Sexta, 14 de maio de 2021

 

SOU QUEM SOU.
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...

ANDO DEVAGAR
PORQUE JÁ TIVE PRESSA






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COMENTÁRIOS: Todos podem fazer críticas, a mim, a qualquer pessoa ou instituição. Desde que eu tenha alguma informação do crítico - nome, telefone, cpf - ou seja, dados. Claro que existem pessoas que conheço e que não necessito dessas informações. MAS NÃO PUBLICO CRÍTICAS FEROZES!!





especial

Nesta sexta, uma cesta 
de 
Nelson Rodrigues! 

O mais influente dramaturgo brasileiro




O dinheiro compra até amor verdadeiro.


Muitas vezes é a falta de caráter que decide uma partida. Não se faz literatura, política e futebol com bons sentimentos.



Só o inimigo não trai nunca.


Não se apresse em perdoar.





Quando os amigos deixam de jantar com os amigos [por causa da ideologia], é porque o país está maduro para a carnificina.

Antigamente, o silêncio era dos imbecis; hoje, são os melhores que emudecem. O grito, a ênfase, o gesto, o punho cerrado, estão com os idiotas de ambos os sexos.




Nelson (Falcão) Rodrigues
nasceu no Recife, em 23 de agosto de 1912. Escritor, jornalista, romancista, teatrólogo, contista e cronista de costumes e de futebol. O mais importante dramaturgo do Brasil.

O quinto de 14 irmãos, Nelson mudou-se para o Rio de Janeiro ainda criança, onde viveria por toda sua vida. Seu pai, o ex-deputado federal e jornalista Mário Rodrigues, perseguido politicamente, resolveu estabelecer-se na então capital federal em julho de 1916, empregando-se no jornal Correio da Manhã, de propriedade de Edmundo Bittencourt.



Segundo o próprio Nelson em suas Memórias, seu grande laboratório e inspiração foi a infância vivida na Zona Norte. Dos anos passados numa casa simples na rua Alegre, 135 (atual rua Almirante João Cândido Brasil), no bairro de Aldeia Campista, saíram para suas crônicas e peças teatrais as situações provocadas pela moral vigente na classe média dos primeiros anos do século XX e suas tensões morais e materiais.

Sua infância foi marcada por este clima e pela personalidade do garoto Nelson. Retraído, era um leitor compulsivo de livros românticos do século XIX. Nesta época descobriu o futebol, uma paixão que conservaria por toda a vida e que lhe marcaria o estilo literário.

Em 1919, Nelson vai para a escola Prudente de Morais, onde depois seria um dos vencedores de um concurso de redação: "O outro garoto escreveu sobre um rajá que passeava montado num elefante e eu escrevi a história de um adultério que terminou com o marido esfaqueando a adúltera. Creio que a professora dividiu o prêmio com o outro garoto como concessão à moral vigente, porque ela ficou apavorada, em pânico, com a violência da minha 'A vida como ela é...'", afirmou o autor anos depois (depoimento publicado no livro Nelson Rodrigues por ele mesmo, de Sônia Rodrigues, Editora Nova Fronteira)

Na década de 1920, Mário Rodrigues fundou o jornal A Manhã, após romper com Edmundo Bittencourt. Seria no jornal do pai que Nélson começaria sua carreira jornalística, na seção de polícia, com apenas 13 anos. Os relatos de crimes passionais e pactos de morte entre casais apaixonados incendiavam a imaginação do adolescente romântico, que utilizaria muitas das histórias reais que cobria em suas crônicas. Neste período, a família Rodrigues conseguiria atingir uma situação financeira confortável, mudando-se para o bairro de Copacabana.

No entanto, Mário Rodrigues perdeu o controle acionário de A Manhã para o sócio. Em 1928, com o providencial auxílio financeiro do vice-presidente Fernando de Melo Viana, Mário fundou o diário Crítica.

Como cronista esportivo, Nelson escreveu textos antológicos sobre o Fluminense, para o qual torcia fervorosamente. A maioria dos textos eram publicados no Jornal dos Sports. Junto com seu irmão, o jornalista Mário Filho, Nelson foi fundamental para que os Fla-Flu tivessem conquistado o prestígio que conquistaram e se tornassem grandes clássicos do futebol brasileiro. Nelson criou e evocava personagens fictícios como Gravatinha e Sobrenatural de Almeida para elaborar textos a respeito dos acontecimentos esportivos relacionados ao clube do coração.


Nelson seguiu os seus irmãos Mílton, Mário Filho e Roberto integrando a redação do novo jornal. Ali continuou a escrever na página de polícia, enquanto Mário Filho cuidava dos esportes e Roberto, um talentoso desenhista, fazia as ilustrações. Crítica era um sucesso de vendas, misturando uma cobertura política apaixonada com o relato sensacionalista de crimes. Mas o jornal existiria por pouco tempo. Em 26 de dezembro de 1929, a primeira página de Crítica trouxe o relato da separação do casal Sylvia Serafim e João Thibau Jr. Ilustrada por Roberto e assinada pelo repórter Orestes Barbosa, a matéria provocou uma tragédia. Sylvia, a esposa que se desquitara do marido e cujo nome fora exposto na reportagem invadiu a redação de Crítica e atirou em Roberto com uma arma comprada naquele dia. Nelson testemunhou o crime e a agonia do irmão, que morreu dias depois.


Mário Rodrigues, deprimido com a perda do filho, faleceu poucos meses depois. Sylvia, apoiada pelas sufragistas e por boa parte da imprensa concorrente de Crítica, foi absolvida do crime. Finalmente, durante a Revolução de 30, a gráfica e a redação de Crítica são empastelados e o jornal deixa de existir. Sem seu chefe e sem fonte de sustento, a família Rodrigues mergulha em decadência financeira.

Foram anos de fome e dificuldades para todos. Pouco afinados com o novo regime, os Rodrigues demorariam anos para se recuperarem dos prejuízos.

Ajudado por Mário Filho, amigo de Roberto Marinho, Nélson passa a trabalhar no jornal O Globo, sem salário. Apenas em 1932 é que Nélson seria efetivado como repórter no jornal. Pouco tempo depois, Nelson descobriu-se tuberculoso. Para tratar-se, retira-se do Rio de Janeiro e passa longas temporadas em um sanatório na cidade de Campos do Jordão. Seu tratamento é custeado por Marinho, que conquistou a gratidão de Nélson pelo resto de sua vida. Recuperado, Nelson volta ao Rio e assume a seção cultural de O Globo, fazendo a crítica de ópera.

No O Globo, foi editor do suplemento O Globo Juvenil. Além de editar, Nelson roteirizou algumas histórias em quadrinhos para o suplemento, dentre elas, uma versão de O Fantasma de Canterville, de Oscar Wilde, com desenhos de Alceu Penna.


Em 1940 casou-se com Elza Bretanha, sua colega de redação.

A partir da década de 1940, Nelson dividiu-se entre o emprego em O Globo e a elaboração de peças teatrais. Em 1941 escreve A Mulher Sem Pecado, que estreou sem sucesso. Pouco tempo depois assinou a revolucionária Vestido de Noiva, peça dirigida por Zbigniew Ziembiński e que estreou no Teatro Municipal do Rio de Janeiro com estrondoso sucesso.

O teatrólogo Nelson Rodrigues seria o criador de uma sintaxe toda particular e inédita nos palcos. Suas personagens trouxeram para a ribalta expressões tipicamente cariocas e gírias da época, como "batata!" e "você é cacete, mesmo!". 

Vestido de Noiva é considerada até hoje como o marco inicial do moderno teatro brasileiro.Em 1945 abandonou O Globo e passou a trabalhar nos Diários Associados. Em O Jornal, um dos veículos de propriedade de Assis Chateaubriand, começou a escrever seu primeiro folhetim, Meu Destino é Pecar, assinado pelo pseudônimo "Suzana Flag". O sucesso do folhetim alavancou as vendas de O Jornal e estimulou Nelson a escrever sua terceira peça, Álbum de Família.


Em fevereiro de 1946, o texto da peça foi submetido à Censura Federal e proibido. Álbum de Família só seria liberada em 1965. Em abril de 1948 estreou Anjo Negro, peça que possibilitou a Nelson adquirir uma casa no bairro do Andaraí e em 1949 Nelson lançou Doroteia.

Em 1950 passou a trabalhar no jornal de Samuel Wainer, a Última Hora. No jornal, Nélson começou a escrever os contos de A Vida Como Ela É, seu maior sucesso jornalístico.


Na década seguinte, Nelson passou a trabalhar na recém-fundada TV Globo, participando da bancada da Grande Resenha Esportiva Facit, a primeira "mesa-redonda" sobre futebol da televisão brasileira e, em 1967, passou a publicar suas Memórias no mesmo jornal Correio da Manhã onde seu pai trabalhou 50 anos antes.

Nos anos 70, consagrado como jornalista e teatrólogo, a saúde de Nélson começa a decair, por causa de problemas gastroenterológicos e cardíacos de que era portador. O período coincide com os anos do regime militar, que Nelson sempre apoiou. Como cronista do jornal O Globo atacava diversos oposicionistas do regime: chamava dom Hélder Câmara de falsário, ex-católico e arcebispo vermelho.


Nelson faleceu numa manhã de domingo, em 1980, aos 68 anos de idade, de complicações cardíacas e respiratórias. Foi enterrado no Cemitério São João Batista, em Botafogo. No fim da tarde daquele mesmo dia ele faria treze pontos na Loteria Esportiva, num "bolão" com seu irmão Augusto e alguns amigos de "O Globo".

O Cedoc – Centro de Documentação da Funarte possui amplo acervo sobre o dramaturgo, como fotos de peças, programas das produções teatrais, resenhas e comentários sobre espetáculos teatrais, entre eles Vestido de Noiva, encenado pela primeira vez para um Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Boa parte dos registros fotográficos de peças do dramaturgo existentes no Cedoc foram feitos pelo Estúdio Foto Carlos, que, nas décadas de 40 a 80 e foram digitalizadas graças ao projeto Brasil Memória das Artes, incluindo registros de raridades, como uma participação de Nelson Rodrigues como ator. No Portal da Funarte ainda é possível ver vídeos produzidos sobre o dramaturgo e sua obra.

Nélson Rodrigues escreveu 17 peças teatrais. Sua edição completa abrange quatro volumes, divididos segundo critérios do crítico Sábato Magaldi, que agrupou as obras de acordo com suas características, dividindo-as em três grupos: Peças Psicológicas, Míticas e Tragédias Cariocas.


Peças psicológicas


A mulher sem pecado - 1941 - Direção: Rodolfo Mayer}
Vestido de noiva - 1943 - Direção: Zbigniew Ziembiński
Valsa nº 6 - 1951 - Direção: Milton Rodrigues
Viúva, porém honesta - 1957 - Direção: Willy Keller
Anti-Nélson Rodrigues - 1974 - Direção: Paulo César Pereio


Peças míticas


Álbum de família - 1946 - Direção: Kleber Santos
Anjo negro - 1947 - Direção: Zbigniew Ziembiński
Senhora dos Afogados - 1947 - Direção: Bibi Ferreira
Doroteia - 1949 - Direção: Zbigniew Ziembiński


Tragédias cariocas


A falecida - 1953 - Direção: José Maria Monteiro
Perdoa-me por me traíres - 1957 - Direção: Léo Júsi
Os sete gatinhos - 1958 - Direção: Willy Keller
Boca de Ouro - 1959 - Direção: José Renato
O beijo no asfalto - 1960 - Direção: Gianni Ratto
Bonitinha, mas ordinária - 1962 - Direção Martim Gonçalves
Toda nudez será castigada - 1965 - Direção: Zbigniew Ziembiński
A serpente - 1978 - Direção: Marcos Flaksman

Romances


Meu destino é pecar - 1944
Escravas do amor - 1944
Minha vida - 1944
Núpcias de fogo - 1948
A mulher que amou demais - 1949 (sob o pseudônimo de Myrna)
O homem proibido - 1959
A mentira - 1953
Asfalto Selvagem: Engraçadinha, Seus Pecados e Seus Amores - 1959
O casamento - 1966


Contos


Cem contos escolhidos - A vida como ela é... - 1972
Elas gostam de apanhar - 1974
A vida como ela é — O homem fiel e outros contos - 1992
A dama do lotação e outros contos e crônicas - 1992
A coroa de orquídeas - 1992
Pouco amor não amor - 2002


Crônicas

Memórias de Nélson Rodrigues - 1967
O óbvio ululante: primeiras confissões - 1968
Fla-Flu...e as multidões despertaram
A cabra vadia - 1970
O reacionário: memórias e confissões - 1977
Fla-Flu...e as multidões despertaram - 1987
O remador de Ben-Hur - 1992
A cabra vadia - Novas confissões - 1992
A menina sem estrela - memórias - 1992
À sombra das chuteiras imortais - Crônicas de Futebol - 1992
A mulher do próximo - 1992
A pátria em chuteiras - Novas crônicas de futebol - 1994
A pátria de chuteiras - 2012
Nélson Rodrigues, o Profeta Tricolor - 2002
Não se pode amar e ser feliz ao mesmo tempo - 2002
O Berro impresso nas Manchetes - 2007
O quadrúpede de vinte e oito patas
Brasil em campo - 2018


Cinema


Baseados na obra de Nelson Rodrigues:
Somos dois - 1950 - Direção: Milton Rodrigues
Meu destino é pecar - 1952 - Direção: Manuel Pelufo
Mulheres e milhões - 1961 - Direção: Jorge Ileli
Boca de ouro - 1963 - Direção: Nelson Pereira dos Santos
Meu nome é Pelé - 1963 - Direção: Carlos Hugo Christensen
Bonitinha mas ordinária - 1963 - Direção: J.P. de Carvalho
Asfalto selvagem - 1964 - Direção: J.B. Tanko
O Beijo - 1964 - Direção: Flávio Tambellini
A Falecida - 1965 - Direção: Leon Hirszman
Engraçadinha depois dos trinta - 1966 - Direção: J.B. Tanko
Toda nudez será castigada - 1973 - Direção: Arnaldo Jabor
O casamento - 1975 - Direção: Arnaldo Jabor
A dama do lotação - 1978 - Direção: Neville d'Almeida
Os sete gatinhos - 1980 - Direção: Neville d'Almeida
O Beijo no Asfalto - 1980 - Direção: Bruno Barreto
Perdoa-me por me traíres - 1980 - Direção: Braz Chediak
Bonitinha mas Ordinária ou Otto Lara Rezende - 1981 - Direção: Braz Chediak
Álbum de família - 1981 - Direção: Braz Chediak
Engraçadinha - 1981 - Direção: Haroldo Marinho Barbosa
Boca de ouro - 1990 - Direção: Walter Avancini
Traição - 1998 - Direção: Arthur Fontes, Cláudio Torres e José Henrique Fonseca
Gêmeas - 1999 - Direção: Andrucha Waddington
Vestido de noiva - 2006 - Direção: Joffre Rodrigues
Bonitinha mas Ordinária ou Otto Lara Rezende - 2009
A Serpente - 2016 - Direção: Jura Capela


Só o cinismo redime um casamento. É preciso muito cinismo para que um casal chegue às bodas de prata.



Eu sou um anticomunista que se declara anticomunista. Geralmente, o anticomunista diz que não é. Mas eu sou e confesso. E por quê? Porque a experiência comunista inventou a antipessoa, o anti-homem.
Conhecíamos o canalha, o mentiroso. Mas, todos os pulhas de todos os tempos e de todos os idiomas, ainda assim, homens.
O comunismo, porém, inventou alguém que não é homem. Para o comunista, o que nós chamamos de dignidade é um preconceito burguês.
Para o comunista, o pequeno burguês é um idiota absoluto justamente porque tem escrúpulos.

(Entrevista à VEJA em 1969)


DESPEITO
(conto de A Vida Como Ela É…)


O marido era ciumento ou, como ela dizia, suspirando, “ciumentíssimo”. Se Marlene ria um pouco mais alto, pronto. Vinha o mundo abaixo. O fato é que ele achava a gargalhada da mulher quase uma demonstração de impudor. Marlene esboçava um protesto:

— Mas que foi que eu fiz, criatura? Eu não fiz nada!

E ele, ressentido, quase ultrajado:

— Fez, sim! Quem ri desse jeito é gentinha!

Teve que eliminar a gargalhada dos seus hábitos. E, junto de Rafael, sofria de inibições tremendas, incapaz de olhar, de sorrir, de conversar com naturalidade. A família e as amigas estranhavam: “Que é que há? Você que era tão alegre”. Respondia, com involuntária amargura: “Rafael é um caso sério!”. Em voz baixa, dizia para as amigas íntimas: “Não me dá uma folga. Faz uma marcação tremenda. Desconfia até de poste!”. Houve quem sugerisse:

— Não seja boba! Reaja!

Reagir como? E o que ninguém sabia, nem Marlene estava disposta a confessar, é que tinha medo do marido. Rafael possuía um desses temperamentos de ópera, de Cavalleria rusticana; era um bárbaro contido. Certa vez, fizera uma ameaça concreta. Apertando entre as mãos o rosto da esposa, disse, falando quase boca com boca:

— Se me traíres um dia, eu te mato, juro que te mato!


Fidelidade


Marlene podia dizer, a propósito dos ciúmes do marido: “Rafael fala de barriga cheia”. Semelhante desabafo podia ser prosaico, mas era expressão da verdade. Casada há três anos e meio, jamais sua conduta permitira a mais tênue suspeita, o mais vago equívoco. Nenhuma vida mais límpida, mais sem mistério. Chegava a exagerar a compostura de esposa. Não privava com outro homem que não fosse com o marido, os cunhados e os próprios irmãos; não dançava senão com Rafael ou, no máximo, com Leocádio, o único amigo que merecia do marido confiança total. Rafael vivia dizendo:

— Confio mais em Leocádio que em meus irmãos.

Assim honesta, assim fiel, ela pasmava as amigas que, com alegre frivolidade, de uma maneira desapaixonada e apenas esportiva, tinham romances extraconjugais. Seu espanto era sincero e patético: “Como é que você tem essa coragem?”. Muitas replicavam mais ou menos assim: “Teu dia chegará!”. E houve uma, mais desabusada que as outras, que a desafiou:

— Tu ainda gostas do teu marido?

— Evidente!

— Não acredito. Tem santa paciência, mas não acredito.

— Por quê?

E a outra:

— Porque nenhuma mulher pode gostar do mesmo homem por mais de dois anos. E já é muito!

— Que horror!

— É isso mesmo! Batata, minha filha!

A Viagem


De qualquer maneira, a conversa com a amiga irresponsável fez-lhe um mal pavoroso. Pela primeira vez, esboçou a hipótese: “Será que eu?…”. Experimentou um arrepio de medo e volúpia; e tratou de pensar noutra coisa. Daí a dias, o marido aparece com a notícia: ia ter que correr as praças da Europa com o chefe. Ela fez a pergunta: “E eu?”. Rafael suspirou:

— Você fica. Mas o negócio é rápido. Um mês, no máximo.

A tal amiga, quando soube, telefonou: “Parabéns, parabéns! Aproveita, sua boba”. E reforçou: “A título de experiência. Uma vez só”. Marlene protestou, com veemência, de uma maneira quase agressiva. Mas experimentou, outra vez, um arrepio. A verdade é que levava, no mais íntimo de si mesma, as palavras da outra: “Nenhuma mulher pode gostar do mesmo homem por mais de dois anos”. Fechou os olhos e fez os cálculos: estava casada com o marido há três. Gostava dele ainda? Era o mesmo sentimento? A mesma coisa? Pouco depois, estava diante do espelho pondo ruge e pó; e, olhando a própria imagem, pensou: “Não, não é a mesma coisa”. Na véspera da partida, Rafael teve com a mulher uma conversa patética. Antecipando os ciúmes, repetiu a ameaça: “Se, na minha ausência… Eu te mato, ouvis-te?”. Dez minutos depois, ele confessava, com heróica sinceridade: “Não, eu não te mataria, nunca. A ti, não. Mas sim o cara que tivesse a coragem, a ousadia!…”.

No dia seguinte, pela manhã, Marlene levava o marido ao aeroporto. Quando o avião de quatro motores levantou vôo — ela experimentou um sentimento de liberdade absoluta.


O Amigo


Voltou para casa, eufórica. Antes de embarcar, o marido a advertira: “Não te quero de conversinha com homem nenhum. Tu só podes conversar com o Leocádio. É o único!”. Já em casa, ela cantarolou, passou os dedos no piano. A sensação de uma liberdade completa a embriagava. Tomou um banho muito longo e delicioso; acariciou a própria nudez como uma lésbica de si mesma. Pintou-se, perfumou as mãos, os braços, o pescoço; vestiu o seu melhor quimono, calçou as chinelinhas de arminho. Não tinha nenhum plano concreto, nenhuma vontade definida e, no entanto, preparara-se com deleite e com minúcia, como se esperasse alguém. Sentou-se perto do telefone e discou um número. Atendeu, do outro lado, uma voz de homem. Marlene identificou-se e fez o pedido: “Eu queria um favor teu, Leocádio”. Ele foi dizendo: “Pois não, pois não”. Baixou a voz: “Quer dar um pulinho aqui em casa? Agora?”. Leocádio parecia surpreso: “Alguma novidade?”. Ela evitou a resposta direta: “Queria conversar contigo”. O telefonema, o chamado, tudo nascera de um impulso misterioso e inexplicável. Estava agindo sem premeditação e ela própria não se reconhecia a si mesma nessa leviandade. Finalmente, Leocádio chegou. Parecia triste e nervoso. Ela explicou o chamado: “Estou me sentindo muito só… Queria que você me fizesse companhia…”. Leocádio, que estava sentado, ergueu-se. Perdera a naturalidade:

— Bem. Vamos fazer o seguinte: eu tenho um compromisso agora. Volto dentro de meia hora, quarenta minutos. OK?


Perseguição


E não voltou. Até então, Marlene estava incerta dos próprios desígnios. Sentia-se confusa e espantada. Correu ao espelho e se olhou, com uma atenção nova e grave. Dir-se-ia que a imagem refletida era a de uma desconhecida. Livre da sujeição ao marido, queria não sei que experiências inéditas e encantadas. As amigas falavam de carícias que Rafael não admitia. Esperou a volta de Leocádio quarenta minutos, uma hora, duas. E nada. Irritou-se e a irritação clareou seus sentimentos. Sabia agora o que queria. Ligou para a amiga leviana. Esta aplaudiu logo, interessada: — “Tens peito, hein! Assim que eu gosto!”. Deu uma orientação: “Quando o homem começa com chiquê, com nove-horas, a mulher deve ter a iniciativa. Claro! O golpe é dar em cima! Por que não?”. Marlene balbuciou: “Deus me livre!”. Mas a outra, empenhada no caso como se estivesse em jogo um interesse pessoal, insistiu: “Vai por mim!”. Ficou Marlene sem saber o que fazer. Havia, no cinismo da outra, uma perversão que a atraía e repugnava. Acabou ligando para Leocádio. Ele foi o mais efusivo possível:

— Você vai me desculpar, meu anjo. Mas sabe como é: houve um contratempo e eu não pude ir. Mas apareço aí de noite, com minha noiva.

Então, Marlene teve uma atitude de inesperada audácia. Disse: “Com sua noiva, não!”. Foi um grito tão espontâneo, irresistível, que surpreendeu a ambos. Leocádio, sem entender, perguntava: “Por que não com minha noiva?”. Ela já se adiantara muito e não podia recuar. Firme, viril, mordendo as palavras, foi dizendo: “Quero você. Só você. E ninguém mais. Compreendeu?”. Admitiu, num sopro: “Compreendi”. Ela ainda sublinhou: “Pelo amor de Deus, não me faça ser mais clara”. Mais tarde telefonou para a amiga, para contar as novidades. A outra desmanchou-se em felicitações:

— És das minhas! És das minhas! E amanhã, já sabes, quero um relatório completo!


A Espera


Deu folga à empregada. Queria estar só, absolutamente só. Preparou-se, de novo, com um requinte absoluto. Fez questão, sobretudo, das chinelinhas de arminho, que achava, não sei por que, um detalhe bonito e voluptuoso. De repente, batem na porta. Corre, vai abrir. Era um mensageiro, com um cabograma do marido. Leu, com uma espécie de náusea: “Milhões beijos, morto saudades”. Rasgou a mensagem e atirou os pedacinhos de papel pela janela. Continuou a expectativa, até duas, três horas da manhã. Foi se deitar, chorando com exclamações: “Cretino! Cretino!”. Pela manhã, telefonou, magoadíssima: “O que você fez comigo não se faz. Não é papel!”. Acabou, num desafio: “Você parece que tem medo de mim!”. Ele definiu a situação:

— Pois tenho medo de você. Muito. Medo. Porque eu gosto de você, sempre gostei.

Marlene agarrou-se às suas palavras: “Eu também. Eu também”. Então, o rapaz na sua calma amargurada, concluiu:

— Mas eu não traio meu maior amigo. Nunca. Prefiro meter uma bala na cabeça a trair meu maior amigo. É só.

Marlene teve uma explosão histérica no telefone:

— Sua múmia! Seu imbecil! Palhaço!


A Vingança


Não saiu mais de casa, não foi a lugar nenhum. Só despertava da sua dor extática, obtusa, para descompor Leocádio no telefone. Usava as expressões mais baixas, os termos mais ordinários. Ele ouvia tudo até o fim, sem desligar. Finalmente, findo o prazo de um mês, voltou o marido, em outro avião de quatro motores. Vinha, realmente, louco de saudades, certo de que a maior mulher do mundo era a sua. Tomaram o táxi e, durante a viagem, Marlene disse, com o rosto marcado pelo sofrimento e pelo ódio:

— Esse teu amigo, o cachorro do Leocádio, sabe o que me fez? Me pegou à força, me deu um beijo e anda atrás de mim como um cão!

Uma hora depois, Rafael entra pelo escritório de Leocádio. Ao vê-lo, este teve uma exclamação de afetuosa surpresa. Rafael puxou o revólver e atirou nele quatro vezes, à queima-roupa. Leocádio morreu e não teve tempo, ao menos, de desfazer a expressão de cordialidade, quase doce.





A ESBOFETEADA


Virou-se para as coleguinhas:

- Como meu namorado, eu confesso francamente: nunca vi! Tem um gênio! Que gênio!

Indagaram:

- Feroz?

E Ismênia:

- Se é feroz? Puxa! Precisa uns dez para segurar! - Olha para os lados e baixa a voz: - Vocês sabem o que é que ele fez comigo? Não sabem?

- Conta? Ah, conta!

Ismênia não queria outra coisa. Cercada de amigas interessadíssimas, resumiu o episódio:

- Foi o seguinte: ele cismou que eu tinha dado pelota para o Nemésio. E não conversou: me sentou a mão, direitinho!

- E tu?

Ergueu o rosto, feliz, envaidecida da bofetada:

- Eu vi estrelas!

Houve um silêncio e, ao mesmo tempo, um arrepio intenso naquelas meninas. Pareciam ter despeito, inveja, da agressão que a outra sofrera. Ismênia piscou o olho:

- Eu gosto de homem, homem. Escreveu, não leu, o pau comeu. Senão, não tem graça. Sou assim.

Chamava-se Sinval, o namorado de Ismênia. À primeira vista, causava até má impressão. Faltava-lhe a base física da coragem. Era baixo, mirrado, um peito fundo de tísico, braços finos e mãos pequenas, de unhas tratadas. Custava a crer que esse fraco fosse um violento. Todavia, estava lá o testemunho de Ismênia, que, batendo no peito, repetia: "Eu apanhei! Eu!". Acontece que entre as colegas presentes estava Silene, amiga e confidente de Ismênia. E Silene foi justamente a que se impressionou mais com o episódio. Conhecia vagamente Sinval e a sensação que ficara, de sua figura, foi a de um rapaz como há milhares, como há talvez milhões. De repente sabe que esse cavalheiro, de aparência tão insignificante, bate em mulheres. Sem dizer nada a ninguém, experimenta uma crispação de asco e deslumbramento. Mais tarde, em casa, com a mãe e as irmãs, diz o seguinte:

- Eu acho que, se um homem me esbofeteasse, eu dava-lhe um tiro no boca!

Mentira. Não daria tiro na boca de ninguém. Impossível desejar-se uma alma mais doce, terna e tão incapaz de violência, de maldade. Mesmo sua exaltação fazia pensar na cólera de um passarinho. Durante três dias, não pensou noutra coisa. E pasmava que Ismênia se vangloriasse da bofetada, como se de uma medalha, uma condecoração. No quarto dia, não resiste. Apanha o telefone e liga para o emprego do Sinval. Queria apenas passar um trote, e nada mais. Do outro lado da linha, porém, Sinval, caricioso, mas irredutível, exigia:

- Se não disser o nome, eu desligo.

Ia recuar. Mas deu, nela, uma coragem súbita. Identificou-se: "Sou eu, Silene". Arrependeu-se imediatamente depois de ter dito. Tarde, porém. E já Sinval, transfigurado, exclamava:

- Silene? Não é possível, não pode ser!

- Sou sim.

E ele:

- Então houve transmissão de pensamento! No duro que houve! Imagine que eu estava pensando em você, neste minuto! Agora mesmo!

Foi por aí além. Transpirando de sinceridade, contou que gostava dela em silêncio, há muito tempo. Com o coração disparado, a pequena indaga: "E Ismênia?". Foi quase brutal:

- Ismênia é uma brincadeira, um passatempo, nada mais. Você, não. Você é outra coisa. Diferente!

Espantada com essa veemência, Silene quis duvidar. Então, emocionado, ele dramatiza:

- Te juro, pela minha mãe, que é a coisa que mais prezo na vida. Te juro que é pura verdade!

Silene despediu-se, afinal, com as pernas bambas. O simples fato de ter ligado já a envergonhara como uma deslealdade. Afinal, era amiga de Ismênia e... Pior do que tudo, porém, fora identificar-se. Durante o resto do dia, não fez outra coisa senão perguntar, de si para si: "E agora, meu Deus?". No telefone, aceitara o convite de Sinval para um encontro no dia seguinte. Mas o sentimento de culpa não a largou, senão no momento em que decidiu: "Não vou, pronto. Não vou e está acabado". Mas foi. No dia seguinte, pontualmente, estava no local combinado, transida de vergonha. Sinval, num interesse evidente, profundo, foi ainda mais decisivo do que na véspera. Disse coisas deslumbrantes, inclusive, textualmente, o seguinte:

- Te vi, no máximo, umas oito vezes, dez, talvez. Falei contigo pouquíssimo. Mas, assim ou assado, o fato é que te amo, te amo e te amo!

Ela acreditou. E acreditou porque se passara o mesmo com seu coração. Apaixonara-se, de uma dessas paixões definitivas, reais e mortais. Continuou a encontrar-se com o ser amado, às escondidas. Só não era mais feliz porque pensava na outra. De noite, no quarto, especulava: "No dia em que Ismênia souber..."

Chegou esse dia. E foi, entre as duas, uma cena desagradabilíssima. Sem papas na língua, Ismênia disse-lhe as últimas: "Tu és mais falsa do que Judas". Branca, o lábio inferior tremendo, Silene sentia-se incapaz de uma reação. A outra terminou, numa espécie de maldição:

- Hás de apanhar muito nessa cara!

O incidente foi lamentável por um lado e bom por outro. Lamentável, pelo escândalo, pelo constrangimento. Bom, porque esclareceu de vez a situação. Excluída Ismênia, oficializou-se o romance. Os dois puderam exibir, ostentar, em toda a parte, o imenso carinho em que se consumiam. Começaram a freqüentar festas. E, então, surpresa e vagamente inquieta, Silene descobriu o seguinte: Sinval não se incomodava que ela dançasse com todo mundo. Estranhou e passou a interpelar o namorado.

- Você não tem ciúmes de mim?

- Não.

Admirou-se:

- Por quê?

E ele:

- Porque te amo.

Devia dar-se por satisfeita. E, no entanto, sua reação foi outra: estava descontente. Dias depois, suspira: "Eu preferia que tivesses ciúmes de mim". Sinval achou graça: "Ué!". Ela, sentindo-se irremediavelmente infantil, repete o que já ouvira, não sei onde: "Sem ciúmes não há amor!". O rapaz passou-lhe um sermão: "Parece criança!". Até que, certa vez, a garota resolve ir mais longe. Pergunta ousadamente: "E seu eu te traísse? Tu farias o quê?".

Respondeu, sóbrio:

- Te perdoaria.

- E se eu voltasse a trair?

Foi absoluto:

- Se continuasses traindo, eu continuaria perdoando.

Mas este diálogo, impudente, perturbador, deveria marca-la, e muito. A partir de então, foi outra alma, outra mulher. Era uma menina de modos suaves e bonitos. E, subitamente, passou a chamar a atenção de todo mundo, com atitudes desagradáveis, de escândalo. Nas festas, dançava com o rosto colado; e houve um baile em que bebeu tanto que teve que ser carregada, em estado de coma. Por outro lado, torturava o pobre Sinval, desacatando-o na frente de todo mundo. Ele, serenamente, com uma mesura à Luís XV, submetia-se às piores desconsiderações, incapaz de um revide. Até que, numa festa, ela se cansou desse inofensivo.

Na sua cólera, humilhou-o:

- Você não é homem! Se fosse homem, eu não faria de você gato e sapato!

Ela bebera, outra vez, além da conta. Talvez por isso ou por outro motivo qualquer,m Sinval limitou-se a sugerir: "Vamos, meu anjo?". Mas em casa, sozinha, ela imergia numa ardente meditação. Uma noite, vão a uma outra festa. E lá Silene superou todas as leviandades anteriores. Quase à meia-noite, de braço com o par acidental, vai para o jardim. Sinval espera vinte minutos, meia hora, uma hora. E não se contém mais: vai procurá-la. O par, assim que o viu, pigarreou, levantou-se e desapareceu. Silene ergue-se também. Com um meio-sorriso maligno, anuncia: "Ele me beijou". Sinval não disse uma palavra: derruba a noiva com uma tremenda bofetada. Ela cai longe, com os lábios sangrando. Enquanto ele a contempla e espera, a pequena, de rastros, com a boca torcida, aproxima-se. Está a seus pés. E. súbito, abraça-se às suas pernas, soluçando:

- Esperei tanto por essa bofetada! Agora eu sei que tu me amas e agora eu seu que posso te amar!

Passou. Mas nos seus momentos de carinho, e quando estavam a sós, ela pedia, transfigurada:

"Me bate, anda! Me bate!". Foram felicíssimos.



Trechos do filme "Fragmentos de dois escritores"


Não abriu? Vai direto https://youtu.be/TlOBVe6yE80



A plateia só é respeitosa quando não está a entender nada.


O amor entre marido e mulher é uma grossa bandalheira. É degradante que um homem deseje a mãe de seus próprios filhos.




Eu vos digo que o melhor time é o Fluminense. E podem me dizer que os fatos provam o contrário, que eu vos respondo: pior para os fatos. Grandes são os outros, o Fluminense é enorme. Uma torcida não vale a pena pela sua expressão numérica.




A última crônica


“Amigos, em futebol, nunca houve uma vitória improvisada. Tem sido assim através dos tempos.

Foi uma doce e santa vitória. Vocês viram como aconteceu o nosso triunfo. Foi uma tarde maravilhosa.

Tudo começou há seis mil anos atrás. Vocês compreenderam? Podia ser o Flamengo, o Botafogo, o Vasco ou outro, mas estava escrito que a arrancada era tricolor.

Há quarenta anos antes do nada, Nelsinho foi chamado. E foi tão fulminante sua presença no túnel tricolor que merecia ser carregado numa bandeja com uma maça na boca.

Amigos, os idiotas da objetividade custaram a perceber a evidência ululante, segundo a qual seríamos campeões. Eu lhes falei do Roberto Arruda. Pois o Arruda, desde o primeiro jogo do campeonato, me procurou dizendo: – “Seremos campeões”. E neste domingo, o Arruda telefonou para dizer uma única e escassa frase: – “Ninguém nos tira a vitória”.

E desde o primeiro momento do jogo, ficou claro que a vitória era tricolor. Foi 1 x 0 mas poderia ser dois ou três. O Edinho fez o gol e o Fluminense em vez de recuar para garantir o resultado partiu para cima do Vasco como um leão faminto de mais gols.

E vocês viram: nosso adversário não pode esboçar a menor reação.

Gostaria de falar dos campeões. O Fluminense tem um elenco fabuloso do goleiro ao ponta-esquerda, e só os lorpas e pascácios não veem que o futebol brasileiro está encarnado nos craques tricolores”.


13 comentários:

  1. Sua maior frase, 'Toda a unanimidade é burra!'

    O seu amigo, parceiro, irmão Otto Lara Resende, mineirinho, tinha outra genial: 'O brasileiro só é solidário no câncer'

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  2. O MINEIRO só é solidário no câncer.

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    1. Prévidi, tá certo, eu só extendi a ideia! Que frasistas! Gênios!

      Olha só o título da peça que virou filme: Bonitinha Mas Ordinária, ou Otto Lara Resende' (assim mesmo!)

      Abraços.

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  3. “O brasileiro não está preparado para ser 'o maior do mundo' em coisa nenhuma. Ser 'o maior do mundo' em qualquer coisa, mesmo em cuspe à distância, implica uma grave, pesada e sufocante responsabilidade.”

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  4. “Um filho, numa mulher, é uma transformação. Até uma cretina quando tem um filho melhora.”

    Essa chega a ser científica.

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  5. "Eu me nego a acreditar que um político, mesmo o mais doce político, tenha senso moral."

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  6. Disparado o maior dramaturgo brasileiro, não recebe o justo reconhecimento por ter apoiado o regime militar.
    A gente sabe muito bem como funciona a patrulha da esquerda.
    Um dia será devidamente reconhecido.

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  7. "Se todos conhecessem a intimidade sexual uns dos outros, ninguém cumprimentaria ninguém."

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  8. O que dizer daquela frase clássica do Nelson:

    "Toda mulher gosta de apanhar. Só as neuróticas que não."

    Imaginem o chilique em 2021. Que falta faz um Nelson Rodrigues.

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  9. "Subdesenvolvimento não se improvisa; é obra de séculos."

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  10. Prévidi, um frasista fundamental que poderias trazer para a "cesta" é o Aparício Torelly, o Barão do Itararé!

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    1. O aluno pergunta ao meste, 'o doutor quer alguma coisa'.
      - Tens alfafa? responde chistosamente o professor.Torelly (medicina, ora vejam!) fazendo uma prova oral, e não acertava uma pergunta sequer, mesmo fácil.
      O Mestre no limite do estresse. Nisso abre a porta e uma servidora e, gentilmente: o senhor quer algo, doutor?
      - Alfafa, por favor!
      - E pra mim, interpõe o Aparício com um leve becejo, um cafezinho!

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