Sexta, 26 de março de 2021

 

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especial

Nesta sexta, uma cesta 
de 
Adelaide Carraro! 





Ela vendeu dois milhões de livros:
a mais controvertida do Brasil?




Um homem pode ter tudo nas suas mãos, mais se não tiver amor será um fracassado.





Adelaide Carraro nasceu... com absoluta certeza pode-se dizer que ela nasceu no Estado de São Paulo. As informações sobre a escritora são desencontradas. No Wikipedia consta que ela nasceu em São Paulo em 30 de julho de 1936 (é o correto, inclusive é este o registro numa página do Facebook). Já um documento da Câmara Municipal de São Paulo registra que ela nasceu em Vinhedos,em 30 de julho de 1925. 

Perdeu a mãe aos 2 anos e o pai aos 8 anos. Ela e mais 7 irmãos foram viver no "Asilo dos Órfãos" em Vinhedos. Lá ficou por 14 anos. Neste período passou um tempo no Sanatório de Campos do Jordão, para tratar uma tuberculose, quando escreveu seu primeiro texto, "Mãe". Não se casou, mas adotou duas crianças. Faleceu em São Paulo em 7 de janeiro de 1992, segundo a Câmara de São Paulo. No Wikipedia ela faleceu em 8 de janeiro de 1992. A causa foi um câncer.


Consta que Adelaide morreu pobre, porque sempre dividiu com os carentes o que possuía, mesmo quando soube de sua doença. Quando faleceu abrigava em sua casa 10 pessoas, entre velhos e crianças.

Há o consenso de que ela durou 55 anos...

Deixou uma obra bastante extensa, algo em torno de 50 títulos, tendo mais de dois milhões de exemplares vendidos, entre eles O estudante, O estudante II, O estudante III, Meu professor, meu herói e Eu e o governador. Este último é o seu texto mais polêmico, referente à descrição de um suposto romance com Jânio Quadros em seu período como governador de São Paulo.


Outro livro polêmico da autora é "O Passado Ainda Dói", cujo tema é sua breve passagem como repórter da TV S, de São Paulo, hoje SBT.

Escreveu também outras obras como "Podridão" e "O Mundo Cão de Sílvio Santos". "Falência das Elites" é a segunda e uma das mais importantes obras. Ela exibe de maneira perturbadora o retrato de uma sociedade cheia de preconceitos, em decomposição e intolerante, "que despreza todos aqueles que não ingressaram em seu meio egocêntrico aristocrático do dinheiro".

Detalhe: "Falência das Elites" esteve proibido durante 15 anos.

Seus livros foram lançados pelas editoras Livraria Exposição do Livro, L'Oren, Global, Gama e Farma Livros.



O primeiro encontro entre Jânio Quadros e a escritora Adelaide Carraro, por Sebastião Nunes


E depois o mundo político foi abalado pela publicação de um livro mais ou menos escandaloso: “Eu e o governador”, de certa Adelaide Carraro


– Para de beber, Pimpin, você já está de porre – implorou dona Eloá.

– Não me chama de Pimpin – respondeu o marido irritado. – Já te pedi mais de mil vezes. Quer me fazer passar vergonha?

– Então para de beber, ou vai mesmo passar vergonha – reclamou Eloá. – Ou esqueceu que Pimpin quer dizer barril de pinga, e o apelido te acompanha há anos?

O governador Jânio Quadros, que não era homem de receber ordens da mulher, virou o cálice de uma golada e procurou com os olhos o garçom, que estava logo atrás, equilibrando uma bandeja. Uma bela morena acabava de deixar um cálice vazio e pegar outro tão cheio que entornou no vestido. Jânio se animou. Eloá fechou a cara.

Pimpin, quero dizer, Jânio Quadros, reabastecido, provou a bebida, estalou a língua e virou-se para a morena, que o encarava sem pestanejar.

– Já nos conhecemos de algum lugar? – perguntou o governador. – Não estou me lembrando de você. Não é uma das funcionárias do palácio, presumo.

– Não, não sou – respondeu a morena, com uma voz que arrepiou a espinha do já um tanto alto Jânio Quadros. – Vim como convidada da prima de um amigo que é irmão de um filósofo que trabalha no gabinete do secretário da cultura.

– Em resumo, veio como penetra – Jânio não tinha papas na língua. – Mesmo se foi assim não importa. Considere-se minha convidada.

– Obrigada, governador – disse a penetra. – Sou escritora novata e meu interesse era exatamente conhecer o senhor, que admiro há muito tempo.

– Eu é que agradeço – derreteu-se Jânio Quadros trocando as pernas. – Não é todo dia que desperto interesse numa escritora, ainda mais, bonita como você.

RESUMINDO O LERO-LERO

Furiosa, Eloá deixou o marido com sua convidada e foi se instalar numa roda de amigas. Sua vontade era estrangular Pimpin, o homem mais feio que já conhecera (foi o que ela mesma disse certo dia) e com o qual acabou se casando, sem ter muito ideia do que fazia: era muito nova naquele tempo e caiu no papo arrevesado dele.

Mesmo de longe, no entanto, acompanhara a conversa do marido com a morena e transbordava de ciúme. Quem pensava que era a sirigaita para entrar assim na casa dos outros e, quase sem disfarces, atrair o governador para um canto do salão?

De fato, num canto afastado, Jânio Quadros e Adelaide – ela acabou por dizer o nome diante da insistência dele – estavam no mundo da lua.

– Bem feito pra mim – resmungou Eloá consigo mesma. – Quem mandou ser tão idiota como fui? Ainda bem que tenho minhas ações sociais no governo e não dependo de Pimpin pra nada. Quando muito pra assinar cheques.

NO MUNDO DA LUA

Aos poucos, o governador ficou sabendo que Adelaide, com exceção de obscuro pecadilho de adolescência, publicado aos 13 anos, era praticamente inédita.

– Ainda estou buscando meu caminho – disse ela. – Tenho certeza que um dia chego lá e sei que farei coisa boa. Enquanto isso, e para aprender, frequento o mais que posso ambientes contagiantes como este, que muito me ensinam sobre a vida.

– De fato – concordou Jânio. – Ouvindo um e outro, participando das conversas, aos poucos você conhece os labirintos do poder, as falcatruas, as safadezas, as rasteiras. Conhece quem manda e quem obedece. Conhece os que têm poder e os que são apenas paus-mandados. Conhece o avesso e o direito. Principalmente o avesso.

–  Obrigada por ser sincero. Sei que aprenderei muito.

– Não posso me demorar mais com você. Eloá está furiosa. Meus convidados começam a notar que lhe dou mais atenção do que a eles. Me telefone um dia desses. Vamos marcar um encontro e conversar melhor.

– Será uma honra, senhor governador. Uma grande honra.

DE VOLTA À TERRA

Com um suspiro, Jânio Quadros voltou para o lado da mulher e se esforçou para se envolver nos assuntos. Mas, que diabo de morena bonita! E sensual como ela só. Bem que ele andava precisado de uma amante nova. Claro que não era nenhum Dom Juan, mas santo também não era. Eloá que tivesse paciência para compreender que ele não era só um governador, não era só um político, era de carne e osso como toda a gente, tinha sua vida, suas vontades, e sempre precisava se divertir um pouco.

– E então, Pimpin? – indagou ela. – Amarrou seu burro numa sombra nova? Vai levar a moça pra fazer piquenique com você?

– Não seja ciumenta, Eloá. Foi só uma troca de amenidades inconsequente.

– Te conheço, Pimpin. Tomara que eu esteja errada.

(Dois anos depois o mundo político foi abalado pela publicação de um livro mais ou menos escandaloso: “Eu e o governador”, de certa Adelaide Carraro, que até então havia publicado dois livros de títulos instigantes e agressivos, mas que não obtiveram o sucesso que a autora julgava merecer. Agora sim. Contando detalhes reais e fictícios de suas relações com Jânio – e por mais que ele desmentisse e jurasse ser tudo mentira – conseguira seu objetivo: tornar-se famosa no país inteiro.)




Leia 




http://www.foztarquiniosantos.seed.pr.gov.br/redeescola/escolas/11/830/333/arquivos/File/Estudante.pdf




Pornográficos ou perigosos?
Subjetividades de gênero nos romances de Adelaide Carraro (1963-1985)

Adriana Fraga Vieira

Adelaide Carraro (1929-1992) foi uma escritora de intensa produção literária no contexto da ditadura civil-militar no Brasil. Escrevia temas considerados fortes e polêmicos, ligados a questões sociais, sexualidade e política em uma época de intensa repressão cultural.

Em suas obras são recorrentes temas ligados à sexualidade, ao casamento, ao adultério, à maternidade, ao aborto, à prostituição, à virgindade, à masturbação, à homossexualidade, entre outros. Em meio a temáticas, de certa forma, "espinhosas" para a época, a autora sai em defesa da libido feminina e do direito ao corpo, sem deixar de lado alguns dos valores tradicionalmente defendidos pela sociedade.

Por abordar questões envolvendo a libido feminina e masculina suas obras foram classificadas como eróticas e pornográficas pelos censores que avaliaram treze dos quarenta e seis livros publicados. A despeito da censura, sua obra obteve ampla aceitação e foi sucesso de vendagens entre as classes populares. Os primeiros livros são autobiográficos e as composições literárias subsequentes prosseguiram ancoradas em narrativas de vida que ela afirmava recolher do cotidiano de São Paulo, oferecendo-as ao público como "estóriasverdade?".

As relações de gênero, as representações sobre o corpo e a sexualidade, e as mazelas sociais marcam o conjunto de sua obra, que demonstra a intenção de propor a construção de novas subjetividades de gênero para um público predominantemente feminino dos anos 1970 e 1980.

Esta tese analisa as subjetividades de gênero normativas e dissidentes oferecidas pela escritora brasileira Adelaide Carraro em sua produção literária e autobiográfica, centrada entre os anos de 1963 e 1985, período de contexto da ditadura civil-militar e emergência dos movimentos feministas.
O estudo articula a vida e a obra da autora, entendendo-as como inseparáveis na compreensão da produção de subjetividades que serão oferecidas no discurso literário.

As intersecções entre literatura, autobiografia e subjetividade estão alinhavadas ao contexto de repressão política e cultural do período, que deixou marcas em sua escritura e provocou uma complexa relação de atração-repulsa entre a escritora e o regime civil-militar estabelecido no Brasil em 1964.

A literatura é um campo privilegiado para o estudo das sensibilidades que orientam a produção de sentidos e subjetividades de uma época, sendo a fonte principal desse estudo ao lado de autobiografias, entrevistas, jornais e processos de censura.


4 comentários:

  1. Prévidi, permita-me usar este espaço para manifestar apreço pelo retorno do Pedro Ernesto às narrações de futebol. Um profissional de alto quilate como ele não pode ficar distante de seu ofício, ainda mais considerando a mediocridade reinante no meio jornalístico.

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    1. Bom, correto, um cidadão.
      Mas, o Zé Aldo é muito superio!

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    2. O Z.A. é bom, mas sua narração soa artificial, seja pela voz desagradavelmente empostada (inclusive ao falar) ou pela exagerada emoção da descrição dos lances de jogo. Mas gostos são gostos...

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  2. Com sorte, daqui uns 6 meses esse técnico Migué Ramirez vai deixar o time do Inter quase tão bom quanto o fora nas mãos de Abel Braga.

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