Terça, 28 de agosto de 2012 - parte 2


Juremir, um retoque

Por Glauco Fonseca

Nesta segunda-feira de horas ainda recentes, Pedro Simon foi conversar na Caldas Junior com o jornalista Juremir Machado e uma jornalista companheira. Foi daqueles programas que me fizeram lembrar com raro carinho de Luis Fernando Verissimo.
Juremir Machado é um típico pavão nativo.
Sabe que não é aquilo tudo, mas insiste em contar para si mesmo semanalmente, construindo pedestais decorados com costaneiras de eucalipto. Cheguei a elogiar seu trabalho de resgate da Legalidade, mesmo sabendo que ele distorceu, para si mesmo, um episódio que foi de resistência democrática tentando dar um viés ideológico, o que em realidade não foi. Juremir é craque não apenas em dissimulação, mas em achar que acreditamos em sua dissimulação. Diariamente, ao lado de genuínos como Rogério Mendelski, radicais como Nestor Hein ou de personalidades polêmicas como Luciana Genro ou Raul Carrion, porta-se metodicamente, tentando não deixar passar sua imensa tendência trotskista, com resultados semelhantes a um João Bafo-de-Onça com transtorno bipolar.
Eu ouço o Juremir até com bastante frequência. E o faço por puro masoquismo, pois seu conteúdo, suas teses, suas perguntas sempre me surpreendem pela absoluta falta de estilo, pela completa falta de atualidade e pelas comparações sempre tendenciosas e, por isto, estapafúrdias. Eu sei, eu sei que estou sendo duro, mas eu sou ouvinte, ele é apresentador. De cá de minha insignificância, eu posso reivindicar qualidade. Não peço que haja brilhantismo, imparcialidade ou que as pessoas com microfone pensem como eu penso. Quero apenas alguns mililitros de bom senso, pequenos grãos de lucidez e ao menos uma gota de honestidade intelectual.
Juremir e alguns outros colegas (de outras rádios, inclusive), raramente conseguem conciliar intelectualidade com os fatos do mundo ao comentá-los. Como exemplo, são capazes de lembrar-se das escolas de lata da Yeda Crusius, mas sempre que podem, deixam de comentar a absurda greve de 90 dias das Universidades. E por aí vai muito mais além.
Juremir, de modo absolutamente tosco e superficial, disse, diante de um Pedro Simon assombrado, que “... a mídia não se contenta em ser o quarto poder; quer ser todos, o primeiro, o segundo, o terceiro...”. Juremir - cujo intelecto brilhou tanto quanto o traseiro de um vagalume - ofende a todos com esta besteira continental. A mídia, segundo Juremir, é um poder que oprime os demais, que aflige e ameaça a integridade da vida política e social, um raciocínio que mais parece um mocotó, produto de uma métrica inconsistente, de um pensamento precário. A mídia não é um poder, Juremir. A mídia é uma ferramenta social que desoprime, que desloca eixos malignos e desequilibra centros de poder, principalmente os  maléficos. A mídia, Juremir, é algo que entendes como ferramenta de versão e eu, como marreta para destampar covis de mensaleiros, de aloprados, Delúbios, PCs Farias, Collors ou Dirceus.
Mas, enfim, ao invés de dizer que deixarei de escutar o Juremir, declaro exatamente o contrário. Ouvi-lo-ei cada vez mais, divertindo-me com suas manifestações e de sua companheira de armas, lembrando-me da hábil truculência stalinista de LFV, que o tirou de uma foto com retoques imperceptíveis e para quem pensa, providenciais.

Um comentário:

  1. O pavão, dedicado ao Juremir, até cabe, mas o caráter direitoso do teu discurso ficou escancarado. Convicção conservadora, é o teu nome.

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