Sexta, 20 de março de 2020





Jamais troquei de lado.
Por quê? Eu não tenho lado.
Ou melhor, o meu lado sou eu
...
ANDO DEVAGAR
PORQUE JÁ TIVE PRESSA PRESSA





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especial

Nesta sexta, uma cesta
de Bertrand Russell!






O problema do mundo de hoje é que as pessoas inteligentes estão cheias de dúvidas, e as pessoas idiotas estão cheias de certezas.




Não possuir algumas das coisas que desejamos é parte indispensável da felicidade.




O truque da filosofia é começar por algo tão simples que ninguém ache digno de nota e terminar por algo tão complexo que ninguém entenda.








De minha parte, enquanto eu estiver convencido de ser um socialista assim como o mais ardente marxista, eu não considero o socialismo como um evangelho de vingança do proletariado, nem mesmo, "principalmente", como um meio de assegurar a justiça econômica. Considero o socialismo como sendo principalmente um ajuste da produção das máquinas com base em considerações de bom senso, e calculado para aumentar a felicidade, não só de proletários, mas de todos, exceto uma pequena minoria da raça humana que insistirá em combater este novo modelo de maneira tão radical que não será possível estabelecer um novo mundo sem que tal grupo seja derrotado.







Bertrand Arthur William Russell, ou Bertrand Russell, nasceu  no País de Gales, em 18 de maio de 1872. Faleceu, vítima de uma gripe, em Penrhyndeudraeth, também no País de Gales, em 2 de fevereiro de 1970. Foi um dos mais brilhantes filósofos e matemático do século XX. Era crítico feroz das armas nucleares e da guerra dos EUA no Vietnã.
Recebeu o Nobel de Literatura de 1950.
De família aristocrática, filho do visconde de Amberley foi educado por tutores e em seguida ingressou no Trinity College, em Cambridge, quando mostrou seu grande interesse por matemática e ciências exatas, afirmando que elas constituíam a fonte de todo o progresso humano. Em 1890 ingressou na Universidade de Cambridge, onde estudou Filosofia e Lógica.
No final do século XIX, junto com Edward Moore, reagiu contra o idealismo dominante e restabeleceu a tradição empirista de filósofos como Hume. Introduziu junto aos filósofos de língua inglesa a obra do matemático e filósofo alemão Gottlob Frege. Passou a publicar seus ensaios em revistas especializadas. Em 1910 publicou o primeiro volume da obra “Principia Mathemática”.
Apesar de sua imensa produção filosófica, que abordava assuntos como física, lógica, religião, educação e moral, Russell nunca foi uma personalidade estritamente acadêmica. Em 1911 publicou “Problems of Philosophy” (1911) e “Our Kwonledge of the External World” (1914), que confirmaram o seu inegável prestígio.
Russell sempre demonstrou grande interesse pelos problemas sociais, se posicionou a favor da emancipação feminina. Foi preso por atividades pacifistas durante a Primeira Guerra Mundial e condenado ao ostracismo por seus pontos de vista sobre moral sexual. Passou cinco meses na prisão, época em que escreveu “Introdução à Filosofia Matemática”, publicada em 1919.
Em 1920, Bertrand viajou para a Rússia e para China, onde realizou uma série de conferência durante um ano. Nessa época escreveu livros populares de Ética, Matemática e Filosofia. Reuniu suas conferências na obra “The Analysis os The Mind” (1921). Em 1939 mudou-se para os Estados Unidos, onde lecionou na Universidade da Califórnia.
Em 1944, voltou para a Inglaterra, retornando ao Trinity College. Em 1944 foi condecorado com a Ordem do Mérito e, em 1950 recebeu o Prêmio Nobel de Literatura. Após a Segunda Guerra Mundial, tornou-se um dos principais representantes do movimento de oposição às armas nucleares.




O mais importante livro de Russell: É uma vasta relação de obras, mas a mais fantástica é História da Filosofia Ocidental.

A obra inclui muitos dos mais discutidos autores nas diferentes áreas do conhecimento: da lógica às ciências políticas, da economia à antropologia. Russell, um dos maiores pensadores dos séculos XIX e XX, reflete de modo muito eclético e espirituoso sobre a filosofia ocidental desde os pré-socráticos até seus dias.







Decálogo

Bertrand Russell propôs, em sua autobiografia, um "código de conduta" baseado em dez princípios, à maneira do decálogo cristão. "Não para substituir o antigo", diz Russell, "mas para complementá-lo".

Os dez princípios são:

Não tenhas certeza absoluta de nada.

Não consideres que valha a pena proceder escondendo evidências, pois as evidências inevitavelmente virão à luz.

Nunca tentes desencorajar o pensamento, pois com certeza tu terás sucesso.

Quando encontrares oposição, mesmo que seja de teu cônjuge ou de tuas crianças, esforça-te para superá-la pelo argumento, e não pela autoridade, pois uma vitória que depende da autoridade é irreal e ilusória.

Não tenhas respeito pela autoridade dos outros, pois há sempre autoridades contrárias a serem achadas.

Não uses o poder para suprimir opiniões que consideres perniciosas, pois as opiniões irão suprimir-te.

Não tenhas medo de possuir opiniões excêntricas, pois todas as opiniões hoje aceitas foram um dia consideradas excêntricas.

Encontra mais prazer em desacordo inteligente do que em concordância passiva, pois, se valorizas a inteligência como deverias, o primeiro será um acordo mais profundo que a segunda.

Seja escrupulosamente verdadeiro, mesmo que a verdade seja inconveniente, pois será mais inconveniente se tentares escondê-la.

Não tenhas inveja daqueles que vivem num paraíso dos tolos, pois apenas um tolo o consideraria um paraíso.












Uma resposta que repercute até hoje


Era 1959. Russell, com 86 anos, concedeu a entrevista ao jornalista John Freeman no programa Face to Face, na rede BBC.
Eis a parte final:

John Freeman - Uma última pergunta. Suponha, Lord Russell, que esse filme seja assistido por nossos descendentes, como os pergaminhos do Mar Morto, daqui a mil anos. O que você acha interessante dizer a essa geração sobre a sua vida e as lições que você aprendeu?

Bertrand Russel – Eu gostaria de dizer duas coisas, uma intelectual e outra moral. O conselho intelectual que eu gostaria de dar é esse: quando você está estudando um assunto, ou considerando alguma filosofia, pergunte a si mesmo, somente, quais são os fatos e qual é a verdade que os fatos revelam. Nunca se deixe divergir pelo que você gostaria de acreditar ou pelo que você acha que traria benefícios sociais se fosse acreditado. Olhe apenas e somente para quais são os fatos. Esse é a recomendação intelectual que eu gostaria de dar.
O conselho moral que eu gostaria de dar é muito simples. Eu diria: o amor é sábio; o ódio é tolo. Nesse mundo que está ficando mais interconectado, nós temos que aprender a tolerar uns aos outros, nós temos que aprender a aceitar o fato de que algumas pessoas dizem coisas que não gostamos. Nós só podemos viver juntos dessa forma, se formos viver juntos e não morrer juntos. Nós precisamos aprender a bondade da caridade e da tolerância, o que é absolutamente vital para a continuação da vida humana nesse planeta.

Quem quiser assistir toda a entrevista:







Bertrand Russell era um pacifista? 
Jamais foi um completo pacifista

"Kennedy é mais perigoso do que Hitler"





Ele resistiu a guerras específicas cujas motivações eram contrárias aos interesses da civilização e, portanto, imorais. Embora em seu artigo de 1915 intitulado "The Ethics of War", Russell tenha defendido guerras da colonização, por motivos utilitários, em 1918 já havia mudado de posição abandonando o nacionalismo moderado de anos anteriores em favor do pacifismo. Seu novo posicionamento foi mal recebido pelas autoridades britânicas que o fizeram passar por uma temporada na prisão, conforme narra em seu livro "Portraits from memory" de 1958. Na ocasião em que esteve em cana escreveu "Introduction to mathematical philosophy".
O seu ativismo contra a participação britânica na Primeira Guerra Mundial levaram-no a multas, perda de liberdade de circulação no Reino Unido e não teve renovada a sua bolsa de estudos na Trinity College, Cambridge. Ele acabou sendo condenado à prisão em 1918 por interferir na política externa britânica - argumentou que os trabalhadores britânicos devem ser cautelosos com o Exército dos Estados Unidos, pois eles tinham experiência em furar greves. Russell foi libertado depois de cumprir seis meses, mas foi ainda supervisionado de perto até o fim da guerra conforme escreve em "Bertrand Russell e os pacifistas na Primeira Guerra Mundial"
Em 1943, marcou sua posição em relação à guerra com o ensaio "Relative political pacifism". Afirmou que a guerra sempre foi um grande mal, mas em algumas circunstâncias particularmente extremas (como quando Adolf Hitler ameaçou dominar a Europa), afirmou que a guerra - por exemplo, contra o nazismo - poderia ser um mal menor. Nos anos que antecederam a Segunda Guerra Mundial, ele apoiou a política de apaziguamento, mas em 1940 reconheceu que, a fim de preservar a democracia, Hitler tinha de ser derrotado. Este mesmo compromisso, relutante, de valor foi compartilhado por seu conhecido A. A. Milne em "Os Dilemas da pacifistas britânicos durante a Segunda Guerra Mundial".
Russell opôs-se constantemente à existência de armas nucleares desde a sua primeira utilização. No entanto, houve uma controversa discussão entre diferentes personalidades da época (décadas de 40 a 60) que ventilaram uma notícia, posteriormente negada por Russell, de que deveria haver um ataque preventivo do ocidente a países comunistas que tentavam obter a tecnologia de armas nucleares. Nicholas Griffin, da Universidade McMaster, em seu livro The Selected Letters of Bertrand Russell: The Public Years, 1914–1970, (depois de obter uma transcrição do discurso), afirmou que os Estados Unidos e a União Soviética estavam caminhando para um conflito nuclear aberto; neste contexto, Russell teria defendido não o real o uso da bomba atômica, mas o seu uso diplomático como uma fonte enorme de influência para desencorajar a proliferação de novas armas nucleares. Russell teve a oportunidade de esclarecer o caso alegando que defendia o desarmamento mútuo, tanto pelos EUA quanto pela URSS, potências nucleares, de modo que cedessem seus arsenais a alguma forma de governo mundial.

Em 1955, lançou o Manifesto Russell-Einstein, co-assinado por Albert Einstein e outros nove cientistas e intelectuais, um documento que levou à primeira das Conferências Pugwash sobre Ciência e Assuntos Mundiais em 1957. Em 1958, Russell tornou-se o primeiro presidente da Campanha para o Desarmamento Nuclear. Demitiu-se dois anos mais tarde, quando o CDN não o apoiou em um ato de desobediência civil, e formou o Comitê dos 100. Com quase noventa anos, em setembro de 1961 ele foi preso por uma semana por incitar a desobediência civil, por ter participado de uma grande manifestação chamada ban-the-bomb no Ministério da Defesa, mas a sentença foi anulada por conta de sua idade.
Durante a Crise dos mísseis de Cuba, Russell enviou telegramas tanto para o Presidente dos Estados Unidos John F. Kennedy, quanto para Nikita Khrushchev da URSS. Foram contactados também o Secretário-Geral U Thant e primeiro-ministro britânico Harold Macmillan. Seus telegramas eram bastante críticos em relação a Kennedy, que ele já havia apontado anteriormente como "mais perigoso do que Hitler"; e tolerantes com Khrushchev. Khrushchev respondeu com uma longa carta, publicada pela agência de notícias russa ITAR-TASS, que foi dirigida principalmente aos Kennedy e ao mundo ocidental.
Cada vez mais preocupados com o perigo potencial para a humanidade decorrente de armas nucleares e outras descobertas científicas, Russell também se juntou a Einstein, Robert Oppenheimer, Joseph Rotblat e outros cientistas eminentes da época para estabelecer a Academia Mundial de Arte e Ciência, que foi constituída em 1960.
A Fundação Bertrand Russell para a paz e sua editora Spokesman Books começaram em 1963 começaram seus trabalhos para levar adiante as propostas de Russell pela paz, direitos humanos e justiça social. Ele começou a oposição pública à política dos EUA no Vietnã com uma carta ao The New York Times, de 28 de Março de 1963. No outono de 1966, ele havia terminado o manuscrito Crimes de Guerra no Vietnã. Em seguida, usando as justificativas dos norte-americanos para o Tribunal de Nuremberg, Russell e Jean-Paul Sartre, organizaram o que ele chamou de uma tribunal internacional de crimes de guerra, o Tribunal Russell.
Russell criticou as declarações oficiais sobre o assassinato de John F. Kennedy no artigo "16 Perguntas Sobre o Assassinato", de 6 de setembro de 1964.


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