Sexta, 22 de outubro de 2021

 


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especial

Nesta sexta, uma cesta 
de Ruy Castro
!


Biografias?
O melhor de todos!




O biógrafo ideal deveria ser uma pessoa que um dia, talvez, também devesse merecer uma biografia. E isso significa um cara que viveu. Que andou na rua de madrugada. Que viveu a noite. Que se apaixonou, teve mulheres que se apaixonaram. Traiu, foi traído. Levou borrachada da polícia, foi preso. Se meteu em peripécias bem malucas. Que tenha tido uma doença. Que tenha sido pai.



Considero que, quando a pessoa domina a palavra, ela domina o mundo. Passa a fazer parte do mundo. É como se estivesse nascendo de novo.


TRÊS GRANDES BIOGRAFIAS






O mal-humorado é alguém sem imaginação



Ruy Castro (Ruy Barbosa da Costa Júnior) nasceu em Caratinga - Minas Gerais -, em 26 de fevereiro de 1948.

Começou como repórter do Correio da Manhã, em 1967, e trabalhou nos principais jornais e revistas do Rio de Janeiro e de São Paulo.

É reconhecido pela produção de biografias como O Anjo Pornográfico (a vida de Nelson Rodrigues), Estrela Solitária (sobre Garrincha) e Carmen (sobre Carmen Miranda). Lançou livros que tratam de reconstituições históricas, como no título Chega de Saudade (sobre a Bossa Nova) e Ela é Carioca (sobre o bairro carioca de Ipanema).

Parte de sua produção jornalística foi reunida em livros como em Um Filme É Para Sempre (sobre Cinema), Tempestade de Ritmos (sobre Música Popular) e O Leitor Apaixonado (sobre Literatura). Escreveu também um ensaio sobre o Rio, Carnaval no Fogo – Crônica de uma Cidade Excitante Demais. Seus livros têm edições nos Estados Unidos, Japão, Inglaterra, Alemanha, Portugal, Espanha, Itália, Polônia, Rússia e Turquia.

Em ficção, é autor do romance Era do Tempo Rei, das novelas Bilac Vê Estrelas e O Pai Que Era Mãe, e de condensações de clássicos como Franknstein, de Mary Shelley, e Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carroll. A seu respeito foi publicado o livro Álbum de Retratos – Ruy Castro, uma Minifotobiografia, pela editora Folha Seca.

Venceu vários prêmios, entre eles, o Prêmio Esso de Literatura, o Prêmio Nestlé de Literatura Brasileira, na categoria Obra Publicada, com o livro O Anjo Pornográfico, e de quatro Jabutis, organizado pela Câmara Brasileira

Participou em setembro de 2012 do Salão Nacional do Jornalista Escritor que contou com a curadoria de Audálio Dantas (idealizador do projeto) e foi realizado no Memorial da América Latina

Em maio de 2014 Ruy lançou Os garotos do Brasil – Um passeio pela alma dos craques (Foz). A obra trouxe 25 de seus textos publicados nos últimos 20 anos em diversos veículos e fez um resgate histórico, revelando os sonhos, traços de caráter e miudezas de alguns de nossos maiores ídolos, como Pelé, Garrincha, Bellini e Zico, entre outros. Segundo ele disse por ocasião do lançamento “é, na realidade uma coletânea escrita por um torcedor que viu jogar quase todo mundo, de 1958 até mais ou menos 1990, nos estádios”.

Foi eleito em 2014 entre os ‘TOP 50’ dos +Admirados Jornalistas Brasileiros pelo trabalho desenvolvido na Folha de S.Paulo. Reeleito em 2015 ficou classificado entre os 100 mais admirados do Brasil. A votação é realizada por Jornalistas&Cia em parceria com a Maxpress. 

Sobre a eleição Ruy Castro comentou: “Aos seis anos de idade, lendo jornais – Correio da Manhã, Última Hora, O Jornal –, decidi que queria ser jornalista. E, desde então, nunca evoluí. Isso foi há 60 anos e não trocaria nem um minuto deles por nada. Nos últimos 25, longe das redações, tenho trabalhado mais com livros e há quem me chame de escritor. Talvez seja – mas sempre trabalhando com as matérias-primas do jornalista: a informação e a palavra. Ser um dos mais admirados pelos colegas da área da comunicação substitui com sobras o diploma que me falta na especialidade.”

Em junho de 2015 algumas alterações foram registradas na Folha de S.Paulo no Rio. A coluna Rio da Folha passou a ser assinada por Ruy apenas às 4as e sábados), nos outros dias foi (a pedido) substituído interinamente.

...

*Estrela solitária – Um Brasileiro chamado Garrincha (1995)

Biografia de Manuel Francisco dos Santos, o famoso Mané Garrincha, ou simplesmente Garrincha, jogador de futebol. A vida da estrela do time Botafogo e da seleção brasileira nas décadas de 50 e 60 é retratada de uma forma descritiva e bastante humana. Cada capítulo do livro é referente a um período da vida do jogador, começando com a vida de seus antepassados, passando pela sua infância e adolescência e posteriormente pelos seus tempos de jogador.

500 entrevistas com 170 pessoas foram a base para esta grande obra biográfica, em que os fatos são contados de uma forma literária, como se o autor estivesse presente nos acontecimentos.

*O Anjo Pornográfico (1992)

Gênio ou louco? Tarado ou santo? Reacionário ou revolucionário? Nenhum outro escritor brasileiro foi tão polêmico em seu tempo como Nelson Rodrigues. 

Para escrever O anjo pornográfico, Ruy Castro realizou centenas de entrevistas com 125 pessoas que conheceram intimamente Nelson Rodrigues e sua família, que o ajudaram a reconstituir essa assombrosa história, capaz de arrancar risos e lágrimas dos leitores. 

* Carmem – Uma biografia (2005)

Considerada a biografia da brasileira mais famosa do século XX. Ano a ano, o autor acompanha a vida de Carmen – do nascimento da menina Maria do Carmo, numa aldeia em Portugal (e a vinda ao Rio de Janeiro, em 1909, com dez meses de idade), à consagração brasileira e internacional de Carmen Miranda e sua morte em Beverly Hills, aos 46 anos, vítima da carreira meteórica e dos muitos soníferos e estimulantes que massacraram seu organismo em pouco tempo. “Um dos orgulhos que esse livro me dá é que espero ter conseguido mostrar que Carmen foi praticamente a inventora da música popular brasileira como cantora. Ela inventou um jeito brasileiro de cantar. E já chegou pronta aos Estados Unidos. Na verdade, ela já estava pronta em ‘Taí'”, exalta o próprio Ruy Castro para o jornal A Folha de São Paulo, referindo-se ao sucesso de 1930 que transformou Carmen de anônima em estrela em um Carnaval.


PROVOCA
PROGRAMA DE MARCELO TAS



Nada mais cretino e mais cretinizante do que a paixão política. É a única paixão sem grandeza, a única que é capaz de imbecilizar o homem.


OBRAS:

Chega de Saudade: A história e as histórias da Bossa Nova - 1990; edição revista - 2016;

O Anjo Pornográfico: A vida de Nelson Rodrigues - 1992;

Saudades do Século XX - 1994;

Estrela Solitária - Um Brasileiro Chamado Garrincha - 1995 (prêmio Jabuti em 1996;

Ela é Carioca - 1999;

Bilac Vê Estrelas - 2000;

O Pai que era Mãe - 2001;

A Onda que se Ergueu no Mar - 2001;

Carnaval no Fogo - 2003;

Flamengo: O Vermelho e o Negro - 2004;

Amestrando Orgasmos - 2004;

Carmen - Uma Biografia - 2005;

Rio Bossa Nova - 2006;

Tempestade de Ritmos - 2007;

Era no tempo do rei: Um romance da chegada da corte - 2007;

Terramarear (coautoria com Heloísa Seixas) - 2011;

Morrer de Prazer - Crônicas da Vida por um Fio - 2013;

Letra e música - 2013;

A noite do meu bem - a história e as histórias do Samba-Canção - 2015;

Metrópole à Beira-Mar - O Rio moderno dos anos 20 - 2019




UM ESCRITOR NA BIBLIOTECA

Uma entrevista ao www.boo.pr.gov.br:

Método de trabalho

Naquela época não tinha como aprender sobre biografia ou livro de reconstituição histórica com ninguém. Eu não tinha com quem conversar, tive que ir aprendendo no decorrer do trabalho. Mas logo de cara descobri que não poderia fazer igual os fascículos da Editora Abril, que davam uma aula de História que o leitor não pediu para ter. Pensei: “Está errado isso”. Tenho que contar uma história sem fugir da História, mas dando o contexto da época e do espaço onde tudo aquilo aconteceu. E como fazer isso? Eu concluí que fazendo perguntas. Perguntando às pessoas sobre a vida delas, se tinham carro, se não tinham, se pagavam aluguel, que uísque tomavam, se não tomavam, se namoravam (naquele tempo não tinha motel nem nada, tinha que namorar na praia, o chamado sexo à milanesa). A chave era ir fazendo perguntas sobre a vida pessoal e ir encaixando essas informações na medida que elas coubessem, para dar um contexto em volta do assunto principal, que era a música.

Os mais importantes

Ao longo do processo, fui aprendendo algumas coisas. Fui conversar com o Tom logo de cara. E ele me deu um baile. Só respondeu o que queria e me deixou chupando o dedo. E aí eu pensei: “Tá errado isso”. Essas pessoas muito importantes, como o Tom, o João Gilberto e o Carlinhos Lira têm que ser as últimas a serem entrevistadas. Tenho que aprender tudo sobre eles primeiro, pra depois ir conversar, de modo que não fujam das perguntas. E comecei esse trabalho, que leva anos (o livro da Bossa Nova levou todo o ano de 1988, de 1989 e quase todo o ano de 1990). Então dá tempo de você aprender quase tudo sobre o assunto e, quando for conversar com as figuras mais importantes, apresentar uma realidade em que são obrigadas a falar “sim” ou “não”. E normalmente falam sim, porque se falarem não e eu souber que é sim, vou jogar outra realidade em cima deles.

Não basta ser jornalista

Eu achava que um livro como esse [Chega de saudade] seria uma grande reportagem, mas aí eu rapidamente me convenci de que não era. Não tem nada a ver. Não adianta você ser um ótimo repórter. Isso não te tornará um bom biógrafo. Porque a biografia é outra coisa. Se você for um repórter, jornalista, realmente vai ter facilidade em localizar fontes, marcar uma entrevista, se preparar para essa entrevista, pegar as informações da conversa e organizá-las de maneira coerente. Em tudo isso realmente a imprensa te ajuda. Mas parou aí. Você tem que ter uma chamada cultura geral, que um jornalista nem sempre jornal da biblioteca pública do paraná | Cândido 9 tem. Porque se você tiver que aprender do zero, tudo o que está contido numa biografia, você vai levar dez anos para fazer. Então é preciso partir de um conhecimento amplo de certas coisas.

Trabalho monumental

Um trabalho de biografia ou de reconstituição histórica é composto de milhões e milhões de partículas de informações que o jornalista não tem e não é obrigado a ter. Como diz o Elio Gaspari, “Jornalista não tem que saber nada, tem é que aprender”. Mas para fazer um livro, você já tem que saber muita coisa de antemão. No caso do Chega de saudade, tive a ideia de fazer em livro porque era um assunto que eu já sabia ser muito amplo, que ocuparia tanto espaço que não caberia numa série de matérias de jornal. O veículo, para fazer isso, seria o livro. No que comecei a fazer o Chega de saudade, descobri a diferença entre trabalhar para jornal e para livro. A diferença entre você nadar num lenço úmido ou se jogar no oceano atlântico. O livro é o Oceano Atlântico, o lenço úmido era o artigo de jornal ou de revista. Mas o fato de você ter o espaço de um livro, de poder nadar à vontade, não te permite usar as palavras de maneira irresponsável. Tem que ser tão conciso ao escrever um livro como seria ao escrever um artigo de jornal. Só que você poderia escrever muito mais coisas em um livro. 

Contar uma história

Ao contrário de todos os livros de música popular feitos até então, que eram livros de análise de letra da MPB do ponto de vista sociológico, psicoló- gico, etc., o Chega de saudade não tinha nada disso. Tinha uma história. Não era um livro sobre a Bossa Nova, era um livro sobre as pessoas que fizeram a Bossa Nova, uma geração interessantíssima, fascinante, jovem, moderna, numa época espetacular do Brasil que até então era muito pouco estudada. O período Juscelino era muito pouco estudado. Hoje tem milhões de livros a respeito, mas em 1990 não tinha quase nada. Acho que foi a quantidade de informações, presente em Chega de saudade, que abarcava toda uma época e um contexto, que surpreendeu as pessoas.

Nelson

Descobri que queria fazer O anjo pornográfico no meio do Chega de saudade. Falei para o Luiz Schwarcz, “Assim que eu terminar o livro sobre a Bossa, quero biografar o Nelson Rodrigues”. E o Luiz, já irresponsavelmente na época, acreditava em tudo o que eu propunha para ele. Então já ficou definido que eu faria O anjo pornográfico, a biografia do Nelson Rodrigues, que não tinha esse título ainda.

Sem descanso

Quando fui fazer O anjo pornográfico, sabia que o livro seria julgado à luz do Chega de saudade. E seria, com toda a certeza, julgado desfavoravelmente. Então pensei o seguinte: “Em matéria de informação, tenho que passar com o trator em cima, dar marcha ré e passar de novo. Tem que ter mais informação ainda do que no Chega de saudade”. E foi o que eu fiz. Me empenhei para que tivesse mais informação. E o pior é que passei a usar isso como uma lei para mim mesmo: cada livro tem que ter mais informação do que o anterior. Por isso leva mais tempo para fazer. Chega de saudade e O anjo pornográfico levaram dois anos e pouco para escrever. O livro do Garrincha levou três. O livro da Carmen Miranda levou cinco. Ou seja: eu sempre me botando dificuldades a mais. Tem que ouvir mais gente, tem que ouvir mais gente mais vezes, tem que consultar a coleção inteira da revista tal, de 1930, tem que fazer isso, fazer aquilo, não posso descansar enquanto não apurar cada informação, cada pergunta que eu mesmo me tivesse proposto. A graça é exatamente essa: a cada problema que você propõe para o livro, tem que ir atrás da solução. Não pode descansar até solucionar. Isso é cláusula pétrea na preparação de uma biografia. 

Com a esposa Heloisa Seixas


2 comentários:

  1. Fui buscar no professor Google para me recordar e mais foi ameaçado de processo pelo ministro da justiça brasileiro.
    https://www1.folha.uol.com.br/colunas/ruycastro/2021/01/saida-para-trump-matar-se.shtml

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  2. Ruy Castro é 'o' craque das biografias. Li algumas, destacando a do Garrincha.

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