A FABULOSA ELEIÇÃO DE 1982 - FINAL
(foi fraudada??)
Quem acompanhou de perto a eleição de 1982 não esquece.
Pela divisão de tarefas na Zero Hora, acompanhei o candidato do PDT, Alceu Collares. Foi uma campanha pobre. Daquelas de cumprir roteiro pelo interior e dormir em pensão. Quando Collares chegava nas cidades, sempre o esperava um ônibus. E o animador era uma figuraça chamada Lemos.
Dois institutos de pesquisa apenas: Ibope e Gallup.
E o candidato do PDT curtia em todas as pesquisas o terceiro lugar.
Jair Soares e Pedro Simon praticamente empatados - com uma leve vantagem para o candidato do PDS.
Mais do que normal. O PDS era integralmente a Arena; o PMDB era o MDB, com algumas defecções importantes para o PDT.
Se notava no interior que Collares, mesmo que Brizola viesse eventualmente ao Estado - era candidato ao Governo do Rio -, não tinha chance. Em Porto Alegre era diferente. Quem ficasse apenas na capital teria a convicção de que venceria. Era muito popular.
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Os dois principais grupos de comunicação, RBS e Caldas Júnior, montavam grandes estruturas para realizar uma apuração paralela, porque a oficial demorava muito.
Os partidos, por sua vez, recrutavam militantes para acompanhar a contagem dos votos, do início ao final da apuração, para evitar qualquer tentativa de fraude.
A contagem de votos era totalmente vulnerável, porque contavam os votos um a um. Por isso era fundamental o trabalho dos fiscais dos partidos (logo vão entender porque ressalto o trabalho fundamental dos fiscais).
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Em 15 de novembro de 1982 passamos o dia - o repórter fotográfico Antônio Carlos Mafalda e eu - com Alceu Collares, em Porto Alegre. A sua popularidade era impressionante - as pesquisas continuavam apontando "empate técnico" entre Jair e Simon, com leve vantagem para o candidato do PDS.
No dia seguinte as estruturas da RBS e da Caldas Júnior começaram o trabalho.
No dia 17 quando cheguei na redação da Zero Hora levei um choque com a manchete.
Não tenho os dados, mas Jair tirava uma vantagem imensa. Um negócio absurdo.
No dia seguinte a manchete da ZH se repetia. Pelo jornal, Jair Soares já estava eleito governador.
Pedro Simon, que estava em Rainha do Mar, chamou a imprensa e reconheceu a vitória do candidato do PDS.
O que aconteceu?
Indiretamente, ele mandou os fiscais do PMDB para casa.
E aí ninguém sabe o que aconteceu na apuração.
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O tempo foi passando e a apuração do TRE se arrastava.
O curioso é que em nenhum momento, na apuração oficial, Jair teve uma vantagem expressiva. SEMPRE estiveram praticamente empatados - em alguns momentos Simon ficava em vantagem.
Quando já estavam sendo computados os últimos votos, fui com amigos jantar no Barranco.
E todos chegavam com um radinho colado na orelha.
Torcíamos para que Simon vencesse.
Mesmo com a desmobilização gerada pela declaração de Simon, Jair Soares venceu com uma diferença mínima - menos de 20 mil votos.
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Será que o resultado seria este mesmo se os fiscais do PMDB permanecessem nas mesas de apuração dos votos?
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De qualquer forma, depois de Jair Soares, Pedro Simon se elegeu governador em 1986. Alceu Collares em 1990. E Olívio Dutra em 1998.
Os quatro candidatos da eleição histórica de 1982 foram Governadores do Rio Grande do Sul.
Prévidi, que delícia de textos. Poderia rolar mais né? hehe abraço!
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