NÃO LEVE A SÉRIO
QUEM NÃO SORRI!
Quer criticar, quem quer que seja?
Uma porrada?
Legal, publico, mas só com identificação.
OK?
especial
APENAS HISTÓRIAS 2
LUIZ CARLOS PRESTES E EU
Em 1982 os brasileiros iriam eleger novamente os governadores e existia uma grande espectativa desde o início do ano.
Nos primeiros meses foi escolhida a nova direção do Clube dos Repórteres Políticos, formado por jornalistas que faziam a cobertura política - dos rádios, jornais, TVs e sucursais. O Mário Marona, do Correio do Povo, era o presidente; eu, da Zero Hora, o vice e o Juarez Porto, da sucursal do Jornal do Brasil, secretário.
No início de março, convidamos para vir a Porto Alegre para uma grande entrevista coletiva o líder comunista, uma figura dos livros de história, Luiz Carlos Prestes. A proposta foi do Juarez. No dia ele estaria no interior do Estado; e o Marona de férias. Adivinha pra quem sobrou? Eu fui receber o Prestes no aeroporto, que chegaria com a esposa Maria. Veio no tradicional voo 100 da Varig. Nem sabia como chamá-lo - doutor Prestes, seu Prestes, cumpanheiru Prestes... Ele terminou com a minha dúvida: "Me chame de Prestes".
Bem, fomos para o restaurante da Assembleia, que ficava no último andar do prédio. Tinha encomendado um tradicional prato com filé, que agradou ao líder comunista e dona Maria.
A coletiva foi muita concorrida, como sempre.
O melhor? Tenho a foto lá de cima, feita pelo Bruno Cusinato durante o almoço.
Algumas semanas depois ele novamente veio a Porto Alegre. Estava percorrendo todas as capitais para definir as candidatiras comunistas e a quem o PCB iria apoiar.
No final da coletiva fui cumprimentá-lo. Ele se lembrou de mim e ele sentou novamente para conversarmos. Lá pelas tantas, perguntei:
- O PCB vai ter candidatos aqui no Rio Grande?
- Claro, respondeu animado. E em todos os partidos legalizados.
E eu:
- Inclusive no PDS (foi o sucedâneo da Arena, que sempre apoiou o regime militar)?
- Sim, vamos ter candidatos no PDS!
Só estava eu com o Prestes. Fiz a matéria quieto sem alardes. Fui redigir e quando chegou na redação, o editor-chefe liga para confirmar a informação que eu dera na abertura da matéria.
No dia seguinte deu manchete na página de Política.
Nem os veículos locais e muito menos as sucursais deram que o PDS teria candidatos comunistas.
No início da tarde vieram saber quanto o Prestes tinha falado aquilo.
E eu cheio de pose:
- É que ao final fiquei conversando com o amigo Luiz Carlos e ele me confidenciou este detalhe.
Te mete!!
SCLIAR E EU
Fiz grandes entrevistas nesses 44 anos de Jornalismo. A primeira foi com um dirigente sindical que, mais tarde, nos tornamos amigos. Clovis Ilgenfritz da Silva, presidente do Sindicato dos Arquitetos do RS. Foi para o Diário de Notícias, em 1978, num evento da categoria.
Na Zero Hora fiz inúmeras entrevistas com Brizola. Na formação do PDT eu ligava todo domingo para saber as novidades da semana. As vezes quem me atendia era a esposa de Brizola, dona Neuza. Uma vez, ela respondeu mais ou menos assim:
- José Luiz, o Leonel não está. Aliás, faz tempo que ele não está na minha vida.
Agradeci e desliguei, porque era um tipo de revelação que não queria.
Também fiz várias entrevistas com Alceu Collares. Em 90, na campanha vitoriosa ao Governo do Estado, o acompanhei durante toda a campanha, no primeiro e segundo turno.
Darcy Ribeiro, ministro da Educação (criador da Universidade de Brasília) e vice-governador do Rio, era uma grande figura. Sempre tinha tiradas antológicas em suas entrevistas. Lembro bem dele chamando de porta-retrato o porta-voz do presidente-general Figueiredo, Carlos Átila.
Durante o governo Collares ele esteve em Porto Alegre e o levaram para conhecer a Casa de Cultura Mário Quintana. Em cada sala ele fazia um comentário inteligente. Darcy fazia o trajeto ao lado de uma senhora elegante, que ele dava mais atenção do que aos dotes da Casa. Lá pelas tantas, Collares chamou o ex-ministro para mostrar-lhe algo e... cadê o Darcy?
Fiz grandes entrevistas também com personalidades gaúchas e nacionais. Alguns como Ibsen Pinheiro, Antonio Brito, Dunga, Ratinho, Claudio Humberto, Augusto Nunes, José Barrounuevo, Rogério Mendelski, Fernando Albrecht, Juremir Machado da Silva, Flávio Alcaraz Gomes, Lauro Quadros, Clóvis Duarte, Tania Carvalho, Ruy Ostermann, Lasier Martins, Moacyr Scliar, Paulo Raymundo Gasparotto, Nelson Sirotsky, Jayme Sirotsky, Haroldo de Souza, Paulo Roberto Falcão, entre muitos outros. Mas algumas foram extraordinárias. Como a do Paulo Raymundo. Ele contou algo que pouquíssimas pessoas sabiam: o maior colunista social do RS foi casado com uma mulher!!
Quase todas eram realizadas em suas casas, que duravam no mínimo duas horas. Na maioria tivemos uma recepção especialíssima, como na casa do Fernando Albrecht - uísque e salgadinhos. No imenso apartamento de Brito saboreamos um Tang de pera.
No apartamento de Scliar ficamos mais de três horas.
Depois de duas horas, pedi um copo de água.
A empregada veio com uma bandeja e um copo de água. Temperatura ambiente...
NOVA YORK E EU
Quando fiz 40 anos me dei de presente uma viagem a Nova York. Comprei as passagens a prestação na Varig e tinha a indicação de um hotel, recomendado por dois amigos: America Hotel, "na frente do prédio do The New York Times". Bem coisa de jornalistas para jornalista. Hoje não existem mais fotos do hotel e o NYt mudou-se.
Fui direto para lá e o motorista me olhou com uma cara de interrogação quando dei o endereço.
Entrei no prédio com a minha mala e estranhei os tipos que estavam no saguão. Atrás do balcão só orientais. Dei o cartão de crédito, o cara passou o cartão e me devolveu. Um oriental já estava do meu lado e apontou para o elevador. Entrei, depois o oriental e uma jovem negra. Ele me pergunta se eu era de New Jersey. Não respondi.
O oriental, ao chegar no andar marcado, abriu uma porta e tinha um sujeito de cueca dormindo. Fechou e abriu outra devagar. Estava vazio. Entrei, fechei a porta com a chave e deitei. Mas estava muito excitado para dormir. Antes das oito da manhã e resolvi dar uma volta.
Caminhei como um dromedário e quase duas horas sentei num fast food. Olhei o menu e apontei um sanduiche com uma cerveja.
Depois comprei um passe para andar naquele ônibus amarelo pelos pontos turísticos por duas dias. Já era noite quando sentei em um pub bem em Time Square. Já era mais de 10 da noite, mas as ruas estavam entupidas de gente. Aí passam na calçada uma senhora grande e um cara com uma bolsa de fotógrafo, que me pareciam conhecidos. Era impossível reconhecer alguém ali.
Voltei para o America depois da meia-noite. Um bar na frente estava fechado e eu quase sem cigarros. Tentei ir adiante, mas na segunda quadra a barra pesou e voltei rapidíssimo. Parados na entrada do hotel dois travestis. Do lado direito vinha uma música altíssima, que deveria ser um espaço dançante. Algo como uma boate. Pedi licença para as moças e entrei, mesmo que elas não tivessem se arredado um centímetro.
Peguei a chave e subi para o "meu" quarto. Dei uma olhada e tudo estava em ordem. Liguei uma TV pequena e dormi. Acordei com uma barulheira e a minha porta se abre. Um negro bota a cabeça pra dentro e grita um "sorry, man!!". Levantei e passei a chave na porta. Durante toda a noite foi um inferno. Portas batendo, gritos, falação alta, um horror. E eu no meio daquilo não conseguia dormir. Na real, parecia que estava num filme policial americano, cheio de bandidos barulhentos.
De manhã o barulho diminuiu, tomei um rápido banho e saí. Estava disposto a procurar outro hotel, mas não tinha a menor ideia por onde começar. Ao dobrar a esquina, ouvi um "Prévidi!!". Olhei pro cara e lembrei do cara que tinha visto na noite anterior, junto com a senhora grande. Era o repórter fotográfico Edson Vara, que estava em NY acompanhando a presidente de um conselho de mulheres do RS.
Contei rapidamente o meu drama e ele me recomendou o hotel em que estava. Voltei pro hotel que os meus amigos haviam recomendado e fui para o outro na rua 54. Acreditem, era o mesmo preço, mas outro nível, de um hotel médio.
Aí pude começar a viver Nova York!
As entrevistas/reportagens da Globo'lixo'/RBS na Copa parecem que estão transmitindo as informações p/ bando de "macacos". E nada falam sobre as manifestações. Lamentável imprensa marrom!
ResponderExcluirCaro Prévidi, não sou nem nunca fui comunista. Mas sempre tive uma profunda admiração pelo capitão Luís Carlos Prestes, gaúcho de POA, o Cavaleiro da Esperança. Admiro que tem um ideal de vida e por ele lute arriscando inclusive sua sobrevivência econômica, ou, no limite, sua própria vida. Na biografia que estou escrevendo do taquariense Arthur da Costa e Silva, há um cruzamento entre os dois lá no distante 1924, num dos eventos mais importantes dos Levantes Tenentistas que permearam toda década de 20 do século passado. Este meu livro já passou das 70 mil palavras, modéstias às favas, vai ser o bio do presidente revolucionário mais completa!
ResponderExcluirEis abaixo um inserto do capítulo que trata da revolução paulista de 1924. Bem no fim está o entrelaçamento!!
(...) Os revoltosos, como nos diz a história, depois de três semanas controlando a capital, foram derrotados; mas a ideia do Movimento Tenentista, não. No final de julho, Isidoro Dias Lopes ordenou a retirada dos revoltosos de São Paulo e decidiu marchar para o Paraná e se juntar às tropas que aderiram à Coluna Prestes.
A Coluna Prestes foi uma verdadeira sementeira a espalhar pelo interior do Brasil a ideia revolucionária e a denunciar as mazelas e más políticas dos políticos da República velha. Percorreu mais de 25 mil quilômetros, acabando seu périplo guerreiro com a deposição de suas armas em 1927. Seu líder, Luís Carlos Prestes, exila-se na Bolívia.
O epicentro do movimento, a articulação central, foi em São Paulo.
Mas, no Rio Grande do Sul os jovens tenentes Arthur da Costa e Silva e Oswaldo Cordeiro de Farias (também gaúcho, como o Costa e Silva, mas de Jaguarão) foram mais que simples simpatizantes à causa.
Os ecos dos tiros das armas entre rebeldes e legalista em São Paulo, acabam chegando aos ouvidos do tenente Arthur.
Mesmo longe do epicentro, sente um chamado ao dever. O espírito do movimento de 22 continua a tanger sua alma brava, guerreira. Os temores de um possível e provável fracasso e suas consequências cotejados com o imperioso dever de atender a um pedido dos colegas sublevados de São Paulo são minunciosamente sopesados.
A história registra que Costa e Silva, junto a Cordeiro de Farias, tentou convencer os soldados do 8º Regimento de Infantaria de Cruz Alta, no Noroeste do estado, a não aceitar a missão de reforçar as forças governamentais que faziam o cerrado cerco às tropas revoltosas na capital paulista.
Quando a tropa do regimento de infantaria passa por Santa Maria, em um comboio ferroviário, Costa e Silva e Cordeiro de Farias improvisam um palanque na estação e concitam os soldados a não seguirem para São Paulo, a aderirem à rebelião. Não lograram êxito, pois o coronel-comandante das tropas apressou a partida. Foram então detidos, desarmados e presos.
Duas informações interessantes que nos ajudam a compor os eventos momentâneos e futuros: 1) no livro autobiográfico do general Oswaldo Cordeiro de Farias (Meio século de combate: diálogo com Cordeiro de Farias) ele não cita o envolvimento de Costa e Silva nesta fase gaúcha da rebelião, mas ela ocorreu, e disso não há dúvida. Parece que tal atitude deriva de uma mágoa, diferenças pessoais futura os dois grande militares; 2) segundo o historiador Nelson Dimas Filho, Costa e Silva, mesmo afastado da caserna, pretendia se incorporar ainda em dezembro às forças rebeldes da Coluna Prestes estacionadas em São Luís Gonzaga, juntamente com seu colega de rebelião Cordeiro de Faria. Às vésperas da saída da força rebelde do Rio Grande, quando, tudo acertado, o tenente gaúcho de Taquari sofre uma crise de apendicite que só é debelada com uma cirurgia em abril do ano seguinte.
Eta cadete rebelde!
Agora, era esperar 30!
Este é o cara que entregou a própria esposa Olga aos nazistas?
ResponderExcluirEsse mesmo. Também condenado por homicídio.
ExcluirCartilha da imprensa amestrada nessa semana: Copa, Covid & Luladrão.
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