Ferro e Mais Ferro - 9/4/2012

Por que Manuela d’Ávila
não é mais um fenômeno?


Emanuel Mattos*

Pesquisa Ibope/ZH, divulgada nesse domingo de Páscoa, 8 de abril, confirma e até aumenta a convicção que ficou depois que o Correio do Povo publicou a sua na semana passada: Porto Alegre quer mudar.
Manuela d’Ávila (PCdoB) lidera a pesquisa espontânea: 20%. O atual prefeito, José Fortunati (PDT), com toda mídia a favor, está com 16%.
Segundo o Ibope, na pesquisa estimulada, Manuela aumentou a vantagem sobre Fortunati: 37 x 28. Acima da margem de erro.
Em um eventual segundo turno entre Manuela e Fortunati, o Ibope apontou 43 x 38 para Manuela d’Ávila. Com menos indecisos.
Há muito Manuela deixou de ser ‘fenômeno’ eleitoral. Os 482.590 votos de 2010 foram resultado de sua atividade em Brasília. Só o PT não viu.
Manuela d’Ávila faz todos os fins-de-semana roteiros pelas vilas e subúrbios de Porto Alegre. Vai ao encontro do povão. E a pesquisa também aponta a sua ampla vantagem no eleitorado da classe média.
Curioso: pessoas consideradas ‘animais políticos’, não percebem tamanha evidência. Fortunati não tem carisma, nem mesmo densidade eleitoral.
Sintoma visível de que a atual gestão se esgotou é que subiu a rejeição ao prefeito, que agora tem 9% contra 12% da deputada federal.
Fortunati pode se pintar de vermelho, mas é gremista. Manuela é colorada e a Copa de 2014 será no Beira-Rio. É tão certo que a torcida do Inter é majoritária em Porto Alegre quanto os rios que correm para o mar.
Quando a ‘inteligência’ de um candidato culpa as pesquisas eleitorais pelos maus resultados é porque a vaca está se avizinhando ao brejo…
A pesquisa ZH/Ibope dá razão à Tarso Genro, que queria o PT com Manuela d’Ávila no 1º turno e foi derrotado pela minoria barulhenta. Esse passo mal dado pode comprometer sua reeleição ao governo do Estado.
O PT tem todo o direito de concorrer à Prefeitura, mas não é boa praxe política deixar de retribuir quem ajudou a eleger Tarso Genro no 1º turno.
No ato pelos 90 anos do PCdoB, o presidente nacional Renato Rabelo disse: o partido é leal aos que são leais com ele. Mais claro impossível. Tarso estava lá e ouviu.
Em fevereiro de 1951, o governador Ernesto Dornelles, do PTB, trocou Ildo Meneguetti por Eliseu Paglioli na Prefeitura. Em novembro, Meneghetti derrotou Leonel Brizola nas urnas e voltou a ser prefeito de Porto Alegre.
Na época, o PTB tinha Getúlio Vargas na presidência da República e também governava o Estado. Mas mesmo assim Brizola perdeu.
Zero Hora especula que Ana Amélia apoia Manuela d’Ávila porque Fortunati votou em Rigotto. Mas o PT fez pior ao não retribuir agora o apoio dado por Manuela à Tarso em 2010. E 2014 é ali adiante.
Eleita prefeita ou não, Manuela d’Ávila terá papel decisivo na disputa ao governo estadual. Ana Amélia apóia Manu e concorre em 2014. Logo…
A idade mínima para presidente, governador e senador é 35 anos. Manuela d’Ávila terá 33 em 2014. Prefeita ou não, seu apoio decidirá.
Também significa que votaremos em Manuela d’Ávila para o governo do Estado somente na eleição de 2018 quando ela estará com 37 anos.
Não será problema. A paciência é virtude dos fortes. Desesperar, jamais.

* Emanuel Mattos é jornalista. Edita o http://emanuelmattos.com.br/

4 comentários:

  1. Lamentável que um povo dito "politizado" como o Gaúcho tenha opções tão ruins para votar... Fortunatti, um zero à esquerda, Manoela, apenas uma carinha bonita e vazia...
    Já fizeram besteira alçando Tarso "peremptório" Genro para o governo(diga-se desastroso)do Estado, se bem que muitos acusam fraudes nas urnas eletrônicas, o que vem se provando real cada dia que passa.

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  2. Tomo a liberdade de acrescer algo. Manuela é bem nascida, pois filha de professor universitário e mãe magistrada. Culta, inteligente e acima de tudo com forte carisma. Simples como poucoas criaturas conheço. Diria que ela é doce no mais amplo sentido do termo. Não há quem não simpatize com ela. É realmente um fenômeno.

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  3. "E a pesquisa também aponta a sua ampla vantagem no eleitorado da classe média".
    Pincei essa frase sobre Manuela d'Ávila no texto do Emanuel Mattos. Cocluou eu:em Porto Alegre não se faz mais classe média como a que conheci nos bons temos.

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  4. Prezado Milton, Porto Alegre tornou-se uma cidade infantilizada politicamente, especialmente a classe média. Infelizmente é isso.
    Murilo - POA

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