Segunda, 7 de janeiro de 2019




Jamais troquei de lado.
Por quê? Eu não tenho lado.
Ou melhor, o meu lado sou eu
...
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Cumpro pedido da Laís Legg Da Silveira Rodrigues


especial


HISTÓRIAS DA URCA - 1






Nasci na Maternidade Arnaldo de Moraes, em Copacabana, Rio de Janeiro. Não existe mais. Na Travessa Frederico Pamplona, onde estava a clínica, fica hoje o Hospital São Lucas. O anúncio lá de cima é bem mais antigo do que eu, porque já nasci na era do Cruzeiro. Parece história, mas ainda tenho um pequeno cobertor que a Maternidade presenteava as mães.
Minha "história" começou logo depois da Segunda Guerra Mundial, quando meus pais, Waldemar e Etna, se casaram. Estranhíssimo encontro. Waldemar, logo depois de completar 18 anos, foi transferido de Caxias do Sul para o Rio. Foi ser sub-gerente da Metalúrgica Abramo Eberle, na filial carioca.
Etna nasceu em Melo, no Uruguai, e estava morando em Jaguarão, fronteira com o Uruguai. Aí sua mãe, Adylles, tinha o sonho de morar no Rio, onde vivia uma prima, a Tia Sinhá. Aventureira, comprou passagens de "vapor", de Jaguarão para o Rio, e levou o filho José Antônio, Juca, e a Etna, a Ena.


Os dois se conheceram durante a Segunda Guerra e esperaram para casar quando terminasse o conflito mundial.
Em 1946 casaram e conseguiram alugar uma casa em Santa Teresa. Meu pai pegava o bonde para ir trabalhar no centro da cidade e minha mãe tinha se tornado dona de casa - ela era estenógrafa (o mesmo que taquigrafa).


Paulo Cesar com a nona Catarina Previdi
Dois anos depois de casarem nasceu o primeiro filho, Paulo César. 
O Brasil começava a voltar ao normal e, pouco depois, se mudaram para a Urca. Por uma falha minha, não tenho o registro do endereço. Sei apenas que era um apartamento térreo. É uma falha, porque fui para lá logo depois de nascer, em 1954. O mais incrível é que no meu álbum "Meu Bebê" não tem o endereço. E, hoje, não existe mais ninguém que possa me ajudar...


Lembro mesmo do meu segundo endereço, na Rua Octavio Corrêa (foto), também na Urca. Era um edifício pequeno, térreo e dois andares, com um muro na frente. O apartamento era amplo e tinha uma sacada que gostava muito. Tinha muitos vasos e sempre tinha alguém que me segurava para ficar olhando a rua, sentado no murinho.


Meu pai tinha um Austin, que gostava muito. Igual ao da foto, só que cinza claro.
Consta a "lenda" que em dias muito abafado eu chorava muito e só dormia quando me levavam para "pegar a fresca" na Praia Vermelha, também na Urca, deitado em uma almofada que tinha no banco de trás do Austin.


Pouco depois meu pai comprou um Oldsmobile 1953, preto com a capota clara. Um carrão hidramático, com vidros elétricos, um espetáculo. Quis saber se iria vender o Austin. Ele me disse que não teria lugar para guardar os dois. Esperneei muito, chorei, porque era apaixonado pelo carrinho. Acredito que eu tinha pena dele, que iria estranhar a minha falta, por aí.
Bem, ganhei um velocípede e tudo voltou ao normal. Sempre que tinha alguém para me cuidar ficava horas andando na calçada com o meu velocípede. A rua Octavio Corrêa era muito calma e as crianças podiam brincar sem problemas.
Neste edifício moravam alguns amigos, especialmente dois irmãos mineiros. No nosso andar tinha uma menina, um pouco mais velha do que eu. Sempre brincávamos. Um dia pedi para me levarem lá. Não podia e não me disseram mais nada. Até que um dia me falaram que ela tinha tido paralisia infantil ou poliomielite - não havia vacina, mesmo que tenha surgido nos Estados Unidos em 1953. Me levaram para visitá-la e ela estava deitada, totalmente engessada. TOTALMENTE, até o pescoço. Um negócio impressionante. As vezes ia lá, mas ficava muito triste, com pena dela. Um primo emprestado, Fernando Wagner, que regulava de idade com meu irmão, teve também paralisia.
Meu irmão tinha uma bicicleta e as vezes me levava sentado no quadro. Um dia, o boca aberta aqui enfiou o pé nos raios e pela primeira vez coloquei gesso, por uma luxação. Fiquei um bom tempo me arrastando pela casa.


(continua amanhã)

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