Jamais troquei de lado.
Por quê? Eu não tenho lado.
Ou melhor, o meu lado sou eu
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ANDO DEVAGAR
PORQUE NÃO TENHO PRESSA
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TE METE!!
especial
Nesta sexta, uma cesta
de Leo Iolovitch e Ricardo Azeredo!
LEO IOLOVITCH
50 ANOS DE WOODSTOCK
O sonho acabou. Tanto o de Lennon, como do garçom do Café Elite em Santo Antônio da Patrulha.
Só permanece intensa a "Patrulha Ideológica", ironizada no texto que publiquei em 2002 na ZH, mostrando que o ódio nas opiniões não é fenômeno atual, mas remonta a aquela época.
“Li em algum lugar que, houve protestos irados pelo uso da imagem do Che Guevara no biquini da top model Gisele Bunchen em recente desfile em São Paulo.
A foto clássica do Che hoje é um ícone, uma marca, quase um “Nike” de uma rebeldia nostálgica.
Hoje vivemos em democracias e a mais duradoura ditadura é aquela que ele ajudou a criar em Cuba.
O glamour da guerrilha acabou, assim como o sonho do John Lennon e o do garçom do Café Elite em Santo Antônio da Patrulha.
Sem o sonho imaginário ou com recheio de creme, o que falta para essa gente é um mínimo de humor, a capacidade de sorrir e viver fora do fundamentalismo carrancudo.
O mal do pensamento único é terrível, leva à desonestidade intelectual e o efeito é contagioso.
Os outrora excelentes autores de textos de humor, após a adesão ao pensamento unitário, não se permitem mencionar os companheiros partidários instalados no poder, e, assim, perderam a graça; seus textos hoje são uma espécie de humor chapa branca e fariam melhor figura se publicados no Diário Oficial.
É triste isso, não gostaria que fosse assim, mas é o que se vê e o que se lê. Fico com pena.
Por isso, o protesto pela estampa do biquíni da Gisele não surpreende, é coerente com esse ranço, que lembra a condenação imposta por outros xiitas, contra o escritor Salman Rushdie que blasfemou contra o Corão.
A bela cara do Che na foto célebre é patrimônio da humanidade, gostem ou não os neo-trotskistas, já é um produto globalizado, assim como a lata de sopa Campbell’s e a Marilyn Monroe coloridos por Warhol.
A crítica ao uso da imagem revela o traço autoritário dos fundamentalistas, que estão em permanente vigilância nesta ensandecida cruzada do mau humor, que exercem com ferocidade.
Já que antes falei em Santo Antônio, acho que eles todos são fervorosos devotos deste novo padroeiro, o Santo Antônio da Patrulha IDEOLÓGICA, em cujo nome vão sufocando e matando as idéias novas ou diferentes do oficialismo; é possível identificar as caligrafias já gastas do contumazes signatários de notas de apoio de sedizentes “intelectuais”, fiéis devotos do santo patrulhamento.
Para não dizer que não falei de flores ou que me deixei tomar pelo tempero deste vinagre, encerro sugerindo a eles, para que prestem mais atenção na graciosa e empinada bundinha da Gisele, que está muito mais interessante que a estampa do biquíni. E mais, eles que se preparem, pois se a moda do Che realmente pegar, ainda veremos a foto clássica em sunga masculina ou então em comercial de Viagra, acompanhada da frase famosa:
“Hay que endurecer, pero sin perder la ternura.”
+++++
Artigo publicado no Jornal Zero Hora em 2002
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RICARDO AZEREDO
A CAMISINHA DIET DO FESTIVAL DE GRAMADO
Uma das coisas mais bacanas para quem trabalha nas coberturas do Festival de Cinema de Gramado é o contato direto com grandes artistas do cinema e da TV.
Muitas vezes esta relação vai além das entrevistas.
O festival, como todo mundo sabe, é festa e mais festa, onde todo mundo se encontra e se diverte junto. E muitas amizades surgem neste ambiente.
No Festival de 1995, fiquei amigo de vários atores e atrizes, após tê-los entrevistado ou simplesmente cruzado com eles em algumas das concorridas festanças após as exibições dos filmes no Palácio dos Festivais.
As atrizes Bete Mendes e Maria Zilda Bethlen eram parceironas nas rodas de samba do Hotel Serrano. Mas foi com o ator Norton Nascimento que eu, o repórter cinematográfico Jose Henrique Castro e o motorista Carlos “Chitão” Renaux mais nos divertimos.
Era um baita negão, pura simpatia e simplicidade. Estava no auge da carreira e fazia muito sucesso nas novelas da Globo na época. Teve uma trajetória brilhante até descobrir anos depois uma doença cardíaca. Passou por um transplante de coração mas acabou morrendo em 2007 aos 45 anos.
Estávamos todos hospedados no Hotel Bella Vista. Uma noite nos encontramos no saguão para zarpar rumo a mais uma festa. Chegou anunciando que teríamos parceria:
- Olha aí rapaziada, hoje o Paulo vai com a gente, ele tá todo animadão!
Ele se referia ao ator Paulo Cezar Grande, outro galã da Globo.
Enquanto esperávamos o novo parceiro, um grupo de senhoras que chegou numa excursão percebeu a presença do Norton e logo o cercou.
Algumas eram bem velhinhas, mas não perderam a oportunidade de sapecar beijocas no ator que, muito solícito e sorridente, procurava responder aos abraços festivos daquela turminha barulhenta.
As velhinhas estavam completamente deslumbradas. Algumas pareciam não acreditar que estavam agarradas no galã, tirando fotos e mais fotos.
Eis que da larga escada que descia ao saguão vem um vozeirão:
- Oláááá todo mundo, cheguei!!!
Era o Paulo Cezar Grande, que descia cada degrau num largo e teatral gesto com os braços.
Norton delicadamente se desvencilhou das velhinhas que o abraçavam, pousou a mão no meu ombro e nela apoiou sua testa, prevendo confusão:
- Ihh, Azeredo, agora fudeu!
Quando as velhinhas viram outro galã de novela bem ao alcance delas, dispararam um coro de gritinhos extasiados e correram em direção a ele.
Norton me olhava e balançava a cabeça em silêncio como quem diz “Lá vem merda...”
Paulo Cezar esperou as senhorinhas se agruparem junto a ele, e com os braços sobre os ombros de duas delas, fez uma sonora saudação.
- E aííí meninas, tudo bem com vocês??
Algumas pareciam que iam desmaiar de emoção. Responderam num coro tão confuso que não deu pra entender nada.
Com um sorrisão de pura safadeza, ainda abraçando as duas velhinhas, ele continuou a sua performance:
- Meninas, meninas, escutem só!
Todas se calaram instantaneamente e ficaram esperando a fala do galã, embevecidas.
- Vocês sabiam que acabaram de inventar a camisinha diet?
Ao ouvir a palavra “camisinha” as velhinhas começaram a murchar. A algazarra foi sumindo, dando lugar a sorrisinhos amarelos e olhares receosos.
- Então meninas, sabem pra que serve a camisinha diet?
Elas estavam mudas, trocando olhares assustados.
- Ora, pra que! Serve pra comer cú doce!! Hahahahahahahahahahahaha!!!!
A gargalhada pândega do ator ecoou pelo saguão. Norton olhou pra mim:
- Não te falei?
As velhinhas voltaram correndo atarantadas para o seu ônibus, sem olhar pra trás.
Paulo Cezar Grande então se voltou para nós, ainda rindo muito depois daquela crueldade.
- E aeee, vamulá? Onde é a festa??
(publicado no ricardoazeredo.com.br)
Bom dia amigo Previdi, estava tentando assistir ao "novo" Bom Dia Rio Grande mas tá chato pra matar. Só trocaram o cenário. Não tem uma informação importante. O que me interessa ver gente andando de ônibus e de trem? É sempre a mesma coisa. E agora botaram uma criançada no ar que dá pena de ver.
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