Quinta, 24 de novembro de 2022

 

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TEORIAS REVOLUCIONÁRIAS 




1 - OS PIORES MOTORISTAS DO MU
NDO



Eu não tenho dúvidas.

Esta raça está em Porto Alegre.

Concentraram-se todos na "capital dos gaúchos".

Todos.

Mudam-se para cá. Combinam entre eles, como numa maçonaria.

Vocês, paulistas, cariocas e os que vivem em outras grandes cidades devem se orgulhar de viver num lugar onde o trânsito é caótico, mas, ao mesmo tempo, flui. Por incrível que pareça, aqui em Porto Alegre o trânsito não é caótico e não flui!! Já imaginou que maravilha, que paraíso?

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Vou dar um exemplo e contar como é o "espírito" do motorista que é padrão nas ruas de Porto Alegre.

Quando o sinal está verde, ele reduz a velocidade para ver se fecha. Não importa a fila de carros atrás. Ele vai diminuindo até que aparece o amarelo e ele dá uma freada repentina. Que se dane quem está no rabo dele (ui!!).

Bom, aí o motorista de Porto Alegre coloca o câmbio em ponto morto. E fica ali, cantarolando, olhando pro lado, distraído. Aí o sinal abre e o sujeito não se dá conta. Alguém buzina, ele olha pelo retrovisor e faz um sinal com a mão.

Pois bem, coloca o pé na embreagem, confere que está mesmo em ponto morto, dando aquela chacoalhada no câmbio e coloca em primeira. Vai arrancando bem devagar, não sem antes olhar para os dois lados, e os caras atrás ficam desesperados, e as buzinas comem soltas. O sinal, claro, está quase amarelo de novo.

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Uma grande parte dos motoristas de Porto Alegre não passa de 30 quilômetros por hora. Quando estão com pressa chegam a 40 – e a mulher ao lado fica desesperada: "Paizinho, tu tá correndo muito!!". Vão nessa velocidade, em qualquer avenida, com o cotovelo na porta, pra refrescar o sovaco. De preferência sempre andam pela pista da esquerda. Como se só eles estivessem na rua.

Na friuei a velocidade na pista da esquerda é de 110 quilômetros por hora. Mas o motorista porto-alegrense, ousado, vai a 60 – claro, pela pista da esquerda.

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O caso da avenida Ipiranga é emblemático.

Poderia fluir muito bem. Não sei se dou azar, mas sempre, na minha frente, tem três carros, um em cada pista, a 40 por hora. Um horror! Por isso só trafego pela Ipiranga por necessidade; prefiro a Bento Gonçalves, mesmo sendo mais estreita.

Outra coisa: o motorista da "capital dos gaúchos" A-D-O-R-A conferir uma obra. O carro chega a apagar o motor, de tão devagar, para o imbecil ver a "profundidade do buraco". E depois comenta com a mulher: "Que baita obra!!".

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E acidente?

Tem uns que chegam a parar para ver se tem conhecido. E quando o infeliz está esticado no chão, tapado com um pano? Bom aí, ele só não para como vai fazer uma prece pela alma do desgraçado.

Na friuei eles conseguem promover engarrafamentos de quilômetros em função de uma batidinha de dois carros. E a mulher ao lado, chupando chimarrão: "Viu, Valmir, não pode correr!! Cruzcredo!!".

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Olha, se eu tivesse que dirigir sempre – toc, toc, toc – teria um Dia de Fúria a cada 24 horas.



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2 - EM DEFESA DO CHUCHU


Chega!!

Não suporto mais tantas piadinhas sem graça com esta hortaliça-fruto!!

Não tem a menor graça comparar o bom chuchu com notórios songamongas, como o Geraldo Alckmin!!

Não consigo me conter quando algum engraçadinho diz que o chuchu é pura água!

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Há décadas combato todas as tentativas que fazem para desmoralizar o chuchu.

A primeira vez foi quando um sujeito me disse assim:

- Tão variado como um espeto corrido de chuchu!!

E eu:

- Não entendi a comparação.

- Pô, pra que serve o chuchu?

Torrei a paciência do cara por um bom tempo.

Falei das várias opções deliciosas que se podem fazer com a fruta verde.

O cara não se convenceu, mas pelo menos soube que eu era um defensor intransigente do chuchu.

Com o tempo fui me especializando.

Digo sempre que é rico em fibras e de poucas calorias. Também é riquíssimo em potássio, vitamina A e vitamina C. Os brotos de chuchu são ricos em nutrientes como as vitaminas C e B, e também são excelentes fontes de cálcio, fósforo e ferro.

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O que mais me irrita é que ainda tem gente que diz, cheio de razão, que com chuchu não se pode fazer nada.

ORA, MEU DEUS!!

Sempre irritado, reafirmo que o melhor suflê é o de chuchu!!

Chuchu ao molho branco é manjar dos deuses!!

E a salada de chuchu com cebola?

Nada mais delicioso de que chuchu recheado ao forno!!

Ah, picadinho de chuchu com carne moída!!

O doce de chuchu é um dos mais deliciosos!!

E poderia continuar relacionando outras delícias, mas apenas esses são suficientes para calar os ignorantes no tema.



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3 - A RUA MAIS BONITA DE TODA MINHA VIDA




Não tive muitos endereços. Não mais do que dez. Vivi em ruas bonitas.

A primeira, que me lembro, foi a Otávio Corrêa, na Urca, Rio.

Morei na rua da República, Cidade Baixa, Porto Alegre, mais de 20 anos.

Se a República não é a via mais bonita do mundo – ainda bem que não temos este tipo de pretensão gaudéria –, é, sem dúvida, uma das mais agradáveis.

Calçadas largas, os carros trafegam em um paralelepípedo perfeito, há décadas, e temos a companhia dos jacarandás. Na frente do prédio, morram de inveja, tem também uma pitangueira que é uma beleza.

Só numa quadra, temos bares, restaurantes, coiffeur, padaria, curso de inglês e de dança, livraria, lojas de roupas, floricultura, banca de revistas, conserto de sapatos e de roupas, ponto de táxi. Isso é o que me lembro agora. Em toda a extensão tem tudo que se possa imaginar!!

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Os moradores e comerciantes convivem harmoniosamente, com raras exceções – sempre tem uns chatos, dos dois lados. Também tem todo tipo de gente, como podem imaginar. Às vezes, no final da tarde, a Cidade Baixa é muito parecida com aquelas ruas internas de Copacabana.

Torra um pouco a paciência a quantidade excessiva de maloqueiros – que hoje chamam de "pessoas em situação de rua". E os craqueiros. Bah, eles não podem me ver!! Moeda e cigarro. O pior não é isso: eles fazem cocô e xixi em tudo que é lugar. E ainda fazem campanha para não lavar as calçadas com mangueira...

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Em 2012 a rua ficou ainda mais bonita. A nova iluminação da República é 10! A Prefeitura informou que são "103 luminárias tipo globo republicano em postes de alumínio fundido, com acabamento decorativo na cor cinza grafite e lâmpadas de vapor metálico com potência de 150W".

Uma beleza!!

A rua está tão iluminada que é digna de visita. Além dos novos postes, temos mais dois tipos de iluminação: aquela, mais antiga, que parece um braço que sai do poste; e umas outras, redondas, mais próximas das calçadas.

Muito legal!!

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Pena que não existe – e jamais existiu – nenhum cuidado com os ipês. Vez que outra passam funcionários da CEEE cortando galhos que podem prejudicar os fios.

É comum os caminhões de entrega quebrarem os galhos.

É uma pena.

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Mas continua sendo a rua mais bonita de toda a minha vida!



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4 - EU JAMAIS TENHO PRESSA



Tenho a impressão de que isso é hereditário.

Meu pai era tranquilão, sempre na dele. Criança, olhava pra ele, mais de um metro e oitenta, e parecia que andava em câmera lenta. Até quando corria numa pelada na praia. Em compensação trabalhava pra burro, daqueles que levava serviço para casa no final de semana. Minha mãe, ao contrário, era pura agitação. Sempre a milhão. Eram completamente opostos – e talvez por isso tenham se dado sempre bem.

Herdei esta aparente calma do meu pai.

Não me lembro de caminhar rápido, mesmo na adolescência. Até há pouco caminhava muito, por toda a cidade, mas sempre no mesmo passo. Me chamavam até de dromedário. Jamais tentei furar fila em supermercados, bancos, cinemas, nada disso. Quando tenho um compromisso com hora marcada, sempre – sempre mesmo – chego adiantado. Se eventualmente me atraso, me sinto mal. Afinal, é um desrespeito.

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A desculpa dessas pessoas que estão sempre apressadinhas é "a agitação do mundo moderno".

Escuto há décadas essa bobagem. Este mesmo tipo é aquele que diz assim: "A mulher moderna, neste mundo agitado, está sempre apressada". Isso chega a me doer no ouvido. Mulher moderna? Mundo agitado? Apressada?

Por favor!

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Experimente fazer, pelo menos por uma semana, as coisas com calma.

Tem que sair de casa às 8 da manhã?

Acorda 20 minutos antes da hora rotineira, dá uma olhada na janela, escuta rádio, come uma fruta; dá uma conferida nos e-mails, por aí.

Está num bairro e tem hora com alguém no Centro? Sai 40 minutos, uma hora antes e vai a pé, conferindo os prédios pelo caminho, olhando para as pessoas – se for o caso, dá uma olhada para trás para conferir a retaguarda –, compra um picolé, é isso. Certamente, a gente chega antes no local e sem estar suado.

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"Não tenho tempo para nada!!!" é uma frase muito comum.

Bobagem.

De manhã, na hora em que estiver na janela ou na sacada, que é o meu caso, faz o roteiro do dia. Se é meio esquecido, coloca os compromissos num bloquinho. Simples. E não foge daquilo. Claro, às vezes aparece uma chance e, aí sim, faz de tudo para não perder. Na real, tudo se ajeita.

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Olha, tem gente que é apressadinho até mesmo quando vai ao cinema ou a um estádio de futebol.

Pra quê?

Calma que o mundo é nosso!!

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Não gosto de dar palpites na vida das pessoas, mas falo de cadeira.

Todo santo dia bato o escanteio e vou na área cabecear.

Evidente que tem dias que deixo de fazer alguma coisa.

No stress.

Conserto no dia seguinte.

É isso.

Calma, muita calma!



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5 - O ANÃO






Encontrei um amigo que não via há tempos. Estamos conversando, sobre o calor do verão e as desventuras amorosas dele, quando alguém o cumprimenta. Olhei para os lados e não vi ninguém. Até que me dei conta que a saudação veio de baixo.

Era um anão.

Uma vez na minha longa vida tinha falado com um anão. Faz muito tempo. Sempre tive curiosidade sobre a vida dos anões. Já escutei várias piadas sobre os tipos e a mais famosa é aquela que se refere ao enterro do anão. Mas, sério, alguém já viu um enterro de anão?

Enquanto pensava no enterro do anão, notei que o amigo do meu amigo não parava de falar. Aí comecei a prestar atenção. Falava sem parar, ria do que falava, uma matraca. E o meu amigo ria, até que perguntou ao pequenino, enquanto acendia um cigarro:

– E aí, e os namorados?

Tinha achado o anão muito animadinho, com uma voz suave demais. Mas, como algumas pessoas me acham preconceituoso, estou até mesmo patrulhando os meus pensamentos. Mas que o anão tinha um jeito de viadinho, tinha!

Para que tenham uma ideia, ele estava de calças brancas, camiseta branca, justíssima, e uma jaqueta branca. E, claro, tênis branco.

É impossível ter uma ideia da idade do sujeitinho, mas certamente tinha passado dos trinta. Portava um topete moldado com gel.

– Você sabe que sou bissexual, gosto também de mulher. Mas não reclamo da vida.

Meu Deus, era o que faltava na minha vida – conhecer um anão viado. Um anão gay.

Não parava de falar, até que contou que tinha recebido um convite da G Magazine para “mostrar tudo”.

O meu amigo provocou.

– Pra se mostrar na revista tem que ser bem calçado.

O tipinho passou a mão na cabeça e contou:

– Isto não é problema. Quando excitado disponho de 29 centímetros. E já medi várias vezes.

Imaginei o que não seria o anão pelado, em plena excitação.

A conversa descambou total.

Já não suportava mais as histórias do anão e tentava encontrar uma maneira de me despedir. Perguntei o nome da figura.

– Não digo o meu nome. Todos me conhecem como Pequeno.

Para quem duvidar dessa história, saibam que o Pequeno trabalhava em um bingo, que existia na rua da Praia, onde era a Casa Sloper.

Pequeno não é um gay comum, discreto, metido a homenzinho. Não, Pequeno é viado mesmo, cheio de trejeitos. Com preciso um metro e 43, segundo nos contou. E um bruto de 29 centímetros, quando excitado.


Um comentário:

  1. Imagine o tédio que causam em Gramado, se em PoA andam a 30 Km/h, em Gramado andam a 15 Km/h, param em fila dupla em qualquer lugar. Colocam metade do carro em cada faixa numa via de pista dupla e não dão lugar...

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