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ACREDITO NOS ANIMAIS
(DE OLHOS FECHADOS)
DOIS MINUTOS
COM PRÉVIDI
- EU QUERIA O MILEI
PRESIDENTE DO BRASIL:
DÃÃÃÃÃÃÃ!!
Olá, resenhei o livro NEXUS - best-seller do momento, do escritor israelense Yuval Moah Harari.
Espero que tu curtas assim como os nossos leitores.
Abraços.
"Este livro, muito importante, chega num momento crítico, quando todos pensamos nas implicações da AI."
Mustafa Suleyman – Ceo da Microsoft AI
Caro amigos e amigas leitores desta cesta semanal do Blog do Prévidi: nesta edição permitam-me apresentar-vos uma despretensiosa resenha do best-seller do momento, aqui e no mundo, o livro Nexus do historiador e sociólogo israelense Yuval Noah Harari.
Yuval adquiriu – meritoriamente – fama mundial por dois livros que precedem Nexus: Sapiens: uma breve história da humanidade, editado em mais de 60 idiomas, ou seja, universal mesmo; e Homo Deus, 21 lições para o século 21.
Mas Sapiens é aquilo que podemos afirmar sem exagero retórico uma obra- prima em termos de conhecimento e de passeio pela história da humanidade, desde bem lá atrás nos primórdios da nossa formação humana até os dias atuais. Sapiens, em suas 459 páginas, inclui também informações e análises da antropologia, biologia e até mesmo da economia.
Duas pequenas observações:
- esse livro eu já o li três vezes e está na lista das releituras deste ano que entra;
- sua leitura fez-me refletir em relação ao consumo de carnes em geral, e mais especificamente em relação à carne de gado. Na página 138 (edição da L&PM) aparece a foto de um bezerro contido num brete de dois metros quadrados onde é super alimentado para ser abatido e possuir carnes "tenras, supermacias" ao gosto dos sofisticados habitues de finos restaurantes. Aí me pergunto, é certo o que estamos fazendo, o pobre animal não teve o ubre e carinho de sua mãe vaca nem a possibilidade de brincar em largos campos com seus assemelhados? Como a humanidade chegou a tanto?
(Taquari é um município pequeno, onde as pessoas têm mais facilidades para interagirem – pela proximidade – qual as aldeias medievais. Eu tenho a satisfação de ser amigo de um médico, o decano da medicina local, o dr. Eliseu Coelho, que, como eu, é um leitor inveterado e exigente. E quem gosta de ler, gosta ainda mais de que outros também leiam. O Dr. Eliseu gosta tanto (de ler) que me presenteou com esses dois livros: o Sapiens e o Nexus. Que tal? Tô bem de amigo, não?)
Algumas informações em respeito ao escritor: nasceu em Israel em 1976, portanto é ainda um jovem de meia-idade, 48 anos, neto de um judeu de origem oriental que escapou das garras nazistas por sorte. Formado (PhD) em História pela Universidade de Oxford e professor da Universidade Hebraica de Jerusalém. Homossexual bem assumido (é casado com o seu primeiro agente). A questão da homossexualidade explica, ao menos ao meu ver, algumas posições dele transcritas no livro que abaixo resenharei.
Nexus, ou uma breve história das redes de informação, da Idade da Pedra à inteligência artificial
Frases apontadas em revistas e jornais que, na visão de alguns críticos luminares, qualificam o autor e sua obra:
Um dos intelectuais mais notável da nossa geração;
Se há um livro que recomendo a todos que leiam é Nexus;
Nexus apresenta o fascinante percurso de como chegamos até aqui e das escolhas urgentes que devemos fazer agora para sobrevivermos – e prosperar;
Esta é a história de como as redes de informação definiram nosso mundo.
Vejam como o editor do livro (Companhia das Letras) nos apresenta nas orelhas de sua capa:
‘Nos últimos 100 mil anos, nós, sapiens, acumulamos muito poder. (...) o mundo está à beira do colapso ecológico, tensões políticas crescentes e desinformação por todos os cantos. (...) Estamos entrando a toda velocidade na era da inteligência artificial. (...) Em uma narrativa que abarca desde a idade da Pedra e inclui a canonização da Bíblia, a invenção da imprensa, a expansão dos meios de comunicação de massa até o recente ressurgimento do populismo. (...) Nexus demonstra como a informação não é a matéria-prima da verdade, tampouco uma mera arma...’
Penso que este livro, diferente do Sapiens, por exemplo, pode ser descrito como um clássico livro autoral ‘do autor’ (desculpe a redundância). Em Sapiens, o autor e sua equipe, pesquisaram centenas e centenas de fontes (livros, revistas, bibliotecas, web, entrevistas, etc.) e as transcreveram para o livro, ou seja, o autor foi às fontes e as colocou no papel, sem interpretar e adjetivar esses dados, essas informações. Claro que há alguma adjetivação, mas claramente não é o foco.
Já no presente Nexus, ao meu ver (aviso: não sou um especialista, sou um escritor e historiador diletante, faço por prazer, só) o livro em seu contexto geral é muito mais a visão do escritor em relação aos temas centrais do livro, que são: informação, sociedade, mitologia, burocracia, sistemas políticos, populismo, inter-relação entre indivíduos, e a atual e avassaladora AI – inteligência artificial, do que o relato nu e cru de eventos históricos.
O primeiro terço do livro trata das orgânicas redes humanas, do contraponto entre realidade e verdade, do conceito de ‘informação’, e também da questão da organização das sociedades humanas em democracia, totalitarismo, populismo, das eleições dos populistas Trump e Bolsonaro (aqui claramente, em vista, talvez, da opção sexual do escritor, há uma não simpatia com os ‘misóginos e sexistas’ Trump e Bolsonaro. No caso do Bolsonaro, a imprensa e a intelectualidade brasileira o vendeu para a Europa e para o mundo, como alguém abjeto, preconceituoso, demagogo, ditador, etc., etc)
Compara, por exemplo, dois documentos, dispersos no tempo, mas ambos claramente ‘estórias’: um, os Dez mandamentos, uma ‘estória’ divina; outro) a Constituição Americana , ‘estória’ ficcional. Ambas ‘estórias’ endossavam a escravidão, com uma grande diferença: a Constituição americana, como não era divina, previa a intervenção humana para corrigí-la, as ditas emendas. Já os Dez Mandamentos, assim como a Bíblia (Antigo e Novo Testamento) não, pois é a palavra de Deus.
A segunda parte do livro, ou dois terços, é muito bem escrita, muito bem pesquisada, e mostra o acurado conhecimento que o autor possui de um tema ainda meio que nebuloso e desconhecido em suas peculiaridades pela imensa maioria das pessoas, eu incluso: a rede inorgânica, dos prelos de Gutemberg, passando pelos nossos conhecido computadores, pelos Facebook, YouTube, TikTok, por seus algoritmos , pelos ódios, fakes news, chegando agora à AI – Inteligência Artificial – a nêmesis do século XXI – um terrível adversário da humanidade a ser domado!
(E isso que o Harari não entrou na questão da iminente operacionalidade comercial dos computadores quânticos. Se somarmos um ao outro, saiamos da frente, temamos ao limite!)
O autor descreve exemplos do uso da AI para coisas absurdas, anti-democráticas, próprias de repúblicas tirânicas como a comunista Romênia do Ceuscesco ou o Irã dos aiatolás como identificar os rostos de mulheres iranianas que não estão usando o hijab (véu que cobre o rosto), ligar para a ‘transgressora’ no ato e marcar a sua penalização – que vai num crescendo chegando até mesmo à prisão! Isso é, a meu ver, a aplicação brutal do conceito do grande irmão, BB (livro 1984 – George Orwell) elevado à potência 1000!
Para sintetizar o que o autor discursa sobre a AI – o que já temos, e talvez ainda não saibamos, mas principalmente o que virá, o inescrutável vindouro – vou apresentar recortes do livro que falam sobre a inteligência inorgânica (a inteligência artificial), usando como exemplo o jogo de xadrez, das instruções para a máquina, via algoritmos, aos aprendizados em per si:
(...) Originalmente eles não aprendiam muita coisa por conta própria. Por exemplo, nos anos 1980 e 1990, algoritmos de jogo de xadrez aprendiam quase tudo que sabiam com seus programadores humanos.
(...) Esses primeiros algoritmos só derrotavam mestres humanos do xadrez porque algoritmos podiam calcular muito mais movimentos e avaliar um número bem maior de posições do que os humanos.
(...) À medida que o campo de aprendizado de máquina se desenvolvia, os algoritmos ganhavam independência.O principio fundamental de aprendizado de máquina é que algoritmos podem aprender coisas novas com o mundo, da mesma maneira como os humanos fazem, produzindo assim uma inteligência artificial plenamente desenvolvida.
(...) Nada é ensinado à IA de jogo de xadrez atual, além das regras básicas do jogo. Ela aprende o restante sozinha, seja analisando bancos de dados de partidas anteriores, seja jogando novas partidas e aprendendo com a experiência.
(...) Com isso, permitem que o ‘algorismo-bebê’ explore o mundo como um recém-nascido orgânico: se eu puser a mão no fogo, vai doer. Se eu chorar, mamãe aparece. Se eu sacrificar uma rainha por um peão, provavelmente perderei a partida.
Hoje, jamais um Bobby Fischer teria chances de repetir o feito de 1972 – no Match do Século – no qual venceu o russo Boris Spassky, campeão mundial, e toda a estrutura estatal de suporte que a associação russa dava ao campeão, se jogasse contra um moderno computador com o suporte do AI.
Hoje, os 100 grandes-mestres que ficavam a noite inteira estudando o movimento que Spassy deveria fazer na manhã seguinte, quando o jogo fosse reiniciado, teriam que ser multiplicados por um milhão para ter uma chance, mínima, de vencer a AI do computador.
Finalizando, é um bom livro, bem nutrido de informações e análises do escritor/historiador Harari.
Mas não lerei uma segunda vez, nem o guardarei em minha estante, até mesmo por falta de espaço.
Vou doar à nossa Biblioteca Municipal.
É o tipo do livro editado e lançado por instruções do empresário/agente – e no caso, marido – e que se venderá fácil e muito, mesmo não tendo o padrão do Sapiens, no vácuo das memórias dos que o leram (Sapiens).
*joão paulo da fontoura é escritor e historiador diletante, membro da ALIVAT – Academia Literária do Vale do Taquari, titular da cadeira nº 26.
Ninguém é perfeito.
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