Sexta, 19 de junho de 2020




Jamais troquei de lado.
Por quê? Eu não tenho lado.
Ou melhor, o meu lado sou eu
...
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especial

Nesta sexta, uma cesta
de T.S.Eliot!




Eliot é um dos maiores
expoentes da poesia do século XX






Infelizmente há momentos em que a violência é a única maneira de assegurar a justiça social.


Apenas se constrói com solidez sobre o passado.





Do Quatro Quartetos:

"E um clarão mais intenso que a chama do ramo ou do braseiro
Agita o mudo espírito: não vento, mas fogo de Pentecostes









T.S. Eliot  (Thomas Stearns Eliot) nasceu em St. Louis, Missouri (EUA), em 26 de setembro de 1888. Faleceu em Londres, em 4 de janeiro de 1965.
Foi poeta, dramaturgo e crítico, considerado um dos mais importantes do modernismo literário. Recebeu o Prêmio Nobel de Literatura de 1948.
Estudou filosofia e literatura em Harvard. Depois de um ano de estudos na Sorbonne e uma estadia em 1914 na Universidade de Marburg, Eliot emigrou para Londres no início da Primeira Guerra Mundial, onde passou a morar, enquanto trabalhava como professor. Entre 1917 a 1925, trabalhou no departamento de estrangeiros do Lloyds Banking Group, até ingressar na editora Faber and Faber, onde ficou muito tempo. Durante a década de 1920, ele passou um bom tempo em Paris. Em 1927, tornou-se cidadão britânico e ingressou na Igreja da Inglaterra.
O primeiro sucesso como escritor ocorreu em 1915 com a The Love Song of J. Alfred Prufrock, mas seu reconhecimento internacional ocorreu em 1922 com The Waste Land, um dos poemas mais influentes do século XX. The Waste Land é frequentemente comparada com o romance Ulisses, de James Joyce, que foi publicado pela mesma editora no mesmo ano. Seus últimos trabalhos, como The Hollow Men, Ash Wednesday e Four Quartets, também contribuíram para o fato de ter recebido o Nobel.
Também trabalhou como dramaturgo e publicou sete dramas, dos quais Murder in the Cathedral é o trabalho mais conhecido. Quando The Cocktail Party foi apresentado na Broadway, em 1950, Eliot recebeu o prêmio Tony Award de Melhor Libreto de Musical.
A poesia de Eliot, rica em relacionamentos, é rica em alusões a mitos, cultura e poesia da Índia antiga, desde a Idade Média até o período anterior à guerra. Reflete um mundo perturbado e tenta resolver o problema existencial do homem moderno recorrendo ao humanismo baseado no cristianismo (especialmente a partir dos trabalhos após 1930). Suas obras teatrais findaram o renascimento do drama poético.
Era de uma família de classe média. Seu pai, Henry Ware Eliot foi um empresário bem sucedido em St. Louis. Sua mãe, Charlotte Champe Stearns, escreveu poesias e foi uma assistente social. Foi o último dos seis filhos do casal. Eram quatro irmãs e seu irmão era oito anos mais velho que ele. Chamado "Tom" por familiares e amigos, recebeu o nome de seu avô materno Thomas Stearns.
Depois da guerra, nos anos vinte, ele passou muito tempo com outros grandes artistas na avenida Montparnasse, em Paris, onde foi fotografado por Man Ray. A poesia francesa exerceu grande influência na obra de Eliot, em particular o simbolista Charles Baudelaire, cujas imagens da vida em Paris serviram de modelo para a imagem de Londres pintada por Eliot.
Ele começou então a estudar sânscrito e religiões orientais, chegando a ser aluno do armênio George Ivanovich Gurdjieff. A obra de Eliot, após a sua conversão ao anglicanismo abandonando o unitarismo, é frequentemente religiosa em sua natureza e tenta preservar o inglês arcaico e alguns valores europeus que ele julgava serem importantes.

E que rumor é este agora?
O quê anda o vento a fazer lá fora?
Nada! Como sempre, nada!



Publicou o poema The Waste Land em 1922; em 1927 obteve a nacionalidade britânica. Em 1928, resumiu suas crenças muito bem no prefácio de seu livro "Para Lancelot Andrews": "O ponto de vista geral (dos assuntos do livro) pode ser descrito como classicista na literatura, monarquista na política e anglo-católico na religião.
Antes, em 1915, Ezra Pound, editor da revista Poetry, recomendou a publicação de "The Love Song of J. Alfred Prufrock". Embora Prufrock parecesse tratar-se de um homem na meia idade, Eliot escreveu a maior parte do poema quando tinha apenas 22 anos. Os seus hoje famosos primeiros versos, que comparam o céu ao entardecer com "a patient etherised upon a table" (algo como "um paciente anestesiado sobre a mesa") foram considerados ofensivos, ainda mais numa época na qual a poesia Georgiana imperava, com suas derivações românticas do século XIX.
O poema retrata uma experiência consciente de um homem, Prufrock, sob a forma de um "stream of consciousness" (figura de linguagem típica do modernismo, que consiste em mostrar por escrito o monólogo interior de um personagem). Prufrock lamenta sua inércia física e intelectual, as oportunidades que perdeu ao longo de sua vida e a falta de um progresso espiritual, recorrente de amor carnal que não conseguira atingir.
Os estudiosos não sabem dizer se o narrador sai de sua casa ao longo da narração, pois as localidades descritas podem ser interpretadas tanto como experiências reais, lembranças, ou mesmo imagens simbólicas do subconsciente, como por exemplo no refrão "In the room woman come and go / talking about Michelangelo".
A estrutura do poema foi imensamente influenciada por Dante Alighieri. Há ainda referências a Hamlet de Shakespeare e outras tantas obras literárias - essa técnica de alusão e citação foi muito usada em toda poesia posteriormente escrita por Eliot.
O próprio Eliot considerava "Four Quartets" sua obra-prima, embora muitos críticos literários preferissem seus trabalhos anteriores.



"Quatro Quartetos", de 1943, é baseado nos conhecimentos de Eliot nas áreas de misticismo e filosofia. O poema consiste de quatro poemas longos, que foram publicados individualmente: "Burnt Norton" (1936), "East Coker" (1940), "The Dry Salvages" (1941) e "Little Gidding" (1942), cada um deles dividido em cinco partes. Embora seja difícil fazer comparações entre eles, cada um tem uma descrição geográfica da localidade em seus títulos, todos especulam sobre a natureza do tempo, seja ela teológica, histórica ou física, e sobre a influência exercida pelo tempo.
Além disso, cada um está associado a um elemento da antiguidade clássica: ar, terra, água e fogo, respectivamente. Eles se aproximam nas ideias, de forma variável porém intercalada. Os poemas não esgotam seu questionamento e nem obtêm respostas suficientes.


Com Virginia Woolf

Em maio de 1916, a mãe de Eliot escreveu para Bertrand Russell expressando o desejo de que Russell encorajasse Tom a escolher ‘a filosofia como meio de vida (…). Espero que busque um cargo na universidade no próximo ano. Caso não o faça, ficarei arrependida. Confio absolutamente na filosofia dele, mas não nos vers libres.


T. S. Eliot e sua primeira esposa Vivien, em Londres, 1916

Eliot fundou a famosa revista The Criterion em 1922. A revista foi de grande importância para a divulgação cultural de sua época e também para a divulgação de grande parte da obra de T. S. Eliot. O poema de T. S. Eliot A Terra Desolada (The Waste Land) foi publicado pela primeira vez na 1ª edição de The Criterion, em outubro de 1922.





Poemas de T. S. Eliot

A Canção de Amor de J. Alfred Prufrock (The Love Song of J. Alfred Prufrock), 1915.
Quatro Quartetos (Four Quartets), 1941.
Os Gatos (Old Possum’s Book of Pratical Cats), 1939.
Os Homens Ocos (The Hollow Men), 1925.
Quarta-Feira de Cinzas (Ash Wednesday), 1930.
A Terra Desolada (The Waste Land), 1922.
A Song for Simeon, 1928.
Preludes, 1942.
Assassínio na Catedral (Murder in the Catedral), 1935.


Livros de T. S. Eliot

Notas para a Definição de Cultura (Notes Towards the Definition of Culture), 1948.
A Ideia de uma Sociedade Cristã e Outros Escritos (The Idea of a Christian Society and Others Essays), 2005.
O Uso da Poesia e o Uso da Crítica (The Use of Poetry and the Use of Criticism), 1933.
To Criticize the Critic and Other Writings, 1965.
Hamlet and his Problems, 1920.
De Poesia e Poetas (On Poetry and Poets), 1957.
The Frontiers of Criticism, 1956.
The Classics and the Man of Letters, 1928.


Eliot e sua segunda esposa Esmé Valerie, em Southampton, 1961




East Coker
(Trecho – Parte II dos Quatro Quartetos)

I
Em meu princípio está meu fim. Umas após outras
As casas se levantam e tombam, desmoronam, são ampliadas,
Removidas, destruídas, restauradas, ou em seu lugar
Irrompe um campo aberto, uma usina ou um atalho.
Velhas pedras para novas construções, velhos lenhos para
novas chamas,
Velhas chamas em cinzas convertidas, e cinzas sobre a terra
semeadas,
Terra agora feita carne, pele e fezes,
Ossos de homens e bestas, trigais e folhas.
As casas vivem e morrem: há um tempo para construir
E um tempo para viver e conceber
E um tempo para o vento estilhaçar as trêmulas vidraças
E sacudir o lambril onde vagueia o rato silvestre
E sacudir as tapeçarias em farrapos tecidas com a silente
legenda.
Em meu princípio está meu fim. Agora a luz declina
Sobre o campo aberto, abandonado, a recôndita vereda
Cerrada pelos ramos, sombra na tarde,
Ali, onde te encolhes junto ao barranco enquanto passa um
caminhão,
E a recôndita vereda insiste
Rumo à aldeia, ao aquecimento elétrico
Hipnotizada. Na tépida neblina, a luz abafada
É absorvida, irrefratada, pela rocha grisalha.
As dálias dormem no silêncio vazio.
Aguarda a coruja prematura.
A este campo aberto
Se não vieres muito perto, se muito perto não vieres,
À meia-noite de verão, poderás ouvir a música
Da tíbia flauta e do tambor pequenino
E vê-los a dançar em derredor do fogo
Homem e mulher ajuntados
Bailando na dança que celebra o matrimônio,
Esse dino e com modo sacramento.
Dous e dous, necessária comunhão,
Uns aos outros enleados pelo braço ou pela mão,
Na dança que anuncia a concórdia. Girando e girando ao
redor do fogo
Saltando por entre as chamas, ou reunidos em círculos,
Rusticamente solenes ou em rústico alvoroço
Erguendo os pesados pés que rudes sapatos calçam
Pés de terra, pés de barro, suspensos em campestre alegria,
Alegria dos que há muito repousam sob a terra
Nutrindo o trigo. Mantendo o ritmo
Mantendo o ritmo em sua dança
Como em suas vidas nas estações da vida
O tempo das estações e das constelações
O tempo da ordenha e o tempo da colheita
O tempo da cópula entre homem e mulher
E o das bestas. Pés para cima, pés para baixo.
Comendo e bebendo. Bosta e morte.
Desponta a aurora, e um novo dia
Para o silêncio e o calor se apresta. O vento da aurora
Desliza e ondula no mar alto. Estou aqui,
Ou ali, ou mais além. Em meu princípio.



O Nome dos Gatos

Dar nome aos gatos é um assunto traiçoeiro,
E não um jogo que entretenha os indolentes;
Pode julgar-me louco como o chapeleiro,
Mas a um gato se dá TRÊS NOMES DIFERENTES.
Primeiro, o nome por que o chamam diariamente,
Como Pedro, Augusto, Belarmino ou Tomás
Como Victor ou Jonas, Jorge ou Clemente
– Enfim nomes discretos e bastante usuais.
Há mesmo os que supomos soar com som mais brando,
Uns para damas, outro para cavalheiros,
Como Platão, Admetus, Electra, Demétrio
Mas são todos discretos e assaz corriqueiros
Mas a um gato cabe dar um nome especial
Um que lhe seja próprio e menos correntio:
Se não como manter a cauda em vertical,
Distender os bigodes e afagar o brio?
Dos nomes desta espécie é bem restrito o quorum,
Como Quaxo, Munkunstrap ou Coricopato,
Como Bombalurina, ou mesmo Jellylorum…
Nomes que nunca pertencem a mais de um gato.
Mas, acima e além, há um nome que ainda resta,
Este de que jamais ninguém cogitaria,
O nome que nenhuma ciência exata atesta
SOMENTE O GATO SABE, mas nunca o pronuncia.
Se um gato surpreenderes com ar meditabundo,
Saibas a origem do deleite que o consome:
Sua mente se entrega ao êxtase profundo
De pensar, de pensar, de pensar em seu nome:
Seu inefável afável
Inefanefável
Abismal, inviolável e singelo Nome.


2 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Tentei enviar o comentário na postagem de ontem e não consegui. Vamos ver se por aqui vai.
    Simpatia Zero com a RBS, mas essa história da censura a uma reportagem sobre saque indevido do Auxilio Emergencial deve ser melhor explicada.
    Será que a pessoa que foi flagrada é "gente grande" de Espumoso?? Quem precisa dos 600 pilas tem condições de enfrentar judicialmente a RBS??
    Por que a reportagem não foi ao ar suprimindo a identificação da reclamante (poderiam "borrar" a imagem, identificar o porque sua pessoa chamou a atenção do repórter, etc)??

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