ESPECIAL

MARCO ANTONIO BIRNFELD LARGA O JOGO!!

A despedida do Espaço Vital - www.espacovital.com.br

Já está chegando a hora de ir,
Venho aqui me despedir e dizer:
Em qualquer lugar por onde eu andar,
Vou lembrar de você.

Só me resta agora dizer adeus
E depois o meu caminho seguir.
O meu coração aqui vou deixar,
Não ligue se acaso eu chorar,
Mas agora adeus...
(Roberto Carlos, "A Despedida")


Talvez os leitores mais fiéis do Espaço Vital recordem de uma crônica que aqui postei, em 17 de abril de 2009, anunciando a compulsória diminuição das minhas atividades profissionais: fazer uma Advocacia mais lenta e limitar o EV a duas edições semanais.
Contei-lhes sobre um texto contido numa Antologia Portuguesa que li, nos anos 50, quando estudava no saudoso Ginásio São João Batista, em Montenegro, onde o Irmão Luis Benício me ensinou a gostar de ler bastante e escrever muito. Uma frase naquele livro afirmava que "nascimento, batismo, casamento, aposentadoria, morte, estão entre os principais momentos da vida do indivíduo".
O texto acrescentava que "o grupo social faz marcar certos momentos de cerimônias próprias - como por exemplo, a dos cuidados especiais com a criança, a da união dos casais nas igrejas, a da aposentadoria, a dos velórios - que são chamados de ritos de passagem".
Pois em maio de 2009, após o retempero de três semanas no Nordeste brasileiro, voltei com força total e, entre outras coisas, o Espaço Vital retomou a sua periodicidade habitual (edições completas, atualizadas, em todos os dias úteis; ufa!).
Com a minha idade provecta, reconheço que qualquer que seja a profissão do idoso, quaisquer que sejam as vivências que ele acumulou – a experiência é sempre um bem precioso que a juventude aprecia.
O juiz aposentado e escritor capixaba João Batista Herkenhoff já escreveu que - como sucessores das gerações que partem - "os jovens precisam de estímulo para escolher caminhos que contrastem com o modelo social dominante; este dá mais relevância ao ter do que ao ser".
Tal como o magistrado mencionado, tenho plena consciência da inferioridade dos meus meios disponíveis, agora, para a pregação do SER. Os meios de que se valem os operadores do TER são infinitamente mais poderosos.
Sei que não vou conseguir ver arrumada a Justiça brasileira! Noticiei aqui que, cheia de ácaros, uma ação está há 52 anos para ser julgada no STF; também escrevi, esta semana, sobre a tramitação atual de 86 milhões de processos nos foros e tribunais brasileiros. Repito o número: 86 milhões - e cito o nome da fonte (ministro Jorge Mussi), que publicamente, no saite do STJ, advertiu que "a sociedade brasileira está perdendo a paciência com o Judiciário".
Ontem vi o último mapa estatístico de 2011 do TJRS, com 54.636 processos à espera de julgamento. O levantamento não impressionaria ante o número de integrantes da corte (140). Mas enquanto há desembargadores que estão zerados e com o serviço rigorosamente em dia, em alguns gabinetes se acumulam 3.700, 2.400, 2.200 processos etc. (e com alguns deles pensando em se aposentar e, assim, deixando a carga como herança para os substitutos).
Os dados são de novembro/2011 e de lá para cá o mais provável é que esse número já tenha aumentado. Afinal dezembro foi "meio mês" e as coisas foram lentas, muito lentas, em janeiro e fevereiro - mas a avalanche de processos continuou chegando.
Prometo que se oportunamente vier a redigir um Espaço Vital Extra, vou tratar com detalhes dessa deformidade (alô, corregedora Eliana Calmon, quem sabe a senhora, antes, dá uma olhada nisso?...).
Meu elogio a aqueles desembargadores gaúchos que estão zerados ou com menos de 500 processos para julgar. (Sim, é possível isso!). No final deste artigo, disponibilizo link revelando nominata e números dos que estão com o serviço em dia. (Claro, em se tratando de estatística, há quem possa contestar os critérios).
Uso estas referências para informar aos prezados leitores que, na Internet, esta é a última edição periódica, diária e habitual do Espaço Vital. Recomendação médica me diz que devo reduzir o ritmo febril de trabalho jornalístico.  Quase três anos depois daquele 17 de abril de 2009, faço uma nova retirada, agora - digamos - maior; talvez completa, definitiva.
Já setentão em idade, recolho-me à beira-mar e à mais constante companhia da minha incomparável mulher.
Em 2011 perdi, numa sucessão impressionante, sete pessoas próximas. No dia 2 de janeiro deste ano, um outro amigo se foi. E dentre estas oito almas, permitam que eu traga aqui - homenageando os demais - o nome do meu saudoso finado amigo Clóvis Duarte, o comunicador. Ele trabalhou até a data em que, em maio do ano passado, baixou ao hospital onde, 51 dias depois, faleceu em 19 de julho do ano passado.
Não quero seguir esse modelo de contrição ao trabalho do Clovis. Passo a ficar devagar enquanto é tempo, doravante, para que me seja possível dizer que fui parando alguns anos (oxalá!) antes da minha última viagem.
Peço finalmente escusas a todos aqueles que enviaram colaborações, dicas, informações etc e que, ante as contingências de agora, não chegaram a ser inseridas no Espaço Vital.  E dentre todos aqueles a quem poderia elogiar por terem "vestido a camiseta" do Espaço Vital, pontifico publicamente o nome de minha secretária Shirlei Knak, a "operadora executiva" sempre atenta para fazer as inserções. Vai também uma referência elogiosa à empresa Desize que criou a roupagem do EV e seu jeito de chegar aos leitores.
Sigo mantendo duas vezes por semana uma página inteira no Jornal do Comércio, como já o faço há 40 anos; ela estará também disponível na Internet. E eventualmente, quando eu tiver "coceira criativa", vou disparar um boletim informativo que pode se repetir a cada 20, 30, 50 dias. Ou nunca!

Peço desculpas por ter-me alongado. É a emoção! Felicidade a cada um dos leitores!

Um comentário:

  1. Grande Marco Antonio Birnfeld! Aproveita tudo que puderes nessas férias prolongadas e merecidas. Como teu velho amigo desejo-te uma aposentadoria só com boas surpresas e alegrias. Mas vou cobrar, de vez em quando, as tuas histórias gostosas do mundo do Direito. Tua coluna no Jornal do Comércio vai continuar indispensável para todos nós. Nestes termos, peço o teu deferimento para não ficarmos sem o teu texto saboroso. Um grande abraço, Rogério Mendelski

    ResponderExcluir