DAVID COIMBRA
Ele publicou na Zero Hora, hoje, dia 29/3..
Eu sabia. Mas como ele tinha pedido que não se divulgasse, fiquei na minha.
Aí vai:
Numa sexta-feira como hoje, os competentes médicos da Santa Casa descobriram que havia um tumor devorando um dos meus rins.
Um câncer.
É estranho você dizer que está com câncer. É como se dissesse: estou morrendo. Foi o que pensei naquela sexta-feira. Naquela sexta-feira, eu morri um pouco.
No sábado, meu rim foi removido. A cirurgia, comandada pelo doutor Ernani Rhoden, do Hospital São Francisco, foi um sucesso, mas, para mim, eu que nunca havia sido internado em hospital, nunca quebrara nada, nunca ficara doente, para mim foi uma dor inédita, um sofrimento que nem sabia ser capaz de suportar.
Agora estou sendo bem cuidado pelo oncologista Jefferson Vinholes e tudo envereda pelo bom caminho, mas ainda não processei totalmente o que aconteceu. O que posso concluir desse episódio? Alguns dizem que essas experiências radicais nos levam a iluminações. Você compreende a vida de outra forma, vê as coisas de outro ângulo. Talvez no futuro, mas, até agora, o sofrimento não me abriu as portas da percepção. Até agora o sofrimento só foi isso mesmo, sofrimento. Que desperdício de dor.
Mas houve algo, um sentimento que se consolidou na minha mente, com essa experiência. O que posso dizer é que, se não houve sofisticação da minha, digamos, vida espiritual, houve aumento da minha fé nas pessoas. A preocupação sincera e a ajuda incondicional dos meus amigos e dos meus familiares; as orações e promessas de pessoas que nem conheço, de todas as religiões; o apoio tranquilizador da minha empresa, a RBS, e o carinho dos meus colegas, desde a atendente do bar até o mais alto diretor; a competência dos médicos e o requinte da ciência; tudo isso me ergueu e me ergue, e tudo isso é humano. Não há nada transcendental aí; o que há são as pessoas. Os homens. O homem que inventa a bomba atômica, mas que também desenvolve a medicina nuclear, o homem é, sim, o lobo do homem, mas também o seu consolo e a sua salvação. Depois de olhar na cara da morte, vi que a vida está na relação com as outras pessoas. As pessoas, as pessoas. Os outros seres humanos é que nos tornam humanos.
Um câncer.
É estranho você dizer que está com câncer. É como se dissesse: estou morrendo. Foi o que pensei naquela sexta-feira. Naquela sexta-feira, eu morri um pouco.
No sábado, meu rim foi removido. A cirurgia, comandada pelo doutor Ernani Rhoden, do Hospital São Francisco, foi um sucesso, mas, para mim, eu que nunca havia sido internado em hospital, nunca quebrara nada, nunca ficara doente, para mim foi uma dor inédita, um sofrimento que nem sabia ser capaz de suportar.
Agora estou sendo bem cuidado pelo oncologista Jefferson Vinholes e tudo envereda pelo bom caminho, mas ainda não processei totalmente o que aconteceu. O que posso concluir desse episódio? Alguns dizem que essas experiências radicais nos levam a iluminações. Você compreende a vida de outra forma, vê as coisas de outro ângulo. Talvez no futuro, mas, até agora, o sofrimento não me abriu as portas da percepção. Até agora o sofrimento só foi isso mesmo, sofrimento. Que desperdício de dor.
Mas houve algo, um sentimento que se consolidou na minha mente, com essa experiência. O que posso dizer é que, se não houve sofisticação da minha, digamos, vida espiritual, houve aumento da minha fé nas pessoas. A preocupação sincera e a ajuda incondicional dos meus amigos e dos meus familiares; as orações e promessas de pessoas que nem conheço, de todas as religiões; o apoio tranquilizador da minha empresa, a RBS, e o carinho dos meus colegas, desde a atendente do bar até o mais alto diretor; a competência dos médicos e o requinte da ciência; tudo isso me ergueu e me ergue, e tudo isso é humano. Não há nada transcendental aí; o que há são as pessoas. Os homens. O homem que inventa a bomba atômica, mas que também desenvolve a medicina nuclear, o homem é, sim, o lobo do homem, mas também o seu consolo e a sua salvação. Depois de olhar na cara da morte, vi que a vida está na relação com as outras pessoas. As pessoas, as pessoas. Os outros seres humanos é que nos tornam humanos.
A notícia da recuperação do David foi a maior alegria desta minha sexta-feira santa.
ResponderExcluirDesejo plena recuperação a esse funcionário da rbs e sei da dificuldade que ele enfrenta, pois o Herique, meu único irmão consaguineo que vivia em Curitiba perdeu um rim em condições similares e uns quatro anos depois nos deixou, pois o outro rim acabou afetado. Lá se vão quase três anos e a dor persiste na família.
ResponderExcluirEspero que uma vez recuperado plenamente não mais escreva bobagens como a em que se disse Apolítico, algo impossível a quem esteja vivo segundo a antropologia.
Talvez [talvez...] o teu câncer venha a te tornar uma pessoinha um pouquinho melhor.
ResponderExcluirDavid, te desejo muita força, muita luz, muita coragem e que consigas superar essa !!!! És um baita profissional, um cara excepcional, que venças essa dificil etapa em sua vida !!!
ResponderExcluirTudo isso que o David escreveu é muito bonito de se ler, mas vamos torcer pela sua recuperação, pois, meus amigos, quando essa doença vem pra valer, não adianta amigos, parentes, dinheiro, bons médicos e nada mais. Perdi meu irmão em 5 meses, e tudo isso foi colocado em prática. Fica uma observação minha: temos que ter sorte.
ResponderExcluirToda vez, todinha, que eu ouço alguém dizer que está com câncer meu coração aperta. Mas o que posso dizer, sobretudo por causa da experiência que eu, meu irmão e meu pai estamos vivendo com a mãe na luta contra o câncer desde 2006, mostrando o que ela sempre mostrou - amor à vida - é que, mais do que nunca, é preciso estender as mãos, os braços, o coração, a cabeça (o corpo inteiro, se precisar), oferecer o melhor que se tem dentro de si na forma de sentimento, não medir esforços no apoio e, com alguma racionalização, entender que o mais importante é, definitivamente, viver cada dia com amor a tudo e a todos. Que o David e todas as pessoas que estão doentes tenham força, amor e boas pessoas por perto!
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