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A antiga luta contra a censura não era motivada
por um princípio moral; era, antes de mais nada,
expressão do ressentimento de
a censura ter sido feita por outros.
línguas
no mundo
- Existem aproximadamente 2.800 línguas no mundo, isto segundo cálculos de uma entidade respeitável, a Academia Francesa. Mesmo assim, este dado é considerado conservador, pois certamente em algum canto de uma floresta como a nossa amazônica ou de um íngreme cantão da Sibéria, haverá algumas línguas ainda não descobertas e catalogadas pelos doutos franceses. Este número é relativo às línguas, somente. Se considerarmos dialetos, a contagem sobe para quase 8.000.
As línguas no mundo dividem-se em 12 famílias – as mais importantes, e mais outras 50, sendo estas as menos importantes.
O português, a nossa língua mãe, a língua de Camões, pertence à família das línguas indo-europeias, ou seja, é uma das 12 mais importantes. Dentro dessa família, ainda há uma subfamília: latina ou românica. Estendendo um pouco, o português é uma mistura dos falares lusitanos (tribo germânica originária do centro da Europa), celtas, romanos e mais outros menos importantes. Desenvolveu-se como uma língua própria, ainda muito simples, arcaica, por volta do século XIV via galego-português.
Se juntarmos Brasil, Portugal e Angola, temos aproximadamente 260 milhões de falantes de português no mundo.
Mesmo assim, com todo este povo falando nossa língua, somos somente a sexta língua mais falada. Antes temos: o chinês, o inglês, hindustani, o espanhol e o árabe.
Na formação dessas 12 línguas indo-europeias há algumas coisas curiosas.
Dois exemplos que considero legais da conexão da nossa língua com o inglês:
Um) a origem comum das palavras VERBO e WORD, na origem, ambas significando palavra. O português verbo vem o latim ‘verbum’, que, por sua vez, vem da indo-europeia ‘werdhom’ possuidora da mesma raiz ‘wer’ da germânica ‘wordam’ (palavra), da qual deriva ‘word’.
Dois) a também origem comum das palavras JOELHO e KNEE. ‘Knee’ tem origem no inglês antigo, onde era escrita como ‘cneow’. Ela também deriva da raiz indo-europeia ‘gen(o)’, que significa ‘dobrar’ ou ‘curvar’.
(A etimologia comum das palavras joelho e knee, acima descrita de uma maneira rápida, é explicada magnifica e detalhadamente num texto do genial Jorge Luiz Borges, uma das minhas paixões, em entrevista nas páginas amarela da revista Veja, coisa de uns 30 anos atrás, e da qual jamais me olvidei!)
Interessante, não?
Como gosto de provocar meus amigos, seguidamente os questiono em relação ao total de palavras que existe na nossa língua mãe. O pessoal, timidamente, com medo de errar, chuta e erra feio: três mil, dizem uns, cinco mil, outros. O número exato nós não o temos, porém sabemos ser muito próximo do italiano, do francês e do espanhol – países de línguas românicas como o nosso – e que gira em torno de 500 mil cada uma.
Dizem que um falante normalmente usa em torno de 3.000 palavras. Antes da globalização, um indivíduo que nascia e vivia em seu pequeno orbe familiar utilizava não mais de 500 palavras. Hoje, um sujeito culto que consegue ler e entender bons livros, ou revistas tipo a antiga Veja, ou mesmo um jornalão como o Estadão, utiliza em torno de 25 mil. Dizem, li praticamente tudo, mas não fiz as contas, que a obra do Machado de Assis abrange não mais que 15 mil palavras. O culto político Rui Barbosa dominava em torno de 45 mil. Há uma anedota creditada a ele que afirma ter cometido um longo discurso no plenário do Senado da República, e que foi duramente criticado pelo uso excessivo de ‘galicismos’. Mas não houve estresse por parte da ‘Águia de Haia’: repetiu, dia seguinte, tudo em português arcaico para o desespero de seus pares, os quais, obviamente, nada entenderam, mas não reclamaram!
A exceção entre as línguas indo-europeias é o inglês, que possui o dobro, ou seja, um milhão de palavras! É que essa língua tem duas origens: uma, um dialeto antigo derivado do anglo-saxão, e que era falado no poderoso Reino de Wessex; outra, o francês/normando (derivado do latim) que foi imposto aos derrotados ingleses pelos vitoriosos normandos quando da conquista da Inglaterra em 1066 da era cristã. Com isto, o moderno inglês passou a ter duas formas (uma saxônica básica e outra francesa, mais formal, mais elegante) para referir-se às várias ações ou fenômenos.
Exemplo: retornar pode ser o saxão ‘go back’ ou o francês/normando ‘return’. Traduzindo, a língua inglesa tem um milhão de palavras, pois em tudo, ou quase, ela possui duas formas de se expressar.
Interessante é que com a massificação da informática e do uso de personal computer e notebook houve uma explosão no uso de termos em inglês gerando um ‘onde já se viu’ por parte dos puristas da língua portuguesa, coisa que não faz muito sentido, pois muitos destes termos lá trás vieram do latim e são bem comum na nossa ‘última flor do Lácio’, como, por exemplo deletar, do verbo delete: quem não conhece os termos indelével, deletério, etc.?
...
Só como curiosidade, há uns 30 anos, no governo do Collor, foi criado um grupo de trabalho para reunir e catalogar todas as palavras da língua portuguesa.
O coordenador do extenso e árduo trabalho foi o famoso (e saudoso) Antônio Houaiss, linguista e filólogo, que, com um grupo de 70 linguistas, conseguiu chegar até próximo a 250 mil palavras. Uma pena que, como tudo por aqui, não se foi até o fim, pois faltou grana!
Em países mais avançados, há grupos de filólogos que se reúnem periodicamente com o objetivo de oficializar inclusões de palavras em seus dicionários, os quais, como regra, estão sempre atualizados.
E agora, finalizando (não riam, por favor), vejam a grande contribuição brasileira à cultura italiana: houve recentemente a inclusão de uma série de novas palavras à língua italiana, na qual o nosso Brasil contribui com uma: eles incluíram ‘viado’ como sinônimo de homossexual. Com o elevado número de brasileiros fazendo o ‘trottoir’ nas ruas das cidades italianas, a palavra passou a ter uso corrente e acabou por entrar no léxico italiano.
That’s All, Folks!
OS JORNAIS DE
ONTEM E DE SEMPRE
- Acabo de ler o ótimo romance do grande escritor Lima Barreto ‘Recordações do Escrivão Isaías Caminha’. Esse romance, de certa forma, acaba por ser algo biográfico do seu autor, considerando-se que o personagem central, o escrivão Isaías Caminha, igual ao seu criador Lima Barreto, é um jovem ingênuo mulato, sofre mil dificuldades para minimamente ascender na dura e preconceituosa sociedade da capital da recém-proclamada República. Acaba por fim sendo um mandalete faz-tudo num jornal local e, sabe-se lá como, jornalista nesse mesmo jornal.
Um fato curioso do romance, entre outros, é que o nome da gazeta na qual o Caminha consegue se empregar é ‘O Globo’. Como o romance teve muito sucesso à época do seu lançamento (1920) é muito provável que tenha inspirado o jovem jornalista Irineu Marinho (pai do também jornalista, já falecido, Roberto Marinho, o consolidador das Organizações Globo) a titular seu jornal com o mesmo nome – O Globo, cuja fundação e início de atividades deu-se em 1925.
O mulato Lima Barreto aproveita o personagem do romance (também, seu ‘alter ego’) e desanda ácidas críticas às gazetas da época, ao modo mesquinho, interesseiro, rasteiro como eram feitas. Mas, nada de novidade: essa era a regra da feitura dos jornais tanto por aqui, no inculto gigante Brasil, quanto lá, no culto e arrogante primeiro-mundo. Se por aqui o governo da vez não distribuísse fartas verbas e abundantes empregos aos apaniguados dos donos das gazetas nas inúmeras sinecuras públicas, pau a torto e a direito no ‘insensível e mau governo’. Um crítico literário somente ousava pegar suas penas e ajeitar suas tintas, depois de obter boas respostas para as inevitáveis perguntas: ‘É mulato, filho de quem?’ Mas, lá fora não era muito diferente. O economista e escritor norte-americano John Kenneth Galbraith, no seu monumental livro ‘Anatomia do Poder’, faz uma ácida (mas também divertida) incursão pelos jornais americanos do século XIX, muito próximos dos fofoqueiros inúteis tabloides londrinos de hoje.
Hoje, no momento em que a crise no setor de jornais se agudiza, o que vemos? Em minha opinião, vejo nossas gazetas cada vez mais e mais próximas das populares e coloridas revistas padrão ‘Amiga’, cada vez mais tabloide inglês, mais mercantilistas, mais ‘sensíveis aos poderosos da vez’ – governos ou grandes corporações – com suas gordas e corruptas verbas publicitárias.
É um belo livro, leiam-no. Mas não é a obra maior do grande escritor, do escritor mulato que sucumbiu à opressiva sociedade metida a esnobe na qual viveu sua curta vida (morreu, louco, em 1922, com meros 41 anos). Seu livro maior, sua seminal obra-prima, 'a arte em forma de literatura', é o eterno ‘Triste fim de Policarpo Quaresma’. Esse, sim, é DEMAIS!
*joão paulo da fontoura é escritor e historiador diletante, membro da ALIVAT – Academia Literária do Vale do Taquari, titular da cadeira nº 26.
Mais um golaço do JP!
ResponderExcluirExcelente!!!
ResponderExcluirBelo texto. Escritor de primeira.
ResponderExcluirEsse é o meu pai!
-Julie Castro da Fontoura
Há controvérsias, e os 3 comentários acima são da claque.
ResponderExcluirErika Dumber.
ResponderExcluirHahahaha boa
ExcluirErica Drunker, PhD com o projeto 'A arte de desentortar bananas na Agricultura Orgânica de Lula e Zé Dirceu', pela Universidade Federal do Piauí. Comendo dinheiro público e olhando para o umbigo. Entra no túnel do tempo e vai para a Alemanha Oriental, tudo zen (sem).
ResponderExcluirA claque do 'historiador' está bem ativa, se é que não é o próprio. À Dra. Erika, acima, não é permitido discordar dos mortadelas com tubaína, dos mijões escondidos no anonimato ou em codinomes.
ResponderExcluirFalando em 'codinomes', o tal de ANTENOR SILVA desapareceu dos comentários no blog do Prévidi.
ResponderExcluirDeixou uma pista importante, todavia, porque sabe-se que é radialista com programa cedo da manhã, e gosta da cor verde oliva e dos coturnos de 1964.