Sexta, 31 de janeiro de 2020





Jamais troquei de lado.
Por quê? Eu não tenho lado.
Ou melhor, o meu lado sou eu
...
ANDO DEVAGAR
PORQUE JÁ TIVE PRESSA PRESSA





Escreva apenas para






especial

Nesta sexta, uma cesta
de Luis Fernando Verissimo!


FOTO DE TÂNIA MEINERZ


Verissimo fala sobre carreira, jazz, 
literatura e a descoberta de novos prazeres



Texto do jornalista Márcio Pinheiro, publicado na edição impressa do Jornal do Comércio de Porto Alegre, em 17 de janeiro de 2020.



Estima-se que Luis Fernando Verissimo tenha vendido mais de 5 milhões de livros. Não há um número exato, mas todos os índices são superlativos para caracterizar a obra desse autor - amplo e plural -, que começou a publicar em 1973, com O Popular, pela Editora José Olympio, e até hoje se mantém em atividade, um dos maiores fenômenos da literatura brasileira. Criou personagens que já fazem parte da história brasileira, como Ed Mort, o Analista de Bagé, as Cobras e a Família Brasil.
Começamos falando sobre jazz. Cheguei à residência de Luis Fernando Verissimo no início da tarde de um dia de semana no final do ano passado. A casa - adquirida pelo pai de Luis Fernando, o escritor Erico Verissimo, há quase oito décadas e, desde então, servindo de lar para, pelo menos, três gerações da família Verissimo - é a maior casa pequena do mundo.

Vista de fora, numa rua central do bairro Petrópolis, parece uma casa normal, com a varanda e as aberturas num estilo espanhol. Por dentro, ela cresce e se amplia, ganhando novas peças para os lados, para os fundos e até para baixo. "Coisas da Lúcia. A casa originalmente era de um tamanho menor mais foi crescendo, com novas peças e espaços", justifica-se Luis Fernando.

A residência está cheia e movimentada. Pessoas que trabalham por lá, mais Fernanda - a filha mais velha, que mora com o marido e a filha, Lucinda, no prédio em frente -, que se movimenta resolvendo alguns detalhes, e Pedro, o filho mais novo, feliz com a boa performance da noite anterior, quando comemorou as duas décadas de atividade da sua banda, a Tom Bloch. E Lúcia, simpática e falante, coordenando tudo numa das salas e comentando o show que ela havia gostado muito.

Sou levado por Luis Fernando para uma das peças, repleta de livros, muitos deles em inglês. Ele fecha a porta, abre o aparelho de CDs - ele e eu, sonoramente falando, ainda somos conservadores -, e eu o alcanço o primeiro disco que havia levado para nossa entrevista.

Sabendo através de uma crônica recente que ele havia (re)descoberto Art Pepper, esta foi minha sugestão para ilustrar musicalmente a conversa. "Eu sabia da existência de um saxofonista norte-americano chamado Art Pepper, mas nunca tinha prestado muita atenção no cara. Talvez a devoção ao Charlie Parker me impedisse de conceber qualquer outro alto saxofonista no panteão particular de jazzistas que mantenho e raramente abro. Não me lembro quando foi a revelação de que Pepper era melhor do que eu pensava, quase tão bom quanto Parker. O chamavam de 'Charlie Parker branco' porque seus estilos e seus improvisos eram parecidos. E sua vida pessoal também: Pepper, como Parker, passou muito tempo internado para curar a dependência em heroína, que nunca o largou. Morreu em 1982, com 57 anos (na verdade, 56, correção minha)", escreveu Luis Fernando há dois meses, confessando seu espanto a respeito de um dos grandes nomes do jazz.

O som do sax alto invade a sala, e Luis Fernando se acomoda numa poltrona, aparentemente a menos confortável do ambiente, porém a que parecia ser mais fácil para que ele pudesse se sentar e mais tarde se levantar. Os movimentos estão mais lentos, em total sintonia com sua forma de conversar - lenta e pausadamente - e totalmente diferente da atividade cerebral, em plena efervescência, como demonstram as crônicas que ele produz a cada semana.

Na mesma crônica em que escancarou sua admiração por Art Pepper, Luis Fernando acrescentou que "um dos prazeres de continuar vivo é que você nunca está longe de encontrar um novo prazer. Ou descobrir um novo prazer que, por alguma razão, lhe tenha escapado. Depois de um certo tempo de vida, você pode concluir que já experimentou tudo o que havia para experimentar no mundo, dentro dos limites da higiene e do código penal. Mas espere, não se precipite. O mundo ainda pode lhe reservar boas surpresas. Aconteceu comigo".

E tendo este gancho dado pelo meu entrevistado, procurei seguir a conversa por esta linha - pelas surpresas. Pelos prazeres que a vida pode proporcionar, pelas alegrias e plenitudes que podem ser oferecidas pelas descobertas intelectuais e pela imensa dádiva de se continuar em plena atividade.

Nos últimos tempos, Luis Fernando também diminuiu o ritmo das entrevistas, que costumava conceder com grande frequência. Das poucas que se permitiu, optou por responder as perguntas por escrito, enviando e-mail aos repórteres. Por isso, posso me sentir lisonjeado por ter tido o privilégio de trocar ideias com Luis Fernando - e claramente recompensado por ter saído ganhando muito com essa troca.

Com vocês, Luis Fernando Verissimo ao vivo!


Crônicas sem planejamento prévio


"Não gosto de escrever. Gosto de ter escrito"
FOTO DE SILVIO WILLIAMS

Com mais de 5 milhões de livros comercializados, após o pioneiro lançamento em 1973 (O Popular), Luis Fernando Verissimo publicou crônicas (A mesa voadora, Sexo na cabeça e O suicida e o computador), romances (O jardim do diabo e Os espiões), novelas (Gula - O clube dos anjos e Borges e os orangotangos), contos (Comédias da vida privada), ensaios (Banquete com os deuses), relatos de viagens (a série Traçando Porto Alegre, Paris, Nova York, Roma...), cartuns (As cobras) e quadrinhos (O analista de Bagé). O fenômeno literário também teve adaptações para o teatro, cinema e televisão, tendo criado personagens que foram incorporados à cultura popular nacional, e até um que mesmo depois de "assassinado" permaneceu imortal, a Velhinha de Taubaté.

Banquete com os deuses - Cinema, literatura, música e outras artes (Objetiva), livro que reúne textos culturais escritos por Luis Fernando Verissimo e lançado em 2003, trata de algumas obsessões artísticas do autor, um cardápio amplo que inclui Zoot Sims e Oscar Wilde, Miles Davis e W. H. Auden, John Huston e Jean-Paul Sartre, Michelangelo Antonioni e muitos outros. Vasto e diversificado, o gosto cultural de Verissimo sempre esteve presente em suas crônicas. Luis Fernando escreve quase sempre ouvindo música, numa medida de volume que fique entre o que não pode ser ignorado e tampouco interfira demais. Ele ainda se inspira em outros cronistas, em especial, os brasileiros Rubem Braga, Fernando Sabino, Paulo Mendes Campos e - mais do que os outros - o pernambucano Antonio Maria.

Luis Fernando tranca-se na "toca", uma das peças da casa, quando está escrevendo as colunas, uma bissemanal para o jornal O Estado de S. Paulo, outra semanal, que sai às quintas-feiras, para O Globo. Esse último jornal, através de sua agência, negocia e distribui a reprodução das colunas para dezenas de jornais do Brasil.

"Ele é, de fato, um homem de jornal. Como jornalista. Ele escreve em jornal. Ele se manifesta pelo jornal. E por essa razão ele é inconfundível. Luis Fernando Veríssimo é dotado de qualidade pessoais e profissionais riquíssimas e intransferíveis", destaca o amigo e contemporâneo Ruy Carlos Ostermann.

Luis Fernando admite que quase sempre as crônicas saem sem grande planejamento prévio. Muitas vezes, a ideia inicial não se confirma ao mesmo tempo que um tema pouco lembrado possa surgir de repente. Há também o caso de uma ideia boa, que deve ser guardada para ser usada na hora certa e quando acha que pode utilizá-la... Ela foi esquecida. Como admitiu recentemente em uma entrevista: "As melhores ideias são sempre as que a gente esquece". E finaliza: "Não gosto de escrever. Gosto de ter escrito".


Família de amantes da boa música


Com o filho Pedro - FOTO DE MARIANA CARLESSO

Charlie Parker e Dizzy Gillespie. Quem gosta de jazz sabe o que esta dupla significa para a música contemporânea. O que os dois criaram em noites de improvisos na Rua 52 em Nova York no começo dos anos 1940 mudou toda a perspectiva da música ocidental. Quem gosta de jazz sabe ainda que ter visto os dois em ação em cima do palco equivale a um ponto culminante de qualquer experiência da existência humana. Como ver Pelé jogando, Muhammad Ali lutando, Charles Chaplin dirigindo e/ou atuando, Picasso pintando.
Pois Luis Fernando Verissimo viu os dois. "Vi Charlei Parker tocar uma vez. Ele e o Dizzy Gillespie, no Birdland. Eu não tinha idade para estar lá dentro, mas passava pelo porteiro e me sentava numa espécie de auditório lateral onde não era preciso pedir bebida. Lembro da figura dele, gordo e impassível em contraste com o movimentado Dizzy, mas eu literalmente não sabia o que estava vendo", recorda.
Era a história se construindo diante de seus olhos. Esses momentos - talvez sem a mesma dimensão - se repetiriam muitas vezes. Veja a lista de quem Luis Fernando viu em ação no palco: Charles Mingus, Thelonious Monk, Astor Piazzolla, Stan Getz, Zoot Sims, Modern Jazz Quartet, Chet Baker, Miles Davis, Chick Corea, Art Blakey, Sonny Rollins... Num rápido exercício de memória, Luis Fernando admite apenas a ausência do pianista Bill Evans.
Com alguns, como Gerry Mulligan, o convívio foi até mais próximo. Na ocasião em que o saxofonista se apresentou em Porto Alegre, em meados dos anos 80, os casais Mulligan e Verissimo saíram para jantar. A conversa demorou a engrenar pelo fato de que o saxofonista estava mais interessado em falar sobre literatura e o escritor queria mais era falar sobre jazz. A situação piorou quando a temperamental esposa de Mulligan, a italiana Franca, resolveu fazer jus ao nome e ser sincera a respeito do que havia achado do restaurante. Como o dono do estabelecimento era igualmente famoso pelo gênio difícil e pelo comportamento ríspido, o jantar quase acabou se transformando num incidente diplomático.
Além do jazz, Luis Fernando ouve bastante música brasileira, em especial Chico Buarque e, como sempre, Edu Lobo e Yamandú Costa, com quem esteve recentemente num show do violonista em Paris.
A admiração pelo jazz fez com que Luis Fernando se aproximasse de maneira mais efetiva da música. Primeiro tentou o trompete, inspirado por Louis Armstrong, mas acabou optando pelo sax-alto. Durante anos, Luis Fernando animou bailes, realizou gravações e levou seu som a shows, feiras literárias e programas televisivos. Hoje o Selmer, uma das marcas mais respeitadas em matéria de saxofones, está de lado, num local que o próprio músico não sabe bem qual é. As limitações físicas o impedem de ter o fôlego necessário para tocar o instrumento. "Além disso, basta você ficar um tempo sem tocar que já perde a embocadura. Aí retomar não é fácil", detalha Luis Fernando.
O talento musical surgiu sem incentivo e também qualquer espécie de DNA. "O pai gostava de colocar discos, ouvir muita música clássica, em especial Bach, Brahms e Heitor Villa-Lobos, e reger uma orquestra imaginária. Fazia isso até com um certo talento mas nunca se aventurou a tocar nenhum instrumento", lembra Luis Fernando a respeito de Erico, que, curiosamente, colocou como Solo de clarineta o título de seu livro de memórias.
Quem herdou o DNA musical de Luis Fernando Verissimo foi o filho mais novo, Pedro. Há 20 anos, ele é integrante da Tom Bloch. Mais recentemente, Pedro aproximou-se da Marmota Jazz, ampliando o repertório para clássicos do cancioneiro americano com interpretação de canções gravadas por Frank Sinatra, Ella Fitzgerald e Billie Holiday. "O Pedro me surpreende. Sempre foi um bom compositor que se revelou um bom cantor e que canta igualmente bem rock ou jazz", elogia. Podemos esperar um duo de sax e voz entre pai e filho? Pedro explica: "Já rolou algumas vezes com a Jazz 6, agora o patriarca aposentou o sax Mas se alguém montar um abaixo-assinado, me passe o link que assino".

Do leitor ao escritor


Estátua de Erico na loja Renner da Andradas (2017)
FOTO DE 
FREDY VIEIRA


O que está de forma inexorável no DNA dos Verissimo é a literatura. O ano de 2019 marcou as sete décadas da publicação de O continente, o primeiro volume de O tempo e o vento, de Erico Verissimo, uma das obras máximas da literatura brasileira.
"Não encontro semelhanças na escrita entre pai e filho", explica o professor Flavio Loureiro Chaves, um dos maiores especialistas na obra de Erico Verissimo. "Ele fundou o romance histórico no Brasil; era um narrador de tradição realista. Luis Fernando faz a leitura de um mundo estilhaçado na história dos nossos dias e, por isso, vem a ser essencialmente contemporâneo", compara. E acrescenta: "A ironia sempre contribuiu para mudar a nossa visão do mundo. Aí entra a crônica do Luis Fernando: uma perspectiva irônica subvertendo a realidade estatuída".Curador da Semaníssima Luis Fernando Verissimo, evento realizado pela Unisinos em homenagem às cinco décadas de atividade jornalística de Verissimo, o jornalista, cartunista e escritor José Guaraci Fraga, segue uma análise semelhante, comparando pai e filho: "Como Erico, Luis Fernando é um fomentador da cultura. Daí ser dos raros balizadores confiáveis nesse Brasil dos piores tempos. Enfim, sua influência na vida nacional é como ele próprio e sua arte: sutil. Um fenômeno, sim".Fraga vai além: "Mas, nele, o fenomenal vai além do fato de ser um campeão de vendas ou o cronista mais querido do Brasil, sobretudo nas ruas, pessoalmente. Cada vez que alguém o lê no jornal ou livro, tem a mente nivelada pelo nível da escrita. E embora o texto nem pareça exigir leitor exigente, esse leitor, dos 8 aos 108, percebe que teve sua exigência prazerosamente atendida. E para ampliar, o leitorzinho ou leitorzão vai querer buscar mais textos e mais autores desse nível. Por isso - achismo meu - esse nivelamento faz um bem danado à literatura", avalia Fraga.Leitor que já se autodefiniu como onívoro, LFV atualmente anda mais seletivo. O novo livro de Chico Buarque, Essa gente, já está na fila. "Acho que vou gostar, como gostei muito de Budapeste, o melhor dele." Antes, ele está lendo o novo romance de espionagem de John Le Carré, Agent Running in the Field, recém-lançado, comprado na sua última ida a Paris.Das autoras mais novas, Luis Fernando elogia Claudia Tajes, que retribui: "Para mim, para a minha geração, para quem veio depois, ele é um parâmetro. Inatingível, bem verdade, porque ninguém vai conseguir aquelas ideias sem ter nascido ele. Aquelas frases. Aqueles pontos sempre no lugar certo. E, ainda por cima, aquela mulher. Tudo o que ele cita influencia - posso até não virar fã, mas sempre quero conhecer. A primeira viagem para Nova York foi seguindo os passos que ele traçou. E se faz anos que Chet Baker continua nos mais tocados aqui da casa, tudo começou com ele".Muito antes do advento das fake news, Verissimo já era vítima dos textos falsamente atribuídos a ele, ao acaso ou intencionalmente. "Quando o texto é bom, eu aceito os elogios", destaca ele embora reconheça que a maioria dos textos nada tenha a ver com o estilo e a maneira com que costuma abordar os temas.

Sobre cinema e televisão

O cinema, durante anos, foi um de seus grandes programas. Agora, o cansaço, a preguiça e a dificuldade de locomoção o impedem de sair com maior frequência. Na TV, acompanha o noticiário e os jogos de futebol, em especial, os do Internacional e os do campeonato inglês.

Assim, vê em casa o que está disponível nos canais ou o que a mulher e os filhos selecionam na Netflix. "Ainda não consegui compreender como aquilo funciona, então dependo das escolhas da família."

No dia da conversa, Luis Fernando se preparava para encarar as três horas e meia de O irlandês, novo filme de Martin Scorsese, um de seus diretores preferidos, ao lado de Woody Allen e Francis Ford Coppola - "principalmente os da trilogia de O poderoso chefão e de Apocalypse now" -, e dos já falecidos Alfred Hitchcock, Elia Kazan e Billy Wilder.

Também deve vir pelos próximos meses uma adaptação de um livro seu para o cinema: O clube dos anjos, que tem a gula, um dos sete pecados capitais, como tema, terá um elenco formado por Otavio Müller, Marco Ricca, Matheus Nachtergaele e Ângelo Antônio. A direção é do fluminense Angelo Defanti, que faz sua estreia em longa-metragem e ainda prepara um documentário sobre o escritor.


LFV e a morte


Em 2014, Imperadores do Samba homenageou o escritor
FOTO DE 
JOÃO MATTOS

"Meus amigos estão morrendo. Eu estou cada vez com menos interlocutores", lamenta Luis Fernando, aos 83 anos, lembrando, em especial, de dois dos quais sente muitas saudades: José Onofre e Armando Coelho Borges. Um contemporâneo que permanece é o também jornalista Ruy Carlos Ostermann, de 85 anos. "Nós sempre fomos bons amigos, e eu tenho muito orgulho disso. Não convivi tanto quanto gostaria e sei lá as razões. Mas verdade é que, com o Luis Fernando, tive algumas experiências marcantes."

Ruy se emociona ao lembrar que coube a Luis Fernando a ingrata tarefa de lhe comunicar a morte de sua mãe quando os dois participavam da cobertura da Copa do Mundo da Itália, em 1990. "A primeira coisa que senti foi um silêncio vindo de um grupo. Aí, Luis Fernando se aproximou e me deu a notícia. Apesar da imensa tristeza, este é um testemunho de como ele sempre foi um grande amigo", recorda Ruy.

Nos dias atuais, o núcleo mais próximo de Luis Fernando acaba mesmo sendo a família, os filhos Fernanda, Mariana e Pedro, e, agora, os netos Lucinda e Davi. Lucia, então, está presente em todas as etapas da vida.

Nos últimos anos, a preocupação com a saúde vem sendo cada vem mais frequente e intensa. Cardíaco e diabético, Luis Fernando se impõe uma série de limitações até para que, eventualmente, possa se permitir excessos, como vinhos, caipirinhas e pudins de laranja.

Uma das últimas internações, talvez a mais grave, o levou à UTI. "Penso muito na morte", admite, para, logo a seguir, descontrair: "Já nem leio mais os obituários de jornais com medo de encontrar meu nome".

Mas o que pensa da morte? "Talvez em ser poupado."


3 comentários:

  1. Caro Prédidi, what a coincidence!!!

    Acabo, neste justo momento, de reler os dois volumes de Solo de Clarineta, as memória de vida do gênio Veríssimo, o Érico, não o fake Luís Fernando.
    É a minha segunda releitura; li a primeira vez quando moleque, a segunda uns 10 anos atrás, e agora novamente.
    Lembro-me com precisão da morte do Érico, agosto de 1975, pois estava em POA na rua Voluntário fazendo uma compra para a empresa à qual eu trabalhava. Fiquei mal, pois o amava. No mesmo mês e ano, morreu outro gênio, o Lupicínio Rodriguês.
    Li absolutamente tudo o que o cruzaltense escreve, mais de uma vez. O tempo e o Vento, li umas cinco vezes e lerei ainda mais.
    Respeito a tua opinião e o teu gosto, mas como eu sou um doidivanas por literatura, livros, não consigo gostar um milimetro sequer do LF, que, pro meu gosto, é um eterno mamador da vaca leiteira Érico. Vendeu 5 milhões de livro, tudo bem, bom pra ele; o Paulo Coelho já vendeu mais de 100 milhões, e daí???
    Por fim, esse Flávio L. Chaves, professor universitário e especialista na obra do Érico, foi quem acabou o segundo volume do Solo de Clarineta, pois o nosso Érico chegou somente até a página 251, quando da sua morte.
    Pra mim, o Érico conjugava duas condições humanas àm perfeição, era um cidadão pleno (em contraponto ao seu pai, o Sebastião Veríssimo da Fonseca, um tremendo irresponsável e mau caráter) e um artista genial.
    Era esquerdista, acho que sim, mas jamais deixou de protestar - fortemente - com episódios como, um só exemplo, a invasão da Hungria pelos tanques soviéticos. Alguém, por acaso, alguma vez, ouviu ou leu algum protesto do lullista Luís Fernado Veríssimo em relação à roubalheira petista? Mau escritor, intelectual de araque, mamador eterno da vaca Érico! That's my opinion!

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  2. Negar a importância do LFV para a literatura brasileira, por conta de suas posições ideológicas, é ser obtuso.

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    1. Cara, tu não entendeste a minha posição. Pra mim, ele é mau escritor. Quem leu uma crônica, um livro dele, leu tudo, é repetitivo, mesmas piadas, chato!
      Gabriel Garcia Marquez - um só exemplo - é um esquerdista de carteirinha e um dos mais geniais escritores da humanidade - eu separo as coisas. Aliás, a ideia da temática do Cem Anos de Solidão, mesmo que prenhe de 'realismo fantástico' é claramente baseada em O Tempo e o Vento. Abraços.

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