, usando medidas ortodoxas não conseguiu debelar.

A crise vinha já há mais de quatro anos. Quando Roosevelt assume – março de 1933 – a situação era desesperadora: PIB caindo mais de 50%; produção industrial caindo 33%, falência de empresas, filas e mais filas de famintos esperando por um prato de comida oferecido por instituições de caridades, gente vasculhando lixo, desespero total para uma nação outrora rica e poderosa. Para uma população de 122 milhões, havia por essa época um contingente de 13,5 milhões de desempregados.

A esperança chama-se New Deal.



O New Deal trouxe uma onda de novas agências governamentais, ‘sopas de letrinhas’: NRA, WPA, TVA, FERA, e muito mais. Muitas das ideias vinham do economista britânico, John Maynard Keynes (1883-1946), o pai do ‘kenisianismo’, que nunca foi um pensador ortodoxo. Basicamente, o esquema era o Estado jogar dinheiro no mercado, endividar-se, que a economia, o mercado, sairia do atoleiro. Funcionou? Parece que não, pois os Estados Unidos somente saíram da depressão econômica quando do início da guerra na Europa. Roosevelt, diferente do seu primo presidente republicano Theodore Roosevelt, era democrata. Obviamente, parte da imprensa e dos políticos adversários o apodaram de ‘comunista’.

 

(Curiosidade: a teoria macro do Keynes era por ele ilustrada para que as pessoas entendessem, como, por exemplo, ‘colocar-se milhões de notas de dólar enterradas numa montanha e ‘empregar’ trabalhadores para ‘minerá-las’, pois o efeito seria o mesmo que minerar ouro, prata.)

 

Interessante como a Depressão nos Estados Unidos acabou repercutindo no mundo todo, inclusive no outro lado, no Japão: "O Japão parecia caminhar com firmeza em direção a uma democracia parlamentar até que, no início da década de 1930, a depressão mundial levou-o à ruína econômica. Então, rejeitando a política liberal seguida pelo governo da época, grupos ultranacionalistas, liderados pelas forças armadas, encetaram uma campanha por uma ditadura militar, visando à hegemonia japonesa no Extremo Oriente."

(Texto da História em Revista, Abril Livros).

 

Traduzindo: a quebra da bolsa de valores dos Estados Unidos, em 1929, gerou o ataque japonês a Pearl Harbour, em sete de dezembro de 1941.  

 

 

Curta biografia




Igual ao John F. Kennedy, Franklin Delano Roosevelt se tivesse escrito a sua biografia poderia iniciar assim, plagiando o nosso Machado de Assis em seu livro Memórias Póstumas de Brás Cuba: "... Coube-me a boa fortuna de não comprar o pão com o suor do meu rosto."

Roosevelt foi um jovem bem-nascido, sumo da cornucópia da elite americana, filho único de pais muito ricos, amorosos, viveu rodeado de luxos e mordomias que o dinheiro e a tradição dos Roosevelt ofereciam. E, plus, primo do 26º presidente Theodore Roosevelt. Alguém quereria mais?

 

Nasceu em 30 de janeiro de 1882, em Springwood, a casa de sua família na cidade de Hyde Park, à beira do Rio Hudson, perto de Nova Iorque, filho do casal James Roosevelt e Sara Delano. James era um viúvo sem filhos, quando casou, em segunda núpcias, com a Sara Delano, ele tinha 52 anos, ela, 26.

 

(Os Roosevelt vinham de uma família holandesa que havia migrado para os Estados Unidos em 1648. Roose – roosevelt, campos de rosas – era um nome relativamente comum entre os holandeses/flamengos. Dos ilhéus açorianos que pra cá migraram por volta de 1750, tivemos um Peter Roose – Pedro Rosa.)

 

Franklin com a mãe

Dos três aos 14 anos, estudou em casa, sob a supervisão de sua mãe, e fez muitas viagens com seus pais, muitas delas ao estrangeiro. A partir dos 14 anos, em 1896, vai para Groton School, em Massachusetts, a ‘escola das elites’. Em 1900, com 18 anos entra para a Universidade de Harvard, onde se gradua em 1904. Depois entra na Faculdade de Direito  da Universidade de Colúmbia, não concluindo, mas passando no exame da Ordem e tornando-se então um advogado.

Durante toda sua vida, Roosevelt gostou muito de ler livros. A biblioteca familiar era farta. Inclusive, olhem que curioso!, aos 14 anos já havia lido quase todo o dicionário Webster.


A noiva Eleanor
 

Casou-se, em março de 1905, com sua prima distante Anna Eleanor Roosevelt, sobrinha do presidente Theodore Roosevelt, o qual, junto com sua esposa, foi testemunha do casamento.

 

(A história oficial afirma que o casamento foi feliz, mas a realidade parece ter sido bem diferente: Franklin teve amantes, várias, e sua esposa, há livros que detalham, foi amante de uma famosa jornalista da época, Loreta Hickok.)



Em 1910, com apenas 28 anos, Roosevelt entra na política, pelo lado dos democratas, em contraponto ao parente famoso que era republicano. Se elege senador por Nova Iorque.

Tem uma carreira extremamente vitoriosa. Normalmente um político novo é cauteloso, mas Roosevelt, não. Desafiador, provocativo e – popular –, desde o início: "Afoguem-no antes que ele se torne grande e forte", teria dito um experiente político americano a um  colega democrata do jovem senador.

Era, como pessoa e político, misterioso - rico, famoso, da nata da oligarquia rural americana, preocupava-se com temas mais afetos às camadas mais pobres, e também com as questões ambientais. Certa vez um jovem repórter lhe questionou, provocativamente:

- Sr. Presidente, o senhor é comunista?

- Não.

- Capitalista?

- Não.

-Então é socialista?

- Não, sou cristão e democrata, só!

 


A única grande dificuldade que a vida lhe impôs foi a poliomielite que adquiriu aos 39 anos, em 1921. Apesar do seu inabalável otimismo de que ficaria bom, teve que conviver com o mal usando pesadas muletas e cadeira de rodas até o fim da sua vida.  



É eleito presidente, 32º, em 1932, vencendo o presidente Herbert Hoover (o da famosa represa Hoover) com mais de 57% dos votos e assume em março do ano seguinte no contexto da maior crise econômica que a nação do norte já havia tido.

 

Roosevelt e a Guerra

Em setembro de 1939 a Alemanha invade a Polônia, iniciando formalmente a 2ª Guerra Mundial. Imediatamente, Inglaterra, França e outros países europeus declaram guerra à Alemanha.

Roosevelt, em rede nacional de rádio, declara os Estados Unidos – neutros.

 

(Na realidade, a população americana estava muito dividida em termos de que lado apoiar; vou citar, entre inúmeros, dois nomes importantes na política e na cultura americana que eram apoiadores do nazismo: Joseph Kennedy, embaixador na Inglaterra e pai do futuro presidente J.F. Kennedy, e o icônico piloto Charles Lindbergh, o do famoso voo transatlântico do ‘Spirit of St. Louis’. E também havia uma próxima eleição. A decisão foi política e pragmática.)


O ataque a Pearl Harbour

Os Estados Unidos somente entrariam na Guerra após o trágico sete de dezembro de 1941, quando do (traiçoeiro) bombardeamento de Pearl Harbour pelos japoneses.

Mas, já a partir de 11 de março de 1941, entrou em ação a salvadora Lei de Empréstimo e Arrendamento – Lend-Lease, que, segundo Stálin, "permitiu às nações aliadas ganhar a guerra." Em valores de hoje, os itens enviados – tanques, caminhões, aviões, alimentos enlatados, etc., atingiram algo próximo a 650 bilhões de dólares. Essa lei contornou uma lei do Congresso de meados de 1930 que "proibia o apoio a qualquer nação em guerra na Europa, ou mesmo a venda de material bélico."

Mesmo lutando em duas frentes – Pacífico e Europa – os americanos acabaram lutando somente três dos cinco anos e meio de guerra.

Estima-se que tenham morrido por volta de 420 mil soldados americanos nos dois fronts.

(Reafirmando: na Guerra Civil Americana de 1861 morreram em torno de 640 mil – entre soldados e civis.)

Vejo seguidamente alguns políticos progressistas criticarem a decisão dos militares e políticos americanos pelo uso das duas bombas atômicas contra o Japão, e a consequente "brutalidade das mortes havidas da população civil."

O problema é alguém, um sábio, 75 anos após, palpitar numa palestra ou entrevista em uma sala arejada e climatizada de uma das inúmeras universidades europeias, um ‘veja bem, na minha visão... ’

Existiam estudos, números, que podiam ou não estar certos, que estimavam em 1,5 milhão de japoneses, entre civis e militares, e mais de 500 mil soldados americanos que morreriam em uma clássica invasão nas ilhas nipônicas. Também havia, não sejamos cínicos, duas bombas prontas para serem lançadas e acabar definitivamente a guerra. E o projeto Manhattan custou, a valores de hoje, mais de 65 bilhões de dólares.

E, como plus, um recado aos ‘russos’, um alerta – e que alerta! – à vindoura Guerra Fria.

 

 

* * *

 

 

Por fim, uma cronologia resumida dos eventos da vida de Roosevelt

Stálin, Roosevelt e Churchill

1882 – 30 de janeiro, nasce Franklin Delano Roosevelt em Hyde Park, NI;

1885/90 – Estudos em casa;

1896/1900 – Estudos em Groton School, Groton, Massachusetts;

1901 – Entra para a Universidade de Harvard;

1904 – Graduação em Harvard;

1905 – 17 de março, casa-se com sua prima Anna Eleanor Roosevelt;

1910 – Eleito senador pelo Estado de Nova Iorque;

1913 – Designado subsecretário da Marinha;

1914 – Agosto, início da 1ª Guerra Mundial;

            Agosto, coordena os trabalhos dos estaleiros navais;

1917 – Fevereiro, Estados Unidos entram na 1ª Guerra Mundial;

1919 – Participa da Conferência de Paz em Versalhes, na França;

1920 – Indicado candidato democrata à vice-presidência;

1921 – É atacado pela doença pólio;

1928 – é eleito governador de Nova Iorque;

1929 – 29 de outubro, quebra da Bolsa de Nova Iorque;

1930 – Reeleito governador de Nova Iorque;

1932 – Eleito presidente, derrotando Herbert Hoover;

1933/36 – Entra em vigor o programa econômico New Deal;

1936 – 3 de novembro, reeleito presidente;

1936/40 – Crise, juízes da Suprema Corte declaram inconstitucionais partes

            importantes e vitais do New Deal;

1940 – 5 de novembro, reeleito presidente, seu terceiro mandato;

1941 – 7 de dezembro, ataque japonês a Pearl Harbour;

1943 – Conferência de Teerã, encontro com Josef Stálin;

1944 – 6 de junho, dia ‘D’, forças aliadas invadem a Normandia;

1945 – Fevereiro, Conferência de Yalta, com Churchill e Stálin;

            12 de abril, morre em Warm Springs, na Geórgia, aos 63 anos;

 *joão paulo da fontoura é escritor e historiador diletante, membro da ALIVAT – Academia Literária do Vale do Taquari, titular da cadeira nº 26.


15 comentários:

  1. Eriko Weber/Toronto-CA28 de fevereiro de 2025 às 12:35

    Madame Conká, da rádio do Almirante, está em Los Angeles fazendo cobertura jornalística do Oscar, em especial usando seus 'densos' conhecimentos sobre cinema e com seu inglês impecável, tipo... the book on the table.

    E começou fazendo um vídeo muito fraco; sem pé nem cabeça. Morro, e não vejo tudo!!!

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    1. Então está tudo dentro do previsto. Fico pensando em como convenceram a cúpula da emissora a encarar esse gasto extravagante e que pouco ou nada resultará em audiência.

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  2. JP sempre trazendo um brilho especial às sextas-feiras.

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    1. Obrigado, mas apreciaria saber quem me elogia? Abraços.
      Pra mim, pesquisar e escrever é tão levinho, menos que uma pluma. Gosto que dói. Quando escrevo sobre algo, fixo ainda mais o contexto do assunto.

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  3. Bah mas que coisa mais ridícula as dublagens que o jornal da band fez na edição de hoje para o barraco internacional ocorrido no salão oval. A "voz" do Trump principalmente tentando passar a brabeza do dito cujo parecia uma sacanagem proposital, se ele chega a ouvir corta relação diplomática com o Brasil! A Globo geralmente também faz essa coisa irritante de dublar em vez de legendas mas hoje o JN corretamente apresentou as vozes originais dos protagonistas apesar da bobagem desnecessária da repórter anunciar previamente o conteúdo da fala que seria mostrada...

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  4. A xenofobia da coordenação de esporte da rede do Almirante é impressionante.
    Qual seria a dificuldade de contratar para a tv uma dupla decente de narrador e comentarista de Minas, SP ou RJ, onde sobram profissionais competentes?
    Até quando irá a tortura de assistir o jogo sem volume?
    Nunca conheci ninguém que não tivesse asco da dupla titular.

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    1. Então muito prazer, eu gosto das transmissões da dupla titular acho leve, sem exageros e principalmente sem bordões chatos e repetitivos. Mas ok tens todo o direito de não gostar, eu particularmente não gostava muito das narrações do consagrado Silvio Luiz achava muito forçada em querer fazer graça e massante. Mas preferir assistir um jogo sem volume (mesmo reconhecendo ser tortura!) e "ter asco" de um mero narrador e de um comentarista aí já recomendo algumas sessões de psicoterapia porque algo de muito errado não está nada certo com vossa pessoa...

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    2. O narrador até que não é dos piores. Mas o comentarista é pavorosamente pernóstico. É um teste de paciência.

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  5. O narrador da Sportv, um dos mais renomados pois tiraram da ESPN, no jogo do Grêmio soltou a pérola “ Caxias do Sul é a segunda cidade mais populosa de Porto Alegre”!

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    1. Os analfabetos funcionais estão a pleno nos microfones. Vale para todas, todos e todes...

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  6. É uma grande história a vida desse homem. São poucos que nascem para enfrentar tamanha adversidades e deixar seu nome para ser lembrado pela posteridade. Bela pesquisa amigo João Paulo, muito instrutiva.

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  7. Resumo da ópera: a esquerda premiou a esquerda.

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  8. Rádios Guaíba e Gaúcha abriram manchetes e espaços generosos para a vitória do Brasil ontem no Oscar.
    Badalação incontida e desproporcional ao diminuto feito.

    Por analogia, é como se fora o Grêmio, no Parcão e em carro de bombeiro, comemorando a conquista da Segundona.

    Uma das rádios, do sistema Rede Lixo, manipulando o povão, como sempre interessada nos dividendos que virão logo alí. A outra, por ingenuidade da produção e do apresentador; este que, depois 'não sabe' porque teve um fracasso espetacular na sua curta e insignificante vida de político.

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