ESPECIAL
Uma verdadeira celebridade gaúcha
Augusto Bisson (no FB)
A MORTE DE UMA ESTRELA DA TESOURA - Não é minha intenção transformar minha página no FB num obituário, mas não posso deixar de comentar a morte do cabeleireiro Fernando Mendes, o Fernandinho, da qual só fiquei sabendo ao ler ZH nesta noite.
Quem tem menos de 50 anos, não pode imaginar a celebridade desfrutada por esse personagem no final dos anos 60 e princípio dos 70. Fernandinho foi o cabeleireiro mais famoso de Porto Alegre. Seus salões no Moinhos de Vento (Quintino Bocaiúva e, posteriormente, Mostardeiro) eram frequentados pela nata da sociedade porto-alegrense.
O que não está dito em ZH é que ele abriu o primeiro salão de cabeleireiros masculino do Estado e, talvez, do Brasil. Na época, foi uma sensação e um empreendimento revolucionário. Eram tempos do “milagre econômico” e da modernização dos costumes da vida brasileira, ainda que sob uma ditadura militar caretíssima.
Nós, que usávamos cabelo comprido, sofríamos quando tínhamos de ir aos barbeiros. Eles nos transformavam em padres ou milicos.
Fernadinho quebrou esse molde.
Sua máxima era que “Barbeiro entende de barba e cabeleireiro de cabelo”. Em seu salão – frequentado por Maurício Sirotski e Fernando Kroeff, entre outros – o corte era de acordo com o gosto do cliente e seguindo o modelo de seu rosto.
Depois, Fernandinho foi para Paris. Foi o cabeleireiro de Sophie Marceau no oscarizado “Coração Valente”. Quando o entrevistei para escrever “Moinhos de Vento – Histórias de um Bairro de Porto Alegre”, me disse que Mel Gibson queria que ele fosse para Hollywood. Não quis, entre outras coisas, porque tinha medo de morrer sozinho.
Voltou para esta cidade e nunca mais recuperou a condição de estrela que tinha quando se foi.
A ironia dolorosa é que foi encontrado morto, só, em seu apartamento de Porto Alegre. Tinha 66 anos.
A foto dele que vcs estão vendo, cercado de Ruy Spohr e Clodovil, é de seus tempos áureos, na inauguração da efêmera loja MC Clodovil (aberta na Florêncio Ygartua, bairro Moinhos de Vento na metade da década de 70).
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